ENQUANTO E NAO

segunda-feira, julho 31, 2006

CARTA A UM INTELECTUAL ISRAELITA

CARTA A FRANK (intelectual judeu)
Boaventura De Sousa Santos*

Curiosamente, este texto foi-me enviado de São Paulo (Brasil) por um amigo brasileiro, de família judaica


Escrevo-te esta carta com o coração apertado. Deixo a análise fria para a razão cínica que domina o comentário político ocidental. És um dos intelectuais judeus israelitas - como te costumas classificar para não esquecer que um quinto dos cidadãos de Israel são árabes - mais progressistas que conheço.
.
Aceitei com gosto o convite que me fizeste para participar no Congresso que estás a organizar na Universidade de Telavive. Sensibilizou-me sobretudo o entusiasmo com que acolheste a minha sugestão de realizarmos algumas sessões do Congresso em Ramalah.
.
Escrevo-te hoje para te dizer que, em consciência, não poderei participar no congresso. Defendo, como sabes, que Israel tem direito a existir como país livre e democrático, o mesmo direito que defendo para o povo palestiniano. "Esqueço" com alguma má consciência que a Resolução 181 daONU, de 1947, decidiu a partilha da Palestina entre um Estado judaico (55%do território) e um Estado palestiniano (44%) e uma zona internacional (os lugares santos: Jerusalém e Belém) para que os europeus expiassem o crime hediondo que tinham cometido contra o povo judaico. "Esqueço" também que, logo em 1948, a parcela do Estado árabe diminuiu quando 700.000 palestinianos foram expulsos das suas terras e casas (levando consigo as chaves que muitos ainda conservam) e continuou a diminuir nas décadas seguintes, não sendo hoje mais de 20% do território.
.
Ao longo dos anos tenho vindo a acumular dúvidas de que Israel aceite, defacto, a solução dos dois Estados: a proliferação dos colonatos, a construção de infra-estruturas (estradas, redes de água e deelectricidade), retalhando o território palestiniano para servir os colonatos, os check points e, finalmente, a construção do Muro de Sharon apartir de 2002, desenhado para roubar mais território aos palestinianos, os privar do acesso à água e, de facto, os meter num vasto campo de concentração). As dúvidas estão agora dissipadas depois dos mais recentes ataques na faixa de Gaza e da invasão do Líbano.
. E agora tudo faz sentido. A invasão e destruição do Líbano em 1982 ocorreu no momento em que Arafat dava sinaisde querer iniciar negociações, tal como a de agora ocorre pouco depois do Hamas e da Fatah terem acordado em propor negociações.Tal como então, foram forjados os pretextos para a guerra. Para além de haver milhares de palestinianos raptados por Israel (incluindo ministros de um governo democraticamente eleito), quantas vezes no passado se negociou a troca deprisioneiros?
.
Meu Caro Frank, o teu país não quer a paz, quer a guerra porque não quer dois Estados. Quer a destruição do povo palestiniano ou, o que é o mesmo, quer reduzi-lo a grupos dispersos de servos politicamente desarticulados, vagueando como apátridas desenraizados em quadrículos de terreno bem vigiados.Para isso dá-se ao luxo de destruir, pela segunda vez, um país inteiro e cometer impunemente crimes de guerra contra populações civis. Depois do Líbano, seguir-se-á a Síria e o Irão. E depois, fatalmente, virar-se-á o feitiço contra o feiticeiro e será a vez do teu Israel. Por agora, o teu país é o novo Estado pária, exímio em terrorismo de Estado, apoiado por um imenso lobby comunicacional - que sufocantemente domina os jornais do meu país - com a bênção dos neoconservadores de Washington e a vergonhosa passividade a União Europeia.
.
Sei que partilhas muito do que penso e espero que compreendas que a minha solidariedade para com a tua luta passa pelo boicote ao teu país. Não é uma decisão fácil. Mas crê-me que, ao pisar a terra de Israel, sentiria o sangue das crianças de Gaza e do Líbano (um terço das vítimas) enlamear os seus passos e embargar-me a voz.
.
revista "Visão" - 27 de Julho de 2006
.
* Boaventura de Sousa Santos é Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e Distinguished Legal Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Wisconsin-Madison. É igualmente Director do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e Director do Centro de Documentação 25 de Abril da mesma Universidade.
______________________________________________
Veja também o meu outro blogue

domingo, julho 30, 2006

O MASSACRE DE CANÃA

Posted by Picasa
O SEGUNDO MASSACRE
DE CANÃA

E A COBARDIA DA UNIÃO EUROPEIA

Cinquenta e cinco civis, incluindo 27 crianças, abrigados numa instalação da ONU em Qana (Canãa),
no sul do Líbano, foram massacrados hoje, 30 de Julho, pela fúria assassina do estado judeu. Aquele local foi objecto de um ataque específico e deliberado da força aérea americano-sionista. Trata-se de uma reincidência no crime. Dez anos atrás, em 18 de Abril de 1996, na mesma aldeia no sul do Líbano, a força aérea de Israel efectuara a operação "Vinhas da ira", bombardeando e matando 106 civis abrigados no edifício da UNIFIL.
Ver
http://www.uruknet.info/

Enquanto isso, a União Europeia permanece incapaz de pronunciar uma condenação clara e frontal dos crimes da coligação americano-sionista. Presta-se, ao contrário, a acolitá-la com o envio de uma força multinacional. O sub-imperialismo europeu confirma assim o seu papel de caudatário do imperialismo americano.

