ENQUANTO E NAO

domingo, dezembro 31, 2006

AINDA O ENFORCAMENTO

Depois do que ontem aqui escrevi sobre o enforcamento /assassinato de Saddam, às ordens dos seus antigos sócios e protectores não resisto a transcrever (data vénia) o editorial do insuspeito Diário de Notícias de hoje que, de outra forma e no essencial, não anda muito longe daquilo que eu próprio escrevi

Pena medieval

António José Teixeira

Saddam Hussein foi enforcado segundo as melhores regras medievais. Amarrado por carrascos encapuzados, corda ao pescoço, foi só esperar até se ouvir quebrar o pescoço. O enforcamento consumou-se num antigo edifício dos serviços secretos de Saddam, a norte de Bagdad, um dos muitos locais onde o ditador mandou executar os seus oponentes. Barbárie com barbárie se pagou. Nem o dia da execução foi inocente. Ontem celebrava-se a Festa do Sacrifício, um feriado religioso particularmente importante para os xiitas.

Sabemos todos, e há muito, que Saddam era um ditador sanguinário, conhecido por requintes de crueldade. Sabemos que cometeu crimes contra a humanidade e oprimiu o seu povo. Sabemos que após a invasão do seu país foi deposto, capturado e julgado num processo irregular, marcado por interferências políticas e assassínios de advogados.

A justiça e os direitos humanos em nome dos quais se quis condenar Saddam foram aviltados com a pena capital. A forca é uma marca medieval, um retrocesso civilizacional que apenas coloca os "libertadores" do Iraque ao nível do tirano de Bagdad. O acrescento de civilização que seria a eliminação da pena de morte e da tortura frustrou--se uma vez mais. E dizer, como disse Bush, que a execução de Saddam é um marco importante no caminho do Iraque rumo à democracia é apenas mais uma barbaridade. Pior, só mesmo o cinismo de algumas diplomacias tão cheias de princípios como de compreensão pela "soberania" iraquiana...

Já se percebeu que nem o derrube de Saddam fez desabrochar qualquer democracia, nem a sua captura pacificou o mosaico étnico-religioso, nem agora o enforcamento reconciliará quem quer que seja. A anarquia vai perdurar durante muito tempo para gáudio de todo o tipo de fundamentalistas e terroristas. Está criado o mártir sunita, subitamente "ilibado" de muitos outros crimes do passado. Basta lembrar a invasão do Irão em 1980 e os massacres de curdos e iranianos com armas químicas. Nestes crimes houve cúmplices activos, que o armaram e apoiaram politicamente, os mesmos que ajudaram agora a enforcá-lo. Por isso se pode concluir, como ontem dizia Robert Fisk no Independent, que Saddam Hussein foi criado e destruído pela América. Dir-se-á, e com razão, que os americanos têm as costas largas para o melhor e o pior. A pena de morte é uma dessas nódoas negras que continuam a ensombrar os EUA. Confundir a forca com o caminho para a democracia ajuda apenas a perceber a irracionalidade do nosso tempo.

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sábado, dezembro 30, 2006

SADDAM HUSSEIN ENFORCADO

Saddam Hussein foi enforcado esta madrugada. Ainda ontem na televisão aparecia um dos seus advogados a garantir que a execução não iria ocorrer nas próximas horas nem nos próximos dias, uma vez que o governo iraquiano lhe garantira a possibilidade de se encontrar com o seu constituinte no dia 4 de Janeiro próximo. Foi só mais um embuste na cadeia sem fim de embustes que têm sido todo o caso da invasão e ocupação do Iraque, a começar pela falsa invocação das razões da guerra.Na verdade esta execução, à pressa, e secreta, sem o testemunho de órgãos de informação, nacionais ou estrangeiros ou qualquer entidade independente, parece-se muito com um assassinato, à traição, no fundo de uma viela escura,

Sabendo nós que Saddam se encontrava detido em instalações das tropas americanas e sob sua custódia, não me admiraria nada que esta execução, à pressa, pela calada da noite e sem testemunhas, tivesse ocorrido por ordem expressa do senhor Bush, cioso de não deixar terminar o ano sem se dar ao prazer de ostentar no seu cinturão de cow-boy, como troféu de caça, a cabeça do homem que jurara matar.

Não vou chorar a morte de Saddam. Mas choro, isso sim, a pouca vergonha de um justiça selectiva que depende unicamente dos critérios ou caprichos dos donos do mundo. Saddam Hussein foi condenado por um tribunal não isento, condicionado pela pressão das tropas invasoras, predisposto a condená-lo desde o início, num processo eivados de irregularidades e vícios jurídicos, em que três dos seus advogados de defesa foram sucessivamente assassinados.

A sentença que, em tais condições o condenou à morte, baseou-se no seu eventual sancionamento, como Presidente da República, na sentença de morte proferida por um tribunal iraquiano, contra um grupo de 140 pessoas de uma localidade onde tinha ocorrido um atentado contra a sua vida. É uma acusação grave, que deveria ter sido julgada por um Tribunal independente. Mas e o Senhor Bush? Quem lhe pede contas pela centenas de milhares de civis mortos nos bombardeamentos às cidades iraquianas? Ou pela vida de 3 mil soldados do seu próprio país, sacrificados pela sua estulta e despropositada agressão? Ou pelas sevícias sem nome infligidas aos detidos em Abbu-Grahib? Ou pelas violações sistemáticas dos direitos humanos na base de Guantánamo, bem como em dezenas de cárceres privados que espalhou pelo mundo através dos ilegais, sinistros e provocatórios voos secretos da CIA?.

Sim, choro por esta fantochada de justiça com que diariamente nos confrontamos. Como é possível que Pinochet que mandou torturar e assassinar milhares de pessoas (gente que não tentou matá-lo, note-se) apenas porque não partilhavam dos seus pontos de vista, tenha morrido tranquilamente na sua cama, sem sequer ser julgado, e enterrado com honras militares? Choro por ver que a justiça a nível mundial dependa dos desígnios de um pais, como que os Estados Unidos convive tão bem com ditadores (sanguinário, mesmo) desde que favoreçam os seus interesses e cujo “amor” pela democracia só se manifesta em relação àqueles que nunca serviram ou, a partir de um dado momento, deixaram de servir esses mesmos interesses.

Sim, por isso choro. Mas ao mesmo tempo, sinto o maior orgulho por ter nascido num país que, num gesto pioneiro e generoso, aboliu a pena de morte em 1 de Julho de 1867.

