ENQUANTO E NAO

terça-feira, fevereiro 28, 2006

VÁRIOS

Veja também o meu blogue http://escritosoutonais.blogspot.com/
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Ainda os Carnavais
Afinal não sou só eu que acho pindéricos e gélidos os nossos cortejos carnavalescos, como se vê na passagem que a seguir transcrevo de um artigo, sobre o Carnaval de, Medeiros Ferreira no DN de hoje (28-2-206)

(…)Tanto que nem vejo na televisão aqueles cortejos pindéricos, a tiritar de frio, de que fala Constança Cunha e Sá no seu blogue Espectro. E também deixei de ver aquele desfile no sambódromo do Rio, porque detesto prazeres virtuais por grosso.

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Futebolês

COMEU A PAPA TODA: O Bebé-Nestlé deu a mão à palmatória e lá pôs o grego a jogar ( com ele na sua posição natural o Benfica venceu FCP e Liverpool). Mas desta vez tenho de elogiar o homem: os troianos exibiram o seu Heitor argentino com pés de veludo, mas o Bebé-Nestlé amarrou-o a um pequeno Aquiles negro, Fernandes de apelido
Texto recollhido recolhido em://www.marsalgado.blogspot.com/
.
Perceberam alguma coisa? Eu não e você, a menos que seja um versado em futeblês prático, perceberá tanto como eu. No entanto compreendo, todos os clãs têm uma linguagem própria que só os iniciados entendem. O que eu não compreendo é a linguagem cifrada com que certos jornalistas escrevem algumas notícias - que em princípio deveriam ser entendidas por todos. Eu, por exemplo, fico muitas vezes "a ver navios" quando leio artigos enxameados de siglas que o autor não se digna descodificar, como se o leitor comum tivesse obrigação de as conhecer.

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Guerra do Iraque aumentou a ameaça terrorista

A maioria da população em 33 países (num total de 35 onde foi realizado o inquérito) considera que a intervenção americano-britânica no Iraque, em Março de 2003, aumentou a ameaça terro­rista no mundo, revela uma sonda­gem da BBC a ser divulgada hoje. Em média, 60% dos inquiridos afirmaram que a guerra do Iraque aumentou o risco de atentados ter-roristas, contra apenas 12% que pensa o contrário. Para 15%, a ope­ração militar não veio alterar nada.
A Nigéria foi o único país a afir­mar que a ameaça terrorista dimi­nuiu, enquanto no México, as opi­niões dividem-se.
Os mais críticos foram a China, com 85% dos inquiridos a dizer que a ameaça aumentou, a Coreia do Sul, com 84%, e o Egipto, com 83%. No Reino Unido, 11% partilham essa opinião, tal como 75% dos ira­quianos e 55% dos americanos.
Uma maioria de 20 países - Ar­gentina, Brasil, Chile, México, Es­panha, França, Polónia, Rússia, Arábia Saudita, Egipto, Irão, Tur­quia, República Democrática do Congo, Senegal, Tanzânia, Zimbabwe, China, Coreia do Sul, Indo­nésia e Sri Lanka - considera ain­da que as tropas estrangeiras de­veriam retirar do Iraque nos pró­ximos meses. A opinião inversa é maioritária em nove países
Extracto de notícia, publicada no DN de hoje (28-2-2006
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Claro que o terrorismo aumentou com a guerra do Iraque. Nem eram precisos inquéritos. Basta ler os jornais e ver e ouvir os noticiários televisivos e radiofónicos Aumentou, mas de uma forma assustadora. Só quem for cego não vê que os invasores do Iraque acabam por ser, objectivamente, os grandes responsáveis por este recrudescimento de acções terroristas em todo o mundo. “Cegos” é uma maneira de falar, pois aos cegos basta ouvirem as notícias. Eles também sabem, portanto. O que eu queria dizer era Luizes Delgados e outros que tais invisuais.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

CaRNaVAiS

O Carnaval que temos
"Milhões de euros para três dias de festa"
Titulo de artigo no DN de hoje (27-2-2006)
Que desperdício! Gastar milhões de euros para organizar uns cortejos tristes que os mirones pagam para serem apenas isso mirones passivos de uns desageitados monos e de umas pálidas donzelas em cima de uns carros enfeitados, rebolando-se ao jeito das mulatas brasileiras, com as quais nada têm a ver- nem por temperamento nem por cultura - meio desnudas, tremendo de frio, expostas ao rigor de um tempo invernoso, por vezes gélido e chuvoso, que nada tem a ver com o clima tropical dos carnavais brasileiros... enfim uma pinderiquice pegada, que nada tem a ver com os nosso habitos e tradições
Que é feito do verdadeiro carnaval português (e europeu, aliás) dionisíaco, hilariante, expontâneo, participativo, burlesco, trapalhão, matrafono, excessivo, distensor, iconoclasta , provocador, ruidoso, do carne vale - o adeus à carne - que antecedia os rigores da quaresma?
Macaquinhos de imitação é o que nós somos. Ele é o carnaval à brasileira, ele a pirosice do dia são Valentim, ele é o dia das bruxas, ele é não sei quantas mais celebrações e hábitos importados de outros usos e costumes que nada têm a ver connosco... e nós muito contentinhos da vida a fingir que nos divertimos.
Só se for como analgésico!
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Ai as louras!
"Já desde o tempo das cavernas que os homens preferem as louras
A ideia de que os homens preferem as louras poderá ter 11 mil anos. Segundo um novo estudo científico, a história remonta ao tempo das cavernas, numa altura em que a escassez de homens obrigou as mulheres do Norte da Europa a procurar conquistá-los... distinguindo-se das rivais. Na época, os olhos azuis e cabelo claro ditaram a evolução, mas hoje, milénios depois, poderão estar mesmo em vias de extinção."
Sofia de Jesus, in DNde 27-2-2006

De onde se conclui:

a) que as louras não são tão burras como, aleivosamente se diz, pois, apesar de menos numerosas conseguiram impôr-se às suas rivais morenas na preferência dos homens;
b) que os amantes das louras devem aproveitar enquanto é tempo, pois, segundo o referido estudo, dentro de duzentos anos não haverá louras para ninguém:
d) que até lá, e cada vez mais, vale mais uma loura, mesmo a voar, que dus morenas na mão.
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Hoje, pode ver também:
CANTiGA DE ESCÁRNiO E MALdIZER no meu otro blogue
ESCRITOS OUTONAIS
http://escritosoutonais.blogspot.com

domingo, fevereiro 26, 2006

DRAMAS...

O drama dos idosos solitários

O Diário de Notícias de hoje contem uma reportagem sobre o problema das pessoas idosas autênticas prisioneiras em casa, quer pela sua própria diminuição física, quer pelo conjunto de obstáculos que tornam difícil o seu acesso à rua.
É de facto uma coisa dramática a situação dos idosos, sobretudo nos grandes centros urbanos. E o pior é que não se trata só de idosos pobres. Gente da classe média, que teve um nível de vida razoável e mesmo muito bom, em alguns casos, e que, com o passar dos anos, foram perdendo os cônjuges, os amigos foram ficando tão velhos como eles e com idênticos problemas, os filhos estão bem, muito obrigado, têm a sua vida social muito activa, e patati-patatá, e os pobres velhos ali vão ficando, condenados a prisão perpétua, sem culpa formada e sem sentença em julgado, mortos antes da morte, finando-se a cada minuto que passa.
È triste, muito triste.
Em meios pequenos, pequenas vilas ou aldeias, as coisas sempre são mais fáceis. A vizinhança é mais solidária, a família ainda não perdeu de todo o espírito de clã, as casas são mais baixas e permitem melhor acesso à rua, as Misericórdias e outras organizações paroquiais exercem a sua função num campo mais limitado de situações, numa maior relação de proximidade e o problema da velhice assume contornos um pouco mais humanizados. Nos grandes centros chega ser pungente a situação dos idosos solitários.

Tem pois toda a razão a subdirectora do DN, Helena Garrido. quando. no editorial de hoje sobre o mesmo tema, advoga que o dinheiro que o governo pretende gastar em complementos solidários de reforma para as pessoas idosas (aliás, ao que parece, dependentes de processos burocráticos infindáveis) seria melhor empregue na construção e manutenção de equipamentos sociais, tipo condomínios parecidos aos que a iniciativa privada já criou para pessoas abastadas, embora mais modestos, como é obvio, mas onde os idosos pudessem conviver e ser tratados com a dignidade que merecem.

Termina assim o referido editorial:

O Estado, nas funções de solidariedade que os europeus querem que desempenhe, tem forçosamente de abandonar a lógica da distribuição de dinheiro. É a via de maior desperdício de recursos. Nunca haverá dinheiro que chegue para alimentar uma política de "toma lá e resolve os teus problemas de velhice na pobreza". Te-remos apenas mais e mais histórias de sofrimento e suicídio.

Apoiado, apoiado, apoiado!

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Ai a Eta!


Críticas contra Zapatero marcam protesto anti-ETA
DN. De 26-2-2006

A seguir aos atentados de 11 de Março em Madrid, o governo de Aznar tentou ganhar votos atribuindo-os, deliberada e despudoradamente à ETA . Agora, o mesmo Aznar e o partido político que representa utilizam a mesma ETA, para tentar derrubar o governo de Zapatero

O que seria destes políticos se não houvessem movimentos terroristas ou libertários. foi sempre assim foram os cristãos, foram os protestantes, foram os escravos que se revoltaram, foram os liberais, foram os anarquistas foram os comunista, foram as colónias que não queriam mais ser colónias ...Há sempre um pretexto. E quando não há inventa-se.

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O Iraque e os americanos.

Eles bem querem armarem-se em fundadores da democracia no Iraque.
O pior é que mesmo os iraquianos que entre si se guerreiam são unânimes num ponto: Eles não querem lá os americanos. Coitados! De mal agradecidos está o inferno cheio

Na verdade, na sequência dos distúrbios causados pela guerra das mesquitas entre sunitas e xiitas, os dirigentes de ambas as tendências reunidos consideram que
... o que está a suceder no Iraque, quer sejam actos terroristas, quer seja a tensão entre seitas, é exclusivamente da responsabilidade do Ocupante.

