ENQUANTO E NAO

sexta-feira, abril 28, 2006

A CRISE NA SEGURANÇA SOCIAL



O problema existe. Não adianta meter a cabeça na areia como a avestruz.
Dentro de alguns anos . o défice da natalidade, conjugado com o aumento da esperança de vida, obrigam a uma profunda revisão de toda a política de segurança social no que se refere principalmente às reformas. Algo tem que ser feito nesse sentido e todos temos que ceder um pouco, se queremos que os nosso filhos e netos possam um dia vir a usufruir de uma reforma que lhes permita acabar os seus dias com um mínimo de dignidade.

O Governo anunciou ontem algumas medidas nesse sentido. Não sei se são boas, se são más, se são suficientes. Têm que ser profundamente analisadas pelos parceiros sociais e objecto de largos consensos, não isentos provavelmente de algumas cedências de parte a parte. No entanto, há uma reserva que eu ponho, desde já, às medidas anunciadas. Nelas se fala no dilema proposto aos trabalhadores: ou descontam mais enquanto ao serviço ou recebem menos se reformarem antes dos 65 anos. Na prática isto é uma imposição disfarçada de aumento na idade da reforma E entidade patronal? Não contribui com nada? Com efeito não vi nada no discurso de Sócrates que aponte para um reforço contributivo por parte do patronato. É o costume. São sempre os trabalhadores por conta de outrem a pagar as crises

De qualquer modo, existe uma flagrante contradição ( Carvalho da Silva, o atento dirigente da CGTP, já se lhe referiu) entre o desejo do Governo de que vida activa dos trabalhadores se prolongue para além dos 65 anos e a prática (a que o mesmo governo tem fechado os olhos) que o patronato tem vindo usar, de dispensar os trabalhadores muito antes dos 65 anos, por achar que depois dos 40 anos já não extraem deles “o litro” que lhes permita tirar deles o rendimento máximo desejado.

Negociações sim, consensos sim, mas como diz o outro, “olho no cavalo e olho no cigano” É que o capital, se puder guardar todo o proveito do nosso trabalho para investir, fá-lo sem hesitar. Há certos senhoritos que se agoniam muito quando vêem os trabalhadores movimentarem-se na defesa dos seus direitos. Cá estão estes, dizem, sempre a reclamar. É que, meus amigos, nunca nada foi dado aos trabalhadores sem um luta cerrada e persistente.É uma luta de séculos com muitos mártires pelo caminho. Mais do que nunca é preciso que essa luta não desmobilize agora, tanto na conquista de novos direitos, como na conservação dos direitos ameaçados. A crise existe, ela está aí e os trabalhadores jamais se furtarão (como nunca furtaram) a sacrifícios para a vencer. De sacrifícios percebem eles.
Negociar sim, mas com prudência e determinação. É que este governo já deu provas de não estar do nosso lado.
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quinta-feira, abril 27, 2006

O CRAVO. os que o amam e os que dele se servem


Na sessão comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República, o actual Presidente da República fez um discurso que de comemorativo não teve nada. Nem o cravo que os seus antecessores sempre usaram, nesta cerimónia, se dignou ostentar ao peito, como se o cravo, independentemente do rumo que a revolução tomou, não tenha ficado intimamente ligado à gesta revolucionário daquele dia impar da nossa história, aquele dia que, se não tivesse existido, jamais ele chegaria a ocupar o lugar cimeiro que ocupa na hierarquia do Estado democrático.

Parecerá a muitos que é um pormenor de somenos importância a tácita recusa de ostentação da flor que simboliza o regime em que vivemos, no preciso dia e no preciso acto em que oficialmente se comemora a sua implantação. Mas não é de forma alguma despicienda e ausente de significado esta recusa. Ela é inquietante pois significa que o primeiro magistrado da Nação não aprecia o regime que o elegeu para o representar. Nem ele, nem os deputados do PSD e do CDS que, na mesma sessão evocativa do 25 de Abril, responderam com grosseiro e insolente silêncio ao apelo do Presidente da Assembleia da República, para que fosse ali prestada pública homenagem aos militares que tornaram aquela data possível. Estes são dos tais que cospem no prato da comida como o palhaço da Madeira.

Sei que haverá almas simples (ou nem tanto) a defender que o símbolo de Portugal é a bandeira e pati, patatá.. É sim senhor. Mas no dia 25 de Abril, não é a Pátria que se comemora .Para isso existe o dia 10 de Junho. No dia 25 de Abril, o Povo português, o Estado português e a Assembleia da República comemoram o regime implantado em 1974. e o símbolo desse regime, quer queiram quer não ( a história não são eles que a fazem) é o cravo vermelho – aquele que o povo elegeu desde o primeiro dia.

Mas, além da ausência do cravo, o actual Presidente da República fez um discurso que muito agradou à sua família política (pudera!) e que também não desagradou de todo ao PS, pela simples facto de ter sido poupado ao puxão de orelhas de que estava que estava à espera e merecia., mas não só não apresentou nada de novo, limitando-se a falar da exclusão social sem apresentar qualquer solução – coisa que qualquer pároco de aldeia poderia fazer na sua prédica dominical – como, de uma forma indirecta e sorna, criticou o regime saído do 25 de Abril (faço questão de insistir: o regime que lhe permitiu chegar aonde chegou) que com o 25 de Abril ter-se-á conseguido uma sociedade mais livre - mas não uma sociedade mais justa, sendo necessário, segundo ele, lutar para alterar tal situação.

Ora a verdade, o que devia ter sido dito, é que a sociedade é mais livre (não tanto como seria possível, mas é também mais justa do que era, embora a léguas do que seria desejável e possível)

O que o actual Presidente da República se esqueceu de dizer é que ele e os seus governos nada fizeram para minorar a situação de injustiça social e gritantes situação de exclusão que ainda se verificam. Que diabo, eles mandaram no país durante 10 anos seguidos e mais alguns alternados! Eles e o PS é que têm detido, praticamente o poder ao longo dos 32 anos de regime. Que é que eles andaram por cá a fazer?

É preciso, pois, ter muita lata para vir agora armado em salvador da pátria, e a exibir tanta preocupação pela falta de justiça social, quem tanto contribuiu para o estado em que ela se encontra.
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quarta-feira, abril 26, 2006

O 25 DE ABRIL - As comemorações

O 25 de Abril na Avenida

Como não podia deixar de ser, lá fui mais uma vez ver o desfile comemorativo do 25 de Abril do Marquês de Pombal. Ver é como quem diz, cheirar, participar do ambiente festivo, encontrar amigos, dar dois dedos de prosa, já que a saúde este ano não me permitiu descer a Avenida, integrado na Manifestação. Fui cedinho, com a minha mulher e ficámos sentados na esplanada do Nicola, no Rossio mesmo em frente da tribuna dos oradores, até que os primeiros manifestantes começaram a chegar. Só depois nos levantámos e ainda tivemos ocasião de encontrar inúmeros amigos.

É curioso. Já me têm perguntado: eh pá, este ano estava mais gente ou menos gente do que em anos anteriores? E a minha resposta é sempre a mesma e é sincera: Se queres que te diga acho que o número de pessoas é sensivelmente o mesmo todos os anos. Nem mais, nem menos. São muitos, muitos milhares, é a avenida compacta de gente a desfilar, sem despegar, do Marquês ao Rossio, e os passeios , durante todo o percurso, repleto de gente a assistir e a apoiar. É notável que isso aconteça, ao fim de 32 anos ininterruptos, quase sem publicidade. As pessoas já sabem e aparecem, ano após ano, sabendo que ali vão encontrar milhares de outras que, sem necessitar de convocatória, vêm, de motu-próprio, prestar homenagem ao dia que os libertou do pesadelo do execrável regime salazarista de má memória.


O 25 de Abril na Madeira

Julgava o tonto da Madeira que por se recusar a comemorar oficialmente o 25 de Abril as pessoas ficavam em casa, a jogar a bisca lambida. Enganou-se redondamente pois a única coisa que conseguiu foi que a oposição se tivesse unido e tivesse organizado, julgo que pela primeira vez, um comício conjunto, largamente participado. Ali teve de ouvir, eu pelo menos ouvi na Televisão, “daquelas que os cães não gostam”, como dizia minha mãe. Esse senhor, dizia um dos oradores, desdenha da liberdade que permitiu a autonomia da Madeira e cospe no prato da comida. É isso mesmo. Já aqui várias vezes o disse. Sem 25 de Abril a Madeira não conheceria a autonomia e o seu actual energúmeno que a desgovena seria hoje um simples advogadozeco, provavelmente com o escritório às moscas..


O 25 de Abril, sempre

Os cães ladram e a caravana passa. Não adianta que este senhor da Madeira e outros que tais cuspidores no prato da comida se encarnicem em denegrir o 25 de Abril e as suas conquistas. É certo que, infelizmente, não se conquistou tudo o que se esperava da revolução dos cravos, mas para trás mija a burra e o essencial cá continua, designadamente o direito de livre expressão que se a eles dá o direito de abocanhar Abril a nós nos dá o direito de os classificarmos como despeitados que são.