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quinta-feira, dezembro 28, 2006

OS GASTOS DOS PORTUGUESES

In DN de 27-12-2006, data venia

Parece que assim foi. Os portugueses gastaram, só através do multibanco e cartões de crédito, mil euros por segundo, não contando com o que ainda vão gastar até ao fim do ano. Quer dizer então que a crise não é tão grande como parece e que os portugueses não estão tão mal como gostam de apregoar? Nada mais enganador. Estas despesas exorbitantes são um assustador indício da grave crise económica e moral porque passam os portugueses.

Com efeito, Há na economia doméstica (e na economia em geral) uma fasquia de contenção possível. Para além da qual não há mais possibilidade de resistir. Essa fasquia é como um dique a meio de um rio impetuoso. A gente vai pondo remendos, tapa, um buraco aqui, tapa outro ali, até que um dia o caudal (das despesas, neste caso) ultrapassa a capacidade de resistência do dique e as águas (as dívidas, neste caso, também) irrompem por tudo quanto é sítio, levando a economia familiar de vencida.

Nessa altura não vale a pena resistir. È então que se instala a indiferença a apatia moral que leva as pessoas a pensarem “que se lixe, perdido por cem, perdido por mil. E então toca a gastar. O que conta é o momento que passa e quem vier atrás que feche a porta.

Quanto a mim é isso que está acontecendo com os portugueses. E isso é uma constatação dramática. Faz-me reportar aos tempos de Salazar em que metade das famílias se encontravam endividadas e viviam numa dívida permanente, uma espécie de escravidão não muito diferente da dos trabalhadores descritos no livro A SELVA, de Ferreira de Castro, que não chegavam a receber qualquer salário pois a dívida ao armazém onde se abasteciam, explorado pelo patrão, era sempre superior ao do salário que esperavam receber.

Aliás não é preciso ir tão longe. Na CP, onde trabalhei, havia um armazém de víveres, onde os empregados, de qualquer categoria, podiam adquirir bens até ao limite do seu vencimento mensal, o qual só era várias descontado em prestações a partir do mês seguinte ao acto da compra.. Acontecia então – eu que trabalhava no processamento das folhas de vencimentos, apercebia-me disso - que havia trabalhadores que nunca, por nunca ser recebiam um tostão que fosse ao fim do mês e que, além disso passavam a vida a contas com vencimentos penhorados por decisões judiciais, que se acumulavam sem que pudesse m ser cumpridas.

E no entanto, não sei com que artes, esses fulanos obtinham créditos noutros lugares, compravam carros e levavam uma vida de ostentação que me deixavam de boca aberta, a ponto de comentar com os meus amigos Eh pá já cheguei à conclusão que dever muito é tão bom ou melhor do que possuir muito. Gozam de prestígio como os que muito têm, usufruem de todos os prazeres de que eles desfrutam e ninguém os vai fazer pagar porque eles não têm com quê.

Ora , a desenfreada orgia consumista a que assistimos durante os últimos dias faz nascer em mim a assustadora convicção de que, rompida a barreira de capacidade de resistência dos portugueses à crescente carestia de vida que a política dos últimos governos lhes têm vindo a impor, resolveram mandar a contenção às malvas e, assim como assim, de endividados já não passam, resolveram entrar numa de quem cá ficar que se lixe, fazendo-me lembrar tempos de muito má e tenebrosa memória.

Estou seriamente preocupado, meus Amigos

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O MEU "AVÔ" GUERRA JUNQUEIRO

domingo, dezembro 24, 2006

AMANHÃ É DIA DE NATAL

Amanhã é dia de natal.
Não tencionava escrever hoje uma única linha neste local, até por que já muito se escreveu sobre esta data e porque vou ter hoje um dia muito ocupado.
Porém ao verificar o meu correio electrónico esta manhã encontrei um mail proveniente dos Estados Unidos, que me fez mudar de ideias. É de um dos muitos putos de Moscavide - terra da minha criação - que tiveram de deixar a sua terra em busca de melhores condições de vida. Este, é nos States que, há uns bons pares de anos, labuta pela obtenção de tais condições. Pelos vistos algumas melhorias obteve, mercê de um trabalho duro, mas o que vê à sua volta não o alegra. É muito mais novo do que eu, mas volta não volta escreve-me para me falar das saudades que sente do nosso Moscavide.
Pois é o texto da sua carta electrónica que aqui vos deixo. São palavras simples de um homem simples, não letrado, mas são sinceras e eloquentes.

Porque amanhã é Natal,

Eu, e tantos "eus", comeremos faustosamente o que temos e o que não deviríamos ter.
As crianças, abrirão os supérfluos presentes mantendo a tradição do igualar o vizinho.

Ah!!..E vamos à missa, isso, a missa, dar graças ao Senhor, que nos proteja na nossa vil e desmedida ambição, no nosso egoísmo e hipocrisia e todas essas nossas "virtudes"no dia a dia.

Porque amanhã é Natal,
Vinte mil crianças, morrerão de fome...de FOME. E tanto comer nós deitaremos para o lixo amanhã, dia de Natal. Somos nós os animais pensantes, os superiores e tudo o mais...

Todavia, penso que se nos auto examinarmos não veremos mais que um pérfido ser vivoque se auto destrói a passos largos.

Vivo no pais (EUA) que mais contribui para a nossa autodestruição, sou um cumplice
asqueroso de tudo isto, mas tal me reconheço.

Como poderemos celebrar o dia de amanhã, o dia de Natal, sabendo que em cada quatro ou cinco segundos sucumbe uma criança devido a subnutrição crónica? Amanhã dia de Natal.

Enfim, sou mesmo uma tristeza, pois amanhã dia de Natal comendo como um alarve,celebrarei o nascimento do "Salvador"...Imagino o que seria se Jesus o "Salvador" não tivesse nascido...Como isto estaria!?

