ENQUANTO E NAO

quarta-feira, novembro 29, 2006

VÁRIOS

Bento XVI apoia adesão turca à União Europeia

O Vaticano "deseja que a Turquia possa aderir à União Europeia", garantiu ontem o chefe do Governo de Ancara, Recep Erdogan, no final de um encontro com o Papa Bento XVI, à chegada deste à capital turca para uma visita de quatro dias.
DN de 29-11-2006

Então em que ficamos? O cardeal Ratzinger não se tinha já manifestado, por mais de uma vez, convicto opositor à adesão da Turquia? Razão tiveram os que, na Europa, não foram na conversa, do Papa e dos católicos mais retrógrados, de que Constituição Europeia devia fazer referência à sua matriz cristã. Como a política do Vaticano navega, como qualquer outra, ao sabor das marés!

Sousa Tavares, ontem na TVI considerou esta atabalhoada declaração do Papa, mal pôs os pés em solo turco, como uma compra, uma espécie de barganha, da simpatia dos muçulmanos em geral e do governo turco em particular

E não foi?

__________________________________________

Bush destaca apoio militar de Portugal no Afeganistão
na Imprensa de hoje

Esse apreço por parte de Bush deriva do facto, salientado aliás pelo nosso Ministro da Defesa, de o destacamento português não ter limitações na sua colocação no terreno, mesmo em zonas mais perigosas (ao contrario de outros países que entendem dever retirar para zonas mais calmas) lhe conferir "maior valor operacional"

Pois é. Isso é o que pensa o senhor Bush e o Governo Português. E os soldados que por lá andam ? Não gostariam de estar sediados em zona menos perigosa para as suas vidas? Este comportamento do nosso Governo faz-me lembrar uma anedota que corria no tempo da Guerra da Coreia , na qual milhares de chineses morriam na frente de batalha que opunha a Coreia do Norte à do Sul apoiada pelo exército americano. Dizia-se então que “a União Soviética estava disposta a apoiar a causa da Coreia do norte até à morte do ultimo soldado…chinês”

_____________________________________________


Portugal recebeu 91 escalas de voos da CIA

A comissão temporária do Parlamento Europeu sobre a CIA está preocupada com 91 escalas de aviões da agência dos EUA feitas em aeroportos de Portugal e encoraja as autoridades do país a investigar de forma mais aprofundada algumas delas.
DN de 29-11-2006

E no entanto o nosso Governo não sabia de nada ou não dispunha de elementos que confirmassem tais voos. Seria por serem tão poucochinhas? Sempre a servil submissão aos interesses dos americanos!

Repúblicas laicas

A propósito da vista do papa à Turquia dizia há dias o pivot da RTP José Alberto de Carvalho que a Turquia é a única república muçulmana laica. Não é verdade. As mentiras repetidas acabam por se tornar verdades na cabeça de quem as diz, mas verdade verdadeira é que o Iraque de Saddam era também uma república muçulmana laica. Ditatorial é certo, mas laica. O que os americanos fizeram foi acabar com essa república laica e transformar o Iraque num Estado confessional, entregue aos xiitas – os mais extremistas dos muçulmanos, os mesmos, aliás que eles combatem no Irão. Isto é que é uma lógica!

_____________________________________

Veja também o meu outro site: aqui

segunda-feira, novembro 27, 2006

MÁRIO CESARINY

Morreu Mário Cesariny

Nasceu em Lisboa em 1923 e em Lisboa faleceu ontem com 83 anos de idade . Foi um artista inconformado que nunca se sujeitou a regras nem a escolas, embora se reclame de surrealista e assim o considerem os críticos.

Estudou belas-artes na Escola António Arroio e música com Fernando Lopes Graça. Mais tarde, viria a frequentar a Academia de La Grande Chaumière, em Paris, cidade onde conheceu André Breton, em 1947, e ainda nesse ano, integrou oGrupo Surrealista de Lisboa, afastando-se, então do movimento neo-realista

Passou, a partir daí, a adoptar uma atitude estética de constante experimentação, logo visível nas suas primeiras colagens e pinturas informalistas realizadas com tintas de água, e distribuídas no suporte de forma aleatória. Seria este princípio anárquico que conduziria a obra de Cesariny ao longo da sua vida (incluindo a sua produção poética, que o autor considerava construir a partir deste desregramento inicial das suas experiências na pintura). A continuidade da sua prática plástica levá-lo-ia, portanto, a seguir uma corrente gestualista, por vezes pontuada de um corrosivo humor. Dinamizador da prática surrealista em Lisboa, Cesariny iria criar «antigrupos», com a mesma orientação mas questionando e procurando um grau extremo de espontaneidade, tentativa também visível na sua obra poética. Participou, em 1949 e 1950, nas I e II Exposições dos Surrealistas, pólos de atenção de novos pintores, mas ignoradas pela imprensa.