No seu discurso na Assembleia da República, lembrava ontem o seu Presidente, Jaime Gama. que a constituição saída do 25 de Abril já leva 32 anos e instituiu um dos períodos mais longos de estabilidade da nossa história. É verdade. E é assim (pelo menos assim) que as pessoas que ontem em todo o território português se manifestaram nas ruas, exigem que continue a ser e vai ser, gostem ou não gostem alguns despenteados mentais que a que a democracia aplanou o caminho do poder. A democracia às vezes tem este defeito de permitir aos seus inimigos apossarem-se dela.
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terça-feira, abril 25, 2006

25 DE ABRIL SEMPRE




25 DE ABRIL, SEMPRE

Mas com democracia mais democrata e igualdade mais igual



sábado, abril 22, 2006

BORRACHOS DOS ANOS CINQUENTA

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"BORRACHOS DOS ANOS CINQUENTA"
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DE RECURSO

Recebi isto por e-mail e vendo-o pelo preço que o comprei
Hoje é um blogue especial, à pressa, porque vou sair

PORQUE SERÁ QUE OS ÓRGÃOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NÃO PUBLICAM ISTO? DIVULGUEM O MAIS QUE POSSAM

É inacreditável, mas é o país que temos …

GOLPE NA GALP !!!

Era a manchete do Expresso de Sábado e custa acreditar. A nossa petrolífera tem vindo a ser albergue de parasitas e toca de incompetentes.

Veja-se:

Um quadro superior da GALP, admitido em 2002, saiu com uma indemnização de 290.000 euros, em 2004. Tinha entrado na GALP pela mão de António Mexia e saiu de lá para a REFER, quando Mexia passou a ser Ministro das O.P. e Transportes...

O filho de Miguel Horta e Costa, recém licenciado, entrou para lá com 28 anos e a receber, desde logo, 6600 euros mensais.

Freitas do Amaral foi consultor da empresa, entre 2003 e 2005, por 6350 euros/mês, além de gabinete e seguro de vida no valor de 70 meses de ordenado.

Manuel Queiró, do PP, era administrador da área de imobiliário(?) 8.000 euros/mês.

A contratação de um administrador espanhol passou por ser-lhe oferecido 15 anos de antiguidade (é o que receberá na hora da saída), pagamento da casa e do colégio dos filhos, entre outras regalias.

Guido Albuquerque, cunhado de Morais Sarmento, foi sacado da ESSO para a GALP.
Custo: 17 anos de antiguidade, ordenado de 17.400 euros e seguro de vida igual a 70 meses de ordenado.

Ferreira do Amaral, presidente do Conselho de Administração. Um cargo não executivo(?) era remunerado de forma simbólica: três mil euros por mês, pelas presenças. Mas, pouco depois da nomeação, passou a receber PPRs no valor de 10.000 euros, o que dá um ordenado "simbólico" de 13.000 euros...

Outros exemplos avulsos:

Um engenheiro agrónomo que foi trabalhar para a área financeira a 10.000 euros por mês; A especialista em Finanças que foi para Marketing por 9800 euros/mês...

Neste momento, o presidente da Comissão executiva ganha 30.000 euros e os vogais 17.500.

Com os novos aumentos, Murteira Nabo passa de 15.000 para 20.000 euros mensais.

A GALP é o que é, não por culpa destes senhores, mas sim dos amigos que ocupam, à vez, a cadeira do poder. É claro que esta atitude, emula do clássico "é fartar, vilanagem", só funciona porque existe uma inenarrável parceria GALP/Governo. Esta dupla, encarregada de "assaltar" o contribuinte português de cada vez que se dirige a uma bomba de gasolina, funciona porque metade do preço de um litro de combustível vai para a empresa e, a outra metade, para o Governo.

Assim, este dream team à moda de Portugal, pode dar cobertura a um bando de sanguessugas que não têm outro mérito senão o cartão de militante. Ou o pagamento de um qualquer favor político...

Antes sustentar as gasolineiras espanholas que estão no mercado do que estes vampiros!

E AINDA DIZEM QUE A CRISE É CULPA DA FUNÇÃO PÚBLICA !!!

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PIADA


Os políticos e os gestores portugueses são os mais católicos do Mundo.
Não assinam nada sem levar um terço.

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Grande descoberta científica !!!

Chocolate não engorda!
Pizza não engorda!
Cerveja gelada não engorda!
Churrasco não engorda!
Caipirinha gelada não engorda!
Uma deliciosa costeleta assada não engorda!
Asinha de frango não engorda!
Lasanha não engorda!
Coração de frango não engorda...
...quem engorda é...


És tu...

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sexta-feira, abril 21, 2006

TÍTULOS, COMENTÁRIOS e PIADAS

Governo omitiu mudanças no registo do desemprego
Metodologia foi alterada e em Março o número de desempregados diminuiu e o emprego subiu.DN de 21-4-06

Pois é. Ainda há dias o Governo veio cantar loas sobre a descida do índice de desemprego e agora surge esta notícia. Bem diz o povo, na sua sabedoria milenar, que se apanha mais depressa um mentiroso do que um coxo. Neste caso nem é mentir é trapacear com a verdade dos factos. Como podemos nós acreditar neste Governo?

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Cavaco diz que Forças Armadas são investimento e não dispêndio.
DN de 21-4-06

Ai são? Onde posso ir receber os dividendos que me cabem em tal investimento? È o que eu digo, eles regem-se por um dicionário de antónimos
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BE salva PS de humilhação na Lei da Paridade.
DN de 21-4-06

É o que se esperava. O Bloco de esquerda transformou-se na bengala do PS.

Vamos a ver se esta Lei da Paridade não vai parir mais incompetência no conjunto de deputados na Assembleia da República. Se cuidassem de, através da educação, promoverem a igualdade da mulher, no acesso ao trabalho, na ascensão nas carreiras, no seio das famílias, no respeito social, agora impor a paridade por Lei? Na Assembleia da República devem estar os melhores, os mais habilitados, os mais vocacionados para o exercício da função, independentemente de quotas artificiais de sexos.
Mas por outro lado, como essa selecção de qualidade já não existe, que mal fará que eventualmente piore? Esta deve ser talvez a filosofia que presidiu à teimosia do PS (acolitado pelo BE) em fazer aprovar esta Lei.

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Vital critica PS por impedir audição de Santos Cabral.
DN de 21-4-06

É. Depois de todas as trapalhadas que envolveram a exoneração do director da PJ Santos Cabral em que o ministro Alberto Costa se comportou de uma forma desastrada; esta recusa do PS em negar o direito de defesa ao ex-director, encerra o assunto com “chave de ouro” do disparate e dá bem a ideia do desnorteamento que reina no partido do Governo

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A Gripe das Aves

Há dias alguém me enviou um documento com o título”E se for verdade?” que punha em causa a veracidade de tudo o que nos tem impingido sobre a periculosidade da gripe das aves e que tudo não passaria de uma invencionisse para vender “Tamiflu” produzido por uma grande empresa farmacêutica da qual é accionista o famigerado Donald Rumsfeld, secretário de Estado do Sr George Bush. Não dei muita importância ao referido documento e devolvi-o mesmo a quem mo tinha enviado com a pergunta “E se não for verdade.”
Qual foi a minha surpresa, porém, quando dias depois, tomei conhecimento de que a conhecida bióloga e escritora, Clara Pinto Correia, admite que toda esta conversa sobre o perigo da gripe da aves, será uma possível tramoia sobre uma "doença duvidosa" que existe há vários anos e "não causou mais do que umas cem mortes" e que "morre mais gente com a gripe vulgar". Tudos isto: "Tudo isto (...) para combater uma pandemia que está há nove anos para acontecer e já se percebeu que não vai acontecer nunca."

Em que ficamos? Afinal existe ou não existe o perigo da pandemia anunciada e a toda hora soprada aos nossos ouvidos. Face a estas teses contraditórias, qual é a posição do nosso governo. Nós temos o direito de saber. Problemas e psicoses já temos que sobrem.

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Uma piada
“Já lhes tiraram o direito a viajar em 1ª classe. Agora exigem-lhes presença contimuada na Assembleia da República. Se continuam a tirar-lhes as regalias todas, qualquer dia ninguém quer ir para deputado. Assim, mais vale ir trabalhar.”
Ricardo Araújo Pereira
Visão

Ui, que maldade!
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Outra piada (esta de morrer a rir)

Em Guantánamo continuam detidos algumas centenas de prisioneiros que já hà cerca de dois anos se provou não terem nada a ver com o terrorismo. Entre esses estão 16 chineses, adeptos do islamismo, que os americanos teimam em libertar com receio de que, regressados à China, possam a vir ali ser torurados.
Vem no DN de hoje

Não são uma ternurinha estes americanos?

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quinta-feira, abril 20, 2006

COISAS DO ARCO DA VELHA

Um terço dos deputados não está em exclusividade
DN de 20-4-06

Sabiam? Confesso a minha ignorância. Eu não sabia. Julguei que quando elegíamos os nosso deputados era para tratarem do interesses do país a tempo inteiro e não para acumularem mais um tacho com as suas já por si muito rentáveis actividades profissionais ou empresariais.
Eles que acumulam é por que a legislação o permite, mas que é muita falta de ética, isso é.