Onde já se viu tamanha ingratidão!

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Hoje, pode ver também:
CANTiGA DE EsCÁRNiO E MALdIZER
no meu otro blogue
ESCRITOS OUTONAIS
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sexta-feira, fevereiro 24, 2006

DOIS TEMAS

Chave de ouro para o processo de descolonização
A propósito da visita de Jorge Sampaio a Timor

Do Diário de Noticias de hoje (24-2-2006),
transcrevo a seguintes passagem:

(…)O que comove os portugueses em Timor, ao verem criancinhas ensaiadas a cantar o esplendor de Portugal? Provavelmente isto: se em Timor o império não se discute, então Xanana Gusmão não libertou só a sua pátria, mas também a nossa, ao permitir-nos a redenção do trauma imperial. É assim natural que, mais ou menos afinados, os portugueses cantem convictamente o hino timorense que louva os "heróis da libertação" - Xanana e os seus homens são também os heróis da libertação portuguesa.
Coube a Jorge Sampaio, anti colonialista desde a juventude, encerrar o ciclo imperial e assistir à libertação do trauma e à expiação dos pecados do império. A entrega de Macau e a independência de Timor-Leste, depois de 24 anos de combate ao invasor, com a colaboração diplomática de Portugal (mais activa após 1992), produziram então o milagre consubstanciado na união nacional e no embevecimento pátrio perante o fenómeno de Timor-Leste.

Estas palavras bem podem servir de lição aos detractores do processo de descolonização portuguesa. A visita do Presidente da República a Timor - o mais jovem país do mundo, constituiu o epílogo feliz da descolonização possível.
Quem a poderia ter feito, com calma e nas melhores condições teriam sido Salazar e Caetano, mas esses pensavam que os ventos da história eram estórias da carochinha…
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Liberdade de imprensa não é um todo-o-terreno

O jornal gratuito Metro definiu uma linha editorial mundial para a questão da publicação das caricaturas de Maomé. O grupo internacional, que tem 61 edições em 19 países diferentes, decidiu que nenhuma das suas publicações iria ou irá apresen­tar os cartoons, numa tentativa de estabelecer um princípio base comum.
"Foi uma decisão colectiva, tomada depois de serem ouvidos os vários responsáveis editoriais dos diferentes países", explicou ao PÚBLICO Nuno Henrique Luz, o director do jornal em Portugal. "Com tanta gente envolvida, é di­fícil saber se houve unanimidade, mas posso garantir que é uma de­cisão consensual", acrescenta.
Nesta questão, não interessam as realidades específicas de cada país a que o jornal chega. Para Nu­no Henrique Luz, está claro que a decisão do Metro foi a mais correc­ta: "Não acredito que o discurso da liberdade de imprensa seja todo-o-terreno. É essencial que existam alguns cuidados, e é este o princípio de base que o grupo Metro assume."
Depois da decisão tomada, e numa altura que a discussão já está noutro nível, pela reacção de violência a que se tem assistido, o director do jornal em Portugal teme que se possa confundir esse princípio com uma intimidação pela violência. "Ao publicarmos as caricaturas, íamos estar a pas­sar a mensagem de que ninguém mexe com as nossas liberdades. E o que nós queremos dizer é que as nossas liberdades nunca podem estar em causa, mas que qualquer liberdade traz responsabilidade", esclareceu.
Portanto, não é uma questão de medo. "Temos dado toda a cober­tura aos ataques que se seguiram à publicação dos cartoons, e já deixámos bem claro que consi­deramos esta reacção violenta completamente injustificável e inaceitável “,

Extracto de um artigo no “Público” de hoje (24-2-2006)
Os sublinhados são meus,

Isto é que é lucidez. Isto é que é bom senso!`
É que há muita gente que ainda não percebeu que é, apenas, de bom senso que estamos falando. Dá para entender?

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

DESAPARECIDA

Raramente dou seguimento a pedidos destes. Quase Sepre são velhos como a Sé de Braga, mas porque este me chegou de pessoa que me inspira confiança. aqui fica o pedido:
Amigos,
Peço a vossa melhor atenção e carinho para divulgação deste apelo
- VIA EMAIL PARA OS VOSSOS CONTACTOS E, SE O ENTENDEREM, NOS VOSSOS BLOGUES (...)
Por favor,estejam atentos e divulguem via email e nos vossos blogues.VEJAM COM ATENÇÃO A FOTO DA RITA MADUREIRA


TRATA-SE DE UM DASAPARECIMENTO OCORRIDO NA PASSADA SEXTA-FEIRA DIA 17/01/2006 POR VOLTA DAS 9 HORAS DA MANHÃ, JUNTO AO CAFE INTERNACIONAL EM MATOSINHOS NA PARAGEM DO METRO. OS CONTACTOS DOS FAMILAIRES ESTÃO NA FOTO ACIMA E OS DE TRABALHO ESTÃO EM BAIXO.CASO TENHAM ALGUMA NOTICIA PF ENTREM EM CONTACTO IMEDIATO.COMO NÃO PODIA DEIXAR DE SER O CASO ESTÁ A SER ACOMPANHADO PELA JUDICIÁRIA.P.F. PENSEM NA ANGÚSTIA DESTA FAMÍLIA E ABRAM OS VOSSOS BLOGUES E EMAILS A ESTE APELO.Contactos (horário laboral):Jose FortunaGrupolis Transitários, LdaRua do Castanhal, Nº29Zona Industrial da Maia 1 - Sector II4475-122 GemundePortugalTel: +351 229 470 290
Fax: +351 229 966 718
jfortuna@grupolis.pthttp://www.grupolis.com/

RESPIGOS

“Destruição de Mesquitas põe Iraque à beira da Guerra Civil”
Título de primeira página no “Público” de hoje

Isto a propósito do ataque de ontem a uma importante mesquita xiita
e dos ataques de hoje a 90 mesquitas sunitas

E a quem é que isto causa espanto? A guerra civil vai chegar ao Iraque com todas as consequências dramáticas e sangrentas que caracterizam este tipo de guerras fratricidas. Já o disse aqui várias vezes. A sua inevitabilidade ficou traçada no momento em que a criminosa e ignorante irreflexão da administração Bush, destruiu a estrutura organizada de um Estado laico, para a substituir, primeiro, durante meses, por um buraco negro sem rei nen roque, e agora por uma teocracia de maioria xiita – o mais intolerante ramo dos seguidores da fé do Islão.
Tudo isto a pretexto de encontrar armas que (eles sabiam) o Sadam não possuía, e combater o terrorismo que (eles sabiam) não morava ali.
Velhacos e burros é o que se poderia chamar-lhes. Só que eles vêem tudo pelo lado do lucro e aí eles nunca são burros.

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O que uns dizem e os outros deturpam

Lembram-se da gritaria, do gozo, porque Freitas do Amaral terá proposto um campeonado de futebol entre equias do ocidente e do mundo árabe?
Pois que o homem disse, esclarece hoje no “Público”, foi isto:
A direita não lhe perdoa. E há outros que...simplesmente são "Maria-vai-com-as-outras"

(…)Outra deturpação (e grande) foi dizer-se ou dar-se a entender que eu teria afirmado que a me­lhor maneira de resolver esta crise de civilizações era organizar uns campeonatos de futebol! Que simplificação grosseira!
O que eu disse—e mantenho—foi que, no contexto da política (que advogo) de diálogo entre o Ocidente e o Islão, não bastam reuniões políticas entre governos, nem esforços diplomáticos, embo­ra indispensáveis: é preciso ir mais longe e mais fundo e pôr os cidadãos de um lado e doutro do Mediterrâneo a dialogar, a conhecerem-se melhor, e a confraternizar. E dei exemplos: encontros de professores e cientistas dos dois lados, de escri­tores e artistas, de historiadores, de teólogos, de empresários e sindicalistas, de comerciantes, de jo­vens, etc. Defendi a intensificação do intercâmbio de turistas árabes e ocidentais. E, no fim da lista de alguns exemplos, acrescentei: '”E se calhar, dado ser esse o desporto-rei, porque não um campeonato de futebol entre equipas ocidentais e equipas dos países islâmicos?"
Reduzir tudo isto à ideia de que, para mim, "a crise entre as duas civilizações se resolve com jogos de futebol" é, no mínimo, muito estranho... Mas não quero entrar em especulações. Fico-me por aqui. Quem estiver de boa-fé entenderá certa­mente as ideias que tenho procurado defender, pa­ra evitar a escalada do conflito e para estabelecer pontes de diálogo aberto e tolerante com os países islâmicos

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Cuidado, eles andam por aí...

Transcrevo do DN de hoje os primeiros dois parágrafos de um artigo com este título, do jornalista Mário Resendes. Vale a pena ler o artigo completo
Cuidado, eles andam por aí
Não é necessário ser jurista para entender que está em curso um processo de alterações legislativas que configura o mais sério risco de limitação à liberdade de imprensa desde Abril de 1974. E espanta que os patrocinadores dessas inovações sejam o Governo e os deputados do Partido Socialista, que justificadamente reclama o título de combatente de primeira linha em prol desse património fundamental de uma democracia pluralista.

As deficiências de sigilo que aconteceram nos últimos tempos em alguns casos mais mediáticos, e que trouxeram à tona lacunas e incompetências dos responsáveis pela investigação judicial, propiciaram, uma vez mais, a culpabilização do mensageiro. Estava encontrado o caminho para se programar uma alteração ao Código Penal que aponta para que os jornalistas possam ser punidos criminalmente por, supostamente, colocar "em perigo" uma investigação. É uma via de arbítrio e de subjectividade, que a memória remete para o famigerado artigo oitavo da Constituição de 1933, com toda a sua panóplia de adversativas e regulamentações de enquadramento.

Pois, pois, socialistas mas pouco!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

...O QUÊ, O QUÊ?!!!...