Crescentemente dedicado à escrita, Cesariny viria a publicar as obras poéticas Corpo Visível (1950), Discurso Sobre a Reabilitação do Real Quotidiano (1952), Louvor e Simplificação de Álvaro de Campos (1953), Manual de Prestidigitação (1956), Pena Capital (1957), Nobilíssima Visão (1959), Poesia, 1944-1955 (1961), Planisfério e Outros Poemas (1961), Um Auto para Jerusalém (1964), As Mãos na Água a Cabeça no Mar (1972), Burlescas, Teóricas e Sentimentais (1972), Titânia e a Cidade Queimada (1977), O Virgem Negra. Fernando Pessoa Explicado às Criancinhas Naturais & Estrangeiras (1989), e a obra de ficção Titânia (1994). A edição da sua obra não segue linearmente a cronologia da sua produção. Corpo Visível é o volume em que as características surrealistas são já dominantes — em textos anteriores, a denúncia social aproximava-se, por vezes, do neo-realismo, embora já em Nobilíssima Visão esta escola fosse objecto de um olhar crítico. O humor, o recurso ao non-sense e ao absurdo, são marcas da escrita de Cesariny, de uma ironia por vezes violenta, que incide sobre figuras e mitos consagrados da cultura portuguesa e ocidental.

Além de pintor e poeta deixou ainda ainda vários textos sobre a temática do surrealismo.

Aqui ficam três dos seus poemas:

Todos por um

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos com certeza

Santos
Mártires
e Heróis

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.


Em todas as ruas te encontro

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

===============================

Leia também
O POEMA DE AMOR
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

Ouça também este poema na voz de Luis Gaspar,
no Programa "Lugar aos outros nº 28"
do Estúdio Raposa

No mesmo programa vai ouvir também outro poema de minha autoria
”Mulheres da minha vida”, que pode ler também no “post” de10.21.2006,
em: http://escritosoutonais.blogspot.com

domingo, novembro 26, 2006

DITOS

Portugal é o país do mundo onde o haxixe se compra mais barato.

Leram esta.? Anda para aí o pagode sempre a reclamar que o custo de vida no nosso país é dos mais caros, pelo menos da Europa, e afinal aí está um produto de primeiríssima necessidade que se compra ao preço da chuva. Isto é um país de ingratos. As batatas e as nabiças são caras? Chupem haxixe que é bom para a tosse e ajuda a esquecer

___________________________________________

Não me arrependo de ter estado ao lados dos Estados unidos na Invasão do Iraque

Quem o diz é o Durão Barroso ( o cherne, lembram-se ?)

Claro, claro, Sr.Barroso, um homem que, eleito para dirigir os destino de um país, foge miseravelmente sem dizer água vai, para ocupar um cargo (em terceira escolha, aliás) e que, enquanto fingia pugnar para que esse cargo fosse ocupado por um compatriota seu, preparava a caminha para ele próprio se deitar, vai lá arrepender-se de ser cúmplice num dos maiores embustes da história?

___________________________________________


Perto do final dos meus dias, quero afirmar que não sinto rancor por ninguém.
Foi o que disse ontem Augusto Pinochet na passagem do seu 91º aniversário.

A lata deste!
Claro, senhor Pinochet. Era o que faltava que tivesse rancor às suas próprias vítimas. Até porque os milhares de pessoas que mandou assassinar já estão livres do seu rancor. O que se esperava de um assassino é que tivesse remorsos.

___________________________________________

“Distribua-se por igual a riqueza nacional”

Frase inscrita num das faixas empunhadas por um dos participantes nas manifestações que tiveram lugar ontem em 20 cidades portuguesas contra a política deste Governo (dito) socialista.

E será pedir demais?

___________________________________________

Bush exagerou mas agora vai voltar tudo ao normal.

O DN de hoje entrevista vários comentadores portugueses que apoiaram Bush na invasão ilegitima do Iraque .

Todos reconhecem agora que foi um erro, que os EUA ganharam a guerra mas estão a perder a paz.

Questionados sobre se o “neoconservadorismo” no qual se fundamentou a política de Bush resiste ou se com a vitória dos democratas o “realismo” volta de novo à política americana, as opiniões dividem-se .Mas já João Pereira Coutinho (um dos entrevistados) diz não saber o que é o "neoconservadorismo". "Mas sei o que é o 'realismo' tradicional americano dos últimos anos: lidar com ditadores, apoiar ditadores, comprar ditadores e depois acordar com o 11 de Setembro em casa." Ou então, sublinha, "apoiar Saddam contra os iranianos e, ao mesmo tempo vender armas a Teerão. É uma lógica desastrosa, política e moralmente falando, que pelos vistos regressa em força".

Enfim, é o que eu aqui já afirmei. Na América não há republicanos nem democratas. Há americanos e os americanos são assim. É de sua natureza. Apoiam ditadores, vendem armas as ditadores (quando servem os seus interesses) , derrubam-nos quando isso lhes convém, tudo em função do lucro. Mas sempre sob a bandeira da “democracia”. Bush exagerou mas agora vai voltar tudo ao normal.