O artigo do DN, a que se refere o título acima, assinado por Francisco Almeida Leite e Martim Silva Paulo Spranger só refere deputados do PS e do PSD. Ai se lê, com efeito, que o PS tem 18 empresários e 17 advogados acumuladores e o PSD 15 empresários e 15 advogados nas mesmas circunstâncias.
Entre os casos mais conhecidos de acumulação com actividade privada encontram-se António Vitorino e Pina Moura, do PS (o primeiro no escritório de advocacia Gonçalves Pereira, Castelo Branco & Associados, o segundo como administrador da Iberdrola), ou dos advogados Jorge Neto, Rui Gomes da Silva e Montalvão Machado, no PSD.

É o que se chama comer a dois carrinhos. Coitados como já ganham pouco como advogados e empresários (actividades consabidamente deficitárias)ainda precisam deste complementozinho, a cujo trabalho ainda por cima, fazem gazeta, E o que mais dói é que isto não é apenas “esperteza” de políticos. Isto é o chicoespertismo português, em todo o seu esplendor. Isto, é a nossa atávica falta de civismo. Só que dos nossos deputados esperar-se-ia melhor!

Presume-se, no entanto que o PCP, o BE e os verdes não tenham deputados nestas condições, visto que estes três partidos se insurgem contra tal procedimento. É que ele há políticos… e políticos

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Socialistas querem menos plenários

O líder da bancada parlamentar do PS, Alberto Martins, propôs ontem a redução de três para duas o número de sessões plenárias por semana. A proposta surgiu após a polémica ‘gazeta’ parlamentar do passado dia 12, onde 107 deputados falharam a votação no Plenário.


Esta é de cabo de esquadra É como se para reduzir as estatísticas referentes ao abstencionismo do pessoal de uma fabrica, se reduzissem os dias de trabalho semanal. Menos dias de trabalho, menos possibilidades de faltar.
Sim senhor, muito engenhoso. Ai PS, PS!

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Filas marcam a estreia de casino de Stanley Ho

Ora aí está uma coisa que fazia cá muita falta.
Depois do empenhado esforço do Sr. Santana Lopes para construir um casino no Parque Mayer , com o argumento de que tal solução seria a salvação do degradado parque, depois dos milhares de dólares que meteu no bolso do arquitecto americano (tinha que ser americano, que cá não havia arquitectos à altura), depois de, com os mesmos desígnios, acabar com a Feira Popular, Lisboa tem finalmente o seu casino no espaço nobre que é o Parque das Nações.

O Parque Mayer lá continuará a degradar-se; a Feira Popular será apenas uma saudade na memória das vária gerações que ali se divertiram, para proveito de uns quantos especuladores, designadamente a Braga-Parques; mas os Lisboetas têm agora, mesmo à mão de semear, mais um local onde vão seguramente arruinar-se, endividar-se, gastar o pouco que têm.

Parabéns Sr. Stanley Ho. O capitalismo é tão bom!


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A morte do jovem actor da TVI

É sempre doloroso ver morrer um jovem, sobretudo em circustâncias trágicas como aconteceu com o jovem em questão. Sendo a TVI uma empresa - onde esse jovem, era intérprete de uma telenovela que lhe enche os cofres - é natural que lhe preste homenagem e dê algum destaque ao desaparecimento do seu “empregado”. Mas francamente, fazer do seu funeral o showbusiness como o que massacrou, durante horas, os espectadores, é levar longe de mais a exploração dos sentimentos alheios e a noção do vale tudo para cativar audiências. Porquanto tempo mais irá a TVI facturar com a morte deste jovem?

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quarta-feira, abril 19, 2006

VÁRIOS

A presença de vigilantes privados nas cadeias portuguesas,
ontem admitida pelo Ministério da Justiça, é um dos objectivos assumidos de algumas das maiores empresas de segurança privada, que sublinham as vantagens de o Estado delegar funções.
“Os gastos são menores e o serviço é melhor”, resume Ângelo Correia, o ex-ministro da Administração Interna que preside à recém-criada Associação de Empresas de Segurança
(AES).
Correio da manhã de 19-4-06

Considero detestável e perigosa esta opção. Não tarda nada que se esse sistema for adoptado, comecem a surgir notícias como as das sevícias praticadas em Abu Graíb, onde os americanos contrataram também empresas de segurança privadas. A gestão e as segurança das cadeias deve competir exclusivamente ao Estado.

Mas o mais curioso é essa medida, ser acarinhada pelo Engenheiro Ângelo, ex. ministro da Administração Interna. (famoso pela “conspiração dos pregos”, lembram-se?, empresário e… claro, está tudo explicado: presidente da Associação de Empresas de Segurança. O que para aí vai de compadrios, meu deus!

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Líder de Taiwan acusa Pequim de não renunciar à força
DN de 19-4-06

É exactamente a mesma posição do Hamas (enquanto partido, pois como governo ainda não se pronunciou.
Pois é. Só que a China é poderosa, tem força – a única coisa que os americanos respeitam
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Sindicatos defendem que as empresas devem poder criar salas de fumo
DN de 19-4-06,
Nada mais justo. Proibir que os fumadores ”suicidem” os não fumadores nos lugares públicos não implica que os que fumam deixem de poder dispor de locais onde possam suicidarem- se como lhes aprouver.

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0 19 de Abril de 1506

É hoje que se completam exactamente os 500 anos da matança de judeus em Lisboa, a que me referi há dias. É bom que se recordem estas datas para vermos como a intolerância que hoje se verifica no mundo já vem de longe e quão pouco o homem tem aprendido com estas tragédias, que tanto nos horrorizam, à distância, mas nas quais reincidimos sempre. Como é possível que estes crimes sejam cometidos em nome de Deus. Que deus gostaria que isto aconteceesse?

Eis como Ferreira Fernandes fala desta efeméride, na sua crónica no Correio da Manhã de 16-04-06, e como a ela se referiu o poeta da corte Garcia de Resende

Na missa da Igreja de São Domingos, na Baixa de Lisboa, gritou-se ao milagre, porque uma imagem de Cristo resplandecia. Alguém, imprudente, disse em voz alta que aquilo lhe parecia mais um efeito de luz. Era um cristão-novo, que foi arrastado para o adro, despedaçado e queimado. A multidão, acicatada por dois frades dominicanos, partiu à caça de mais cristãos-novos.Garcia de Resende, poeta da corte, conta: “Mais de quatro mil mataram/Meninos espedaçaram/Fizeram grandes cruezas/Grandes roubos & vilezas/Em todos quantos acharam”.

Mulheres violadas, homens queimados, crianças atiradas contra as paredes. Cruezas como antes e depois se fizeram, em outras paragens, aos judeus. No que me diz respeito, e é isso que mais me interessa – com o cinismo que meio milénio me permite – é que hoje pertenço a um dos povos menos cultos da Europa. E já houve tempo que não foi assim. Esta semana, estou de luto. Por mim.

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Retrato de Sócrates

Na sua última crónica semanal, no Público, António Barreto traça um retrato de Sócrates, verdadeiramente demolidor.
Diz Barreto:

Sócrates não era ninguém, ou quase antes de ser primeiro –ministro. Chegou lá por uma, para ele feliz, sucessão de factos e acontecimentos fora da sua vontade.

E noutra passgem:

Mestre em escaramuças, não se lhe conhece talento para as grandes batalhas.
È abrasivo, eventualmente vingativo. Gosta de quem o corteja, detesta ser contrariado. Parece querer modelar a sociedade, a administração e o mercado “à mão”, isto é, caso a caso. Foge dos “enquadramentos” e das “visões gerais”, corre atrás da pessoa, da empresa ou das instituições que lhe convêm. Não tem alianças visíveis com classes, profissões, sectores da economia, igrejas ou artes, mas em cada um desses meios escolhe seguidores e favoritos

Este ultimo parágrafo reflecte exactamente aquilo que aqui várias vêzes tenho dito. José Sócrates é um político sem norte. É teimoso, poderá ser corajoso – o que é uma qualidade – as reformas que pretende fazer até poderiam algumas ser justas e recomendáveis, só que ele cria múltiplas frentes de batalha e dispara para todos os lados ao mesmo tempo, contra todas as regras da estratégia militar. O que acontece é que em todas essas frentes ganha inimigos e, não faz aliados e, sendo assim, a sua derrota será inevitável

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Leia , também, a nova crónica
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terça-feira, abril 18, 2006

TERRORISTAS e... TERRORISTAS

Exército entra em Nablus como resposta a atentado
Dezenas de veículos militares israelitas entraram ontem em Nablus, cidade do Norte da Cisjordânia e, há muito, feudo da Jihad Islâmica.
DN de 18-4-06

Não é a primeira vez que exercito Israelita em represália contra um crime individual entra nesta localidade mártir com tanques e peças de artilharia, matando e destruindo indiscriminadamente, arrasando casas com os tanques e esmagando quem nelas mora.