>Alega o Primeiro Ministro de Israel Olmert que os habitantes desta zona tinham sido avisados para a abandonarem pois ia ser submetida a bombardeamentos e culpa o Hezbollah por não os ter deixado sair para que servissem de escudo. Mais diz o Sr. Olmert que estes refúgios costumam ser disfarces para depósito de armas do Hezbollah e locais de lançamentos de rockets sobre Israel. Ora o enviado especial da RTP, o insuspeito José Rodrigues dos Santos garantiu hoje, no Telejornal, que tendo visitado os destroços do massacre não viu, nem ele nem nenhum dos muitos jornalistas presentes , quaisquer fragmentos que pudessem sugerir a existência de armamento no local. Mais disse José Rodrigues dos Santos que tendo falado com alguns dos sobreviventes estes lhe garantiram que todos os que ocupavam o refúgio, muitos pessoas idosas, tinham ali permanecido por vontade própria pois preferiam morrer na sua terra do que ir morrer como cães em terra estranha.
Notícias posteriores referem que o número de mortos é superior a 60, dos quais 37 eram crianças. A maioria das pessoas recolhidas no abrigo eram deficientes físicos e mentais.

A mentira tem perna curta, como se vê.

E pensar que esta terra, Canãa, está ligada à vida de Jesus, e a uma história de amor, pois foi aqui que se terá dado o milagre da transformação da água em vinho, no célebre episódio das “bodas de Canãa!

Há que parar com estas chacinas! Há que pôr fim imediato a esta guerra suja!
_____________________________
Veja também o meu outro blogue

quarta-feira, julho 26, 2006

COISAS FEIAS

Um país de invejosos: o nosso

Os órgãos de comunicação social, os “direitinhas” e outros que não sendo de direita são parvos e maledicentes encheram ontem o papinho com a notícia e comentários reles à noticia amplamente divulgada de que Manuel Alegre tinha sido contemplado com uma reforma de três mil e não sei quantos Euros. E vá de malhar no homem e vá de malhar nos políticos e vá de malhar no 25 de Abril. Foi um fartar , vilanagem.

Confesso que não morro de amores por Manuel Alegre. Como político, pois como poeta e prosador o tenho em muitíssimo boa conta. Agora o homem não merecia (ninguém merece) os ataques soezes com que, a este propósito, tem sido mimoseado.

O cidadão Manuel Alegre completou 70 anos. Atingiu o tempo máximo para a sua reforma. O cidadão Manuel Alegre exerce as funções de deputado, ininterruptamente, desde de 1975. A entidade processadora da reforma (Caixa Geral de Aposentações), fez as contas aos descontos efectuados pelo cidadão e, para elaboração do cálculo da reforma, incluiu também, obviamente, as contribuições referentes aos três meses em que ele prestou serviço na RDP. Não é isso que acontece com todos os trabalhadores ?
Manuel Alegre não recebe uma pensão de três mil euros pelos três meses que trabalhou na RDP. Esses três mil euros são referentes à pensão que lhe cabe pelo total dos seus anos de serviço e correspondentes prestações contributivas.
E, diga-se de passagem, nem sequer é uma importância por aí além. É superior à dos meus 42 anos de serviço, é certo, mas eu sei e toda a gente sabe que um deputado (que nem sequer ganha demais) ganha mais do que um ferroviário.
Razão tem Manuel Alegre ao dizer "É a coisa mais miserável que me fizeram na vida. Nem no tempo do Salazar..."
Cambada de invejosos!

___________________________________________
Um País Agredido: o Líbano

> Vi e ouvi ontem na RTP
Um dos correspondentes da RTP no Líbano dizia ontem, citando um jornal libanês, que um dos bairros de Beirute, apresentava um tal grau de devastação, que fazia lembrar o “zeroground” designação por que ficou conhecida a cratera deixada pela destruição das Torres Gémeas em Nova York e que tanto chocou o mundo.
Onde param agora essas almas sensíveis?

>Vi e ouvi, ontem na TV,
o primeiro ministro de Israel, o sr Olmert, tendo a seu lado a incontornável sra. Condoleeza Rice, lamentar com ar muito compungido que o Hezbollah procura deliberadamente matar pessoas em Haifa, com os seus rockets. A sério? Devo concluir, por este espanto que os bombardeamentos indiscriminados ao Líbano por parte de Israel se destinam a curar pesoas. Assim curou, entre muitas centenas os quatro observadores das Nações Unidas. É preciso ter lata!

> Vi e ouvi ontem na Sic:
O enviado Paulo Camacho entrevistando
Uma mulher libanesa, no hospital ferida pelas bombas Israelitas amaldiçoar Israel que, por tudo o que está a fazer ao seu povo devia ser varrido do mapa ( não m lembro das palavras exactas mas o sentido era este) e Paulo Camacho, enviado da Sic comentava “ estas palavras até agora faziam parte do fraseário do Hezbollah, daqui em diante elas podem ser ouvidas da boca de qualquer libanês”.