Apertar o cinto, o quê?!!!...

Há dias o Expresso noticiava que no Metro do Porto certos gestores recebem prémios de 650 mil euros (além dos chorudos vencimentos que auferem). Isto numa empresa que mete água por todo o lado, deficitária, mal administrada, cheia de problemas

Isto não é um ultraje, quando a cada passo pedem sacrifícios ao povo, cortam, ou ameaçam restringir benefícios sociais, encerram escolas por critérios exclusivamente economicistas, e, e e?

Ainda se isto fosse um caso isolado! O pior é que situações destas se multiplicam por dúzias de empresas. Os gestores ganham o que querem. Eles próprios se atribuem os vencimentos milionários que pretendem auferir. Os políticos, além do seu vencimento acumulam pensões. Os autarcas suspeitos de corrupção são eleitos por grandes maiorias e aclamados como heróis pelos seus eleitores e concidadãos!
Mas onde é que isto vai parar? Os sacrifícios são só para os trabalhadores por conta de outrem e para os reformados? Só a eles compete apertar o cinto?

Será que a corrupção ganhou estatuto de cidadania no nosso país? Será que um cidadão deste país se deve sentir envergonhado de não ser corrupto, quando a corrupção é a regra? Será que já foi institucionalizado o provérbio “Quem mais não rouba e quem mais não f… é porque mais não pode?

Se for assim ao menos mandem inscrever essa máxima na Constituição e torna-la obrigatória por Lei. Eu não quero correr o risco de, não sendo corrupto, estar fora do espírito das leis que regem este país e ainda acabar por ser preso. Ufa!

E de novo me socorro da inquietantate pergunta do meu falecido amigo e camarada ferroviário, Mário Mateus:E não há um sacana de um polícia que veja isto?!

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Liberdade de expressão, o quê ?!!!...

Falei aqui, há dias, no filme THE ROAD TO GUANTANAMO – apresentado no Festival de Berlim onde, por sinal acabou por ganhar o “Urso de prata”. Pois os actores que protagonizaram o papel dos dois ex-detidos na famigerada base/prisão que os americanos detêm em Cuba, no seu regresso a Londres foram interrogados pela polícia antiterrorista na sua chegada ao aeroporto de Luton, agredidos verbalmente e perguntados se iam continuar a fazer filmes políticos como aquele?
Para bom entendedor….

terça-feira, fevereiro 21, 2006

FLASHES

ENSINO: As aulas de substituição

Acho (se é que eu tenho de achar alguma coisa nesta matéria) muito justo que na falta a uma aula de um professor titular da cadeira, os alunos não possam ficar prejudicados na evolução da sua aquisição de conhecimentos e que um outro professor da mesma área o substitua na ministração de tais conhecimentos. Da mesma área, friso. Agora, um professor qualquer, que não sabe patavina da matéria da aula do professor em falta, que vai lá fazer? Qual o seu papel? Qual a sua utilidade? Tomar conta dos alunos? Para isso serve um contínuo. Ou não?

Porque não, havendo tantos professores sem colocação ou com horários incompletos, se cria em cada concelho uma “pool” de professores voluntários, das varias disciplinas de cada nível de ensino, disponíveis para, com uma antecedência mínima de aviso e de forma organizada, se poder substituir o professor em falta, por outro da mesma disciplina?

Será isto um disparate? Se calhar é, mas pior do que pôr um professor de química a fingir que ensina gramática portuguesa, ou um professor de educação física a ensinar matemática, não é de certeza..

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“Bancos estão a recusar abrir contas a desempregados”
DN de 21-2-2006

Mas que é isso? Já chegou aí a discriminação económica Eu sei que ela existe e de forma mais explícita ou mais velada, se manifesta a todo nível de relações sociais, mas assim de uma forma tão brutal? alto lá! Isso é nazismo puro.
Atenção pessoal, eles andam por aí !

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Excrementos de vaca iluminam aldeias do Bangladesh
Dean Kamen pode ser o homem que levou a luz às aldeias isoladas da Ásia e África.
Tudo porque criou uma máquina que gera uma correntede um kilowatt de electricidade a partir de excrementos de vaca - o suficiente para alimentar 70 lâmpadas.
Curioso é o método que Kamen está a utilizar para vender as máquinas, assente no empreendedorismo local.
O processo baseia-se em três empreendedores: um compra a máquina através de micro-empréstimos e comercializa a electricidade, outro recolhe os
excrementos de vaca e vende-os ao primeiro, e o terceiro fica com o negócio da venda de lâmpadas. Os testes efectuados no Bangladesh foram um sucesso. 0 próximo passo é incluir na cadeia uma máquina de filtrar água, também inventada por Kamen in DN-Economia, 21-2-2006

Boa, boa. Quem falou em crise energética? Haja bosta de vaca e o problema está resolvido
E merda de gente também servirá? ´E que, se for assim, num país onde tanta merda se faz, estamos safos. Matéria prima não nos falta.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

JÁ TARDAVA !

Já tardava. Agora que está formado o governo saído das eleições, democráticas e justas, de 25 de Janeiro último, que deram uma folgada vitória ao Hamas - governo, aliás, presidido por um elemento moderado daquele partido, o professor Ismail Haniyeh - logo o parlamento israelita se apressou a aprovar medidas de retaliação económica contra a Autoridade Palestiniana – medidas que, logo a seguir às eleições ameaçara por em prática.

Entre as medidas tomadas figura o congelamento da transferência mensal de cerca de 50 milhões de dólares de fundos que correspondem ao reembolso por Israel dos direitos aduaneiros e de IVA cobrados sobre os produtos destinados à Cisjordânia e à Faixa de Gaza

Estes fundos representam cerca de 30 por cento do orçamento da Autoridade Palestiniana e permitem assegurar nomeadamente o pagamento de cerca de 140.000 funcionários públicos, dos quais 60.000 são polícias e membros dos serviços de segurança.
Só agora, constituído o governo é que resolveram pôr em pratica as ameaças anteriormente proferidas.

Naturalmente estavam à espera de que tais ameaças amedrontassem o povo palestiniano e a sua Alta Autoridade inibindo-os de darem seguimento constitucional ao resultado ditado pelo voto do povo.

Tal não aconteceu. O novo governo foi formado e aí está primeiro ministro Ismael Haniyeh a afirmar que essas represálias não assustam o povo palestiniano. infelizmente coragem e determinação não chegam para resolver os graves problemas que estas e outras represálias que se seguirão vão ocasionar.

Ora Isto é mais que um bloqueio. Isto é, a meu ver, uma apropriação indevida de bens que a outros pertencem. Isto é um acto de puro bandistismo. Isto é condicionar de fora os destinos de um povo. Isto é impor pela fome soluções que esse povo rejeitou com o voto

E a isto que dizem os valorosos defensores das legalidades democráticas?

domingo, fevereiro 19, 2006

A VELHA SENHORA

Leia hoje, ou quando lhe aprouver,
a estória da Velha Senhora
no meu blogue ESCRITOS OUTONAIS,
em

sábado, fevereiro 18, 2006

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE


Mais uma conquista do 25 de Abril em perigo

Este governo dito socialista, de socialista vai tendo cada vez menos.
Eles vendem os bens do estado com o mesmo despudor dos governos de direita, como querem fazer com os edifícios da Casapia; eles entregam ao capital privado empresas em boa situação financeira e conservam as deficitárias; ele desfazem-se de uma empresa como os TAP que é imagem de marca de Portugal no mundo eles encerram escolas a esmo com o argumento único e imponderado do respectivo custo (veja-se o escândalo da tentativa inexplicável de encerramento da escola D. João de Castro, uma das melhores apetrechadas da capital) e agora vêm com a ameaça de subverter o SNS Como se vê pela notícia que hoje faz as parangonas dos jornais:

Utentes podem vir a pagar parte dos serviços de saúdeMinistro admite alterações ao modelo de financiamento do sector
António Arnaut, preocupado, lembra a Constituição
Os partidos da oposição já reagiram

- O PCP criticou o responsável pela tutela, dizendo que se "opõe claramente à proposta. É uma ideia contrária à própria Constituição da República, que prevê um sistema universal, tendencialmente gratuito".A ideia avançada pelo ministro "insere-se na estratégia privatizadora do Governo para transformar a saúde num negócio", afirmou, por sua vez, o deputado comunista Jorge Pires.

- O PSD e o BE vão requerer a presença do ministro da Saúde, Correia de Campos, no Parlamento para esclarecer qual o novo modelo de financiamento que está a ser ponderado para o sector.

- A deputada do PSD. Zita Seabra afirmou que o partido rejeita a possibilidade de os utentes pagarem parte dos encargos do SNS. "O ministro vai reconhecer que é incapaz de racionalizar os gastos com a saúde e que os utentes terão que pagar a sua incapacidade de gestão. Vai liquidar o SNS"
- Ana Drago, do BE, afirmou que "as declarações do ministro são gravíssimas. Seria a machadada final no modelo do SNS".
- O movimento Renovação Comunista também se manifestou contra a alteração do financiamento da saúde.