Compreendo perfeitamente a raiva dos palestinianos contra o estado de Israel que foi constituído com o melhor das suas terras ,onde vivam há séculos, e das quais ele foram expulsos. Compreendo portanto a sua guerra de resistência contra alvos militares e bens israelitas. A “resistência” é isso. E nós portugueses e nós europeus sabemos muito bem do que se trata, pois já tivemos necessidade de a fazer, mas não concordo em absoluto com atentados indiscriminados contra civis inocentes No entanto pergunto se esta reacção do Governo de Israel é digna de um Estado de direito? Pode alguém aprovar um comportamento como este? Pode, sim. Os americanos fazem-no alegremente e a hipocrisia europeia assobia para o lado.
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O Exercito israelita prendeu o pai do kamikaze responsável pelo atentado de ontem que causou a morte a dez israelitas.
Notícia da TSF em 18-04-06

Condeno o atentado, como atrás referi, mas insisto em perguntar: Algum Estado de direito prende a família do autor de um crime (e não é a primeira vez que Israel o faz) só porque não consegue deitar a mão ao criminoso? Desta vez não pode porque ele morreu, mas outras vezes houve que a prisão dos familiares (famílias inteiras, por vezes) se deveu ao facto de não conseguirem apanhar o autor de um atentado, porque este se pôs em fuga . Estas acções do governo israelita não são igualmente actos de terrorismo? E terrorismo de Estado - muito mais condenável?

Pois não contente com isso vá de assacar as culpas ao recém-eleito governo do Hamas.
Logo que o Hamas ganhou as eleições escrevi neste blogue que o governo de Israel iria fazer tudo para o desacreditar o seu governo e boicot-lo de toda a forma e feitio. Disse também que tal atitude seria um disparate, pois normalmente um partido radical ao chegar ao governo acaba por se moldar ao consenso das outras nações se estas lhe estenderem a mão e só se radicaliza ainda mais se for encostado à perede. È precisamente isso que Israel e os Estados Unidos (com a Europa continuando a assobiar) estão fazendo, cortando-lhes todas as possibilidades de governar. A quem é que interessa, pois, o terrorismo? Terrorismos há muitos. Tal como chapéus.

O artigo de Lumena Raposo, no DN de hoje, que abaixo transcrevo, trata precisamente este tema. Vale a pena ler:

Honestos e pragmáticos
Lumena Raposo

O último atentado suicida reivindicado pelo Hamas data de 31 de Agosto de 2004: então, dois kamikazes fizeram-se explodir em dois autocarros na cidade de Beersheva, Sul de Israel, e provocaram a morte de outras 16 pessoas. A dura retaliação israelita e a perda de popularidade entre a população palestiniana levou o Hamas a declarar, a 8 de Fevereiro de 2005, uma trégua unilateral que continua a cumprir.

Israel respondeu ao atentado de ontem como fazia no tempo de Yasser Arafat: responsabilizou de imediato o Governo palestiniano, agora liderado pelo Hamas. Não se trata, porém, de uma reacção pavloviana: o Executivo israelita, acompanhado por todo o Ocidente, apostou em fazer cair o gabinete palestiniano; para isso estão a ser utilizados todos os meios, independentemente de se estar a lesar sobretudo o povo e não os seus líderes.

Responsabilizar o Hamas pelo atentado de ontem é mais um elemento na cadeia das acusações que poderá ser aceite pelos países ocidentais mas não pelo povo palestiniano, que conhece demasiado bem os homens que escolheu para o governar - islamitas, mas também honestos e pragmáticos.

Persistir nas acusações e no cerco ao movimento islamita em vez de lhe dar uma oportunidade para mostrar do que é capaz é incorrer no risco de radicalizar grande parte de uma população palestiniana que, na sua grande maioria, deseja viver uma vida tão normal quanto a do seu vizinho do lado -Israel.

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Leia a entrada desta semana
"ENCONTRO AZARADO"
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segunda-feira, abril 17, 2006

MAIS TÍTULOS e COMENTÁRIOS


Carga fiscal com maior aumento desde 1999
DN de 17-4-06

È como digo. Para os que mais precisam de boas notícias não há uma da qual se diga benza-te-deus. Cada uma é pior do que a anterior Isto é que é uma sina !

Em contrapartida, há quem receba só notícias boas, como se vê pelo título a seguir


Bancos, advogados e consultores ganham muitos milhões com as OPA
DN de 17-4-06

Ah, pois, estas engenharias financeiras, com nomes que ninguém percebe, só servem para proporcionar lucros fabulosos a uns quantos. O Zé, esse, nunca ganha nada com isso Normalmente até perde.
Depois vêm falar-nos na na livre iniciativa. no mercado aberto…na livre concorrência... na igualdade de possibilidades de acesso à riqueza, e em toda essa panóplia de possibilidades que, de forma igual, o capitalismo oferece a todos os cidadãos.
O tanas é que oferece a todos. Essas possibilidades ou já nascem com o berço, ou resultam de manobras, falta de escrúpulos, tramóias (umas legais outras nem tanto) e engenharias como estas das OPA. O que é grave é que a maioria de nós acredita mesmo que tem a mesma possibilidade que esses privilegiados. Acredita e vive e morre (na miséria, claro) a acreditar que é tão igual quanto eles. E essa crença que eles alimentam e que os sustenta


Cientista político critica excesso de tecnocratas nos Governos.
DN de 17-4-06

Estou inteiramente de acordo. As pessoas babam-se de gozo e de esperança quando vêem um governo formado por tecnocratas (designadamente na área das finanças) pensando que, dessa maneira os seus problemas serão mais facilmente resolvidos. Claro que esta crença assenta na má imagem que os cidadãos têm da politica e dos políticos. Nada mais errado. Claro que um político desonesto não interessa a ninguém mas, par governar, é de longe preferível um político honesto do que um tecnocrata com iguais predicados morais. A visão política é muito mais eficaz e abrangente do que a fria e parcial análise do tecnocrata. Estes servem para aconselhar os primeiros, mas são aqueles que estão em condições de tomar a decisão política mais adequada ao país e aos cidadãos.
Não era Salazar considerado um grande especialista em finanças? Pois foi o que se viu
Não é Cavaco Silva considerado um grande especialista em finanças? Foi o que se viu.

A política é para os políticos. Assim eles sejam honests e cultivem ideais. Eu, não me canso de o dizer, considero a política uma actividade nobre. E é por isso que sou (e todos devemos ser) tão exigente em relação aos políticos.
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domingo, abril 16, 2006

TÍTULOS E COMENTÁRIOS


Estado diminui apoio a deficientes
CM de 16-4-2006

Bolas, nem os deficientes escapam à fúria economicista deste governo !!!


Casamentos da net pouco duradouros
CM de 16-4-2006

Olha que admiração! Se os casamentos resultantes de longos namoros já pouco duram que se espera dos resultantes de um relacionamento virtual?

Lisboa apagou da memória o massacre de Judeus de há 500 anos
Quatro mil judeus foram mortos durante uma matança que durou 3 dias. A historiografia portuguesa quase ignora o sucedido
Publico de 16-4-2006

Foi no dia 19 de Abril de 1506. Com a igreja a abarrotar de fieis alguém se lembrou de dizer que o figura de Cristo num crucifixo estava irradiando raiosos de Luz. Milagre, gritou a multidão possuída do maior histerismo. Alguém, mais sensato esclareceu que não, quer era apenas um raio de sol, entrando por uma janela que fazia brilhar o metal de que a cruz era feita. Foi quanto bastou para desencadear a ira daquela gente, despedaçando de imediato a pobre criatura com a acusação de que era judeu ou cristão novo e prosseguido por toda a cidade a matança de tudo o que lhe parecesse judeu, fosse homem, mulher ou criança, novo ou velho, isto durante três dias.

Se juntarmos a estes quatro mil os muitos milhares de mortos que a inquisição produziu ao longo dos séculos da sua existência. podemos ter uma ideia do que foi o morticínio que, só em Portugal, se efectuou em nome de Cristo e com a bênção da Igreja Católica.

E é esta a civilização de que tanto nos orgulhamos?

A revolta dos Generais

Os militares pensam que a guerra está perdida e não querem carregar a culpa, como durante vinte anos carregaram a culpa do Vietname.

Este título e este preâmbulo são da crónica de Vasco Pulido Valente no Público de hoje, a propósito da exigência de vários generais americanos de que o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Rumsfeld, seja demitido por incompetência. Bush assume a sua defesa. Claro, a incompetência do seu Secretário de Estado é o reflexo da sua própria incompetência. Agora que a guerra está perdida para os americanos, isso é uma evidência..

A balda dos deputados
(…) convém no entanto que não sejamos cínicos. Os deputados são uns grandes baldas porque são portugueses, não porque são políticos.
Pedro Baldaia, JN de 15-4-2006

Ora aqui está uma grande verdade com a qual - eu que bastante zurzi os deputados faltosos - estou inteiramente de acordo. Por isso reafirmo mais uma vez a minha opinião. A política não tem nada de mal. A política é (deve ser, tem que ser) uma actividade nobre. Alguns políticos é que se portam mal e são baldeiros, para não desmerecerem do nosso carácter luso de baldeiros por excelência. Precisamos todos de nos educarmos. Mas todos.