Pois é. Como resposta à primeira invasão israelita, surgiu o Hezbollah. Que movimento, certamente mais radical, sairá desta nova invasão?
Quem é que fomenta o terrorismo, afinal?
Mas será que estes gajos não aprendem?
_________________


O Senhor Vasco Graça Moura

A crónica do Sr. VGM desta semana ocupa-se também deste assunto. Não o li até ao fim pois arriscava-me a vomitar sobre o teclado, tal o nojo deste seu tipo de prosa. É o costume.
Cada vez que se me depara uma das suas venenosas diatribes me interrogo: Como é que este homem, poeta de fina sensibilidade, e prosador de mérito reconhecido, que leio com o maior prazer, pode ser, ao mesmo tempo o trauliteiro político que se revela neste tipo de crónicas? Mas, o que mais, mais mais me causa um incontido espanto é o beato fervor que este notável intelectual nutre pelo cinzenta figura do seu super-ídolo, o Professor Aníbal
Ele há coisas!!!
_____________________________________

Pode ainda encontrar o sabor do Pão centeio
no poema "Aldeia Minha"
em
http://escritosoutonais.blogspot.com

MAÇORES; ALDEIA MINHA

Leia o poema
"Maçores, Aldeia Minha"
no meu outro blogue

segunda-feira, julho 24, 2006

ISRAEL, contas furadas


Parece que desta vez a arrogância de Israel está a levar uma resposta pela qual não esperava. Afinal a Mossad também se engana. Julgava que a agressão ao Líbano era um questão de poucas horas ou dias, e afinal saiu-lhe um osso mais duro de roer do que aquele com que contava. Ainda ontem dizia que a operação iria durar mais uns dez dias, na convicção de que nesse prazo de tempo teria neutralizado as milícias do Hezbollah, afinal já hoje vem a falar na necessidade de um cessar fogo. Também a sra. Condoleeza Rice afinava pelo mesmíssimo defendendo que era necessário dar a Israel os 10 dias de que este necessitava para consumar a sua operação de limpeza e já hoje vem igualmente falar na necessidade de estabelecer um cessar fogo. Pois é muito fácil. Quem começou a agressão que lhe ponha fim e os outros lhe seguirão exemplo.

Só que não ha cessar fogo algum que devolva a vida às centenas de mortos que esta guerra brutal e não declarada provocou, nem que levante os prédios reduzidos a escombros, ou relance as ponte destruidas ou concerte as estradas esventradas, nem que faça esquecer a arrogância deste governo de Israel, que ainda hoje ameaçou (ouvi na TSF) que "por cada prédio destruido pelos rockets do Hezbolla destruirá 10 prédios no Líbano"

E o nossso Governo? Esse vai na onda, como sempre. O que o Sr. Bush fizer está bem para ele. Só agora, que a maré está a mudar é que o Sr. Sócrates entendeu por bem pronunciar-se, tomando mesmo a iniciativa de propor um encontros dos MNE dos países da União Europeia para debater o assunto. Tarde e más horas.

A propósito deste embróglio, permito-me transcrever, data vénia, um artigo publicado hoje no PÚBLICO:


"Israel subestimou a capacidade de combate do Hezbolhah"
Público 24-07-06

Ana Navarro Pedro em Paris
.

Tido como um dos melhores especialistas internacionais em geopolítica, este professor francês mostra-se pessimista
.


com a situação no Médio Oriente e afirma que as soluções militares "são sempre provisórias", causando novos problemas políticos e estratégicos muito mais importantes, a curto prazo. Por
.