Com os democratas, sem guerra agora, vai ser essa a politica de sempre da América. Ninguém se iluda

___________________________________________

Leia também
O POEMA DE AMOR
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

Ouça também este poema na voz de Luis Gaspar,
no Programa "Lugar aos outros nº 28"
do Estúdio Raposa

No mesmo programa vai ouvir também outro poema de minha autoria
”Mulheres da minha vida”, que pode ler também no “post” de10.21.2006,
em: http://escritosoutonais.blogspot.com

sábado, novembro 25, 2006

CARTA ABERTA

Sugeriu-me a autora desta carta aberta que a divulgasse neste blogue e assim faço, com a minha inteira solidariedade:

Carta aberta aos editores/publicadores do blogue «Causa Nossa» Ana Gomes (AG), Jorge Wemans (JW), Luís Filipe Borges (LFB), Luís Nazaré (LN), Luís Osório (LO), Maria Manuel Leitão Marques (MMLM), Vicente Jorge Silva (VJS) e Vital Moreira (VM)

Como será fácil de depreender sou jornalista. E, com 20 anos de profissão acumulei já alguma experiência e uma enorme capacidade de digerir o que, à partida, parece ou é indigesto.
Sei também que a opinião individual é isso mesmo individual... todavia não posso deixar de enviar-vos umas palavras sobre a entrada de 22 de Novembro de 2006, subscrita pelo Professor Doutor Vital Martins Moreira um dos editores/publicadores do blogue «Causa Nossa».

O post - como é usual chamar-se a estas coisas no universo da blogoesfera - tem por título «Privilégios jornalísticos» e nele lê-se o seguinte: «Confesso que admiti ingenuamente que os jornalistas não iriam protestar contra o fim do seu regime especial de medicina convencionada, à margem do SNS, pago pelo Estado - tal é a sua insustentabilidade.

Pois enganei-me redondamente. Ainda por cima, o protesto não poderia ser mais corporativista na defesa de uma manifesta situação de privilégio profissional, que nada justifica.

Decididamente, para os beneficiários todos os privilégios são direitos».

Perante tal opinião várias alegações me passaram pela cabeça, mas, por causa da tal experiência acumulada, optei por considerar que o Professor Doutor Vital Martins Moreira desconhecia ou tinha falta de informação sobre a matéria em questão.

Assim, sem me alargar muito apenas recordo que, criada em 1943, a Caixa dos Jornalistas tem acompanhado as diversas visões políticas dos governos e que, actualmente, apresenta duas vertentes, uma de Segurança Social, que assegura os pagamentos de prestações como o subsídio de desemprego, de maternidade e de doença, e outra de Saúde, que assegura a comparticipação das despesas de saúde, com base numa tabela acordada com o Ministério da Saúde.

Digo-vos ainda que o nosso «protesto corporativista», conforme o Professor Doutor Vital Martins Moreira, não é pela manutenção crua de privilégios adquiridos, mas por uma assistência médica que responda com eficácia a um quadro de identificadas doenças profissionais que, sem dramatismos, em alguns casos, (mais que os desejados) nos abreviam a vida.

A Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas – como a entendemos sem corporativismos - faz parte do património dos profissionais de informação e não como um privilégio, porque é importante que se perceba a Segurança Social dos Jornalistas é exactamente a mesma de todos os cidadãos portugueses, onde Senhor Professor Doutor Vital Martins Moreira e restantes editores/publicadores do blogue «Causa Nossa» me incluo, porque jornalista me confesso.

Sem me querer alongar mais e depois de muito reflectir, não posso deixar de me dirigir ao Senhor Professor Doutor, subscritor do post para lhe dizer que, sinceramente, espero que a sua opinião não esteja relacionada com o Despacho nº 20 978/2006, com chancela do Ministro da Saúde, António Fernando Correia de Campos, publicado no Diário da República, 2ªSérie – Nº 199 – 16 de Outubro de 2006, onde se encontra a sua nomeação para presidir ao conselho consultivo do Centro Hospitalar de Coimbra, cuja cópia segue justaposta.

Certa da vossa atenção

Despeço-me, atenciosamente

Isabel Carvalho

Fotocópia do Despacho acima referido

pois, pois!

________________________

Leia hoje também
O POEMA DE AMOR
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com/

Ouça também este poema na voz de Luis Gaspar,
no Programa "Lugar aos outros nº 28"
do Estúdio Raposa

No mesmo programa vai ouvir também outro poema de minha autoria
”Mulheres da minha vida”, que pode ler também no “post” de10.21.2006,
em: http://escritosoutonais.blogspot.com

sexta-feira, novembro 24, 2006

EFEMÉRIDES

António Gedeão

Comemoram-se hoje 100 anos do nascimento de Rómulo de Carvalho, mais conhecido, talvez pelo seu pseudónimo, como poeta, de António Gedeão. Sinal da importância que a poesia ocupa no coração dos portugueses e no entanto Rómulo de Carvalho, além de autor de uma incontornável obra poética, da qual ressaltam poemas tão belos e tão divulgados como a “Pedra Filosofal”, “Lágrima de Preta” ; Calçada de Carriche” “Fala do Homem Nascido”, foi cientista, pedagogo, investigador e mesmo historiador.