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sábado, abril 15, 2006

ENCONTRO AZARADO

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sexta-feira, abril 14, 2006

TÍTULOS (todos do DN) E COMENTÁRIOS

Faltas de deputados dão 18 mil euros em multa

Nada mais justo. Mas não chega. É necesário que os senhores deputados aprendam a cumprir os seus deveres para com o país e para com os eleitores e contribuintes que lhes pagam para os representar e defender

Recluso de 21 anos suicida-se na cadeia

Já alguém se interrogou sobre a razão de tão frequentes suicídios nas cadeias portuguesas? O que levará um jovem, desta idade a pôr fim à sua existência.?
È bom que o Governo se debruce sobre este problema e elimine as causas que dão origem a esta série de suicídios
.


Sacrifícios dos homens para chegar a Deus
Passar fome. Ou pelo menos evitar os excessos: carne, salmão, linguado, marisco. Não usar jóias. (…)

Bom, passar fome (ainda) não passo. Quanto aos outros requisitos já tenho o reino dos céus mais do que assegurado. Eu e biliões de outros. Os ricos , esses que se cuidem.

Gasolina atinge o ponto mais alto de sempre

Até que ponto vamos nós aguentar?
A este propósito chegou à minha caixa de correio um e-mail, que depois de um longo palavreado introdutório diz o seguinte:
As empresas petrolíferas e a OPEP querem fazer-nos crer que o preço que elas nos impõem é um bom negócio para ambas as partes. Mas, muito provavelmente, os 0,60 Euros/litro para o gasóleo e os 0,80Euros/litro para a gasolina já seriam preços mais do que justos.

E apresenta a seguinte proposta:

NÃO COMPRAR UMA GOTA DE COMBUSTÍVEL ÀS TRÊS MAIORES EMPRESAS DE COMBUSTÍVEIS NO PAÍS: GALP, BP e REPSOL .EXISTEM OUTRAS EMPRESAS COMO A CEPSA, ELF, ESSO , etc. ......
Se aquelas empresas virem as suas vendas de combustíveis reduzirem, serão obrigadas a baixar os seus preços. Se uma delas baixar os seus preços, as outras empresas terão também de os baixar. Mas para criar o tal impacto, temos de conseguir a compreensão e acolaboração de milhões de clientes da Galp, BP e Repsol. A Internet dá-nos a possibilidade de conseguir isso. Se esta mensagem for entregue a 10 pessoas e se cada uma destas dez a transmitir a dez pessoas amigas e assim por diante, esta mensagem será lida por cerca de UM MILHÃO DE CONSUMIDORES após seis gerações (envios).


Aqui fica a sugestão. vendo-a pelo preço que comprei.


Santiago do Chile aceita dialogar com a Bolívia sobre o acesso ao mar

No século XIX, Numa guerra fronteiriça entre a O Chile e a Boliívia, país interior, esta perdeu a estreita faixa de território que lhe permitia o acesso ao mar. Agora, depois de conflitos sem fim em que o Chile sempre se recusou repor a situação anterior, surge agora este gesto de boa vontade. Quando em outros países e outras situações os povos se digladiam em lutas sangrentas por um palmo de terreno, por vezes sem qualquer valor que não seja a manifestação de um patrioteirismo exacerbado e idiota, é consolador ver um gesto de entendimento como este. Oxalá resulte.


Irão recusa proposta e diz que é potência nuclear
O Irão não vai alterar uma vírgula ao seu programa de enriquecimento de urânio, garantiu ontem o Presidente Mahmoud Ahmadinejad

E porque havia de alterar, se as grandes potências e até Israel têm a sua energia nuclear, privativa, porque não o Irão? Em lugar de exigir a renúncia do Irão,porque não renunciam todos, de uma vez por todas à uso dessa energia? Ou a energia nuclear da grandes potências é menos perigosa do que a dos outros? E o que me espanta é que a generalidade das pessoas acha natural esta exigência. Até onde chega a manipulação dos media!
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quinta-feira, abril 13, 2006

ZEROS E MAIS ZEROS

Ministro da Justiça: zero em comportamento

É inacreditável a forma como Alberto Costa, o Ministro da Justiça se refere ao recém-exonerado Director da Polícia Judiciária, Santos Cabral, a quem atribui, agora ,todos os males de que aquela instituição vem sofrendo. Então foi preciso o homem ameaçar com o pedido de demissão se não lhe fossem dados os meios que reclamava como indispensáveis para cumprimento das missões que lhe estavam confiadas – problema que ele resolveu contra-atacando, num jogo, aliás ridículo, de-quem-demite-quem, para agora vir, como numa zanga de garotos reguilas, atacar, de forma nada curial, quem já não se pode defender?

Todo este processo da exoneração do Director da PJ é tão bizarro, que de acordo com notícia publicada hoje no DN, se admite a hipótese de o Conselho Superior da Magistratura poder vir a rejeitar a nomeação do seu substituto

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Deputados: zero em comportamento

Ando eu aqui, mero cidadão, constantemente a defender a ideia de que a política é uma actividade nobre e que os políticos devem ser avaliados pelo que fazem e não tidos à partida como inúteis e indesejáveis, e são os próprios interessados que abandalham a sua própria profissão, fornecendo munições a quem espreita todas as oportunidades para a denegrir?

Com efeito, o que se passou ontem na Assembleia da República é simplesmente inadmissível. São estes os representantes do Povo? Que belo exemplo! Como podem eles pedir honestidade àqueles a quem representam, se ele se comportam de forma tão irresponsável, desonesta mesmo? Então quase metade do total de eleitos assinou ontem o ponto, para ganhar o dia e pisgou-se, sem dar cavaco, deixando a Assembleia sem quórum para aprovar as Leis em discussão – isto é, sem fazer o trabalho pelo qual são pagos? É que não só não fizeram o trabalho como se fizeram, dolosamente pagar por ele, ao assinarem o ponto!
Zero em comportamento é pouco. Vinte pontos, pelo menos, a baixo de zero, seria uma classificação adequada. E neste caso o meu rigor é proporcional à elevada consideração que me merece a actividade a política. Mereçam, pois, essa consideração, senhores deputados

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Supremo Tribunal de Justiça: zero em comportamento

Também o Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça sobre os castigos corporais a crianças de um lar de deficientes, sancionando tais castigos ou apreciando-os com notória displicência, me enche de espanto.
Eu sou de opinião (e julgo não estar sozinho em tal entendimento) que, em certas circunstâncias se justifica um tabefe a um garoto rebelde. Mas o que eu penso não faz lei. Agora que um tribunal, o Supremo Tribunal – venha legitimar o direito de bater, amarrar, fechar em quarto escuro uma criança, deficiente ainda por cima, criando assim jurisprudência sobre o assunto, é intolerável. Sobretudo, se se tiver em conta (e é de ter) a inquietante onda de violência sobre crianças que ultimamente se têm registado e que enchem diariamente os órgãos de comunicação social.

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quarta-feira, abril 12, 2006

VÁRIAS

Os pobres que paguem a crise !!!

Pensionistas pagam mais IRS a partir deste mês
De acordo com o previsto no Orçamento do Estado a isenção deixa de aplicar-se a todos os que aufiram rendimentos anuais abaixo 8.283 euros, passando a abranger apenas os que recebem pensões abaixo de 7.500 euros
DN de 12-4-06

Será que os 8.283 euros valem hoje mais do que valiam até agora, ou pelo contrário essa importância de dia para dia se tem vindo a desvalorizar face ao aumento do custo de vida? Porquê então mais esta punição aos reformados?
Mas será que este governo, dito socialista, só consegue poupar à custa dos mais desfavorecidos? Será que não consegue produzir uma lei, que seja, em seu benefício?
Arre, que é demais!

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Novos inspectores anunciados três vezes

O reforço de meios da PJ, com a entrada de 150 novos inspectores, já foi anunciado pelo menos três vezes por Alberto Costa.
O anúncio da admissão de 150 inspectores para a Polícia Judiciária foi a grande novidade que o ministro da Justiça levou à cerimónia de tomada de posse do novo director nacional, Alípio Ribeiro. Porém, o que foi lido como uma "prenda" do ministro está a ser anunciado pelo menos desde Janeiro.
DN de 12-4-06

Isto só demosnstra que este governo têm poucas coisas boas para anunciar e à falta delas anuncia a mesma vezes sem conta. Faz lembrar um daqueles Presidentes de Junta de Freguesia que, para botar figura, inaugura várias vezes a mesma fonte, sempre que uma entidade superior se digna visitar a terra.

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Berlusconi : o apego ao poder

Berlusconi recusa-se a reconhecer a vitória de Romano Prodi.
Pudera, o homem sabe que a perda do poder significa para ele a perda de cobertura para futuros negócios obscuros e a perda da imunidade em relação a contas que tem de prestar pelos negócios passados. O poder para ele e para os seus apoiantes era apenas uma capa sob a qual se praticavam todas as tramóias que ele próprio se encarregava de tornar legais, mediante leis feitas à justa medida dos seus interesses. Agora a mama acabou-se e o homem não se conforma.