Pascal Boniface é director do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), um dos mais importantes think tanks franceses. Autor de uns quarenta livros sobre geopolítica, professor universitário, foi membro do Comité Consultivo para o Desarmamento junto do secretário-geral da ONU entre 2001 e 2005.
.
Que razões determinaram a operação de guerra de Israel no Líbano?
.
A amplitude desta operação indica que estava preparada desde há muito e que o rapto de dois soldados israelitas pelo movimento xiita libanês Hezbollah foi a ocasião escolhida para a lançar. Duvido que bombardear de forma tão intensa o Líbano seja eficaz. Não se obtém assim a libertação de dois soldados, nem se alcança o objectivo indicado por Israel: destruir o Hezbollah. Para isso seria preciso lançar uma operação terrestre. E se Israel hesitou em fazê-lo, é porque sabe que, se as infra-estruturas do Hezbolhah fossem destruídas, seriam reconstruídas em pouco tempo. Não esqueçamos que foi a invasão do Líbano por Israel, em 1982, que facilitou o aparecimento do Hezbollah. E se for erradicado agora, a pergunta seguinte é: que novo tipo de Hezbollah sairá desta guerra?
.
Uma iniciativa diplomática tem hipóteses de sucesso?
.
Não há solução militar viável neste tipo de conflito. Mas, por ora, os Estados Unidos não se mexem no sentido de uma solução diplomática porque querem dar tempo a Israel para ter sucesso na opção militar. O problema é que as soluções militares são sempre provisórias e, em geral, causam problemas políticos e estratégicos muito mais importantes a curto prazo
.
Quanto tempo pode durar essa opção militar?
.
A antiga secretária de Estado Madeleine Albright - de quem não se pode dizer que tenha simpatias pró-Hezbollah ou sentimentos anti-israelitas - disse desde os primeiros dias de combate que era lamentável que Condoleeza Rice ainda não tivesse sido enviada ao Médio Oriente. Os EUA deixam a rédea solta a Israel porque acreditam numa escolha binária - que há os bons e os maus e que a solução militar é mais eficaz contra os maus. Mas Rice partiu para o Médio Oriente este fim-de-semana e vai voltar lá daqui a uma semana. Tudo isto parece ser uma operação cuidadosamente concertada para assinalar o começo do fim da carta branca dada por Washington ao exército israelita.
.
Os EUA serão credíveis como mediadores diplomáticos depois de terem alinhado incondicionalmente com Israel?
.
Se Washington quiser desempenhar esse papel terá de contactar com gente a quem recusa falar hoje, tanto em Damasco como em Teerão. Senão, terá de recorrer à mediação da Rússia, que está de novo influente no Médio Oriente.
.
Israel pode aceitar um cessar-fogo sem ter alcançado pelo menos uma parte dos seus objectivos?
.
No plano político, não. Mas, no plano militar, não vejo como é que Israel vai recuperar os seus soldados raptados sem um cessar-fogo - salvo acaso milagroso, mas é de crer que o Hezbollah os terá enviado para uma zona pouco acessível. A estratégia dos bombardeamentos aéreos falhou. Seria necessário que o estado-maior israelita admitisse o seu fracasso e que o poder civil israelita, que autorizou essa estratégia, fizesse o mesmo. Isso exige uma coragem imensa, mas tentar ganhar com combates terrestres o que não se ganhou com a guerra aérea seria muito arriscado.
.
O exército israelita subestimou a capacidade de combate do Hezbollah?
.
Israel estimou perfeitamente a capacidade de inacção da comunidade internacional, e subestimou a capacidade de resposta do Hezbollah. Israel apostou que, ao tomar o Líbano como refém, o resto do povo libanês se revoltaria contra o Hezbollah e apostou ainda que o movimento xiita não conseguiria resistir a mais de uma semana aos golpes aéreos. Ora, nestes dois pontos, Israel perdeu a sua aposta. Mesmo se muitos libaneses são contra o Hezbollah, é para Israel que vão as principais críticas.
.
Que conclusões tira da capacidade de resistência do Hezbollah?
.
Primeiro, que apresentá-lo unicamente como um movimento terrorista não faz sentido: vê-se que o Hezbollah também é um adversário político determinado de Israel. Em segundo lugar, o que acontece no Líbano, incluindo o rapto dos dois soldados israelitas, mais não é do que a consequência indirecta do que aconteceu em Gaza. Na ausência de reacções dos países europeus, dos países árabes e dos Estados Unidos em relação à ofensiva contra a Faixa de Gaza, o Hezbollah entreviu um espaço político a ocupar.
.
Como explica a apatia dos europeus e o silêncio dos países árabes?
.
Há países árabes inquietos com o novo poder dos xiitas e que, por isso, não ficariam descontentes se vissem desaparecer o Hezbollah pró-iraniano. O que esses países não percebem é que o Hezbollah tem hoje sucesso nas opiniões públicas árabes sunitas porque o movimento preenche um vazio: representa a oposição a Israel e ao seu aliado, os EUA. No caso da Europa, recorde-se que, em 2003, uma parte dos europeus se opuseram com firmeza à guerra no Iraque. Mas hoje a sua prioridade parece ser não se zangarem com os americanos.
.
O alinhamento dos EUA não provoca um vazio diplomático na região?
.
A política americana no Médio Oriente faz-se ao sabor do vento, como se vê no exemplo contraproducente do Iraque, e obedece a um "laissez-faire" total no caso de Israel. O vazio diplomático não é uma causa dessa política, é uma escolha deliberada de deixar as mãos livres a Israel. Há uma proximidade cultural e intelectual americano-israelita, a ideia de "eles contra nós", de dois "países virtuosos" que se sentem cercados por adversários comuns que não são virtuosos. Isto decorre da lógica da guerra contra o terrorismo. O problema é que não se consegue combater o terrorismo desta maneira.
________________________________
Prove também o meu "pão centeio"
em
e, por favor, diga-me a que lhe soube

sábado, julho 22, 2006

ISRAEL, BASTA!

O governo de Israel continua a fazer o que quer e lhe apetece na região de que se tornou rei e senhor - fiel herdeiro e continuador que é, dos regimes colonialistas que outros, antes de partir lhe colocaram nas mãos. Israel tem as costas quentes. Os Estados Unidos apoiam-no sem rebuços, a Europa assobia para o lado, sem pudor.

Volto ao tema que tenho vindo a abordar ao longo dos úlimos dias: Israel detêm arbitrariamente cerca de 1500 prisioneiros palestinianos, que tem ido prender em território palestiniano, dentro das suas residências, sempre que isso lhe dá na real gana; elementos civis do Hamas e do Hezbollah raptam, como moeda de troca, 3 soldados israelitas. Em todo o mundo acontecem situações como esta que se resolvem (ou não) através de complicadas e morosas negociações e recurso, por vezes, a moderadores credenciados de outros países.