Não sei de outras homenagens que lhe estejam a ser feitas durante o dia de hoje, mas pelo menos na escola António Gedeão (nome que os próprios alunos escolheram) na Cova da Piedade, onde minha filha é professora, hoje é dia de festa, com várias cerimónias evocativas da vida e obra do seu patrono.

Permito-me tran
screver do DN de hoje palavras inéditas de Rómulo de Carvalho, encontradas por sua esposas após o seu falecimento.

“Os governos têm sabido organizar as coisas de modo a alterar tudo segundo as suas conveniências. A imprensa só diz o que é conveniente dizer-se e de um só modo considerado conveniente. Os serviços oficiais só dão notícia e relevo a tudo quanto contribui para o prestígio de uma certa doutrina considerada como a única aceitável.”

"Eu tenho sobre a história uma ideia que está longe de ser a mais frequente. Penso que, quem faz a história, não é o governo de uma nação. Sou eu, a vizinha do andar do lado e o merceeiro que está estabelecido com loja na esquina da rua. É o par de namorados que passa de lambreta ou o operário que vai para a oficina com a malinha do almoço. É o poeta, é o pensador, é o cientista, é tudo, toda a gente, a que sai e a que fica em casa, todos, todos, excepto os que compõem o governo. Esses só têm uma atitude permanente, que é a de, atónitos, solucionarem, ou verdadeiramente ou falsamente, os problemas que lhes são impostos."

Que bela lição sobre a história!

Aqui homenageio o Poeta e o Cientista.

_______________________________________

Philippe Noiret

Com 75 anos faleceu ontem o grande actor francês Philippe Noiret.

Como cinéfilo e cineclubista que fui, não posso deixar de assinalar o desaparecimento deste notável intérprete , nome grande da cinematografia francesa e mundial, conhecido admirado em todo o mundo pelos antes da 7ª arte. De entre muitas personagens que interpretou, ao longo de mais de 120 filmes, em que contracenou com os melhores actores e actrizes do seu tempo e teve a dirigi-lo alguns grandes nomes da realização cinematográfica, quem não se lembra, sobretudo da sua personagem Alfredo, o velho e ternurento projeccionista que coleccionava cenas de beijos que a censura cortava no “Cinema Paraíso” ou do seu humaníssimo Pablo Neruda no “Carteiro de Pablo de Pablo Neruda – dois dos maiores êxitos cinematográficos dos últimos anos no nosso País.

Aqui lhe deixo, também, com uma salva de palmas, a minha comovida homenagem.

________________________________________

Leia hoje

O POEMA DE AMOR
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

Ouça também este poema na voz de Luis Gaspar,
no Programa Lugar aos outros nº 28
do Estúdio Raposa

No mesmo programa vai ouvir também outro poema de minha autoria
”Mulheres da minha vida”, que pode ler também no “post” de10.21.2006 http://escritosoutonais.blogspot.com

quarta-feira, novembro 22, 2006

CULTURA e seus desamores

Acabaram com a Festa da Música

Por falta de subsídio do Ministério da Cultura este ano não vai haver Festa da Música no Centro Cultural de Belém. Era um dos eventos culturais que mais prestigiava o nosso país e a cidade de Lisboa. Poucas vezes a palavra Festa terá sido empregue com mais propriedade do que nesta magnífica iniciativa, que nos últimos anos proporcionava, de forma acessível, o contacto com a grande música mundial, especialmente por parte das camadas jovens que ali acorriam, ávidas de poderem aceder - por preços ao alcance das suas bolsas - a um tipo de música diferente do que lhes é oferecido nos variados eventos comerciais de verão que ocorrem por esse país fora.

Que mais resta na cidade de Lisboa, no que se refere a música clássica, além de um ou outro espectáculo para elites, no São Carlos?

É mais uma das “poupanças”deste Governo, neste caso da Ministra da Cultura, que ignorou a luta dos que defendiamo Teatro Rivoli de uma privatização anunciada, que de forma precipitada, leviana, direi mesmo, pretende acabar com o Museu de arte Popular em Belém e que , no entanto, não se preocupou com poupanças quando concedeu ao milionário Berardo a exploração do seu Museu em instalações do Estado em condições de que este nada ganha e ele desfruta de vantagens leoninas.

E que faz o Mega Ferreira no meio de tudo isto?

