ENQUANTO E NAO

sábado, fevereiro 11, 2006

POR SANTIAGO E AOS MOUROOOOS !!!!

Tem razão a jornalista Ana Sá Lopes.
Bush conseguiu o que não alcançou com a guerra do Iraque: o aparecimento de uma legião de intrépidos cruzados europeus prontos a avaçar contra o Islão. Por cá já estão em pé de guerra os Pachecos, os Zinks e toda uma matizada gama de indómitos cavaleiros, já afiando as espadas e ferrando os corcéis.
E mais não digo.
Proponho-vos, sim, a leitura do excelente artigo de Ana Sá Lopes no DN de hoje

A verdadeira vitória de Bush
Ana Sá Lopes
ana.s.lopes@dn.pt

O caso das caricaturas de Maomé revelou-se um fenómeno inesperado para a avaliação do sentimento das opiniões públicas europeias para a causa do choque de civilizações, para a propagação dos sentimentos anti-Islão e para a união ocidental em torno da urgência de "irmos a eles". É aqui (e não no Iraque) que George Bush pode, enfim, proclamar a vitória do seu programa. Demorou, mas a mensagem fez o seu caminho algures em Washington, na sua secretária do Banco Mundial, Wolfowitz dá uma gargalhada; Robert Kagan afivela um sorriso. Afinal, ainda que as coisas no último ano não tenham corrido muito bem ao Presidente dos EUA, já quase toda a Gália está ocupada e apta a cumprir a "bushização" do mundo. O epifenómeno dos cartoons revela como George Bush conseguiu impor o "ou nós ou eles" aos mais improváveis cidadãos. O debate em Portugal , na praça pública, é disso revelador, ultrapassando as habituais fracturas esquerda/direita. A gritaria panfletária sobre o direito à liberdade de expressão (como se fosse isso que estivesse em causa e não o crescendo de antagonismo Ocidente-Islão) serviu de mote às mais inopinadas proclamações guerreiras apelando ao choque. E hoje, mal-grado o caos no Iraque, a tortura, as prisões secretas da CIA, as revelações sobre o que a Administração sabia relativamente à não existência de armas de destruição maciça, sobra uma incontornável conclusão a mensagem da guerra total passou e, hoje, Fevereiro de 2006, a causa reúne muito mais apoiantes do que há três anos. Em Portugal, por exemplo, há cada vez mais cruzados prontos a subscrever a declaração visionária de José Pacheco Pereira: "É a guerra, é a guerra!"O tema, em si, ajudou. A "liberdade de expressão" é um assunto que se presta às maiores demagogias. A liberdade de expressão já contém em si dois antagonismos a liberdade de exprimir, a liberdade de recusar a expressão. O ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês usou a sua liberdade de recusar receber alguns embaixadores de países islâmicos que queriam fazer uso da sua liberdade de expressão. Foi bom para a liberdade de expressão? Ou, como dizia no El País Juan Goytisolo citando o Financial Times "A liberdade de expressão não inclui o direito de gritar 'fogo' num teatro a abarrotar." Ou sim?
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Afinal ainda digo mais uma coisita
Defendi aqui que Manual Alegre deveria permanecer no PS para o melhorar por dentro, de forma a que se tornasse um verdadeiro PS.
No entanto, o Governo do seu partido, através do seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, defendeu uma posição correcta em relação à polémica das caricaturas de Maomé e Alegre ergueu a sua voz contra tal posição.
Vitalino Canas proferiu palavras sensatas e justas sobre o mesmo problema, como as que a seguir transcrevo:
(...) não têm (as caricaturas) uma mera intenção de satirismo político. Neste caso concreto é manifesto que houve um conjunto de caricaturas que foram feitas com intuitos meramente provocatórios, com uma intenção específica -uma operação de provocação deliberada ligada a uma estratégia de extrema direita.
Pois Alegre (que parece estar, também, a preparar a espada e o arnês) indigna-se com tão justas palavras!
Ora abóbora! Ele afinal ele voltou para ver se consegue pôr o PS um pouco pior