No editorial de hoje do DN, escreve Eduardo Dâmaso, a propósito destas eleições:

(...) Mais do que um confronto partidário clássico, com os campos divididos entre esquerda e direita, o que está hoje em causa é sobretudo a fractura de uma sociedade inteira nos indicadores de riqueza, desenvolvimento social e níveis educativos que se exprime politicamente num antagonismo feroz entre a I e a II República. Ou seja, traduz-se numa luta implacável entre os poderes restauracionistas de um passado imperdoável, representados em Berlusconi, e todos os que nasceram depois da operação "Mãos Limpas", circunstancialmente identificados com Prodi. Essa é uma fractura profunda, que recua várias décadas na história de Itália, e actual pano de fundo da política italiana.

Bom será, porém, que o conjunto de partidos que formam a lista vencedora se empenhem, em unidade, com muita garra, muita determinação, e muito sentido de Estado, para revigorarem a economia deixada exangue pelo polvo berluscian., Só assim poderão evitar que ele volte a envolver a república italiana os seus braços de ventosas sugadoras.

Assim o entende também Eduardo Dâmaso que termina assim o seu editorial:
l
Se a economia mudar, o ciclo político mudará efectivamente. Se isso não acontecer, se a actual plataforma de esquerda se dividir, então Berlusconi e tudo o que de mau ele representa, ou seja, um poder delinquente no topo do poder de Estado, tem condições para regressar. E isso seria infernal para a Itália, mas, em primeiro lugar, para a democracia

Poder delinquente. Que bela definição! É isso mesmo

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Por um cabelo
Ainda a propósito de Berlusconi, não resisto a transcrever (para quem não leu) cpm a devida vénia, esta saborosa crónica de Ferreira Fernandes do Correio da manhã de hoje:
Se tivesse dado atenção às sondagens, Silvio Berlusconi já devia estar careca de saber que perdia. O que não se esperava é que fosse por um cabelo.

Enfim, ao homem das implantações faltou implantação eleitoral. Era inevitável, já que Berlusconi lutou menos contra o desemprego do que contra a alopécia. O único défice que o preocupou foi o capilar.

Como balanço do seu Governo pode dizer-se que houve brilhantismo de menos e brilhantina de mais. Vai daí, os italianos já estavam pelos cabelos. Mandaram-no pentear macacos.

É justo assinalar que ao saber dos resultados Berlusconi não apareceu desgrenhado. Mas quando se consciencializar da derrota sofrida, como todos os líderes, vai deitar a culpa para o seu conselheiro preferido. Vidal Sassoon que se cuide.

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terça-feira, abril 11, 2006

POUCAS e BOAS

Prodi vence no Senado e no Parlamento
Vitória nas duas câmaras permitirá formação de um governo de centro-esquerda

Foi à tangente, mas foi. O que é preocupante é que quase metade da Itália persista em apoiar um figura com o perfil deste Berlusconi. Não admira ele e outros donos dos “media” têm-se entretido a moldar o mundo à sua imagem e semelhança e à medida dos seus interesses. Poder-se ia dizer que os seus votantes são em grande parte os consumidores compulsivos e produtos dos “big brothers” “quintas das celebridades”, “fiel ou infiel” e outras pessegadas do mesmo género.

Pena é que a vitória de Romano Prodi não tenha sido mais expressiva para lhe permitir formar um governo estável e sem sobressaltos. Assim os partidos da coligação se capacitem da necessidade de se manterem coesos e sem divisionismos, de forma a não permitirem o regresso deste ou de outros Berlusconis. O mundo está cheio deles

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Detido chefe da Máfia siciliana
Bernardo Provenzano era procurado há 42 anos

Ora aqui está outra boa noticia. Talvez que em consonância com a notícia anterior, se possa dizer que é chegada a hora de põr fim às máfias. A todo o tipo de máfias
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Arnaut critica aumento das taxas moderadoras na saúde

António Arnaut, antigo ministro socialista da Saúde e "criador" do Serviço Nacional de Saúde (SNS), defendeu ontem que "os governos são obrigados a garantir a prestação de cuidados de saúde a todos os cidadãos, sem qualquer discriminação, à custa do Orçamento do Estado". Arnaut, que falava como antigo constituinte do PS numa cerimónia no Parlamento por ocasião dos 30 anos da Constituição, foi directo: "Não pode haver qualquer pagamento directo do utente com excepção das taxas moderadoras, as quais não devem atingir montantes que dificultem o acesso, sob pena de inconstitucionalidade."
DN de 11-4-06

Também eu critico. Será que no Partido Socialista só António Arnaut se mantenha socialista?
Já aqui falei várias vezes na inconstitucionalidade do último último (ou de qualquer) aumento das taxas moderadoras, mas sempre que se proporcionar denunciarei todo e qualquer atentado contra o Serviço Nacional de Saúde, “universal e tendencialmente gratuito”, conforme manda a constituição. Ora é aumentando as taxas que este governo, dito socialista, pretende chegar à gratuitidade tendencial? É o que eu digo eles rege-se por um dicionário de antónimos...
Por isso a direita e não só, está tão interessada em alterar a Constituição

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Quatro milhões de portugueses sem tratamento de esgotos

Mais de quatro milhões de portugueses não têm sistemas de tratamento de esgotos adequados. Entre estes, quase três milhões não possuem sequer ligação à rede de drenagem de esgotos.
DN de 11-4-06

É uma vergonha. Faz algum sentido que no concelho de Sesimbra, zona turística às portas de Lisboa, por exemplo, haja ainda freguesias sem ligação a uma rede de esgotos?
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segunda-feira, abril 10, 2006

DUAS BOAS NOTÍCIAS

Só as duas notícias abaixo, me faziam hoje escrever o quer que fosse para o blogue, dado o estado deplorável da minha coluna que me provoca um grande desconforto e inapetência para a escrita, sobretudo se, à dor da coluna, juntar a decepção pela derrota do Sporting.

Adio Berlusconi !

Coligação de Romano Prodi vence eleições italianas
De acordo com uma notícia avançada esta tarde pela Agência Lusa, a coligação de centro-esquerda liderada por Romano Prodi (ex-presidente da Comissão Europeia) venceu as eleições legislativas de Itália com uma margem de cerca de cinco por cento em relação à coligação de direita do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, segundo as primeiras projecções divulgadas hoje.
Segundo estes primeiros dados, Prodi obteve a maioria em ambas as câmaras do Parlamento com 50 a 54 por cento dos votos, enquanto Berlusconi se ficou pelos 45 a 49 por cento dos votos.
Diário Digital de 10-4-06
.
Bravo! O povo italiano recuperou a lucidez e parece ter extirpado (assim a notícia seja segura)a chaga espúria que envenenava o sangue da Republica e envergonhava o conceito de democracia de qualquer nação que se preze. Oxalá os políticos da coligação vencedora saibam honrar a decisão do povo nas urnas e consigam formar um governo de unidade capaz de durar, pelo menos, o mesmo tempo que, infelizmente durou o do famigerado Berlusco.
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Adieu CPE !

Jacques Chirac dedidiu substituir o Contracto de Primeiro Emprego (CPE) por um dispositivo a favor da inserção profissional dos jovens com dificuldades
Le Monde de 10-6

Onde se prova que vale sempre a pena lutar: Os governos não cedem às pressões da rua, diz-se. Não cedem mas é o tanas! Quando a pressão é esmagadora, que remédio têm senão ceder. E se a decisão agora tomada não corresponder às expectativas do povo francês, o povo voltará a ter a sua palavra. O povo francês não é tão acomodatício como nós, portugueses.
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Experimente mergulhar no baú das minhas velharias
em

domingo, abril 09, 2006

BERLUSCONI e coglioni

Se há coisa que me incomode é ouvir frases como “os políticos são todo iguais” (que por, via de regra, têm a intenção subjacente de dizer que nenhum político se aproveita) ou outras mais directas ainda, como “a politica é uma merda” e outras com o mesmo ou similar significado.

Não. Os políticos são não todos iguais e a política não é merda nenhuma. Pelo contrário é uma actividade nobre. Aliás, cada um de nós devia ser um político, na medida em devia interessar-se pela “Polys” em contribuir para resolver os problemas da Polys.

Normalmente, são as pessoas de direita e os partidos de direita (quando não estão no poder) que se entretêm a denegrir a imagem dos políticos e da política.

O que há, são bons políticos e boas políticas e maus políticos e más políticas, sendo que esta classificação de bom e mau é muita relativa, pois depende do ponto de vista de quem a pratica e de quem a analisa. De qualquer forma, um político de formação interessa-se sempre por administrar a Polys da forma que entende a mais conveniente de acordo com os seus princípios e a sua ideologia. Compete aos outros cidadãos discordar dessa forma de agir ou apoiá-la se achar adequada. E é obrigação de todos os cidadãos vigiar a sua acção e emitir sobre ela a sua opinião crítica.