A onda de contestação apenas é quebrada pelo CDS/PP

Claro, era isto mesmo que o sr, Bagão Félix andava a preparar quando o seu governo foi apeado
E os utentes vão ficar parados a ver mais um sonho desvanecer-se perante os seus olhos?. É necessário que o país inteiro se mobilize, para que o SNS não só não adulterado, mas que seja aprimorado e se torne mais conforme ao espírito da Constituição da República
E com este apelo, termino, pois que (e já que estamos a falar de saúde) estou a arder em febre no momento em que escrevo estas linhas

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

ELES NÂO QUEREM ARMAR-SE EM CRUZADOS



Eles são estrelas de primeira grandeza da cultura europeia
Eles já foram objecto de censura nos países da livre expressao ocidental a que pertencem.
Eles sabem do que falam.
Eles consideram a publicação das caricaturas de Maomé uma provocação.
Eles acham que a liberdade de expressão não é, em si, um valor absoluto.
Eles acham que é preciso bom senso no uso dessa liberdade.
Eles compreendem a reacção do mundo islâmico
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Eu acho tudo que o eles acham.
Repetidamente o tenho dito e
continuarei a dize-lo até à exaustão.
A liberdade de expressão é um bem tão precioso e custou a tanto a conquistar
que não é para ser ulilizada de ânimo leve. É um asunto sério demais para isso.
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Entrevista com José Saramago
'É urgente educar para a tolerância'
Nobel da Literatura em 1998 diz que esta crise resulta da falta de bom-senso

surpreenderam-no as reacções violentas?
...... Que algumas manifestações tenham sido organizadas não temos que nos admirar, porque já se sabe a facilidade com que isso se faz. E também não me surpreendeu a violência. 0 que realmente me apanhou desprevenido foi a irresponsabilidade do autor ou dos autores desses desenhos. Alguns opinam que a liberdade de expressão é um direito absoluto, o único direito absoluto que existe, enquanto todos os outros são relativos. A crua realidade impõe limites.
Imaginemos que o desenhador dinamarquês, em vez de fazer uma caricatura a ridicularizar Maomé, desenhava uma mostrando que o director do jornal era um imbecil. Seria muito corajoso, mas no dia seguinte provavelmente estaria na rua.

Que fazer? Autocensurar-se?
Não se trata de autocensura, mas sim de usar o bom senso. Numa situação como a que vivemos, e conhecendo a susceptibilidade que existe em torno destes temas, o bom senso deve ditar-nos o que fazer. Alguém verdadeiramente responsável, que tivesse a certeza que uma caricatura podia ser como deitar gasolina para o fogo, guardá-la-ia para melhor ocasião.

Haverá conciliação?
..Pressupõe-se um ensino que eduque no respeito pelas crenças dos outros; e ainda que isso fosse feito seria obra para uma geração... Se não for concebido um modo de chegar a um pacto de não-agressão entre as religiões, também não se poderá chegar a essa aliança de civilizações de que tanto se fala. Quem assinará o pacto? Não vejo o Papa e outros representantes de outras confissões cristãs tendo à mesma mesa representantes do Islão.

O futuro será, igualmente, explosivo?
Ambas as civilizações têm vivido poucos momentos de paz; não vejo como será evitada agora a luta que está latente; talvez quando a tolerância se instalar como algo quase natural. Actualmente sabemos que no Iraque os professores mais abertos foram expulsos da Universidade ou estão presos... (Na democracia que a "democracia americana" instalou.
É urgente educar para a tolerância.
VISÃO/de 16-2-2006 (excerto)

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Entrevista com Gunther Grass
'De onde tira o Ocidente a sua arrogância
?'

Escritor alemão e Nobel da Literatura em 1999 acusa Jyllands-Posten de provocação

Surpreendeu-o que a pu­blicação destes desenhos tenha provocado tanta polémica?

Sim e não. Todos sabemos que existe uma lei, escrita e não escrita, de acordo com a qual, no mundo islâmico, não se pode representar nem Alá nem o profeta Maomé. Trata-se de uma provoca­ção consciente e planeada de um jornal dinamarquês de direita. Organizaram um concurso de caricaturistas; alguns negaram-se a parti­cipar, alegando que a repre­sentação gráfica de Maomé é tabu. Consultaram um es­pecialista dinamarquês em islamismo e este desaconse­lhou-os. Prosseguiram, por­que são radicais de
direita e xenófobos.

E surpreenderam-no as reacções violentas?
Vivemos numa época em que a uma reacção vio­lenta se segue outra igual. A primeira foi uma acção do Ocidente, que invadiu o Iraque. Hoje sabemos que essa invasão violou o direito internacional; a guerra foi alimentada por argumentos fundamenta-listas por parte de Bush, que disse que nesta guer­ra lutavam o Mal e o Bem. Do que se trata é de uma resposta fundamentalista a uma acção fundamen­talista. E não se trata aqui de uma controvérsia entre duas culturas, mas de uma
controvérsia entre uma não cultura e outra não cultura.

Que fazer? Autocensurar-se?
0 Ocidente conduz esta discussão com autocomplacência, na base de que usufruímos de liberdade de imprensa. Mas quem não se deixa enganar sabe que os jornais vivem da publicidade, e que para os fazer tem de ser tomado em consideração o que mandam certos pode­res económicos. A imprensa faz parte de grandes grupos que monopolizam a opinião pública. Perdemos o direito de nos escudarmos no direi­to de liberdade de opinião: não passou muito tempo desde a época em que havia o crime de lesa-majestade, e não devemos esquecer que há sítios onde ainda não há separação entre a Igreja e o Estado. De onde vem essa arrogância do Ocidente para impor o que se deve e não de­ve fazer? Recomendo a toda a gente que dê uma vista de olhos aos desenhos: lembram os de um famoso jornal ale­mão dos tempos nazis, Der Strúmer. Publicou caricatu­ras anti-semitas do mesmo estilo... Não se pode invocar a liberdade de expressão sem analisar como esta está no Ocidente.

Será esta uma manifes­tação do choque de civi­lizações?
Isso é o que querem os fundamentalistas de ambos os lados. Deveríamos começar a ponderar. Tivemos a sorte de passar pelo Renascimen­to, pelo Século das Luzes, atravessando um processo doloroso que nos trouxe uma série de liberdades, as quais continuam a estar ameaça­das. 0 mundo islâmico não passou por este processo, encontra-se numa fase di­ferente de desenvolvimento. E temos de respeitá-lo.

O futuro será, igual­mente, explosivo?
Receio que sim. As feridas são já muito profundas, 6 não me refiro só aos países árabes, mas também aos países pobres em geral. 0 Ocidente não parece capaz de encontrar um caminho para aceitar es­ses países como parceiros. Tem sido impossível criar para eles as mesmas con­dições que queremos para nós. Nos anos setenta, Willy Brandt redigiu, a pedido da ONU, um relatório sobre os problemas Norte/Sul e pre­viu os problemas que temos nos nossos dias. Este rela­tório continua válido.

Viveu alguma expe­riência de intolerância?
Quando publiquei O Tambor fui acusado de blasfémia e de pornografia, tanto nos países comunistas como em Espanha e Portugal, onde o livro esteve proibido.
Visão de 16-2-2205
Nota: os sublinhados e os comentários a azul são de minha inteira responsabilidade

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

DUAS NOTÍCIAS

A democracia de Guantánamo

Notícias da Berlinale
Festival de Cinema de Berlim

Acabadinho de filmar foi ali apresentado um filme que vai certamente causar sensação e polémica não só entre os frequentadores de cinema como entre a crítica emeios políticos. Trata-se de “The Road to Guantanamo” de Michael Winterbottom e Mat Whitecross no qual se revela a face negra da luta anti-terrorista por parte da Administração Bush, com a cumplicidade de Blair e de outros mui virtuosos líderes europeus,
A desumanidae dos métodos usados pelo exército americano na sua base de Cuba, está bem patente neste filme que conta uma uma história verdadeira. A história de quatro amigos, muçulmanos britânicos de Tipton (Birmingham), que em Setembro de 2001 visitaram o Paquistãoa fim de assistirem ao casamento de um deles. Encorajados pelo imã de uma mesquita de Karachi, eles atravessaram a fronteira, com vista a ajudar alguns afegãos mais necessitados. E foi então que as coisas começaram a correr mal.

De Cabul, onde chegaram ao som das primeiras bombas, eles quiseram regressar ao Paquistão mas o autocarro levou-os para Kunduz, um dos últimos redutos dos talibãs. Quando a cidade se rendeu, Ruhel, Asif e Shafiq fugiram (o quarto, Monir, ficara para trás). Capturados pouco depois pela Aliança do Norte, foram entregues aos americanos em Kandahar e enviados, sem culpa formada, para a Baía de Guantanamo, onde conheceram os tormentos do Campo Raio-X e do Campo Delta, até ao dia, dois anos mais tarde, em que os serviços secretos britânicos conseguiram provar a sua inocência.

"Eu quis dar um rosto aos prisioneiros anónimos de Guantanamo", disse Winterbottom na conferência de imprensa, "narrando apenas factos concretos". É essa, de resto, a principal força deste filme notável. Ao cruzarem depoimentos de Ruhel, Asif e Shafiq com reconstituições e excertos de reportagens, num ritmo vivo, próximo do cinéma verité, os realizadores não precisam de apontar o dedo a ninguém. Na sua lógica absurda, são os tais "factos concretos" que falam por si mesmos, revelando os vários graus de paranóia e perfídia a que chegou a desesperada luta anti-terrorista de Bush e Rumsfeld.
Extraído de uma crónica de José Mário Silva
No DN de 15.2.2006

Venha de lá o filme, para que a hipocrisia dos senhores do Império e seus sequazes fique bem patente para quem dúvidas tiver.

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Lula à frente nas sondagens

Quando a crise do "mensalão" - o suborno a deputados em troca do apoio ao Governo - eclodiu, em Maio de 2005, a popularidade do Presidente brasileiro, Lula da Silva, caiu a pique. Chegou-se a dizer que qualquer nome da oposição o derrotaria. Nas últimas sondagens, somente o prefeito de São Paulo, José Serra, aparecia à frente de Lula. Agora, tudo mudou.Uma sondagem feita pela empresa Sensus, a pedido da Confederação Nacional do Transporte, indica que Lula passou até Serra e surge novamente como favorito à reeleição em Outubro. Na sondagem anterior, Serra tinha 41,5% dos votos e Lula 37,6%. Na actual, Lula dá um salto e surge com dez pontos percentuais à frente de Serra, com 47%.
In DN de 15-2-2006

Em relação a esta notícia um comentário se me oferece: Oxalá que ela não se confirme e que Lula da Silva não seja reeleito. Tenho consciência de que ao dizer isto vou chocar alguns ou muitos dos meus amigos, mas é o que penso e eu que me preocupo sempre em agir correctamente sou o mais avesso possível ao “politicamente correcto.”