Verissimo

António,
Se não publicar minha carta, eu entendo. Mas pelo menos sei que o senhor, pessoa a qual admiro, a leu...a leu e meditou ao seu bom modo de ser e estar na vida.
Os meus agradecimentos,
C. Veríssimo

Publiquei mesmo. Aqui está ela

E já que vem a talho de foice, uns versitos que fiz ontem sobre o mesmo tema:

NEVE

Que bom que esteja a nevar,
Já que tão suja anda a terra
Seria bom que nevasse,
Tanto tanto que enterrasse
Os rastos de tanta guerra

Que caia a neve do céu
E o céu se encha de pombas
num claro anúncio de paz,
pois de lá só caiem bombas
De há uns anos para trás

Ò Deus se estás lá em cima
Ou estejas lá onde for
Vê lá se pões ordem nisto
Não bastou mandares cá Cristo
Que o mundo está bem pior

E se não te pões a pau
E defendes o que eu é teu
Os cruéis senhores da guerra
Quando acabarem co’a terra
Inda vão lixar-te o céu

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OS TEUS OLHOS
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sexta-feira, dezembro 22, 2006

MAIS UM ATENTADO À CULTURA

O nazi Goebbels, dizia que sempre que lhe falavam em cultura puxava imediatamente da pistola. Estes, não sei por que é que puxam, mas pela cabeça não puxam de certeza.

Vê-se pelos sucessivos ataques de que a cultura tem vindo a ser objecto por parte deste Governo e da ministra do pelouro. Ainda há dias assistimos à extinção da FESTA DA MÚSICA e prepara-se agora para pôr fim ao programa RITORNELLO, um dos mais interessantes da Antena 2 da RDP.

O apelo abaixo foi-me enviado por um Amigo. Imediatamente o subscrevi e decidi apresentá-lo à consideração dos leitores deste blogue. Se é ouvinte da Antena 2, se preza a cultura como um bem inestimável, se não gosta de ver o gosto dos cidadãos a ser progressiva e intencionalmente nivelado por baixo, por favor, subscreva e divulgue este apelo:

O programa Ritornello da Radiodifusão Portuguesa, da autoria de Jorge Rodrigues, é provavelmente o programa de maior audiência de toda a Antena 2. O Ritornello é produzido há mais de 10 anos com uma imaginação, diversidade, inteligência, sentido formativo e informativo tais que se tornou, na prática, uma referência incontornável para todos os amantes da música dita erudita em Portugal.

Mas não só da música. A poesia, o teatro, a literatura, a dança e a cultura portuguesa, em geral, circulam no Ritornello como numa grande coreografia, cruzando-se através da temática de cada programa – criteriosamente escolhida pelo seu autor – e por meio dos convidados que nele têm tido voz. Ao longo dos últimos 10 anos, mais de 2000 individualidades, nacionais e estrangeiras, foram entrevistadas por Jorge Rodrigues, permanecendo o testemunho de muitos gravado na memória dos portugueses.

Recentemente, alegadamente por conduzir entrevistas desinteressantes (!), a direcção da Antena 2 proibiu Jorge Rodrigues de continuar a entrevistar convidados portugueses. Ficam assim excluidos do programa as vozes de José Saramago, de Agustina Bessa Luís, de Paula Rego, de Maria João Pires, etc.,etc... Sob qualquer ângulo que se observe, a medida é insólita e obtusa, fazendo lembrar tempos dos quais Portugal se libertou com dificuldade.

Que serviço público é este que proíbe a voz dos artistas e intelectuais portugueses no programa de maior prestígio de toda a Antena 2 ? Logo aquele que mais dinamicamente tem contribuido para manter os ouvintes, directa ou indirectamente interessados, ao corrente das causas culturais portuguesas! O mérito de Jorge Rodrigues deveria ser premiado por ser do interesse cultural nacional e não obstruído desta forma ridícula.

Se discorda desta proibição e se acha que os artistas e intelectuais portugueses merecem continuar a ser entrevistados no Ritornello, por favor dê o seu apoio a este protesto assinando em <http://www.PetitionOnline.com/r1tornel/petition.html > e divulgando esta informação.

Muito obrigado,

António Chagas Rosa

Sugiro que expressem também ao Provedor do Ouvinte, Dr. José Nuno Martins <http://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php >

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quinta-feira, dezembro 21, 2006

CAPITALISMO SELVAGEM

Encerramento da Fabrica Opel na Azambuja
Mais um benesse do liberalismo económico

Por falta de tempo e de disposição (esta quadra do natal sempre me deprime) não tenho estado muito activo na escrita deste blogue. Também hoje tencionava escrever o quer que fosse, mas não posso deixar de referir o facto que, pelo menos para mim, e porque ocorreu precisamente nestes supostamente festivos dias,foi o que mais marcou nesta data.

A partir de hoje, mais de 1400 trabalhadores portugueses foram postos no olho da rua. Não interessa se ficam sem emprego, nem como se vão sustentar a eles e às suas famílias. Os interesses do deus Milhão e o sacrossanto direito à livre concorrência falam mais alto. Quem manda é o lucro. Fácil e imediato. E viva a democracia liberal. O papão da União soviética acabou e agora é fartar vilanagem, Despedimentos acontecem no momento e na hora em que tal convém ao capital triunfante. Quando, em alguns países uma Constituição aprovada em bom tempo, como acontece em Portugal, lhe dificulta ainda um pouco esse facilitismo, o patronato exige mais maleabilidade na política de despedimentos. E mais, e mais e sempre mais facilidades para o patronato. Assiste-se a isso diariamente no nosso país. E os “democratas” aplaudem. Foi em nome dessa democracia económica, com a bênção do guardião do Templo mundial da Democracia, o Big Brother sediado em Washington, que Pinochet, estabeleceu o seu peculiaríssimo regime democrático.

Todos assistimos hoje à indignada e espontânea manifestação dos trabalhadores despedidos, em que um deles fez ouvir a sua voz para lamentar a frieza , e a desumanidade de um patronato que, para além de privar do seu ganha-pão pessoas que durante anos os ajudaram a encher os bolsos - maneira antiga de dizer engrossar a conta bancária – nem uma palavra de despedida, um agradecimento, um aperto de mão, àqueles homens, no seu último dia de trabalho.

È a liberalização dos despedimentos, é a contenção e abaixamento de salários, é a crescente ofensiva tendente à destruição do Estado Social, que a contragosto, e enquanto a União Soviética existiu, se viram forçados a aceitar, é o capitalismo selvagem em todo o seu esplendor

E a malta amocha. E os “democratas” aplaudem ou pactuam. Amanhã já ninguém se lembrará dos trabalhadores hoje postos na rua. Que importa? Vem aí o Natal, vamos às filhós, às rabanadas, muita luzinhas nas ruas, montras enfeitadas, que o tempo é de Paz e Amor...Paz e amor? Onde, para quem?

Que grandes filhos...!!!!!

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domingo, dezembro 17, 2006

LOPES GRAÇA: A música é a minha religião...

