ENQUANTO E NAO

domingo, abril 09, 2006

BERLUSCONI e coglioni

Se há coisa que me incomode é ouvir frases como “os políticos são todo iguais” (que por, via de regra, têm a intenção subjacente de dizer que nenhum político se aproveita) ou outras mais directas ainda, como “a politica é uma merda” e outras com o mesmo ou similar significado.

Não. Os políticos são não todos iguais e a política não é merda nenhuma. Pelo contrário é uma actividade nobre. Aliás, cada um de nós devia ser um político, na medida em devia interessar-se pela “Polys” em contribuir para resolver os problemas da Polys.

Normalmente, são as pessoas de direita e os partidos de direita (quando não estão no poder) que se entretêm a denegrir a imagem dos políticos e da política.

O que há, são bons políticos e boas políticas e maus políticos e más políticas, sendo que esta classificação de bom e mau é muita relativa, pois depende do ponto de vista de quem a pratica e de quem a analisa. De qualquer forma, um político de formação interessa-se sempre por administrar a Polys da forma que entende a mais conveniente de acordo com os seus princípios e a sua ideologia. Compete aos outros cidadãos discordar dessa forma de agir ou apoiá-la se achar adequada. E é obrigação de todos os cidadãos vigiar a sua acção e emitir sobre ela a sua opinião crítica.

Mau, mau, e nada inocente, é criar nos cidadãos a ideia de que a política é em si uma coisa má e os políticos gente a evitar. Esse é o discurso da direita caceteira quando não está no poder e que termina logo que dele participa. Veja-se o discurso do “Paulinho das feiras” e o do senhor ministro Paulo Portas, quando o foi.

Na verdade, essa ideia instalada na mente do eleitorado menos atento, favorece a aparição de aventureiros de verbo fácil, que não são políticos, que não amam a Polys e apenas querem o poder para servir os seus interesses. Basta ter dinheiro, e dominar os meios de comunicação social , sobretudo da televisão, para conquistar a adesão das massas (para quem só existe o que a TV transmite) para que esse aventureiro chegue ao poder em três tempos. E lá fica um país à mercê de um qualquer pulha que preverta toda a sua estrutura social e cultural, de forma a torná-lo irreconhecível.

Foi isto exactamente o que aconteceu em Itália. O aventureiro chama-se Berlusconi e é há cinco anos primeiro ministro daquele país. Ele era um dos homens mais ricos da Itália e ao fim destes cinco anos ele tornou-se o mais rico de todos. Ele era proprietário de vários canais de televisão. Hoje é o dono de toda a rede de televisão italiana. Ele é dono de clubes desportivos, de salas de cinema, de jornais e de importantes negócios em todos os campos de actividade. Ele faz aprovar leis que favoreçam as suas falcatruas, ele compra juízes, ele ri-se da justiça do seu país, ele trata os seus adversários políticos com uma linguagem de carroceiros, ele que também é dono das telecomunicações enviou MSNs a milhares de assinantes, a quem carregou, de borla, os respectivos telemóveis, ele fez da política uma farsa inominável.

Decorrem hoje e amanhã em Itália eleições legislativas para escolha de novo Governo. Será que o Povo italiano aprendeu a lição? Ou será que a sua incomensurável fortuna e o seu domínio dos órgãos de comunicação vão de novo vencer a democracia? Espero bem que os italianos lhe provem que não são os coglioni que ele lhes chamou. Caso contrário, aí sim, se poderá dizer, justamente, que a política italiana é uma merda

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Você, que aprecia as minha velharias,
vai encontrar hoje, bem no fundo do baú,
um poema que fiz há 56 anos,
em
http://escritosoutonais.blogspot.com