ENQUANTO E NAO

terça-feira, abril 18, 2006

TERRORISTAS e... TERRORISTAS

Exército entra em Nablus como resposta a atentado
Dezenas de veículos militares israelitas entraram ontem em Nablus, cidade do Norte da Cisjordânia e, há muito, feudo da Jihad Islâmica.
DN de 18-4-06

Não é a primeira vez que exercito Israelita em represália contra um crime individual entra nesta localidade mártir com tanques e peças de artilharia, matando e destruindo indiscriminadamente, arrasando casas com os tanques e esmagando quem nelas mora.

Compreendo perfeitamente a raiva dos palestinianos contra o estado de Israel que foi constituído com o melhor das suas terras ,onde vivam há séculos, e das quais ele foram expulsos. Compreendo portanto a sua guerra de resistência contra alvos militares e bens israelitas. A “resistência” é isso. E nós portugueses e nós europeus sabemos muito bem do que se trata, pois já tivemos necessidade de a fazer, mas não concordo em absoluto com atentados indiscriminados contra civis inocentes No entanto pergunto se esta reacção do Governo de Israel é digna de um Estado de direito? Pode alguém aprovar um comportamento como este? Pode, sim. Os americanos fazem-no alegremente e a hipocrisia europeia assobia para o lado.
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O Exercito israelita prendeu o pai do kamikaze responsável pelo atentado de ontem que causou a morte a dez israelitas.
Notícia da TSF em 18-04-06

Condeno o atentado, como atrás referi, mas insisto em perguntar: Algum Estado de direito prende a família do autor de um crime (e não é a primeira vez que Israel o faz) só porque não consegue deitar a mão ao criminoso? Desta vez não pode porque ele morreu, mas outras vezes houve que a prisão dos familiares (famílias inteiras, por vezes) se deveu ao facto de não conseguirem apanhar o autor de um atentado, porque este se pôs em fuga . Estas acções do governo israelita não são igualmente actos de terrorismo? E terrorismo de Estado - muito mais condenável?

Pois não contente com isso vá de assacar as culpas ao recém-eleito governo do Hamas.
Logo que o Hamas ganhou as eleições escrevi neste blogue que o governo de Israel iria fazer tudo para o desacreditar o seu governo e boicot-lo de toda a forma e feitio. Disse também que tal atitude seria um disparate, pois normalmente um partido radical ao chegar ao governo acaba por se moldar ao consenso das outras nações se estas lhe estenderem a mão e só se radicaliza ainda mais se for encostado à perede. È precisamente isso que Israel e os Estados Unidos (com a Europa continuando a assobiar) estão fazendo, cortando-lhes todas as possibilidades de governar. A quem é que interessa, pois, o terrorismo? Terrorismos há muitos. Tal como chapéus.

O artigo de Lumena Raposo, no DN de hoje, que abaixo transcrevo, trata precisamente este tema. Vale a pena ler:

Honestos e pragmáticos
Lumena Raposo

O último atentado suicida reivindicado pelo Hamas data de 31 de Agosto de 2004: então, dois kamikazes fizeram-se explodir em dois autocarros na cidade de Beersheva, Sul de Israel, e provocaram a morte de outras 16 pessoas. A dura retaliação israelita e a perda de popularidade entre a população palestiniana levou o Hamas a declarar, a 8 de Fevereiro de 2005, uma trégua unilateral que continua a cumprir.

Israel respondeu ao atentado de ontem como fazia no tempo de Yasser Arafat: responsabilizou de imediato o Governo palestiniano, agora liderado pelo Hamas. Não se trata, porém, de uma reacção pavloviana: o Executivo israelita, acompanhado por todo o Ocidente, apostou em fazer cair o gabinete palestiniano; para isso estão a ser utilizados todos os meios, independentemente de se estar a lesar sobretudo o povo e não os seus líderes.

Responsabilizar o Hamas pelo atentado de ontem é mais um elemento na cadeia das acusações que poderá ser aceite pelos países ocidentais mas não pelo povo palestiniano, que conhece demasiado bem os homens que escolheu para o governar - islamitas, mas também honestos e pragmáticos.

Persistir nas acusações e no cerco ao movimento islamita em vez de lhe dar uma oportunidade para mostrar do que é capaz é incorrer no risco de radicalizar grande parte de uma população palestiniana que, na sua grande maioria, deseja viver uma vida tão normal quanto a do seu vizinho do lado -Israel.

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Leia a entrada desta semana
"ENCONTRO AZARADO"
no meu outro blogue


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