Pois Israel não está com meias medidas: toca a bombardear a faixa de Gaza, matando e destruindo tudo o que lhe aparece pela frente (um bom pretexto para recuperar o que recentemente se viu obrigado a ceder naquele território), toca a raptar ministros de um governo legalmente constituído, toca a invadir o Líbano, bombardear cidades, vilas e aldeias, pontes e estradas, com todos os meios ao seu alcance, marinha aviação, canhões de longo alcance, rockets, fazendo centenas de vítimas, homens, mulheres e crianças inocentes.

Claro que o Hezbollah riposta.Só só que com muito menos capacidade ofensiva. De vez em quando lá vem a notícia de que dos seus rockets matou uma ou duas pessoas – nada que se compare com as dezenas de mortes causadas diariamente pelas forças israelitas. Já estamos acostumados. Tem sido sempre assim. A reacção é sempre desproporcionada em relação à ofensa. Assim é Israel. É de sua natureza, como diz o lacrau. O David, nesta história não é judeu, como na bíblia. Aqui , judeu é o Golias.

O que mais me indigna nisto tudo, é a atitude da nossa Europa, dita cristã. Lamenta muito, derrama muitas lágrimas de crocodilo, entende que a reacção é um tanto exagerada mas é de opinião que Israel tem o direito de se defender (de quê, se é ele que ataca?) e que o Hezbollah tem de parar os seus ataques (como? se ele se limita a ripostar?) A frase “acabar com aquela merda” confidenciada pelo Sr. Bush ao Sr. Blair, e captada por indiscretos microfones na última e inútil reunião do G-8, significa apenas que é preciso que Israel consiga tranquila e rapidamente os objectivos que visa com esta aventura. Onde está a moral desta “estória”?

Israel, o agressor, tem de parar para que os agredidos parem. E tem de encontra mediadores para resolver o problema da troca de prisioneiros. É assim que procede um Estado de direito.

E Portugal?
"O Governo não tem posição a este respeito"? pergunta o insuspeito constitucionalista Vital Moreira. Não, o nosso Governo terá a opinião que tiver o Sr. Bush ou quando muito acompanhará os parceiros da União Europeia no seu hipócrita lacrimejar. É preciso muito mais do que isto. É preciso dizer basta à brutal agressão de Israel no Líbano. É preciso que Israel aprenda que não se pode portar como uma potência colonialista, como se ainda vivessemo no tempo da lei das canhoneiras. É preciso obrigar Israel a comportar-se como um Estado de direito; no seu próprio interesse e no interesse da paz mundial. Da violência só pode nascer mais violência.
Para quem não sabe, aqui fica a informação: o Hezbollah não existia antes da invasão, do Líbano por Israel, em 1982.Foi na sequência dessa invasão que este movimento nasceu. Agora, com esta nova agressão, outro movimento, surgirá. Mais perigoso, certamente, porque mais perigoso está o mundo depois do desaparecimento de uma das duas super-grandes potências que assegurava um equilíbrio que agora não existe mais.
=============================
Prove também um "fatroco" de pão centeio
no meu outro blogue
e, por favor, diga-me se gostou



quarta-feira, julho 19, 2006

À VOLTA DO próprio UMBIGO...

Como os meus visitantes certamente já repararam, há dias que este meu blogue não tem qualquer actualização. Pois é, a estas coisas da net já lhe vou dando um jeito, mas como burro velho não aprende línguas, ou as aprende com muita dificuldade, não admira que, quando um problema me surge, os meus 77 anos e a minha notória inexperiência nestas andanças me deixem completamente atarantado com esta jeringonça.

Acontece que durante uns dias não conseguia pura e simplesmente "postar" (envergonha-me o uso deste jargão, mas é o que permite mais fácil entendimento por parte dos bloguistas mais entranhados.
Só com a ajuda e um jovem amigo consegui ultrapassar o problema, que afinal era muito simples: tinha demasiadas entradas no frontespício do blogue.

Agora, o "post" "O Pão centeio", que coloquei no blogue escritosoutonais, apareceu-me, inexplicavelmente, sem possibilidade de receber comentários. Só dei por isso quando uma amável visitante me informou que, perante tal impossibilidade, tinha colocado um comentário no anúncio abaixo, neste blogue, referente ao referido "post" do outro blogue. Pois de então para cá, tenho gasto os meu ricos olhinhos, já tão fraquinhos, a tentar descobreir a causa deste súbito e inexplicável problema. Esforços infrutíferos.

Hoje, deu-me na gana, e fiz um novo post com o mesmo texto do pão centeio, tendo o cuidado, obviamente, de apagar o outro. É o que lá está agora
Então e não é que, tal como tinha desaparecido, o espaço para comentários, voltou subitamente a aparecer!!!
Pois é, mas enquanto no texto anterior tinha conseguido colocar duas fotos, neste, nem à lei de deus-padre consegui colocar qualquer delas. E mais: não consegui fazer espaços entre parágrafos. Só o consegui, como se pode verificar, pondo um ponto no lugar desses espaços. Tal tá a moenga!
Vá lá a gente a perceber estas máquinas infernais!