Com a sua eleição para a Presidente da Republica do Brasil fez nascer nas pessoas de esquerda, sobretudo nos movimentos operários e camponeses uma aura de esperança de que as coisas estavam a mudar no mundo e que seria possível dali para a frente a instauração de governos que se preocupassem verdadeiramente com os interesses dos mais desfavorecidos, pondo fim à longa sucessão de governos corruptos, sobretudo na América latina, fieis serventuários dos interesses da alta finança e dos grandes senhores das terras,

Pois Lula da Silva num ápice desbaratou todo o imenso capital de esperança que os desprotegidos de todo nele depositaram, trilhando a mesma senda de corrupção dos governos que o precederam. Que tremenda decepção e que atraso para a luta dos fracos e oprimidos, dos democratas de todo o mundo!

Ora se ele, voltasse a ganhar apesar de tudo, isso significaria que não só ele tinha desistido dos seus ideais como que aqueles que esperançadamente tinham votado nele se tinha igualmente rendido. Isso seria a institucionalização da corrupção, por parte dos movimentos operários e camponeses. Ele que faça a travessia do deserto e que volte mais tarde, se algo tiver aprendido.

Pode ser que seja um enorme disparate o que agora digo, mas é o que penso.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

DEMOCRACIA?


Não foram só os americanos e a União Europeia que não gostaram da vitória do Hamas. Também a oligarquia corrupta da Al fatah instalada no poder se sentiu incomodada pois os seus previlégios estão em risco. Assim, entre outras medidas já tomadas arbitrariamente, o Presidente da Autoridade Palesiniana, Mahmud Abbas, colocou sob o seu controlo directo a televisão e rádio palestinianas, assim como a agência noticiosa Wafa. Estes órgãos de comunicação estavam dependentes do Ministério da Informação no Executivo cessante.

Esta medida, associada à lei aprovada na véspera pelo Parlamento cessante e que autoriza Abbas a nomear juizes para um novo tribunal constitucional, reforça significativamente o poder pessoal de Mahmud Abbas, mas prejudica à partida o diálogo entre o Hamas e a Fatah e mancha a democracia palestiniana. O Hamas já declarou que irá contestar toda a legislação aprovada apressadamente e à última hora. destinado a prejudicar a sua governação.

Isto não é um autêntico “golpe de estado”, um atentado à democracia? Se se tratasse de uma antecipação do Hamas na conquista de pontos chaves, já os americanos teriam condenado tal atitude. Mas o conceito de democracia ocidental é muito elástico e só funciona na medida das suas conveniências.
Liberdade de Expressão?
Tá bem abelha, isso é uma canção para embalar meninos de mama.

Os Estados unidos não só não condenam como tudo estão fazendo ( é de sua natureza, como o lacrau) nos bastidores, para que tudo corra mal ao Partido democraticamente vencedor das eleições.

É neste contexto que, na sua edição de ontem, o jornal The New York Times revela a existência de um plano israelo-americano para dificultar a tarefa do Hamas enquanto governo. Essa dificuldade criaria animosidade entre a população palestiniana e, consequentemente, justificar a antecipação de eleições por parte de Abbas, escrutínio que seria ganho pela Fatah reformada e renovada.O plano é simples impedir, por um lado, que o Hamas receba fundos - o que tornará impossível o pagamento de salários - e a mobilidade de pessoas e bens entre Israel e os territórios palestinianos. Em síntese: Israel e os EUA planeiam apertar o torniquete em volta dos territórios palestinianos de forma a que os seus habitantes se revoltem contra o governo que escolheram.
(in DN de de 15-2-2006)

O costume. O que fizeram eles com a nossa Revolução? O que é que costumam fazer com todas as vitórias democráticas que não lhes agradem?
Democracia? Liberdade de Expressão?...
Liberdade, liberdade,
Quem a tem chama-lhe sua
Eu não tenho liberdade
Nem de pôr o pé na rua
--
Não é assim que diz a cantiga?

terça-feira, fevereiro 14, 2006

O DIA DOS NAMORADOS

Vejam que lindo!

O que a sociedade de consumo inventa para aliviar a bolsa dos pacóvios que somos a maioria de nós! com estas merdices nos embalam, nos dão a impressão de sermos felizes, de que o amor está aí à nossa espera, à mão de semear. Como um sabonete , uma pastilha elástica, um gelado fresquinho...
É mais um produto que os americano inventaram, tal como os jeans, a coca-cola e o fast-food, e exportam para todo o mundo, com lucros fabulosos-
São milhões e milhões os postais que se vendem neste dia, além das toneladas de flores, e penduricalhos e berloques e milhares de outras inutilidades.

E que tem isto a ver com a nossa cultura portuguesa ou europeia? Nada, absolutamente nada. São Valentim é um santo obscuro que nem sequer está ligado a histórias de namorados como o nosso Santo António, por exemplo. Lembraram-se do São Valentim como se poderiam lembrar de outro qualquer ou de um calhau, que fosse.

Também isto faz agora parte da nossa liberdade de expressão, que sendo um bem estimável, os nossos bem pensantes resolveram erigir em bezerro de ouro - ídolo perante o qual se prostram sem condições, e exigem que todo os viventes terráqueos e quiçá de outras galáxias, se curvem, reverentes e obrigados.

Bem fazem os povos árabes que recusam este tipo de macacada.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

ALMADA, capital do teatro

A actividade regular e ininterrupta da Companhia de Teatro de Almada ao longo, de quase trinta anos, sob a direção de Joaquim Benite,

O Festival de Teatro de Almada, que este ano terá a sua 23ª edição e que é um dos melhores da Europa,

A existência de inúmeros grupos de teatro, na cidade e no concelho,

A organização anual da Mostra de Teatro de Almada, onde participam todos esses grupos,

e cuja 10ª edição está neste momento a decorrer
10 a 26 de Fevereiro,

Fazem de Almada uma verdadeira capital do teatro em Portugal

domingo, fevereiro 12, 2006

Dos JORNAIS

Governo britânico investiga vídeo com soldados a maltratar iraquianos.

Não se preocupem, trata-se de uma liberdade de expressão corporal dos pobres soldados. É um direito. Aliás, via-se nos gestos, na expressão e nas falas que se tratava de uma performance de alto gabarito
.
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Mendistas e santanistas defrontam-se em Lisboa

Santanistas? Isso ainda existe ?
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Futuro dos helicópteros 'Puma' continua a ser uma incógnita

Um ano depois da compra!É assim que se brinca com o nosso dinheirinho!
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Felgueiras foi a Fátima receber abraços e incentivos dos apoiantes

Com 50 autocarros? Será que esta senhora vem em missão de conquista para tomar o lugar da santa sua homónima? Lata e prosélitos não lhe faltam!
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Corpo da irmã Lúcia viaja para Fátima rodeado de fortes medidas de segurança
Porquê? Têm medo que fuja?
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Um milagre não se faz de um dia para o outro
(Padre Luís Kondor (encarregado de reunir provas para a beatificação da Irmã Lúcia)
Ai é? Então quanto tempo leva a fazer? Eu pensei que seria uma manifestação instantânea do divino.
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Vírus H5N1 mata cisnes selvagens em Itália
É oficial e preocupante o vírus da gripe aviária já mora na Europa, paredes meias com Portugal.

Muito gosta esta gente de nos alegrar com boas notícias!
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Éh pá, isso é muita massa!
Disse Belmiro Azevedo para seu filho José de Azevedo, quando este lhe propôs o lançamento da badalada OPA sobre a PT
Então Belmiro, Eh pá, os amigos são para as ocasiões, se precisares de uns Euritos.conta aqui com o mangas!
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AVISO A QUEM POSSA INTERESSAR:
Coloquei hoje uma nova entrada no blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

sábado, fevereiro 11, 2006

POR SANTIAGO E AOS MOUROOOOS !!!!

Tem razão a jornalista Ana Sá Lopes.
Bush conseguiu o que não alcançou com a guerra do Iraque: o aparecimento de uma legião de intrépidos cruzados europeus prontos a avaçar contra o Islão. Por cá já estão em pé de guerra os Pachecos, os Zinks e toda uma matizada gama de indómitos cavaleiros, já afiando as espadas e ferrando os corcéis.
E mais não digo.
Proponho-vos, sim, a leitura do excelente artigo de Ana Sá Lopes no DN de hoje