_______________________________________

Ainda o TLEBS

Lembram-se, os mais antigos, da aversão que os alunos do Ensino Secundário sentiam pelos Lusíadas, devido à forma como os programas escolares do Estado Novo, os obrigavam a estudá-los, reduzindo as suas magníficas estrofes a uma sistemática e enfadonha tarefa de divisão de orações? Pois agora, com o famigerado TLEBS mai´la a sua estapafúrdia terminologia, é que o imortal poema épico (eu diria mesmo qualquer obra literária) vai ficar como um objecto profundamente odiado, os professores vão ficar todos xonés, os alunos, que já sabem pouco, vão ficar a saber nada. E acabados os anos de escolaridade, nunca mais vão querer ver uma obra literária à sua frente.

Será que o saber ler, por parte dos poruguese incomoda assim tanto os autores deste deste intragável cozinhado linguístic0? Pois, o Goebles também se incomodava muito. Esse puxava logo da pistola.

Vem isto a propósito do novo artigo de Vasco da Graça Moura no DN de hoje
intitulado
A autópsia do Tioneu” ainda acerca do TLEBS.

Os disparates a que a nova terminologia obriga na análise sintáctica de um texto são de tal ordem que - por culpa deles, que não do autor do artigo – a sua leitura se torna difícil de acompanhar por parte de quem não esteja tão por dentro destas análises.

Permito-me, pois, pegar num exemplo, retirado do texto de VGM, e à minha maneira, de forma simplificada tentar torná-lo mais compreensivo:
Fixemos então estes versos de uma das estrofes dos Lusíadas:

Põem em terra os giolhos, e os sentidos/ Naquele Deus que o mundo governava.

Na análise que há dezenas de anos aprendemos, “Põem” é o predicado, o sujeito, conhecemo-lo pelo sentido do que vem detrás ”, “os giolhos e os sentidos” são complementos directos, e “em terra” é um complemento circunstancial de lugar. Simples não é?

Vejamos então o que diz que dizem, de acordo com o texto de Vasco Graça Mours o preclaros inventores do TLEBS:

Basta ver como os complementos "...em terra" e "... os giolhos" são descritos. Para o primeiro, temos: "núcleo de um complemento preposicional em posição pós-verbal, constituindo uma unidade sintáctica que serve de locativo à forma verbal põem" e, para o segundo: "núcleo de um grupo nominal que constitui o complemento directo da expressão predicativa anterior". Por sua vez, "... e os sentidos naquele Deus que..." é explicado como "núcleo de um grupo nominal equivalente ao anterior, regido pela conjunção copulativa e que o transforma em complemento directo da expressão predicativa formada pela forma verbal põem".

Perceberam alguma coisa. Eu também não

E assim termina VGM o seu artigo

O ódio à Literatura atinge o seu paroxismo nestes modelos de autópsia.
Acuso deste crime o Ministério de Educação.

E eu também. E ofereço-me para testemunha de acusação.

_____________________________________________


Veja também o meu outro blogue

segunda-feira, novembro 20, 2006

PERSONAGENS

As entrevistas com Cavaco Silva e Santana Lopes na semana passada, respectivamente na Sic e na RTP, constituíram para mim( e para muita gente) a confirmação clara do que penso há muito sobre quatro distintas personagens da nossa cena política: os dois entrevistados e ainda Sócrates e Durão Barroso.

Cavaco Silva, na sua primeira entrevista como Presidente, através da qual seria de esperar ficássemos a conhecer algo mais do que revelou durante a campanha eleitoral - ao longo da qual se limitou a mostrar-nos os dentes num sorriso estudado e repetitivo e a jogar à defesa no que ao seu pensamento político dizia respeito - limitou-se a reiterar a sua exclusiva preocupação com os aspectos economicistas da governação e a demonstrar o deserto de ideias (ou apetências)que lhe povoam a cabeça, no que se refere a problemas que não tenham a ver com o estreito campo da economia. Razão tem Marcelo Rebelo de Sousa ao considerar que “Cavaco não tem opinião sobre o mundo” e que a sua entrevista foi de “de uma banalidade atroz”. Razão tinha Mário Soares, ao dizer-lhe cara a cara que ele não tinha cultura nem estatura para o lugar de representante máximo do nosso país no areópago internacional.

No entanto foi Cavaco e não Soares que ganhou a corrida para a cadeira de Belém. E aqui entra Sócrates a outra personagem de que acima falei. Cavaco só ganhou, porque Sócrates lhe convinha que ele ganhasse e além de nada ter feito para que o seu companheiro de Partido saisse vencedor, contribuiu objectivamente, pela demora em se definir relativamente à política do PS sobre as eleições presidenciais, para a vitória, secretamente desejada, do frio economicista que ele preferia ter como presidente. E agora aí estão os dois, unha com carne em conúbio perfeito, almas gémeas para quem a política se reduz a cifrões.

A entrevista de Santana Lopes, teve o mérito, entre outras coisas de confirmar – o que já sabíamos - que é uma personagem errante, convencida, narcisista, chorão, queixinhas, que só por acaso, em má hora, e sem o mínimo de qualidade para o cargo, chegou a primeiro ministro – o que demonstra a fraca qualidade e inconsciência militante dos seus partidários ou a premeditada astúcia dos barões do Partido a que pertence..