E com este arrazoado fiz a minha crónica de hoje.
Já lá está o Pão Centeio com lugar para comentários e, por favor, comentem. Nem que seja para dizer que não gostam do meu pão centeio

O bloguista de serviço
António Melenas

sexta-feira, julho 14, 2006

O PÃO CENTEIO

Veja a minha nova "estória"
O PÂO CENTEIO
no meu outro blogue

quinta-feira, julho 13, 2006

PROCURA-SE, VIVO OU MORTO (de preferência internado)

Noticia:A aviação israelita bombardeou nas últimas horas pelo menos 40 alvos no Líbano, entre eles pontes e infraestructuras como o aeroporto internacional de Beirute.

AVISO
Informam-se todas as pessoas de bem que anda um perigoso gangster aterrorizando o médio oriente. Veste-se usando diversos disfarces, umas vezes com um quico redondo no alto do toutiço, outras com chapéu preto de aba larga, por vezes usa barbicha e tranças, e outras apresenta-se com ar civilizado, tipo de banqueiro ocidental, que na verdade é o que melhor se lhe adapta.

Não é da zona. Morou muitos anos (cerca de dois mil) em diversos países estrangeiros para onde se exilou voluntariamente, - tanto que lhe chamavam
"o errante" - em todos esses paises fez fortuna, até que, com o pretexto de os seus antepassados terem aqui morado, e com a ajuda de outros parceiros igualmente pouco recomendáveis, resolveu voltar à terra dos seus antepassados, que ele, aliás, rejeitara.
Instalou-se numa propriedade da qual expulsou previamente os respectivos proprietários e moradores. e de então para cá não tem feito outra coisa senão desalojar outros vizinhos e apoderar-se dos seus pertences e bens.

É brigão, sofre de incontrolável complexo de superioridade que o leva a olhar e a agir com sobranceria e agressividade para toda a vizinhança. Reage de forma violenta e desproporcionada à mais pequena ofensa que um vizinho lhe faça; umas simples pedradas da garotada põem-no fora de si e exerce, em consequência, as mais crueis represálias sobre toda familia e famílias vizinhas.

É um autentico inimigo público, que ainda acaba por meter à bulha todo o bairro e memo toda a região.Há que detê-lo e, pelo menos, interná-lo, para descanso da vizinhança.
Quem tiver olhos para ver, que veja
Quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça

_________________________________________

Outro que precisa de ser internado

Este è cá do nosso bairro e teve o desplante de propor que o prémio de 50 mil Euros
atribuido aos jogadores da nossa selecção fossem isentos de impostos. O homem deve estar é xéxé! Como justificar esta medida de excepção para quem ganha as astronómicas verbas que estes atletas auferem? Seria uma ofensa para os restantes trabalhadores e creio que para os próprios jogadores que não precisam desa esmola. Seria mesmo ofuscar o valor da sua brilhante actuação.

____________________________________________

E que dizer deste

que, sendo Primeiro-ministro de um governo socialista, tem a lata de afirmar na Assembleia da república que as greves e contestações de que tem sido objecto por parte dos trabalhadores portugueses constituem uma vitória do executivo a que preside? O Paulo Portas não diria melhor!!
Eu não tenho aqui dito vária vezes que este governo se rege por um dicionário de antónimos?

sexta-feira, julho 07, 2006

VÁRIOS

Ai reclamas, então toma!

O Conselho de Ministros decide:Os contribuintes que apresentem uma reclamação junto das Finanças vão perder, automaticamente, o direito ao sigilo bancário
Mas isto é um Governo ou uma trupe de putos reguilas? O sigilo bancário há muito devia ter sido abolido. Agora fazê-lo, por pirraça, contra quem usa o seu direito de reclamar? Esta não lembrava ao diabo.E afinal quem é que reclama? Os que fogem ao fisco não reclamam coisa nenhuma. Quem reclama é quem cumpre com os seus deveres. Ora são esses - os cumpridores - que, precisamente, vão ser algo da pirraça do Estado.O costume, afinal
________________________________________________

O Bravo Sr Bush

A Coreia do Norte, dispõe, todos o sabem, de armamento nuclear. A Coreia do Norte procedeu há dias ao lançamento de sete mísseis, um dos quais, o Taepodong 2, com alcance susceptível de atingir os Estados Unidos. A Coreia do Norte garantiu ontem que procederá a novos lançamentos de mísseisOs Estados Unidos estão muito preocupados com isso. É natural. Mas os Estados Unidos não ameaçam invadir a Coreia do NorteConclusão: O bravo Sr. Bush não mandou invadir o Iraque por que este país ter armamento nuclear. O bravo sr. Bush mandou invadir o Iraque precisamente porque sabia (toda a gente sabia – excepto uns quantos Durões Barrosos, Luizes Delgados, Josés Manueis Fernandes e quejandos) que o Iraque não tinha armamento nuclear. Daí o fácil passeio até Bagdad.Em relação à Coreia o bravo Sr. Bush limita-se ficar preocupado.Lá diz o ditado: Quem tem cu, tem medo.