Fernando Lopes Graça
no dia centenário do seu nasciment
o

Fernando Lopes Graça foi um dos mais notáveis compositores e musicólogos contemporâneos.. Poder~se á dizer-se que foi, neste campo, talvez o mais genial português de do século XX

Para mim, que, em relação à música sou apenas um ouvidor atento, Fernando Lopes Graça foi acima de tudo, uma personalidade impar, um homem de cultura, escritor e teórico do fenómeno musical e da suas correntes a nível universal.. Foi um denodado resistente antifascista, um comunista convicto quase desde nasceu (como ele diz) até morte, sem nunca renegar os seus ideais, e foi sobretudo ou farol aceso na noite fascista que à frente do coro que dirigia e tinha o seu nome, percorreu, anos a fio, incansável, centenas de colectividades de norte a sul do país, divulgando, muitas vezes com risco de ser preso, a genuína música popular portuguesa e sobretudo as canções heróicas que nos galvanizavam e nos ajudavam a acreditar que um dia os portugueses iam acordar correspondendo ao apelo de uma dessas vibrantes canções

. Como os leitores deste blogue já devem ter reparado, tenho andado algo afastado da actividade da escrita nos últimos dias. Talvez cansaço, talvez a dispersão própria desta quadra de Natal e de fim de ano. Mas neste dia em que se celebra o centenário deste grande homem, desta figura impar da cultura portuguesa, e universal, ficaria mal com a minha consciência deixar passar em claro esta data tão significativa.

Aqui fica, pois a minha humilde e comovida homenagem, manifestando o meu orgulho por ter sido contemporâneo desta grande figura.

Obrigado, Lopes Graça, por teres nascido e teres sido o que foste e como foste.

Obrigado também às dezenas de homens e mulheres que, abnegada mas também entusiasta e prazerosamente, te acompanharam em centenas de actuações por esse pais fora, e sob a regência da tua batuta, encheram de esperança milhares de portugueses de várias gerações, muito especialmente àqueles que pessoalmente conheci, e que infelizmente já não se encontram entre nós.

Sua vida e obra

Transcrevo a seguir uma resenha da sua vida e obra, extraída de uma compilação organizada por Leonor Lains em http://www.vidaslusofonas.pt/

- 1906: Nasce a 17 de Dezembro em Tomar, onde inicia os estudos de piano.
-1924: Ingressa no Conservatório Nacional de Lisboa..
-1927: É aluno da Classe de Virtuosidade de Viana da Mota.
-1929 Compõe (ou publica) a sua primeira obra se "Variações Sobre um Tema Popular Português", para piano.
- 1931: Termina o Curso Superior de Composição. É preso e desterrado para Alpiarça.
- 1934: Ganha uma bolsa para estudar em França, que lhe é recusada por motivos políticos.
-1937: Parte para Paris. Estuda com Koechlin Composição e Orquestração
-1938: A Maison de la Culture de Paris encomenda-lhe uma obra: «La fiévre du temps» (ballet-revue). Harmonizações de canções populares portuguesas
-1940: Ganha o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical com o 1º Concerto para Piano e Orquestra.
- 1941: Tomás Borba convida-o para professor na Academia de Amadores de Música.
- 1942: Obtém o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-- Marítima» (poema de Miguel Torga).
- 1944: Ganha pela 3ª vez o Prémio de Composição do CCM com a «Sinfonia».
- 1945: Faz parte da Comissão Distrital do MUD.
- 1949: Faz parte do júri do Concurso Internacional Béla Bartók em Budapeste.
- 1952: Novo prémio de composição do Círculo de Cultura Musical com a 3ª Sonata para Piano.
- 1961: Edita com Michel Giacometti o 1º volume da Antologia de Música Regional Portuguesa. Início do In Memoriam Béla Bartók (8 suites progressivas para piano) que completa em 1975.
- 1969: Rostropovich interpreta o Concerto de Câmara para violoncelo encomendado a Lopes-Graça.
- 1973: Início da publicação das «Obras Literárias» (Editora Cosmos) em 18 volumes.
-1974: Assume a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo Governo Provisório da Revolução de Abril.
- 1979: Compõe para grande orquestra, solistas e coro o «Requiem pelas vítimas do fascismo em Portugal».
- 1981: Convite do governo húngaro para as Comemorações do Centenário do nascimento de Béla Bartók.
-1993: Audição integral das sonatas e sonatinas para piano (Matosinhos). Homenagem no seu 87º aniversário. -
- 1994: Morre na noite de 27 Novembro na sua casa na Av. da República, na Parede, junto a Cascais.

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Se gostou de ler "Amélia Melenas, Minha Mãe"
(e foram muitos os que gostaram)
Vai também gostar de ler
"A MINHA TIA BEATRIZ"
no meu outro blogue
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quarta-feira, dezembro 13, 2006

VÁRIOS


Descentralizações

Governo quer descentralizar saúde, educação e acção social
Municípios iniciam negociações em Janeiro com o Governo
Público de 13-12-2006

Será bom, ou mau? Depende do apoio financeiro que o Estado prestar às autarquias e, sobretudo, da vigilância que exercer sobre a transparência da gestão desse apoio. É que a experiência nos mostra que o Estado negligencia, por norma, a fiscalização dos dinheiros que distribui. Assim o tem feito, quer nos hospitais publicos quer , e sobretudo, nos de gestão empresarial - fazendo depois as economias nos cortes de prestações aos doentes e forçando estes a pagarem os prejuizos resultantes da sua má gestão.

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O Estado e Israel

"O regime sionista tem os dias contados e irá desaparecer muito em breve", reafirmou o Presidente Iraniano aos delegados de uma controversa conferência sobre o Holocausto, realizada nos últimos dois dias em Teerão sob o auspício do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

È uma estupidez negar a existência do Holocausto. Todos sabemos que ele existiu e que foi uma das manchas mais negras da história da humanidade. Eu próprio tive o desprazer de constatar no campo de concentração de Buchenwalde , provas evidentes dos horrores ali perpetrados. Quanto ao pôr fim ao Estado de Israel , acho que é difícil agora, passados estes anos. Mas de uma coisa tenho a certeza. Jamais aquele Estado confessional devia ter sido criado e muito menos naquele lugar. Tanto assim que nesta conferência em que participaram 70 personalidades de 70 países estrangeiros havia representantes de movimentos hebraicos e grupos judaicos anti-sionistas que se opõem à existência daquele Estado.