O mais interessante, porém da sua entrevista, foi o colocar preto no branco a falta de carácter, o golpismo de um sujeito chamado Durão Barroso, que enquanto fingia pugnar – pretendendo com isso apresentar-se como pessoa nobre isenta - pela nomeação de um adversário político para o cargo de Presidente da Comissão Europeia, mexia na sombra os cordelinhos que viriam a proporcionar-lhe a ele próprio a ocupação de tal lugar, não se importando de abandonar à sua sorte o país que o tinha elegido para dirigir o seu destino. Querem acção mais vil?

Só nas tragédias de Shakespeare se encontraria personagem como esta.

Tudo bons rapazes, como se vê!

__________________________________

Veja também
o meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

sábado, novembro 18, 2006

VALE A PENA LER

Homenagem aos estudantes que Ministério da Educação insultou


As "jaulas de substituição"

"Hoje fiquei a gostar mais dos jovens deste país.

Pela irreverência, pela alegria, pelo civismo, pelo proveito que as novas tecnologias lhes oferecem.

Gostei, pela justeza das suas reivindicações, pelas discrições básicas do seu inconformismo, sem redondilhas de palavras, sem papéis e assinaturas em notários, sem manobras de corporativismo, sem disfarces e empecilhos.

Saíram à rua e puseram a língua de fora ao poder.

Hoje fiquei a gostar menos da ministra da Educação.

Pelo abatimento da sua postura, pelo resguardo das suas palavras na alegada instrumentalização dos professores, afirmada por um representante dos pais, pela resposta eterna da culpa (se é que o denso termo aqui tem cabimento) aos professores, como se não houvesse outra argumentação para a sua própria culpa.
Ainda que a realidade possa contradizê-la.

Hoje estou mais satisfeito com os jovens, porque acredito que nunca mais existirão jaulas neste país que nos encerrem a liberdade, como se escrevia no cartaz."
João Gomes
Figueira da Foz

Esta é a carta de um leitor, devidamente assinada, no DN de hoje. Aqui me constituo caixa de ressonância, porque com ela me identifico e também eu gostei de ver a maturidad atitude dos jovens que tiverama coragem de dizer alto o que todos pensam em relação à fantochada das aulas de substituição-

__________________________________________________

A Democracia dos Americanos

Também, porque nunca é demais divulgar aqui deixo o texto de uma entrevista com Ruhal Ahmed, ex-prisioneiro na base de Guantánamo , de estive detido durante dois anos e meio, no DN de hoje

"Éramos continuamente torturados"
Manuela Paixão

Magro, vestindo um fato de treino azul escuro, com cara de menino apesar da barba, do bigode e do crânio rapado, Ruhal Ahmed fala pausadamente dos detalhes da sua desventura, desde que foi preso, em Kandahar, até à detenção em Guantánamo e à libertação. Tudo sem mostrar emoção, torcendo apenas os dedos das mãos e fazendo longas pausas de silêncio. Ahmed falou ao DN em Roma, onde apresentou a nova campanha da secção italiana da Amnistia Internacional, contra a passagem dos aviões secretos da CIA nos aeroportos de Itália.

Como foi preso?

Tinha viajado para o Paquistão com três amigos para assistir a um casamento. Antes da cerimónia, e como tínhamos ainda duas semanas de férias, resolvemos ir conhecer o Afeganistão. Entrámos no país a 7 de Setembro de 2001 e depois, quandos os talibãs perderam o poder, as fronteiras foram fechadas. Fomos presos às portas de Kandahar depois de termos feito várias tentativas, sem sucesso, durante um mês para voltarmos ao Paquistão. Uma associação humanitária aconselhou-nos a entregarmo-nos à Aliança do Norte, para não sermos mortos ou sequestrados por grupos criminosos. Fomos parar à prisão de Mazar-i-Sharif, perto de Kandahar, com outros cinco mil presos. Era a solução mais simples, pensávamos poder obter um salvo-conduto.

E quanto tempo ficou nessa prisão?

Um mês, e depois entregaram-nos aos americanos, com a desculpa de que falávamos inglês. Seis semanas depois, os americanos levaram-nos para Guantánamo, num avião militar. Ali fiquei dois anos e meio.

Quais os piores momentos em Guantánamo?

Todos os momentos, os minutos, os dias, as noites foram horríveis. Uma experiência alucinante, terrível. Éramos continuamente torturados.

De que modo?

Durante o primeiro mês, fiquei no campo X-Ray dentro de uma "gaiola" sem tecto, com dois metros por dois metros, onde só podíamos estar sentados e imóveis. Não havia colchão, lavatório ou retrete. Não podíamos falar com ninguém, nem mesmo com os outros presos. Tínhamos as mãos e os pés acorrentados. A comida, pouquíssima, era lançada para o chão, como se fôssemos animais. Ao mais pequeno movimento que fizéssemos com o corpo, lançavam-nos para os olhos um spray que ardia muitíssimo ou batiam-nos até perdermos os sentidos. Davam-nos muita água, para não desidratarmos.