__________________________________________________

Israel é como o "Shelltox". Mata que se farta

Israel mata 21 palestinianos em 24 horas
DN
de 7-7-2006

Grupos armados de civis palestinianos raptam um soldado Israelita que conservam como refém, para negociar a libertação de mil e tal palestinianos delitos por Israel. Isto acontece em muitas partes do mundo. Em tais situações e os governos tentam resolver o assunto através de negociações ou mediações de outros países. Israel, não. Israel não age como um Estado de direito. Mobiliza o exército, bombardeia cidades, destrói residências de civis, rapta metade dos membros do governo palestiniano !!! Israel está acima de todas as leis.Israel mata em 24 horas 21 palestinianos.Pff.. grande coisa! Isto para israelitas são trocos miúdosAh, Quando me lembro das lágrimas que chorei sempre que via, em filmes e documetários, os sofrimentos dos judeus nos campos de concentração Nazis!!!!_________________________________________________

Efeméride

Passa agora um ano sobre o terrível atentado terrorista no metro de Londres. Depois disso, outros se lhe tem seguido em várias partes do mundo. No Iraque são diários. Onde se prova que a luta contra o terrorismo não passa pela ocupação militar de outras nações, não passa por Abu-Graibs, não passa por Guatánamos, não passa pelas torturas em aviões-prisão, não passa pela histérica violação das leis democráticas de cada país, não passa pelo exercício de um outro terrorismo, não menos condenável - o Terrorismo de Estado

Assim o entende António José Teixeira no seu editorial de hoje no DN, do qual transcrevo a seguinte passagem:
O desafio para o enfrentar (o terrorismo) passa por encontrar mais respostas de racionalidade. Defender valores não significa abdicar do direito nem da democracia. Significa não os evocar em vão. Ignorá-los quando dá jeito. Significa não criar condições que favoreçam o recrutamento dos desesperados. Significa respeitar mais os outros para sermos respeitados. Na era da globalização, o combate ao terrorismo só pode ser um combate pela liberdade, por mais liberdade.

Felizmente que não há só Barrosos, nem Delgados, nem Fernandes nesta terra!__________________________________________________
Leia a nova estóriaAMORES PROIBIDOS
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

quinta-feira, julho 06, 2006

O FUTEBOL e outros

Portugal no Campeonato do Mundo
Adeus Berlim

O sonho acabou para nós. Claro que só podia ter sido um sonho. Mas foi um sonho bom que ultrapassou todas as nossas expectativas. Ainda que seja só o quarto lugar, é caso para estarmos de parabéns. Tomáramos nós ocupar o 4º lugar no ranking mundial em todos os ramos de actividade. Infelizmente estamos a milhas de distância de tal perspectiva.

No caso do futebol tivemos a sorte de dispor de um lider competente. Em outras actividades nunca tivemos tal sorte e também nós, diga-se de passagem, não nos empenhamos com a mesma coesão, o mesmo vigor e a mesma determinação. Depende muito de nós, também, não estarmos mais bem colocados em outros níveis bem mais importantes do que o futebol.
Essa é que é essa!





Greve na Função Pública

Está hoje a decorrer no nosso país uma greve geral da função Publica. O ruido de fundo produzido pelo rescaldo da nossa derrota de ontem no futebol atira para segundo plano o seu acompanhamento nos órgãos de informação, mas o Governo não pode ignorar o significado de uma greve que une – o que raramente acontece – as duas centrais sindicais. Claro que isto não sucede por acaso e diz bem do grau descontentamento que grassa no seio dos servidores do Estado.




A teimosia do PS

Ignorando o veto de Cavaco Silva à proposta do Governo sobre a obrigatoriedade das listas partidárias incluírem pelo menos um terço de mulheres, o PS fez ontem aprovar na Assembleia da República, contra os votos contrários dos partidos da oposição e a abstenção do BE, uma proposta alternativa que substitui a rejeição das listas que não comportem tal exigência por cortes na subvenção estatal aos partidos que não a cumpram. Parece muito democrático mas são as próprias mulheres que não aceitam esta paridade obtida por imposição de uma qualquer lei que um partido se lembra de engendrar para seu próprio proveito.

Assim o entendem, por exemplo , Zita Seabra do PSD e Odete Santos do PCP.




Frase certeira

A propósito das recentes condenações do Tribunal de Aveiro relativas a casos de interrupções voluntárias de gravidez que ontem aqui mencionei, verberei a hipocrisia do PS que, além de ter ignorado a Lei, já votada favoravelmente na Asssembleia da República, que resolveria todos estes problemas, se entretem agora preconizar a realização de um referendo que ainda "não arranjou tempo" de promover, escreve Ruben de Carvalho num artigo publicado no DN de hoje, intitulado “ O dedo da hipocrisia” do qual destaco a seguinte passagem

“Os deputados socialistas continuam a considerar que é mais importante saber em que cadeira se senta o bispo do que a forma como a democracia trata este real problema da sociedade”

Ora toma! É assim mesmo.




Leia também
AMORES PERDIDOS
no meu blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

quarta-feira, julho 05, 2006

ABORTO: Condenações ainda?