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Unidade entre Hezollah e Cristãos no Líbano

No Líbano, há dias que se vem assistindo a manifestações constantes contra o primeiro ministro ao primeiro ministro Siniora, por parte de milhares de pessoas que exigem a sua demissão. Siniora é apoiado publicamente por Israel e claro (são irmãos gémeos em tudo) os Estados Unidos. Do outro lado da barricada estão os Hezbollah e, (sabem quem?) os cristãos Maronitas. Isto vem nossos jornais, mas em letras pequeninas, despercebidas no meio das notícias e artigos. Porque será?

Claro que nós sabemos porque é. Não convém espalhar que a questão no Líbano e no Médio Oriente em geral não é uma questão de religiões é uma questão entre exploradores e explorados, Como no resto do mundo, aliás.

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ATÉ AMANHÃ CAMARADAS!
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segunda-feira, dezembro 11, 2006

MORREU SEM PAGAR, o CANALHA

Pinochet morreu sem prestar contas

Costuma dizer-se, que “homem bom” é o morto de quem se fala.

O Canalha que morreu ontem em Santiago do Chile não pode caber dentro desta definição. Ele foi um dos seres humanos mais vis, mais desprezíveis de toda a história da ifâmia nos tempos modernos. Foi traidor, golpista, torcionista, assassino e corrupto, tudo ao mesmo tempo. O que o distingue de outros ditadores (só Franco se lhe compara) é que os crimes que cometeu não foram em nome de um qualquer ideologia, foram em nome de valores cristãos, como beato que era e se proclamava.

O bom Allende confiou nele entregando-lhe a Chefia das forças armadas, porque ele, hipócrita e dissimulado, aparentava ser um militar honesto e leal. E no entanto, a CIA há muito que o conhecia e nele confiava para dar o golpe que servisse os seus interesses, quando chegasse a altura apropriada. E quando chegou, ele o executou exactamente de acordo com as intruções que nesse sentido recebera, friamente, de uma forma cruel e decisiva. Sim porque não restam hoje dúvidas que foi que Kissiger e o embaixador dos EUA no Chile que foram os mandatários e inspiradores do golpe, destinado, através da “Operação Condor” a derrubar os governo de esquerda democraticamente eleitos no Chile e em todos os países da América Latina.


Repare-se que o golpe de estado do fatídico 11 de Setembro de 1973, não se destinava a forçar a demissão do governo ou a resignação de Allende, era um missão preconcebida de, através do bombardeamento do palácio presidencial com aviões da força aérea, destruí-lo e matar todos os ministros, e o próprio Presidente da Republica. Assim aconteceu. Só que o honestíssimo e corajoso médico que, por vontade do povo presidia aos destino do Chile, tendo escapado dos bombardeamento, de armas na mão, e tal como prometera, resistiu até à morte às arremetidas da horda atacante. Está hoje provado que não se suicidou com pretendem os seus vis inimigos.

O Criminoso Pinochet morreu sem pagar pelos seus crimes. È imperdoável.

E depois venham-me falar na justiça democrática, na justeza da existência de tribunais internacionais para julgar ditadores, blá, blá, blá. Essa justiça e esses tribunais só existem para favorecer os interesses dos Estados Unidos, pois eles próprios não consentem ser lá julgados.

Ainda que não fosse preso, dada a sua idade avançada, Pinochet deveria ter sido julgado e condenado pelos crimes hediondos que cometeu e pela desenfreada corrupção que permitiu que ele próprio e os seus familiares tivessem acumulado uma fortuna inimaginável, distribuída por inúmeros bancos em redor do mundo.

É uma injustiça sem nome que esse julgamento não tenha sido feito. Eu pessoalmente, não me conformo. E ainda por cima, o sacana, teve a esperteza de pedir para ser cremado, o que me impede de lhe desejar que a terra lhe seja pesada como o chumbo.

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CONHEÇO-TE; CAMARADA
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domingo, dezembro 10, 2006

DOIS TEMAS

A lição de Jacques Delors


Durante dois dias esteve reunido no Porto o 7º Congressos dos Partidos Socialistas Europeus.

De entre os lugares comuns e profissões de fé no ideários socialistas, destacou-se-se a intervenção de Jacques Delors , antigo e presidente da Comissão Europeia e co-autor do projecto “A Nova Europa Social", ali aprovado.

Delors defendeu e enalteceu a luta dos sindicatos no combate à política dos conservadores e neo-libérais europeus.

Deu como exemplo a intervenção das organizações sindicais belgas com vista à manutenção da indústria automóvel no país que, “ a Volkswagen queria praticamente liquidar".

Outro sinal de que “as forças do trabalho não desarmam” na opinião de Delors» é a petição peia defesa dos serviços públicos lançada pela Confederação Europeia de Sindicatos. Nesta última iniciativa sindical, o que está em causa é a possibilidade de manter "a qualidade e acessibilidade dos serviços públicos para todos".

Segundo o antigo presidente da Comissão Europeia, a "vigilância" dos socialistas europeus sobres esta matéria "terá de ser total", considerando como um "erro político" a directiva sobre a liberalização dos serviços não ter sido acompanhada por outra dírectiva-quadro que garantisse as finalidades do serviço público»

0 PSE (Partido Socialista Europeu) apelou Jacques Deiors, deve estar presente "nestas sucessivas batalhas onde se joga, dia a dia, o futuro da nossa sociedade"

Perante os congressistas, lembrou que na nova Europa social o combate às desigualdades é urna das prioridades, que passa, entre outras coisas, pela educação e conforto das crianças, "Queridos camaradas, não esqueçam nunca que as crianças pobres de hoje serão os adultos pobres e excluídos de amanhã"

Assim falou o antigo Sr. Europa. Este sim é um verdadeiro socialista, que perante os seus pares faz o elogio rasgado à luta e ao serviço Público. A contrário de Sócrates que desmerece daquela e se empenha em desmantelar este.

Aprenda, Senhor Sócrates.

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O Caso Luísa Mesquita


Já não posso ouvir pronunciar o nome desta senhora. A comunicação social tem feito deste caso um cavalo de batalha. O costume. Congressos, reuniões internacionais, apresentação de moções, o excelente trabalho parlamentar que o PCP produz, são sistematicamente minimizados quando não pura e simplesmente ignorados. Mas ao mínimo problema, ao mínimo sinal de que esse problema possa existir, logo esses órgãos de (des)informação se tornam loquazes, os sábios comentadores de serviço se desdobram em análises, criticando, acusando e pressagiando para aquele partido um fim próximo.