Mas as torturas eram constantes? Todos os dias? Mesmo se confessassem alguma coisa?

Sim, continuaram mesmo quando, depois do primeiro mês, fomos transferidos para o Campo Delta, construído de propósito para os prisioneiros "terroristas", acusados de estarem envolvidos no 11 de Setembro. Eram 48 cubículos, não nos deixavam dormir de noite com os interrogatórios, as sovas faziam parte do programa diário.

Que outros tipos de tortura sofreu?

Abusos sexuais e, em particular, actos de sodomia. Dentro do cubículo ligaram-me as mãos aos pés com correntes de ferro, mantinham-me em posição de stress, durante dias e dias, durante os interrogatórios os cães ladravam a poucos centímetros da minha cara, acendiam o ar condicionado fortíssimo e depois lançavam-me baldes de água com gelo. No fim acabava por confessar o que quer que fosse, que éramos talibãs ou membros da Al-Qaeda. Eles faziam tudo o que se possa imaginar para nos fazer perder o sentido da própria dignidade. Davam-me uma caneca de água e depois divertiam-se a fazer tiro ao alvo, o que fazia com que a água se entornasse. Cuba é uma ilha tropical. Faz sempre calor de dia, mas à noite faz frio. De noite, mas também de dia, entravam nesta "gaiola" escorpiões, ratos, cobras...

Como eram as guardas de sexo feminino, mais tolerantes?

Não, piores. Divertiam-se com violências sexuais sobre nós...

..............................................

E são estes os campiões da democracia? É esta a democracia que eles pretendem implantar no Iraque? Foi pra iso que invadiram aquele país, causando a morte a centenas de milhar de pessoas?

____________________________________

Veja também o meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

sexta-feira, novembro 17, 2006

ESTUDANTES, Quem os desrespeita?


Este Ministério da Educação cada vez mais se está tornando um exemplo de deseducação, desnorte e arrogância. A pressa em vir acusar de manipulação por parte dos sindicatos os protestos dos estudantes do Ensino Básico e Secundário que ontem, e nos últimos dias, se verificaram um pouco por todo o pais, é disso um prova inequívoca.

O autismo daquele Ministério e da Ministra que o tutela, é bem patente no menosprezo demonstrado face manifestações de descontentamento por parte dos alunos relativamente à fantochada das aulas de substituição, e a declaração do secretário de Estado da Educação, Jorge Pedreira insinuando que “os jovens foram manipulados pelos sindicatos de professores, por forma a que se manifestassem no dia em que se iniciava a última ronda de negociações do novo Estatuto da Carreira Docente”, demonstra bem a arrogância de quem entende que tudo o que faz é bem feito e não admite contestação. Como se os estudantes não tivessem razões suficientes para manifestar esse descontentamento sem que ninguém os espicaçasse para isso e não o tivessem vindo a fazer já há alguns dias, bastante antes da vigília de ontem dos professores.


É muito engraçado. Estes senhores (e não é só a senhora ministra como também muitos “inteligentes” comentadores desta praça) passam a vida a dizer que os sindicatos são obsoletos, que já não mobilizam ninguém, blá, blá, blá, e quando há um movimento de massas, que os incomoda ou mesmo os assusta, “aqui d’el rei que é tudo obra dos sindicatos”. Afinal em que é que ficamos? Ainda não se deram ao trabalho de reflectir no significado de que até a própria UGT tenha participado nas últimas grandes manifestações.

Neste caso dos estudantes, o Ministério da Educação, mais do que arrogância, demonstra uma inacreditável má fé e uma falta de respeito pelo discernimento e capacidade de decisão dos alunos. Mal vai um Governo com mentalidades destas.

Razão teve Paulo Sucena, secretário geral da Fenprof ao considerar as declarações do secretário de Estado da Educação como “Uma calúnia que nem merece consideração” e que “elas são apenas uma forma de desvalorizar um protesto significativo e justificado".

Enfim, dos autores da palhaçada que tem por nome TLEBS, que mais há a esperar?
______________________________________
Veja também o meu outro Blogue
Há por lá muito que ler

quarta-feira, novembro 15, 2006

BANCOS E TLEBS (sabe o que é o TLEBS?)

Bancos receberam 1200 milhões a arredondar taxas de Juro.
Título de 1ª página no DN de 15-11-2006

Pois é, agora, que o Governo lhes quer acabar com esta mama, estes ilustres filhos da mulher de Putifar, além de se insurgirem contra a justa medida que os vai impedir de continuarem de meterem a mão ao bolso daqueles que a eles recorrem, locupletando-se desonestamente com arredondamentos ilícitos das taxas de juros - como se estas não fossem já suficientemente elevadas teimam ainda a, pés juntos, que não vão devolver os tais 1200 milhões de juros.

