ENQUANTO E NAO

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

DUAS NOTÍCIAS

A democracia de Guantánamo

Notícias da Berlinale
Festival de Cinema de Berlim

Acabadinho de filmar foi ali apresentado um filme que vai certamente causar sensação e polémica não só entre os frequentadores de cinema como entre a crítica emeios políticos. Trata-se de “The Road to Guantanamo” de Michael Winterbottom e Mat Whitecross no qual se revela a face negra da luta anti-terrorista por parte da Administração Bush, com a cumplicidade de Blair e de outros mui virtuosos líderes europeus,
A desumanidae dos métodos usados pelo exército americano na sua base de Cuba, está bem patente neste filme que conta uma uma história verdadeira. A história de quatro amigos, muçulmanos britânicos de Tipton (Birmingham), que em Setembro de 2001 visitaram o Paquistãoa fim de assistirem ao casamento de um deles. Encorajados pelo imã de uma mesquita de Karachi, eles atravessaram a fronteira, com vista a ajudar alguns afegãos mais necessitados. E foi então que as coisas começaram a correr mal.

De Cabul, onde chegaram ao som das primeiras bombas, eles quiseram regressar ao Paquistão mas o autocarro levou-os para Kunduz, um dos últimos redutos dos talibãs. Quando a cidade se rendeu, Ruhel, Asif e Shafiq fugiram (o quarto, Monir, ficara para trás). Capturados pouco depois pela Aliança do Norte, foram entregues aos americanos em Kandahar e enviados, sem culpa formada, para a Baía de Guantanamo, onde conheceram os tormentos do Campo Raio-X e do Campo Delta, até ao dia, dois anos mais tarde, em que os serviços secretos britânicos conseguiram provar a sua inocência.

"Eu quis dar um rosto aos prisioneiros anónimos de Guantanamo", disse Winterbottom na conferência de imprensa, "narrando apenas factos concretos". É essa, de resto, a principal força deste filme notável. Ao cruzarem depoimentos de Ruhel, Asif e Shafiq com reconstituições e excertos de reportagens, num ritmo vivo, próximo do cinéma verité, os realizadores não precisam de apontar o dedo a ninguém. Na sua lógica absurda, são os tais "factos concretos" que falam por si mesmos, revelando os vários graus de paranóia e perfídia a que chegou a desesperada luta anti-terrorista de Bush e Rumsfeld.
Extraído de uma crónica de José Mário Silva
No DN de 15.2.2006

Venha de lá o filme, para que a hipocrisia dos senhores do Império e seus sequazes fique bem patente para quem dúvidas tiver.

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Lula à frente nas sondagens

Quando a crise do "mensalão" - o suborno a deputados em troca do apoio ao Governo - eclodiu, em Maio de 2005, a popularidade do Presidente brasileiro, Lula da Silva, caiu a pique. Chegou-se a dizer que qualquer nome da oposição o derrotaria. Nas últimas sondagens, somente o prefeito de São Paulo, José Serra, aparecia à frente de Lula. Agora, tudo mudou.Uma sondagem feita pela empresa Sensus, a pedido da Confederação Nacional do Transporte, indica que Lula passou até Serra e surge novamente como favorito à reeleição em Outubro. Na sondagem anterior, Serra tinha 41,5% dos votos e Lula 37,6%. Na actual, Lula dá um salto e surge com dez pontos percentuais à frente de Serra, com 47%.
In DN de 15-2-2006

Em relação a esta notícia um comentário se me oferece: Oxalá que ela não se confirme e que Lula da Silva não seja reeleito. Tenho consciência de que ao dizer isto vou chocar alguns ou muitos dos meus amigos, mas é o que penso e eu que me preocupo sempre em agir correctamente sou o mais avesso possível ao “politicamente correcto.”

Com a sua eleição para a Presidente da Republica do Brasil fez nascer nas pessoas de esquerda, sobretudo nos movimentos operários e camponeses uma aura de esperança de que as coisas estavam a mudar no mundo e que seria possível dali para a frente a instauração de governos que se preocupassem verdadeiramente com os interesses dos mais desfavorecidos, pondo fim à longa sucessão de governos corruptos, sobretudo na América latina, fieis serventuários dos interesses da alta finança e dos grandes senhores das terras,

Pois Lula da Silva num ápice desbaratou todo o imenso capital de esperança que os desprotegidos de todo nele depositaram, trilhando a mesma senda de corrupção dos governos que o precederam. Que tremenda decepção e que atraso para a luta dos fracos e oprimidos, dos democratas de todo o mundo!

Ora se ele, voltasse a ganhar apesar de tudo, isso significaria que não só ele tinha desistido dos seus ideais como que aqueles que esperançadamente tinham votado nele se tinha igualmente rendido. Isso seria a institucionalização da corrupção, por parte dos movimentos operários e camponeses. Ele que faça a travessia do deserto e que volte mais tarde, se algo tiver aprendido.

Pode ser que seja um enorme disparate o que agora digo, mas é o que penso.