Afinal, o que passou com esta senhora é muito fácil de contar. Existe um compromisso entre o PCP e os deputados eleitos nas suas listas, de que, a qualquer altura, qualquer deles pode ser substituído por outro por conveniência do Partido, assinando cada um deles uma declaração nesse sentido, logo que toma posse. Foi o que aconteceu com esta senhora que, na devida altura assinou tal compromisso e que agora se rebela contra o Partido por que este lhe cobra o cumprimento. Qual é o problema? O único que aqui encontro é o da falta de carácter da senhora, nada mais. Tanto assim é que, em boa verdade, e porque o caso é por demais evidente, boa parte dos “media” condena a sua atitude.

Pois é, mas poucos deles também deixam de aproveitar a situação para dar as suas venenosas ferroadas ao PCP. Eles iam lá perder um oportunidade destas? porque a exigência do Partido aos seus deputados não é democrática, porque o lugar do deputado pertence ao povo que o elegeu e porque assim e porque assado, tendo até o senhor Sócrates descido ao ponto de se meter onde não é chamado, de uma forma irónica que não fica bem a um primeiro ministro.

Como se os outros partidos, por uma qualquer alegada razão não substituíssem os seus deputados, quando isso lhes dá jeito, como se no Bloco de Esquerda não fosse mesmo estatutário, ou pelo menos norma habitual a rotatividade dos seus assentos parlamentares.

Sejamos claros. Algum dos leitores deste blogue, por exemplo, quando vota para a constituição da Assembleia da Republica, vota em qualquer candidato em particular? Você, caro leitor, sabe o nome dos deputados eleitos no Distrito onde está recenseado e onde votou?

Deixemo-nos de tretas. Os eleitores, pelo menos para a Assembleia da Republica, votam em Partidos e nas listas que estes apresentam a sufrágio, ou porque leram o respectivo programa e com ele se identificam, ou – o que, infelizmente é mais frequente - votam porque sim, porque aquele é o Partido no qual costumam votar.

Portanto, senhores fazedores de opinião, preocupem-se com os verdadeiros problemas do país e deixem o PCP em paz. O que é curioso é que este é um “partido fossilizado”, um partido “cadaveroso” , como dizem e no entanto pelam-se todos por lhe morder as canelas. Será necrofilia, será medo, ou será parvoíce aguda?

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Veja também o poema

CONHEÇO-TE CAMARADA!

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sexta-feira, dezembro 08, 2006

CONHEÇO-TE, CAMARADA!

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quinta-feira, dezembro 07, 2006

SERIA DE RIR, SERIA...

Seria de rir, seria…

Estou a falar da notícia hoje publicada no DN:

Sanções contra Bagdad se a violência continuar :

Bagdad deve ser punida por Washington se a violência persistir, recebendo menos dinheiro e menos apoio militar. Esta a principal novidade contida no Relatório Baker, do Grupo de Estudos sobre o Iraque, divulgado ontem. Ou seja, perante a violência incessante, os Estados Unidos, que têm 140 mil soldados em território iraquiano, remetem o ónus para o Governo do xiita Nuri al-Maliki.

Na verdade seria de rir, não se tratasse de assunto tão sério. Então os “States”, baseados numa mentira intencional e mal intencionada do senhor Bush, invadem e destroem um país, criam com isso um clima de ingovernabilidade nesse pais, no qual todos passaram a matarem-se uns aos outros e agora, ainda têm a lata de sancionarem os dirigentes que ele ajudaram a colocar à frente dos destinos de tal país, pela bagunça que eles próprios criaram ?

Esta é de cabo de esquadra! Era esta a democratização que eles anunciaram levar ao médio-oriente?

Afinal, não só o não conseguiram, como, com a sua irracionabilidade e o seu esparvoado espírito de cruzada, fizeram recuar a democraticidade na sua própria nação, e nas nações suas seguidoras, com medidas histéricas, que espezinharam direitos constitucionais tão duramente conseguidos, passo a passo, ao longo de séculos, pela luta abnegada de gente com uma visão realista do mundo que falta aos actuais dirigentes da Administração Bush.

Mas o ridículo não se fica por aqui. Enquanto até aqui, oIrão e a Síria eram considerados pela Administração Buh como fazendo pare do “eixo do mal” e como sendo cúmplices na anarquia que reina no Iraque e como tal constantemente ameaçados com sanções boicotes e mesmo intervenções armadas, o mesmo relatório Baker vem agora dizer que se torna imperioso negociar aqueles dois países pois neles reside a solução do problema. Claro que, a partir de agora a os yesmen da política Bush, no nosso país, que passavam a vida a invectivar os referidos países, vão virar o bico ao prego e alinhar pelo diapasão do patrão americano

No meio de tudo isto, não morreria de espanto se os americanos, para resolver a embrulhada em que se meteram voltassem a colocar Saddam no poder. Afinal não foram eles que o mantiveram lá e sustentaram a sua ditadura durante tantos anos (tantos quantos foram os que lhes convieram)?

Então, sim, seria de rir a bandeiras despregadas. E daí, tantas mortes, tantas destruições, tantas torturas, e tantos direitos espezinhados, depois , se calhar o mais indicado seria chorar, chorar copiosamente.

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Uma noticia boa:


A partir de Janeiro o tabaco vai aumentar de preço.
Só 9% ?

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O poema
“Conheço-te Camarada”

quarta-feira, dezembro 06, 2006

AI A RAIVA QUE ISTO ME DÁ !...

Aumento do salário mínimo

Trata-se de um aumento de 5,3% , que eleva esta ano o salário para 403 Euros e que se vai repetir todos os anos até 2011 – altura em que atinge os 500 Euros. É uma boa notícia, sim senhor, nem tudo é mau no reino da Dinamarca. O Governo considera a mesmo um acontecimento histórico por ter obtido o acordo quer das centrais sindicais, (incluindo a CGTP - o que não admira pois foi esta quem mais se bateu por este aumento) quer do patronato.

Pois é, mas o patronato já veio dizer que só aceitou este aumento porque pretende (ou já recebeu) a garantia de maior flexibilidade nos despedimentos. Quer dizer, não se importa de pagar mais. Desde que seja a menos trabalhadores. O que significa que os que vão para a rua não vão ganhar nada com o negócios. O costume. Os capitalistas nunca perdem

Ah, e de qualquer modo, mesmo com este aumento, o salário mínimo trabalhadores portugueses continua a ocupar o oitavo lugar mais baixo entre os 18 países da União Europeia, sabendo nós que o nosso custo de vida está longe de ser dos mais baixos.