Mau, mau, e nada inocente, é criar nos cidadãos a ideia de que a política é em si uma coisa má e os políticos gente a evitar. Esse é o discurso da direita caceteira quando não está no poder e que termina logo que dele participa. Veja-se o discurso do “Paulinho das feiras” e o do senhor ministro Paulo Portas, quando o foi.

Na verdade, essa ideia instalada na mente do eleitorado menos atento, favorece a aparição de aventureiros de verbo fácil, que não são políticos, que não amam a Polys e apenas querem o poder para servir os seus interesses. Basta ter dinheiro, e dominar os meios de comunicação social , sobretudo da televisão, para conquistar a adesão das massas (para quem só existe o que a TV transmite) para que esse aventureiro chegue ao poder em três tempos. E lá fica um país à mercê de um qualquer pulha que preverta toda a sua estrutura social e cultural, de forma a torná-lo irreconhecível.

Foi isto exactamente o que aconteceu em Itália. O aventureiro chama-se Berlusconi e é há cinco anos primeiro ministro daquele país. Ele era um dos homens mais ricos da Itália e ao fim destes cinco anos ele tornou-se o mais rico de todos. Ele era proprietário de vários canais de televisão. Hoje é o dono de toda a rede de televisão italiana. Ele é dono de clubes desportivos, de salas de cinema, de jornais e de importantes negócios em todos os campos de actividade. Ele faz aprovar leis que favoreçam as suas falcatruas, ele compra juízes, ele ri-se da justiça do seu país, ele trata os seus adversários políticos com uma linguagem de carroceiros, ele que também é dono das telecomunicações enviou MSNs a milhares de assinantes, a quem carregou, de borla, os respectivos telemóveis, ele fez da política uma farsa inominável.

Decorrem hoje e amanhã em Itália eleições legislativas para escolha de novo Governo. Será que o Povo italiano aprendeu a lição? Ou será que a sua incomensurável fortuna e o seu domínio dos órgãos de comunicação vão de novo vencer a democracia? Espero bem que os italianos lhe provem que não são os coglioni que ele lhes chamou. Caso contrário, aí sim, se poderá dizer, justamente, que a política italiana é uma merda

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Você, que aprecia as minha velharias,
vai encontrar hoje, bem no fundo do baú,
um poema que fiz há 56 anos,
em
http://escritosoutonais.blogspot.com

sexta-feira, abril 07, 2006

FUMAR OU NÃO FUMAR (onde e quando)


Governo proíbe tabaco em todos os locais públicos
O Governo prepara-se para avançar com uma lei que prevê a proibição total de fumar nos locais fechados. Dos restaurantes aos postos de trabalho, passando por bares, discotecas, estações de serviço ou caixas multibanco. A nova lei impede ainda a compra de cigarros por menores de 18 anos, quando até aqui esta regra se aplicava abaixo dos 16 anos.
DN de 7-4-06

Ora aqui está, em minha opinião ( aliás tudo que aqui escrevo é sempre “em minha opinião” – e Monsieur deLapalisse – não diria melhor) esta seria uma medida acertada deste Governo. E digo seria, porque como todas as leis deste país, duvido que esta venha a ser aprovada e, sendo aprovada, venha a ser cumprida ou, pelo menos que o seja integralmente, como acontece com a lei mais atenuada já existente e eu simplesmente não dou pela sua existência.

Logo, logo vão começar a ouvir-se as vozes fundamentalistas da liberdade total e a qualquer custo (já estou a ouvir, por exemplo a voz do Sousa Tavares, com o beicinho arrepanhado, a reclamar o direito inalienável que cada individuo tem de morrer como lhe apetecer, que o Estado não tem nada que interferir, que isso é um atentado à liberdade individual... e logo, logo também (se é que não começaram já) os lobies da indústria Tabaqueira vão começar a mexer os cordelinhos para que a Lei não saia ou, saindo, se revele totalmente ineficaz.

Descansem, pois os fumadores inveterados. Eles vão continuar a suicidar-se e a “suicidarem” os seus inocentes concidadãos não fumadores – que são, de certeza, muito mais numerosos, com as venenosas volutas de fumo que exalam com tão estudada elegância como irresponsável displicência.

No editorial do DN de hoje , Helena Garrido que apesar achar que existe uma violação dos direitos dos não fumadores, põe, contudo, algumas reservas às medidas agora anunciadas e pergunta: “há quanto tempo se fuma e há quão pouco tempo se ouve quem não fuma queixar-se”

Pois é, mas há quanto tempo, pergunto eu, se sabe que o tabaco mata? Até há relativamente pouco tempo falava-se vagamente dos eventuais perigos do tabaco. Mas agora esse perigo é certo, e toda a gente o sabe. O tabaco mata, mata que se farta e pode matar mesmo quem, não fumando, respira as baforadas dos que à sua volta usufruiem o seu inatácel "direito" de matar os outros.

Nestas circunstâncias o Estado não só pode, com tem obrigação de defender quem não está interessado em morrer por causa do prazer de outros – Prazer esse que não é tão inocente assim, pois as graves doenças que o tabaco provoca nos pulmões dos fumadores, antes que se cumpra o seu voluntário desiderato suicida custam muito, muito dinheiro ao resto dos cidadãos que nada têm a ver com o assunto.

Mas como disse, não acredito que esta lei venha a funcionar. Continuai pois a matar-vos e a matar-nos em nome da (vossa) sacrossanta liberdade individual
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anedota
E para aliviar de toda esta fumarada, uma anedota que acba de me chegar e que aliás ilustra bem o meu post de ontem com o título cinismo

George W. Bush e Tony Blair estão num jantar na Casa Branca.Um dos convidados aproxima-se deles e pergunta-lhes:_ Sobre o que estão a conversar de forma tão animada?_Estamos a fazer planos para a terceira Guerra Mundial, diz Bush._ "Uau!", diz o convidado. E quais são esses planos?_ Vamos matar 14 milhões de muçulmanos e 1 dentista, responde Bush.O convidado parece confundido e pergunta: -_Um... dentista?!! Porque é que vão matar um dentista?Blair dá uma palmada nas costas de Bush e exclama:_Não te disse? Não te disse? Ninguém irá perguntar pelos muçulmanos !

quinta-feira, abril 06, 2006

CITAÇÕES e COMENTÁRIOS

A Constituição e o CDS

E 30 anos depois o CDS voltou a ficar sozinho...
Trinta anos passados sobre a aprovação da Constituição da República Portuguesa, o cenário repetiu-se: o CDS ficou ontem isolado nas críticas à Lei Fundamental, enaltecida pelas restantes bancadas.

DN de 6-4-06

Claro
, todos sabem que este partido, por benevolência do poderes instalados com a revolução de Abril, apesar da forte contestação popular (como o povo é sábio!) nasceu declaradamente contra contra esse mesmo 25 de Abril, nunca “digeriu” esta Constituição, nem as mudanças que ela estabeleceu a favor do povo e contra os privilégios das elites em que o CDS se revê. Continuam contra. Claro, é da sua natureza. Mas, coitados, já são tão poucos que em breve se extinguirão e a Constituição permanecerá. Assim nós queiramos.

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A Constituição e os jovens

Os deputados mais jovens apoiam sem reservas a Constituição
DN de 6-4-06

É consolador verificar que jovens, nascidos alguns depois da revolução dos cravos, tenham um entendimento tão justo do valor que esta constituição representa. Ainda há valores e os jovens são um esteio muito importante para a sua conservação
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Puro cinismo


A propósitos da visita de Sócrates a Angola
(companhado de uma enorme comitiva de empresários), lê-se no editorial do DN de hoje:

(…) Entende-se, por isso, que da agenda do primeiro-ministro não constem as questões incómodas. O mundo, de resto, não está para aí virado. A integração da China na Organização Mundial do Comércio fez eclipsar as preocupações até aí existentes com os Direitos Humanos. A Rússia é tratada com toda a benevolência. E só alguns líricos ainda estão convencidos de que a invasão do Iraque teve alguma coisa a ver com a democracia.

Não é isto que eu digo aqui todos os dias? Democracia, o quê, liberdade de expressão o quê, direitos humanos o quê? Negócio, meus caros, negócios!
Todos o sabemos. Mas nem todos nos conformamos. Eu jamais me conformarei.
E sobretudo não venham com as bonitas palavras com que mascaram o cinismo das atitudes e enganam os tolos

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A crise

Empresas estão mais ricas e acumulam dinheiro na banca
As empresas portuguesas aumentaram os depósitos na banca comercial e de investimento nos últimos meses de 2005, de acordo com dados disponibilizados pelo sector bancário. No final do ano passado, as disponibilidades financeiras das firmas junto da banca nacional já totalizavam os 28,4 mil milhões de euros, cerca de 19% do PIB.
DN de 6-4-06

Este é mais um exemplo dos estranhos contornos da crise que nos aflige

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Não são datadas.
São para ler em qualquer altura e por qualquer ordem

quarta-feira, abril 05, 2006

O DESNORTE DO GOVERNO

O desnorte Governo I

Ainda está por demonstrar que existam funcionários a mais na administração pública." A frase, inesperada, é do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que falava segunda-feira no programa Prós e Contras , da RTP, que debatia a reforma do Estado.
Andam estes gajos a massacrar nos o bicho do ouvido com o peso excessivo de pessoal na Administração pública e que era necessário chegar ao fim da legislatura com menos 75 mil funcionários e agora, depois de todas as polémicas, depois de todo o stress causado aos trabalhadores, de paralisações de trabalho e manifestações de protesto, com todos os prejuízos daí decorrentes, vem agora o ministro da Finanças sair-se com esta?