A verdadeira vitória de Bush
Ana Sá Lopes
ana.s.lopes@dn.pt

O caso das caricaturas de Maomé revelou-se um fenómeno inesperado para a avaliação do sentimento das opiniões públicas europeias para a causa do choque de civilizações, para a propagação dos sentimentos anti-Islão e para a união ocidental em torno da urgência de "irmos a eles". É aqui (e não no Iraque) que George Bush pode, enfim, proclamar a vitória do seu programa. Demorou, mas a mensagem fez o seu caminho algures em Washington, na sua secretária do Banco Mundial, Wolfowitz dá uma gargalhada; Robert Kagan afivela um sorriso. Afinal, ainda que as coisas no último ano não tenham corrido muito bem ao Presidente dos EUA, já quase toda a Gália está ocupada e apta a cumprir a "bushização" do mundo. O epifenómeno dos cartoons revela como George Bush conseguiu impor o "ou nós ou eles" aos mais improváveis cidadãos. O debate em Portugal , na praça pública, é disso revelador, ultrapassando as habituais fracturas esquerda/direita. A gritaria panfletária sobre o direito à liberdade de expressão (como se fosse isso que estivesse em causa e não o crescendo de antagonismo Ocidente-Islão) serviu de mote às mais inopinadas proclamações guerreiras apelando ao choque. E hoje, mal-grado o caos no Iraque, a tortura, as prisões secretas da CIA, as revelações sobre o que a Administração sabia relativamente à não existência de armas de destruição maciça, sobra uma incontornável conclusão a mensagem da guerra total passou e, hoje, Fevereiro de 2006, a causa reúne muito mais apoiantes do que há três anos. Em Portugal, por exemplo, há cada vez mais cruzados prontos a subscrever a declaração visionária de José Pacheco Pereira: "É a guerra, é a guerra!"O tema, em si, ajudou. A "liberdade de expressão" é um assunto que se presta às maiores demagogias. A liberdade de expressão já contém em si dois antagonismos a liberdade de exprimir, a liberdade de recusar a expressão. O ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês usou a sua liberdade de recusar receber alguns embaixadores de países islâmicos que queriam fazer uso da sua liberdade de expressão. Foi bom para a liberdade de expressão? Ou, como dizia no El País Juan Goytisolo citando o Financial Times "A liberdade de expressão não inclui o direito de gritar 'fogo' num teatro a abarrotar." Ou sim?
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Afinal ainda digo mais uma coisita
Defendi aqui que Manual Alegre deveria permanecer no PS para o melhorar por dentro, de forma a que se tornasse um verdadeiro PS.
No entanto, o Governo do seu partido, através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu uma posição correcta em relação à polémica das caricaturas de Maomé e Alegre ergueu a sua voz contra tal posição.
Vitalino Canas proferiu palavras sensatas e justas sobre o mesmo problema, como as que a seguir transcrevo:
(...) não têm (as caricaturas) uma mera intenção de satirismo político. Neste caso concreto é manifesto que houve um conjunto de caricaturas que foram feitas com intuitos meramente provocatórios, com uma intenção específica -uma operação de provocação deliberada ligada a uma estratégia de extrema direita.
Pois Alegre (que parece estar, também, a preparar a espada e o arnês) indigna-se com tão justas palavras!
Ora abóbora! Ele afinal ele voltou para ver se consegue pôr o PS um pouco pior

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

FREITAS DO AMARAL

Freitas do Amaral

E de repente, o Professor Freitas do Amaral transforma-se num bombo de festa. Porquê? Porque teve a coragem de dizer que o rei vai nu e, contrariando a onda de fundamentalista idolatria pela liberdade de expresssão – valor máximo da nossa “civilização ocidental e cristã” - de que a “fina flor” da intelectualidade europeia se mostra fervorosamente possuída, denunciou publicamente a falta de bom senso da publicação das caricaturas consideradas ofensivas pela comunidade muçulmana.
E aqui d’ele rei que o homem não condenou a violência das reacções do mundo islâmico ao insulto que lhe foi feito!

Por favor, não brinquem com a inteligência dos milhões de pessoas que não sendo, porventura, tão iluminadas como essas luminárias, percebem bem que o que lhes dói não é a omissão de Freitas do Amaral relativamente à condenação expressa da violência (quem é que está de acordo com a violência? E logo o Professor Freitas do Amaral, um homem de sólida formação cristã!!!) O que lhes dói é que o Professor não tenha afinado pelo seu diapasão de endeusamento, sem limites e a qualquer preço, do super enaltecido direito de expressão. E não é por acaso que as maiores críticas vêm, principalmente, de gente de direita, como de direita, aliás é o jornal que publicou as famigeradas caricaturas, apesar de se ter anteriormente recusado a publicar caricaturas de Cristo - esse sim, um valor da sua própria civilização, e que poderia perfeitamente publicar…

O que acontece é que a direita caceteira não perdoou ao professor Feitas do Amaral que ele, como pessoa inteligente e culta que é, tenha evoluído no sentido de se aproximar de valores humanistas que a tal direita não aceita nem nunca vai entender.
Também há gente de esquerda neste clamor de críticas, gente que, inclusivamente, faz manifestações de desagravo junto à embaixada da Dinamarca? Não sei se são de esquerda, se o que é que são. Zinks e afins não são de esquerda nem de direita. Têm dias. Eles são sobretudo do espectáculo, do exibicionismo, da provocação.
Citações a propósito:

http://causa-nossa.blogspot.com/ de Ana Gomes
Freitas do Amaral esteve bem ao demarcar o Governo português e Portugal do conteúdo insultuoso e do propósito estigmatizante de todos os muçulmanos visado nas caricaturas. Fez o que o Governo de direita dinamarquês deveria ter feito inicialmente e não fez.
(...) O que está em causa é o aproveitamento da liberdade de expressão por uma direita, xenófoba, defensora da Europa 'clube cristão', apostada em fomentar o ódio religioso.

“Haaretz" (um dos mais respeitados diários israelitas) de 6-2-2006
"esta mensagem é obscena. É racista. Desrespeita as convicções fundamentais de um em cada seis seres humanos no planeta. Nesse sentido, o que estas caricaturas fazem é profanar o direito à liberdade de expressão, transformando-o no direito a promover o ódio."
--
PS: Quando é que alguma vez me passou pela cabeça que um dia havia de estar de acordo com Freitas do Amaral? E já nao é a primeira vez nem espero que venha a ser a última.
A vida dá muitas voltas, muitas voltas...

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

FLASHES

França: Partidos da esquerda tentam organizar frente comum

A esquerda francesa iniciou ontem um processo de convergência política que poderá culminar numa aliança para as presidenciais do próximo ano. Dez partidos e associações de esquerda estiveram reunidos em Paris, numa tentativa de ultrapassarem as profundas divisões criadas em 2005, durante a campanha do referendo sobre o Tratado Constitucional europeu. A "Cimeira da Esquerda" durou duas horas. Estiveram presentes socialistas, comunistas, verdes, trotskistas e várias associações, tendo sido decidido organizar uma "mobilização unitária".
DN de 9-2-2006


Espero bem que resulte. Estes, pelo menos desta vez, são mais prudentes do que a esquerda portuguesa. Eles bem sabem que tanto o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, como o primeiro-ministro, Dominique de Villepin estão bem colocados na corrida. Presidencial e pretendem evitar a asneira da primeira volta de 2002 em que apresentando-se divididos permitiram que Jean-Marie Le Pen, ficasse em 2º lugar à frente do candidato socialista Lionel Jospin

O Folhetim da OPA

Dizia eu há dias a propósito do lançamento da OPA da Sonae sobre a PT, que tanto tem excitado os órgãos de informação, que se tratava uma luta de galos que à maioria do povo português, e mormente às classes trabalhadoras não traria quaisquer benefícios.
Assim pensam os sindicatos e pensa Ruben de Carvalho, como se constata no artigo de hoje, intitulado “Nem Empregos nem Produção”, de que transcrevo a passagem seguinte:

“(…) verifica-se que existe em Portugal disponibilidade financeira para desencadear uma operação desta envergadura.
Jornais e comentadores multiplicam-se no regozijo por tal facto traduzir, a seu ver, a existência no País de "empresários" arrojados, enquanto igualmente se aproveita para os habituais hossanas a essa coisa boa que é "o mercado". Convirá entretanto sublinhar que a capacidade de mobilização de capitais revelada, bem como a iniciativa de os mobilizar, se dirigiu a uma operação exclusivamente financeira que, em termos imediatos e mesmo num horizonte razoável, não terá qualquer efeito multiplicador em termos produtivos. A mobilização de mais de 11 mil milhões de euros não contribuirá para a criação de um só emprego, para a instalação de uma só estrutura produtiva, proporcionará pura e simplesmente lucros e mais-valias imediatos a detentores de capital.”

É caso para dizer que temos um país de bancos milionários, empresários com tanto dinheiro que não sabem o lhe hão de fazer e um povo “teso” e endividado”. Até quando?

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

MALHAR EM FERRO FRIO


Corrupção nas autarquias?

“Boa parte das investigações sobre corrupção em Portugal atingem as autarquias locais. Em quatro anos, entre 2002 e 2005, quase metade das investigações (42%) da Polícia Judiciária sobre corrupção estão relacionadas precisamente com autarquias locais.”
In DN de 8-2-06

Será mesmo assim? Se for é muito triste constatar a que ponto chegou o exaltado “poder local” – a menina dos olhos das conquistas de Abril. Convem, no entanto, averiguar e divulgar quais as autarquis corruptas. Se bem que, muito provavelmente, algumas das investigações da PJ incidirão mais sobre irregularidades de processos do que sobre corrupção propriamente dita. Espero bem que sim, embora todas as irregularidades sejam reprováveis.
Ainda (e sempre) a liberdade de expressão
Como já muito malhei neste tema, permito-me, para que não haja equívocos fazer ou reafirmar algumas observações indispensáveis
Considero a liberdade de expressão um direito e um bem inestimável
Considero que, no entanto, que sendo inestimável não, não é um valor absoluto
Considero que, sem ninguém exterior a nós mesmos a poder coartar, é cada um de nós que tem de ter o bom senso de não a utilizar de forma que possa ferir a consciência de pessoas que não s regem por modelos que nós, unilateralmente, achamos o máximo.
No caso vertente das caricaturas de Maomé, considero (à luz dos conceitos vigentes na sociedade a que pertenço) desproporcionadas as reacções dos muçulmanos em relação à gravidade da ofensa.

Há quem pense como eu mas também há muito boa gente que pensa de outra maneira e acha que não foi cometida falta nenhuma e que a liberdade de expressão é sagrada e quem não pensar assim e se sentir injuriado só tem de recorrer ao tribunais para que eventualmente a falta, se a houver, seja reparada e o faltoso punido.

Foi exactamente isto o que disse ontem na TVI, com o ar peremptório e “fundamentalista” que se lhe conhece, o comentador Miguel Sousa Tavares.
Essa é muito boa! Como é que um ofendido muçulmano ia obter que um tribunal do mundo ocidental reconhecesse como ofensa um acto que, na sua esfera jurisdicional, não o é de todo?

Por isso, repito: bom senso, bom senso! Até que a voz me doa, como no fado da Amália.