Quer dizer que não passamos da cepa torta e não vale a pena desperdiçar foguetes, que a vida está cara.

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Aumenta a desigualdade na distribuição da riqueza

Você reparou na notícia hoje difundida pelos meios de comunicação social sobre a desigualdade na distribuição na riqueza mundial? Você, reparou. Faço-lhe a justiça de acreditar que reparou. Você é, presumo, uma pessoa com um nível cultural acima da média, tanto que até viaja pela internet e percebe desta coisa de blogues. Mas será que a maioria dos cidadãos reparou mesmo? Talvez muitos até tenham lido e ouvido, mas reparar e tirar ilações duvido. "Eles" conhecem o grau de literacia dos seus súbditos. "Eles" não se importam de revelar certas coisas, pois partem do princípio que aquilo que revelam só vai ser assimilado por aqueles que já estavam informados. Eles sabem o caldo de cultura com que, insidiosamente, vão alimentando o povo, através sobretudo da televisão.

Pois é, você reparou que se você tiver um património de 1700 Euros (não é o rendimento, note, é património) e você tem de certeza - basta ter um televisor um computador razoáveis -você faz parte da metade mais rica da população mundial? Imagine então a situação da outra metade dos habitantes do nosso planeta, todos mais pobres do que você (e do que eu, naturalmente)!

Você sabe que, se em vez dos 1700 Euros tiver 50 mil euros (qualquer casita, hoje, custa isso), você pertence mesmo ao grupo dos 10 mais ricos do mundo?

Você sabe que, constituindo apenas 6% da população mundial, os Estados Unidos e o Canadá possuem juntos 34% da riqueza mundial (à custa da exploração de outros povos, claro)? Que só o Bill Gates tem uma fortuna de 50 mil milhões de dólares?

Você sabe, claro. Só que a maioria dos cidadãos está (des) educada para não pensar nisso. O que interessa mesmo é quantos golos meteu o Clube X, quem é o próximo treinador clube Y, quantas plásticas já fez a senhora Lili Caneças, quantos namorados já teve a Elsa Raposo, que o fulano vai para a cama com fulana e por aí, que sicrano leva naquilo que é seu... é isto que nos adormecem, é com isto que os nosso “donos” contam. Para tanto semeiam.

E nós, mesmo nós que percebemos, mais ou menos, as coisas. Nós estamos bem, muito obrigado. Nós, não é bem assim, eu não me sinto nada bem, e estou a escrever isto com um nó no estômago. Ai a raiva que isto me dá!

Meus Amigos, há que mudar este estado de coisas. O mundo não pode continuar assim. Há que mudar, há que mudar, mudar...

Já sei, sou um ganda chato. Pois é...

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E já agora, para se verem que isto já me mete raiva há muitos anos
podem ver
CONHEÇO-TE, CAMARADA
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terça-feira, dezembro 05, 2006

A MÁ SAÚDE QUE TEMOS

O Editorial do Diário de Notícias aborda hoje, de uma forma notável os prejuizos que podem decorrer (e decorrem, opino eu) para a saúde publica da privatização ou gestão empresarial dos hospitais públicos. È tão claro e tão explícito e tão digno de ser lido o artigo, que julgo da maior utilidade transcreve-lo na íntegra. Afinal os blogues são hoje mais lidos que os jornais.

A saúde doente
Helena Garrido

Na série televisiva Dr. House há uns episódios em que a clínica recebe uma generosa injecção de capital de um empresário que obviamente se impõe como presidente da administração. O hospital passa a ser gerido com critérios puramente financeiros. Depois de várias peripécias, o empresário vai-se embora e leva o dinheiro consigo. Tudo regressa à normalidade, gastando-se o que for preciso para salvar uma vida. Não se explica como se passa a pagar as facturas.

Na realidade é preciso ter quem pague as facturas. Mas quando se impõem critérios apenas financeiros nos hospitais o resultado é, obviamente, a degradação dos serviços de saúde.

Quando, em 2002, o então ministro da Saúde Luís Filipe Pereira começou a concretizar o modelo dos hospitais com gestão empresarial, uma ideia do seu antecessor e actual ministro Correia de Campos, percebeu-se logo que os doentes mais caros e prolongados estavam condenados.

No papel existia um modelo com vários tipos de hospitais. Uns tinham objectivos financeiros apertados. E quando se alertava para o efeito perverso que a ausência de objectivos de qualidade poderia causar, a resposta estava nos hospitais de retaguarda, que iriam aparecer e que garantiriam o tratamento aos doentes prolongados e mais caros. Como se esperava, só se concretizou a parte financeira do modelo. E aconteceu exactamente o que se previa: hospitais a recusarem doentes que lhes podem "estragar" os objectivos... financeiros.

A afirmação de ontem do presidente da Autoridade Reguladora da Saúde, Álvaro Almeida, revelando existir a "suspeita" de que há hospitais públicos a recusarem acompanhar portadores de esclerose múltipla não é nada que não se esperasse. É de elogiar a coragem de dizer o que já se esperava, mas deve igualmente criticar-se a forma como o fez. Um responsável pela regulação da saúde não pode falar em "suspeitas". Se existem casos deve actuar de imediato.
O modelo que está em vigor reúne condições para os hospitais recusarem não apenas acompanhar portadores de esclerose como muitos outros casos.

A gestão empresarial dos hospitais pode ser um caminho para reduzir o desperdício e melhorar os cuidados médicos. Mas, como está concretizada, é apenas uma via de degradar a assistência na saúde. Os objectivos financeiros deveriam ter sido completados com exigência de qualidade e obviamente com os hospitais de retaguarda. Como sempre, ficou-se pelo corte de custos e pela criação de empresas com lugares para ocupar nas administrações. Tudo o resto, o mais importante, ficou por fazer estragando uma boa solução. O resultado final, ainda o veremos, será gastar mais e ter pior saúde. Lamentável.

Os sublinhados são de minha responsabilidade

Nem faço comentários ao artigo. Está cá tudo o que precisamos saber acerca da bondade da gestão privada da saúde. lagarto, lagarto, lagarto!

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No Brasil:

Porém este editorial faz-me lembrar um assunto que andava há tempos para abordar e sucessivamente me tenho esquecido.