Será que se pode dar alguma credibilidade a este governo?


O desnorte do Governo II

O Ministério da Administração Interna acha que a Polícia Judiciária lhe deve pertencer. O Ministério diz que ela lhe pertence, como de facto sempre assim foi, que me lembre. O Director da PJ é demitido do seu cargo, dizendo que ter sido ele a apresentar o pedido de demissão o ministro Alberto Costa jura que foi ele a demiti-lo. Parece uma quezília de crianças birrentas e a verdade é que a Polícia Judiciária, uma das poucas instituições portuguesas com algum prestígio, está morrendo à mingua de meios, quer pecuniários quer logísticos quer de apoio moral

Oh, homens resolvam lá essa contenda! O País não é propriamente um pátio de recreio.

Será que se pode dar alguma credibilidade a este governo?


O desnorte do Governo III


O Secretário de Estado do MAI vem dizer que o Governo tenciona reduzir o grau de alcoolemia permitido aos condutores; os produtores de vinho e os negociantes do dito torceram o nariz e manifestaram o seu descontentamento, tal como já tinha feito em tentativa anterior, creio que no Governo de Guterres, para adopção de medida idêntica; no dia Seguinte vem o Ministro da Agricultura afirmar que se tratou apenas de um desabafo do referido Secretário de Estado.
Não sei se é bom, se é mau reduzir o grau de alcoolémia actualmente permitido, mas,

Por favor, senhores, entendam-se de uma vez por todas.

Será que se pode dar alguma credibilidade a este governo?

Ainda a crise

A Venda de carros de luxo aumentou 52% até Março.
Só no mês de Março, venderam-se 39 Jaguares, 32 Lexus, 28 Porshes, 4 Aston Martins, 2 Ferraris e 2 Bentleys – o que perfaz 107 veículos. Mais 67% do que no mesmo perído de 2005.

Crise? Qual crise?
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terça-feira, abril 04, 2006

VÁRIOS

Carlos Fabião

Seria uma grande injustiça se não fizesse uma referência ao falecimento de Carlos Fabião um dos militares de Abril, um homem honrado, como a maioria do
dos jovens capitães nele envolvidos que, tendo devolvido a liberdade ao povo português, recusaram as hinras e os proveitos o poder e se recolheram ao recato das suas vidas privadas. A Carlos Fabião foi-lhe oferecido o lugar de Primeiro ministro, poderia mesmo ter sido presidente da República, mas ele preferiu retirar-se a alinhar com o grupo que, bem o mal (a história o dirá,)preferiu inflectir um rumo diferente à revolução portuguesa. Quando vejo certos papagaios que para aí andam a exercer um poder que nunca sonharam poder vir a ter, e falar com desdém ou sobranceria dos homens e do movimento que tornou possível eles serem o que são hoje e ter mesmo a liberdade de os ofender e caluniar… só mesmo com um pano encharcado em m…~
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A nossa Superioridade moral-
As fotos da Guerra Fria que Londres quis esconder
O jornal The Guardian divulgou, ontem, pela primeira vez imagens chocantes de prisioneiros de guerra à guarda das forças britânicas, entre 1945 e 1947, em que são visíveis os sinais de tortura e dos maus tratos infligidos aos detidos. A história, que o jornal já revelara em Dezembro último, ganhou agora nova dimensão com a publicação das fotografias.
(DN de 4-4-06)
Revealed: victims of UK's cold war torture camp Ian CobainMonday April 3, 2006The Guardian
Archive pictures of German prisoners held by the British following the second world war. Photographs: Martin Argles
Photographs of victims of a secret torture programme operated by British authorities during the early days of the cold war are published for the first time today after being concealed for almost 60 years.
The pictures show men who had suffered months of starvation, sleep deprivation, beatings and extreme cold at one of a number of interrogation centres run by the War Office in postwar Germany.
A few were starved or beaten to death, while British soldiers are alleged to have tortured some victims with thumb screws and shin screws recovered from a gestapo prison. The men in the photographs are not Nazis, however, but suspected communists, arrested in 1946 because they were thought to support the Soviet Union, an ally 18 months earlier.

Foi assim logo a seguir à 2ª Guerra mundial, foi assim no Vetnam, foi assim em todas a ditaduras e “democracias” durante a guerra fria, é assim em Guantanamo e é assim nas prisões do Iraque
E esta esta a superioridade moral, a “liberdade de expressão” de que tanto nos ufanamos?!!!.
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A crise

Gestores do BES ganharam mais 40% no ano passado
A remuneração média de cada administrador foi de 623 mil Euros
DN de 4-4-o6

Crise? Qual Crise? Perguntem a estes senhores se sabem o que isso é.

A crise que aí avança
Fosse eu poeta e diria
São uns a encher a pança,
E outros com ela vazia”
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Que lata!
“Foram os EUA e a Grã-Bretanha que libertaram o Iraque”
Quem o disse ontem em Bagdad, foi o Ministro dos Negócios Estrangeiros que juntamente com a Srª Condoleeza Rice, fazem pressão para influenciar a formação no Iraque de um governo da sua afeição. Que bela libertação, digo eu e dirá qualquer que pessoa minimamente informada .
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segunda-feira, abril 03, 2006

ISTO É QUE VAI UMA CRISE !


Ontem, num pequeno café que frequento habitualmente aos fins de semana e nas férias, o proprietário que possui também um restaurante, confessou-me, muito desanimado que, provavelmente, terá de encerrar esta último, pois nos últimos meses tem vindo a perder clientela, dia após dia e que já não ganha para as despesas de manutenção. Fiquei muito admirado, pois se trata de uma casa onde, por vezes, era necessário aguardar pacientemente à porta, esperando que uma mesa vagasse.

Tenho passado por períodos difíceis nesta minha actividade, mas uma crise como esta, dizia o senhor, nunca atravessei. O que vale, retorqui, é que o senhor tem aí umas casitas que aluga que sempre o vão desenrascando. Qual o quê, tornou o desconsolado senhor, ultimamente ninguém paga, deixam atrasar as mensalidades e depois dão o fora sem pagar

Hoje, logo de manhã, estava no banho, e não consegui escutar em pormenor, mas deu para perceber que o tema de abertura da TSF era o endividamento dos portugueses.

Saio à rua, para ir ao barbeiro, e na paragem do autocarro estavam duas mulheres de meia idade a falar da crise. Uma delas, tinha trabalhado até há pouco tempo numa das setenta e tantas lojas de uma cooperativa de panificação, que nos últimos tempos tem vindo a encerrar lojas umas atrás das outras, restando-lhe apenas uma escassa meia dúzia.

Chego à barbearia, situada num modesto centro comercial e lá estava o mestre barbeiro a derramar melancólicas considerações sobre a crise, enquanto ia tosquiando as gaforinas do único e não menos melancólico cliente. Tive vontade de sair de imediato mas mal parecia e calhou-me a mim servir de muro das lamentações, já que outro cliente não havia. Que isto é uma porra, que até há pouco tempo cortava umas dúzias de cabelos por dia e agora tenho dias de cortar só dois ou três, que as lojas ao lado tem vindo todas a encerrar e o centro comercial está a ficar um deserto, isto já não dá a mecha pró sebo e qualquer dia fecho mas é esta merda e desarvoro daqui para fora!

O barbeiro, coitado, lá ficou, desta vez sozinho, a remoer as suas mágoas, ficando eu mais aliviado da trunfa, que já me tapava as orelhas, mas deprimido que nem um perú - se é que a expressão faz algum sentido.

Saio, compro o DN e lá está escarrapachado: “Pagamento de dividas já leva os portugueses a cortar nas compras”

Entro em casa e ouço a minha mulher a queixar-se que cada vez lhe sobeja mais mês e lhe escasseia o dinheiro, que está tudo pela hora da morte… que não sabe onde isto vai parar...

Pois, mas lá volto eu a dizer pela centésima milionésima vez: Então e a crise é só para os mais desfavorecidos e para a classe média? Então a gente não vê por aí tanto dinheiro a circular, tanto luxo, tanta ostentação, mais até do que alguma vez se tinha visto?


Não foi por acaso que os dez mil manifestantes que neste fim de semana desfilaram pelas ruas de Lisboa contra a política social do governo, tivessem como slogans mais significativos e mais insistentemente gritados o protesto contra o aumento do custo de vida e con tra o facto de a sua incidência recair só e sempre sobre os trabalhadores

Desta vez é que faz muito sentido o estribilho esquerdistas de alguns anos atrás. Nessa altura talvez fosse apenas folclore, mas hoje dá vontade de gritar: Que também os ricos que paguem a crise
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