E tem mais uma coisa: o direito à liberdade de expressão, que é óptimo, no fundo é uma miragem. A minha liberdade de expressão, por exemplo, não é a mesma que a do Sr. Miguel Sousa Tavares, tal como a de um servente da construção civil não é a mesma que a minha. Na nossa sociedade a liberdade de expressão é um bem de consumo que não está ao alcance de todos. Ela é proporcional ao dinheiro, ao poder, à influência, a status, em suma, de cada cidadão.
Não vale a pena, pois, encher tanto a boca com essas palavras.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

MAGNATAS e etc

A Opa sobre a PT

As primeiras páginas dos jornais de hoje e os noticiários da Rádio e da TV dão o maior destaque à OPA que a Sonae de Belmiro de Azevedo pretende lançar sobre a PT e PTmultimédia.Tudo leva querer que também a France Telecom e a Telefonica se envolvam nesta guerra. Animam-se alguns com a ideia de que o eventual fim do monopólio possa proporcionar aos utentes melhor e mais barato acesso à comunicação multimédia. Eu penso que se tratará sempre da substituição de um monopólio por outro e que nós, só momentaneamente, poderemos a ganhar algo com estas lutas de galos..

São estes senhores, ao fim ao cabo, quem comanda os nossos destinos - os quais serão sempre dependentes daquilo que sobrar do seu apetite voraz na obtenção insaciável de lucros.
E a nós, a muitos de nós, resta-nos a consolação de nos ufanarmos pela benesse incomparável de dizermos mal deles ou de quem, ou de quê, nos aprouver. Eles deixam. Eles não se importam. Eles sabem como essa consolação nos faz babar de gozo e quão pouca mossa lhes ocasiona.

Bill Gates, o empresário

Diogo Pires Aurélio na sua crónica de hoje no DN escreve que a recepção feita ao magnata da Microsoft faz lembrar Alice no País da maravilhas. A mim faz-me lembrar mais a uma imagem da Branca de Neve e os Sete Anões na versão animada da Disney. São os mesmos atarracados homenzinhos babados e serviçais diante da aura de dollars que ilumina a fronte desta augusta donzela. Quem ficou mal nos retratos foram eles. O empresário fez o seu papel.

Bil Gates, o filantropo

Alguns humoristas da nossa praça (ai humor, humor, a quanto obrigas!) e até cronistas ditos resposáveis fartaram-se de “gozar”, nuns casos, e de criticar , noutros, o facto de o Presidente da República ter condecorado Bill Gates pela sua acção filantrópica. Estiveram errados, a meu ver, esses que o criticaram.
O homem ganha muito dinheiro mas gosta de o repartir e fá-lo com humildade e sem alardes. Ah, isso é uma forma de ganhar prestígio e, em consequência, mais dinheiro. Será, mas outros, muitíssimo ricos também, não o fazem. Ele sozinho faz mais pelo combate à malária e à propagação da sida em África do que todos os governos do mundo juntos, muito especialmente nos países dos PALOP – a comunidade de povos de língua Portuguesa em que o nosso país se insere. Nada mais justo, pois, que Portugal lhe preste homenagem, pela sua acção como filantropo.
O seu, a seu dono.

Citação

(…) É aí (no jornal Jylands- Posten) que surgem as 12 caricaturas e um editorial em que se invectivam os muçulmanos, desafiados a aprender que a liberdade de expressão deve implicar “blasfemar e humilhar o Islão”. Sabe-se agora, segundo o diário britânico Guardian que o mesmo jornal tinha rejeitado há três anos a publicação de caricaturas de Cristo, por correrem o risco de ser consideradas ofensivas para os seus leitores”
Passagem do editorial do DN (António José Teixeira) de 7-2-06
..
Pois, pois! A liberdade de expressão só funciona quando serve para humilhar os outros. O resultado está â vista

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

WHO CARES ABOUT THAT?

FOME: Três milhões e meio de africanos podem morrer este ano
Título de 1ª página no “Público” de 6-2-2006
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E nós ralados, n'é? Desde que pareça que na nossa superior civilização tudo vai bem; desde que pareça que por cá todos se podem exprimir livremente; desde que pareça que todos têm direito à informação; desde que os bancos tenham lucros fabulosos e pareça que nós ganhamos alguma coisa com isso; desde que pareça que é muito importante que a indústria do golfe tenha movimentado 1800 milhões de euros em 2005 (também vem nos jornais de hoje); desde que nos pareça que o acumulamento de chorudas pensões por parte de alguns e de milionários vencimentos por parte de outros ,constituem pequeninos senões da nossa democracia; desde que pareça que temos um Serviço Nacional de Saúde: desde que pareça que a justiça funciona; desde que pareça que todos têm as mesmas oportunidades e os mesmos direitos; desde que pareça que a educação é um bem ao alcance de todos; desde que pareça que nos divertimos muito com os concursos idiotas da TV; desde que pareça que achamos graça aos execráveis programas ditos humorísticos do Herman José e quejandos; desde que todos vivamos embalados na esperança de ganharmos o totomilhões, de passarmos férias em Cancun e passarmos o resto do ano encalacrados; desde que passemos os dias embalados na esperança de um futuro que nunca vamos ter, quem se rala com isso?
Sim, who cares about that? Pff!...
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domingo, fevereiro 05, 2006

LIBERDADE/DIREITO DE INFORMAÇÂO

Uma senhora, de nome Helena Matos, de quem já tenho tido o desprazer de ver de, través, alguns outros escritos, publicou ontem no "PÚBLICO" um texto intitulado“coisas que não entendi” onde, a propósito da atitude firme do novo Presidente da Bolívia, Evo Morales, frente a uma provocação de um jornalista estrangeiro (muito cioso da sua liberdade de expressão, certamente), tecia, com a costumada sobranceria de quem não entende “népia” do que está falando, alguns comentários sobre a, segundo a sua opinião, falta de democraticidade dos movimentos revolucionários em geral e da América latina, em particular.

Lamentava a senhora que tais movimentos (que se dizem arautos e motores de governos democráticos nos respectivos países) jamais, entre as liberdades que pretendem conquistar fizessem qualquer alusão à sacrossanta “liberdade de expressão” de que nos últimos dias tanto se tem falado.

É preciso ter lata! Esta senhora, que fala de barriga cheia (com a cevada a picar-lhe a barriga na expressão pitoresca de minha saudosa mãe) acha, que o povo índio da Bolívia e quase todos os outros da América latina, semi-analfabetos, que vivem com o rendimento médio de um euro ou dois por dia, a quem falta tudo, casa, comida, saúde, educação, electricidade, transportes, estão minimamente preocupados com o conceito de liberdade de expressão tão caro às elites abastadas? Estou mesmo a ver um chefe revolucionário de um país andino em cima de um velho camião, perante uma centenas de camponeses pobres, a prometer-lhes liberdade de expressão e eles babados, com água a crescer-lhes na boca perante a suculência de tão apetitosa promessa!!!

Encham-lhes a barriga primeiro, mandem os seus filhos à escola, dêm-lhes habitações dignas, proporcionem-lhes trabalho devidamente remunerado, acabem com as doenças endémicas que os dizimam e falem-lhes então de liberdade de expressão. Melhor, falem-lhes antes de liberdade de informação.

Nós próprios, na Europa dita civilizada, é disso que precisamos. Liberdade de informação, direito à informação. É disso que precisamos e é isso que parece que temos mas não temos.. Toda a informação que recebemos é incompleta, condicionada, distorcida, manipulada. Por vezes os títulos da notícias dizem uma coisa que é precisamente o oposto do que o respectivo desenvolvimento contém. É essa, precisamente, a intenção, pois a maioria das pessoas só lêem os grandes títulos e são eles que lhes ficam na memória.

Nos regimes democráticos, diz-se, qualquer pessoa é livre de emitir as sua opiniões; mas nem todos as podem difundir. Publicam-se artigos sobre os mais variados assuntos onde são feitas graves denúncias ao funcionamento das instituições; quer no próprio país quer no estrangeiro. Vejam que liberdade! Pois, mas apenas em revistas da especialidade ou em páginas recônditas dos jornais, ou a desoras na TV, ou numa linguagem que só iniciados entendem e que só são lidas por quem já nem precisava de as ler. O grande público, esse, fica sempre à margem dessas informações

E como se não bastasse, as rádios e as televisões, subalternizam metodicamente os programas de informação (falo de informação mesmo, não de faits-divers e casos de polícia) em relação ao entretenimento, alienante quase sempre, boçal com muita frequência. Pão (pouco) e circo (a toda a hora), que a informação é um perigo!

Não me lixem, pois, com a apaixonada exigência do “inalienável direito de se exprimir” de chocar, de espantar o indígena, de ofender até, se a tanto a sua expressão criativa o exigir.

Senhores jornalistas, Informem com honestidade, exijam o direito de informar com verdade. E isso sim, é uma boa causa.
Vale a pena, mesmo, morrer por ela

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

VÁRIOS

Ainda as caricaturas de Maomé

A polémica está instalada. Todo o Ocidente bem pensante se levanta inflamado (e quanto mais à direita, e mais racista, neste caso, mais inflamado é) em de defesa do direito de expressão. Recordam-se casos de filmes famosos que “gozavam” com valores enraizados da nossa cultura, como A Última Tentação de Cristo, Je vous salue Marie, As Horas de Maria que levantaram por isso grande celeuma nos meios mais conservadores, mas que a opinião publica acabou por assimilar e blá, blá, blá, por aí fora...

Esquecem, no entanto, esses paladinos da liberdade de expressão a qualquer preço que uma coisa é nós rirmos dos valores da civilização em que nos inserimos e outra, bem diferente, é troçarmos dos valores de outras civilizações, (que não têm que aturar os nossos dislates) das quais não percebemos nada e de cuja hostilização não temos nada a ganhar.

Liberdade de expressão sim, mas primeiro o bom senso, dizia eu ontem.Assim o entende também o director do Público, José Manuel Fernandes no seu editorial, de hoje que tem como título “O limite do bom senso e escreve a seguir “Para que nunca haja limites à liberdade de expressão, esta deve ser usada de forma responsável”
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Citações

Olha-se para os indicadores económicos portugueses e vemos o retrato de um país moribundo. Olha-se para os lucros dos bancos e parecemos um tigre asiático
Pedro Marques Pereira
Diário Económico, 02-02-06

Claro, sacrifícios sim, mas não para todos!