Lembram-se certamente que o Lula da Silva partiu para a segunda volta das eleições presidenciais numa situação algo periclitante, com as sondagens a aproximar Ackerman perigosamente do primeiro lugar. Pois bem, a vitória de Lula ficou logo assegurada a seguir ao primeiro debate com o seu opositor - debate que, curiosamente, foi dado pelos media como tendo sido ganho por este. A verdade é que o povo teve uma visão diferente dos lideres de opinião e foi a parti daí que a balança começou a pender decididamente para o lado de Lula.

E isto porquê? Muito simplesmente, porque Ackerman, julgando que estava afazer uma grande coisa, prometeu incrementar a privatização da saúde e de outros serviços públicos.

Pois bem, apesar de os serviços públicos do Brasil deixarem muito a desejar (são bem piores do que os nossos) o povo brasileiro ficou apreensivo com tal perspectiva e o seu voto ficou decido logo nesse dia a favor de Lula, que é pela manutenção e melhoramento dos serviços públicos. É que, dizem os brasileiros, em Serviços públicos, como os telefones, que foram privatizados e em que a oferta até melhorou, eles sentiram que o relacionamento com essas empresas passou a ser mais impessoal, mais desumanizado, mais perigosamente exposto à ganância do lucro.

Os jornais por cá deram esta notícia, no meio das muitas referentes à campanha eleitoral brasileira, mas não lhe deram o destaque que a mesma requeria. Pudera! Os Jornais são propriedade de capitalistas ávidos de, com a colaboração dos sucessivos governos que nos têm desgovernando, colocar as mãos nos serviços públicos do Estado, que ainda vão restando.

Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça. Enquanto é tempo.
A vampiragem espreita na sombra

Ah Zeca Afonso, que falta nos fazes!

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segunda-feira, dezembro 04, 2006

VENEZUELA E IRAQUE


Vitória de Hugo Chávez

Em eleições limpas e transparentes, altamente participadas e testemunhadas por observadores de vários países estrangeiros, Hugo Chávez, que se apresentou a votar no seu velho “carocha” que ele próprio conduz, consagrou-se vencedor das eleições Presidenciais na Venezuela, com uma diferença de mais de vinte pontos percentuais sobre o seu mais próximo competidor. o social-democrata Manuel Rosales.

O Governo norte-americano e os meios de comunicação por ele controlado em todo o mundo - os quais, infelizmente, encontram, eco em muito boa gente que tinha obrigação de ser mais esclarecida e mais atenta, tentam há anos vender a ideia de que Chávez é um tresloucado e um ignorante, odiado pelo seu povo.

Em 2002 promoveram mesmo um golpe de Estado que o derrubou e o encarcerou, na sequência de uma campanha de agitação social recheada de greves e sabotagens, em que as meninas “bem” vinham para a rua bater panelas e tachos, como tinham feito no Chile antes do derrube de Allende e assassinato da democracia chilena.

De nada lhes valeu, pois menos de 48 horas volvidas o povo o libertou e voltou a pô-lo no lugar para que fora eleito, livre e democraticamente. Em 2004, essa mesma elite que, raivosa, continuou a conspirar, exigiu fosse feito um referendo para decidir se Chávez devia continuar no poder e Chavez venceu. E ontem voltou a vencer, de forma clara, por uma maioria esmagadora.

Nada a fazer. Os ricos odeiam-no, mas os pobres amam-no. E os Americanos têm de o gramar. É que o tempo da política da canhoneira já lá vai. A América latina soma e segue.

Foto recolhida do DN de hoje, data venia
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Complicadíssima. Só os americanos é que não perceberem, nem nunca vão perceber

A Situação no Iraque é hoje pior do que na época da ditadura de Sadam

Quem o diz é Kofi Annan,

que considera um dos maiores desgostos que leva da sua acção como Secretário-Geral da ONU, não ter conseguido evitar a Invasão do Iraque por parte dos Americanos, que o fizeram à revelia e contra o parecer daquela Organização.

Mais diz Kofi Annan:

«Se eu fosse um iraquiano normal, obviamente faria essa comparação, de que quando tinham um ditador brutal podiam estar na rua, sair, de que as crianças podiam ir à escola sem que a mãe ou o pai receassem nunca mais voltar a ver o filho».

Onde os americanos se metem é isto que acontece. E está tudo dito.

Cartoon publicado no dN de 30-XI-2006, data venia
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Vitória de Hugo Chavez

Em eleições limpas e transparentes, altamente participadas e testemunhadas por observadores de vários países estrangeir, Hugo Chávez, que se apresentou a votar no seu velho “carocha” que ele próprio conduz consagrou-se vencedor das eleições Presidenciais na Venezuela, com uma diferença de mais de vinte pontos percentuais sobre o seu mais próximo competidor. o social-democrata Manuel Rosales.

O Governo norte-americano e os meios de comunicação por ele controlado em todo o mundo, os quais, infelizmente, encontram, eco em muito boa gente que tinha obrigação de ser mais esclarecida e mais atenta, tentam há anos vender a ideia de que Chávez é um tresloucado e um ignorante, odiado pelo seu povo.

Em 2002 promoveram mesmo um golpe de Estado que o derrubou de pois de uma campanha de agitação social em que as meninas “bem” vinham para a rua bater panelas e tachos, como tinham no Chile antes do derrube e assassinato da democracia chilena.

De nada lhes valeu pois povo o voltou a pôr no lugar para que fora eleito. Em 2004, essa mesma elite exigiu fosse feito um referendo para decidir se Chávez devia continuar no poder e Chavez venceu. E ontem voltou a vencer por uma maioria esmagadora.

Nada a fazer. Os ricos odeiam-no, mas os pobres amam-no. E os Americanos têm de o gramar. É que o tempo da política da canhoneira já lá vai. A América latina soma e segue

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A Situação no Iraque é hoje pior do que na época da ditadura de Sadam

Quem o diz Kofi Annan,

que considera um dos maiores desgostos que leva da sua acção como Secretário-Geral da ONU, não ter conseguido evitar a Invasão do Iraque por parte dos Americanos, que o fizeram à revelia e contra o parecer daquela Organização.

Mais diz Kofi Annan:

«Se eu fosse um iraquiano normal, obviamente faria essa comparação, de que quando tinham um ditador brutal podiam estar na rua, sair, de que as crianças podiam ir à escola sem que a mãe ou o pai receassem nunca mais voltar a ver o filho».

Onde os americanos se metem é isto que acontece. E está tudo dito.

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