Cinco novas condenações pelo “crime” de aborto no Tribunal de Aveiro

Como é possível que isto possa ainda acontecer?
Continuam os tribunais a ditar sentenças condenatórias contra mulheres por usarem o direito ao uso do seu corpo. Isto anos depois de na Assembleia da República ter sido aprovada por maioria uma lei em que tal direito lhes era reconhecido. Só a hipocrisia do beato Guterres impediu que a Lei entrasse em funcionamento, submetendo, sem respeito pela decisão soberana da Assembleia, o assunto a referendo, para o qual as forças mais retrógradas da nossa sociedade se empenharam em conseguir o chumbo.

Dizendo-se defensor do direito das mulheres, o Governo PS, continua a insistir na “tecla” do referendo

Insistindo na mesma hipocrisia, o governo do PS, que continua a insistir no mesmo erro de fazer novo referendo, que aliás tem vindo a protelar, vem agora, pela boca do seu porta-voz, Vitalino Canas, chorar lágrimas de crocodilo ao afirmar que estas condenações vêm "demonstrar que o assunto tem que ser resolvido com urgência", esperando que o referendo "crie as condições para isso".

Qual urgência, se nada tem feito nesse sentido?

Já o PCP, com a coerência de quem tem sempre defendido a despenalização do aborto sem recurso a referendo, uma vez que já foi aprovada na Assembleia da República, afirma que "a direcção do PS e o primeiro-ministro, José Sócrates, são política e moralmente responsáveis" pelas condenações de ontem, dado que "optaram por manter inalterável a actual lei penal".

Também em comunicado, o Bloco de Esquerda reagiu afirmando que "esta decisão comprova a urgência da modificação da lei que prevê a perseguição judicial das mulheres, a sua humilhação pública em julgamentos".

Quanto ao PSD e CDS, que mandam as suas mulheres abortar em países estrangeiros, assobiam para o lado, dizendo que não comentam casos judiciais

Mas que grande hipocrisia!
Até quando assistiremos a estas sentenças iníquas?

___________________________________________

Leia
AMORES PERDIDOS
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com


domingo, julho 02, 2006

O "NOSSO" XANANA

Comentários sobre Timor, já fiz de sobra. Ora hoje, porque que não me apetece escrever,e porque nem toda a gente lê o Expresso,limito-me a transcrever daquele semanário um artigo com o qual estou, em grade parte. de acordo. Devo dizer aliás, que o Xanana nunca me convenceu inteiramente, nem mesmo quando Portugal inteiro (e eu também) o apoiou comovidamente quando tal foi necessário para libertar o povo Timorense do jugo da Indonésia. Quanto a Xanana, sempre tive reservas, já quanto a Ramos-Horta nunca me inspirou e continua a não me inspirar a mínima confiança.
O nosso Xanana

Por Daniel Oliveira
Expresso1.07.2006
Como o próprio Presidente timorense bem resumiu, «onde há petróleo há problemas». E enquanto tudo isto acontecia, os portugueses foram acordando da sua candura. É que nem Xanana é o Nodi, nem Alkatiri é Fidel Castro.O RIGOR, quando chega a Timor, é abatido logo na praia. As paixões associadas a Timor nascem de uma certa condescendência colonial. Uma genuína solidariedade misturada pelo incómodo de ver outra potência no nosso lugar, provocou, há sete anos, uma onda nacional de revolta. Esse momento deu aos portugueses uma visão infantilizada dos timorenses, em que Xanana foi transformado num super-herói da Marvel. E assim se manteve. Convenhamos que é mais fácil gostar de um católico do Benfica, simpático e atrapalhado, do que de um sisudo muçulmano de nome impronunciável.Só que a verdade é mais dura. Xanana é um político inábil, embriagado pela sua própria figura. Até à chegada dos australianos andou a jogar à bola enquanto Alkatiri tratava da política e a situação se degradava. Já com o país a ferro e fogo percebeu-se que estava melhor quando estava calado.O discurso de Estado que fez antes de empurrar Alkatiri borda fora é digno dos Gatos Fedorentos. Xanana transformou-se num joguete fácil às mãos dos interesses na região.Alkatiri, com todos os seus defeitos, é, pelo contrário, um estadista frio mas responsável, sem carisma mas pragmático. Apesar de erros de palmatória, como o despedimento em massa de militares, foi minorando os estragos e contendo os seus apoiantes, ao mesmo tempo que as sedes da Fretilin eram destruídas em Díli. Fez tudo para evitar uma guerra civil. Imerso em erros e inexperiência, andou, durante os últimos anos, a tentar o improvável: impedir que Timor se transformasse de novo num satélite da Austrália e da Indonésia, procurando parceiros comerciais com menores interesses na região, como a China, o Koweit e o Brasil.É o preço dessa ousadia necessária que está agora a pagar. Porque, como ele próprio bem resumiu, «onde há petróleo há problemas». E enquanto tudo isto acontecia, os portugueses foram acordando da sua candura. É que nem Xanana é o Nodi, nem Alkatiri é Fidel Castro.
_________________________________________
Veja hoje uma nova estória
"AMORES PERDIDOS"
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com