(…) “A democracia que Bush, Blair e um certo ocidente bem pensante consideram panaceia universal só pode produzir no Médio Oriente,e no mundo islâmico em geral, uma absoluta catástrofe. Se houvesse eleições livres no Afeganistão, no Paquistão, na Síria, na Arábia, no Egipto, na Líbia, na Tunísia, na Argélia e em Marrocos, desaparecia num minuto toda a gente com a mais vaga veleidade de negociar ou conviver com o Grande Satã americano e o Pequeno Satã da velha Europa. (…)”
Vasco Pulido Valente
Público, 3-2-06

Era isto exactamente o que eu dizia no meu “post” de 30-1-06. Com a mania de intervir nos países do Médio Oriente e impor o seu conceito de democracia, a radicalização dos povos da região será cada vez maior e os Hamas vão ali proliferar como cogumelos.
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"A única via sensata que Alegre tem para obter peso e influência é fortalecer uma facção no PS que obrigue Sócrates, Sócrates o primeiro-ministro, Sócrates o secretário-geral e Sócrates o recente coordenador partidário, a uma negociação e cuidado permanentes."
Pedro Lomba.
DN, 3-2-006

É exactamente o que penso e já aqui defendi. Manuel Alegre que se deixe de movimentos de cidadania que não vão reistir à usura do tempo, e que tente melhorar o partido a que pertence, por dentro.

“Com o mundo num impasse político, entalado entre fundamentalismos vários e um modelo capitalista que agrada a poucos, Bento XVI pressentiu uma janela de oportunidade. Em vez de se ocupar a impor regras morais aos homens, preferiu realçar a necessidade de fazer o bem. Deus Caritas Est é a terceira via do Vaticano uma viragem à esquerda de matriz liberal, com a qual o Papa tenta conquistar um mundo insatisfeito e carente de orientações”
João Miguel Tavares
DN. 3-2-2006

Que remédio! É que com o capitalismo selvagem que nos tem sido imposto não vamos a lado nenhum. Até a Igreja, conservadora por natureza, sabe isso

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

LIBERDADE DE EXPRESSÂO

A Caricatura de Maomé
Reina a maior indignação no mundo árabe pela caricatura de Maomé publicadas no jornal dinamarquês considerada ofensivas e sacrílegas para os seguidores do Profeta.

Ora, por solidariedade e em defesa do “sacrossanto” direito da liberdade de informar, outro jornal sueco a reproduziu e agora, um pouco por todo lado, outras publicações europeias, fazem questão de lhe dar guarida.

Quer dizer: a liberdade de informação dá direito a tudo. Dá direito a publicar todas as bacoradas que nos vierem à cabeça, dá direito à utilização de palavras e gestos obscenos na televisão, dá direito à exibição de cenas pornográficas, ou muito próximas disso, em horários totalmente desaconselhados para o efeito, e tudo isso em nome do direito à informação.

Sempre discordei deste conceito fundamentalista de liberdade de expressão e como não sou particularmente adepto de “politicamente correcto”, dá-me este episódio ensejo para publicamente manifestar o meu repúdio por tal conceito.

Meus amigos, a liberdade é um bem precioso de mais para ser desperdiçado em palhaçadas como estas. Tenho visto jornalistas que, durante o tempo da ditadura amouchavam que nem cordeirinhos perante os ditames da censura, sem nunca, como outros fizeram, arriscar furar-lhes as malhas e pouco depois do 25 de Abril se tornaram os mais acérrimos defensores de uma liberdade desbocada vociferarem contra quem sensatamente contra tal se insurgisse.

Admito que o jornal dinamarquês que primeiro publicou a polémica caricatura não se tenha apercebido do problema que iria levantar junto dos crentes islâmicos, já os que, depois do coro de indignados protestos por parte desses milhões de crentes, insistem na sua divulgação, cometem uma provocação desnecessária e eventualmente perigosa a homens e mulheres que não têm de se reger pelos parâmetros de liberdade praticados pela comunidade judaico-cristã.

Liberdade sim, mas bom senso acima de tudo.
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Mais Liberdade (?) de expressão

Ora, se liberdade de informação é um bem demasiado valioso, para ser desperdiçado com parvoeiras também o é para ser gasto com inutilidades, sobretudo na televisão, onde ainda por cima o desperdício é demasiadamente caro..

Ruben de Carvalho escreve no DN de hoje um artigo intitulado "Cai neve nas Televisões" que vem muito ao encontro do que penso a respeito de tais inutilidades que enchem os ecrãs de televisão, apenas para gastar tempo ou simplesmente "épater le bourgeois”

É o caso dos infindáveis programas noticiosos de todas as nossas estações de TV, que Ruben de Carvalho considera os mais longos de toda a comunidade europeia.
Aquilo é como as pilhas “não sei quê”, que “duram, duram, duram! Essas ao menos ainda têm utilidade enquanto duram,

Além de intermináveis os noticiários da TV que temos (mas não merecíamos) começam sempre por um fait-divers, um jogador de futebol que assinou um contracto com o Clube X, um marido que deu duas facas na mulher, uma casa que ruiu no bairro da Fonte.. As noticias que interessam verdadeiramente parecem lá mais para o fim, quando o pobre espectador já ressona diante do ecrã ou já se fartou e se pôs a milhas.

Permito-me, sem mais comentários, transcrever a seguinte passagem do artigo de Ruben de Carvalho.

O ocorrido no passado domingo com o nevãozinho que chegou a Portugal constitui um exemplo brilhante. Não há nenhum critério noticioso defensável que sustente o dedicar 32 minutos do horário nobre de um telejornal ao facto, por inusitado que seja, de ter nevado em Lisboa ou noutros pontos do País! Como não podia deixar de ser, a excitação televisiva que os flocos de neve provocaram traduziu-se numa péssima informação sobre o que afinal seria informativamente mais importante: quem quisesse aceder ao colectivamente essencial da questão (limitações de trânsito, nomeadamente) foi forçado a perder-se no meio de intermináveis entrevistas de inigualável interesse público do estilo "então já tinha visto neve?"...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

DIVERSOS

Loretta King

Com 78 anos de idade faleceu ontem Loretta King víuva e companheira de luta do pelos direitos dos negros do activista Luther King assasinado às mãos da intolerância de grupos racistas e fascistas dos Estados unidos em 4 de Abril de 1968.
Koretta King foi uma das primeiras mulheres a estudar numa universidade do Alabama e nunca mais deixou de acompanhar o seu marido e para além da sua morte na luta pela igualdade de direitos entre brancos e negros. Para apoio dessa luta Fundou e dirigiu até agora o Centro Martin Luhther King..
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O Programa nuclear do Irão

Anda toda a gente muito preocupada com o programa nuclear do Irão. E acho bem que ande. Mas a verdade é que todas as grandes potências ocidentais possuem programas nucleares e memo farta armazenagem de armas nucleares. Será que esses programas e essas armas são santificadas e só as das pequenas e médias potências são maléficas? Nunca percebi bem esta dualidade de critérios que permitiu mesmo aos Estados Unidos, perante a passividade da maior parte de todos os outros, destruir um terceiro, perante a simples suspeita – infundada como se provou – de possuir armas que eles próprios possuem em larga abundância.
Tal entendimento escapa à minha capacidade de percepção. Não devo pertencer a este planeta, certamente.
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O caso Eurominas

Como querem estes políticos que os respeitem se as suas acções não os dignificam e à légua se pressente, em cada uma delas o cheiro nauseante da corrupção, do amiguismo militante?
Então é decidido por um Governo (o de Cavaco Silva, por sinal)que a expropriação dos terrenos de uma fábrica daquela empresa se processe sem direito a qualquer indemnização. A empresa recorre e o Tribunal determina o pagamento de uma indemnização de 12 milhões de Euros. O governo Socialista contesta essa sentença e no entanto acaba por sancionar o pagamento na altura exacta em que a empresa Eurominas era representada pelo escritório dos advogados e dirigentes socialistas José Lamego, António Vitorino e Alberto Costa. Agora, o actual Governo PS entende que o assunto está morto e enterrado e recusa-se simplesmente a discuti-lo
Quantas vezes já vimos este filme? E quantas mais vezes teremos de voltar a vê-lo!
Onde está a vergonha desta gente? Mais uma vez me socorro da frequente pilhéria do meu saudoso amigo e camarada ferroviário Mário Mateus: E não há um sacana de um polícia que veja isto? Ai, Mário, Mário, cá por baixo só mudaram as moscas.
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Citação

O Hamas ganhou as eleições com maioria asolut(íssima). São legítimos representantes do povo palestiniano. No entanto os EUA e Israel rcusam-no como “interlocutor”. Algumas dúvidas: Quem tem legitimidade para escolher os representantes palestinianos – o ”interlocutor” ou o povo palestiniano? Devem os palestinianos votar tantas vezes até que “acertem” nos representantes “certos” do ponto de vista dos outros? Poderão os palestinianos recusar como interlocutor o Governo que vier a ser escolhido pelos israelitas nas próximas eleições? (…) Não há aqui um problema de assimetria? "
Eduardo Maia Costa (DN - 1-2-2006)

É tão claro, não é? Até mete raiva verificar que há quem não pense assim.
Imagine-se que alguma grande potência se lembrasse de considerar que não negociava com o Governo PS por não o achar interlocutor do seu agrado. Era só o que faltava. Gostemos ou não, o Governo PS foi aquele em quem votou a maioria do povo Português e este não admitiria que alguém de fora lhe viesse dizer que não aceitava este interlocutor.
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Eleições Presidenciais- Resultados definitivos

Já que apresentei na noite das eleições presidências os resultados totais na altura, cumpre-me agora deixar aqui registados os resultados definitivos:

Cavaco Silva: 50,54
Manuel Alegre 20,74
Mário Soares 14,31
Jerónimo de Sousa 8,64
Francisco Louça 5,32
Garcia Pereira 0,44
Total de votos: 5.590.132