A lata dos gajos, hein!

A tal propósito, transcrevo duas passagens do excelente editorial “Borlas e banca” da autoria de Helena Garrido, também no DN de hoje

A banca está a reagir da pior maneira. Com os maus hábitos criados de "cavalgar" a ignorância dos seus clientes deixa ameaças veladas de ir buscar o dinheiro a outro lado. Irá com certeza. Mas ganhámos já, todos, mais transparência.

A banca não pode desejar ter credibilidade e solidez à custa da ignorância dos clientes. Há desconfianças que se pagam caro, mesmo que não apareçam nas contas a curto prazo, mas vão deixando um rasto de conversa de café, como se ouve há anos de sectores como os seguros. A banca tem de se adaptar aos novos tempos. As "borlas" estão a acabar.

E têm mesmo, ou os sacrifícios são só para o Zé?

________________________________________

O TLEBS

Alguém de entre vós sabe o que é o TLEBS. Se está ligado ao ensino talvez, mas a maioria dos simples leitores de jornais, ouvintes da rádio e espectadores da televisão não sabe, de certeza.

Esta mania das siglas, que às centenas, senão aos milhares, inundam os órgãos de comunicação social, é uma praga maléfica, destinada, julgo eu, a baralhar os destinatários de forma a que estes, se já sabem pouco, menos fiquem a saber. Porque carga de água é que os jornalistas e os comunicadores em geral ao enunciar uma sigla, não a fazem seguir do seu significado por extenso? Ou acham que o cidadão comum tem o dom divinatória de saber o que vai na cabeça desses senhores?

Esta do TLEBS, por exemplo, já me andava cá a dar cabo da mona há alguns dias.

Pois só hoje através da crónica de Vasco da Graça Moura no DN de hoje, intitulada “Ainda a TLEBS”, é que logrei descortinar o que raio vem a ser a dita e famigerada sigla.

Fiquei então a saber que TLEBS é a nova TERMINOLOGIA LINGUÍSTICA do ENSINO BÁSICO e SECUNDÁRIO.

Fiquei a saber o que é, e fiquei a saber que Vasco Graça Moura arrasa essa tal de TLEBS e eu, que agora, finalmente, sei o que é, estou inteiramente com ele. Como todos os que me lêem sabem, estou sempre pronto a zurzir o VGM político, mas nunca pouparei encómios ao VGM intelectual, poeta e tradutor. E neste caso dou-lhe inteiramente razão.

Também eu acho uma imbecilidade inútil (aqui vou mais longe que ele) as alterações que este Governo pretende introduzir na terminologia do ensino da língua das nossas escolas. Claro que isto só pode ser ideia (ou de algum outro inteligente que lha vendeu) da actual inefável Ministra da Educação

Você já imaginou, querendo ajudar o seu filho na análise dos elementos de uma oração (e quão útil se torna por vezes a colaboração familiar, dizer-lhe que na frase “Pedro fez os trabalhos na escola” este “na escola” é um “complemento circunstancial de lugar” e o puto a teimar que não senhor, que é um “modificador”, arriscando-se ainda por cima a levar uma chapada, caso leve longe de mais a teimosia?

Qual a utilidade de alterações como estas? Não seria mais útil utilizar o dinheiro que se gasta com o estudo destas tonterias em fazer compêndios mais atractivos de forma a tornar mais compreensível a terminologia já existente

Vasco Graça Moura, para além do aspecto que, de forma ligeira acabo de focar, aponta ainda os inconvenientes da inutilização de todos os livros escolares com a terminologia tradicional e consequente aumento de despesa para os encarregados de educação, a incompatibilidade da nova terminologia com a aprendizagem da gramática de outros idiomas e salienta ainda a confusão que a adopção de tais medidas vai causar nos PALOP

E a tal propósito termina assim o artigo deVGM:

Já se pensou na trapalhada sem nome que a TLEBS ali vai gerar? Na confusão indescritível em que professores e alunos africanos vão ser lançados? Nos custos editoriais desnecessários em que as autoridades desses países terão de incorrer? As coisas anunciam-se de tal modo perturbantes que se acabará por desejar que, a bem da língua, a cooperação quanto ao ensino do português em África seja confiá-lo a professores brasileiros...

______________________

Veja também
O GRUPO DO CRISÂNTEMO
no meu outro blogue

http://escritosoutonais.blogspot.com/



terça-feira, novembro 14, 2006

ADIVINHA


A adivinha a seguir não é de minha autoria
Não que eu não a subscreva, mas...o seu a seu dono,
Chegou-me por mail
e aqui a deixo como teste ao vosso descernimento

Qem é, quem é

Baixa, de olhos ruins, amarelenta,
Usando só de raiva e de impostura,
Triste de facha, o mesmo de figura,
Um mar de fel, malvada e quezilenta;

Arzinho confrangido que atormenta,
Sempre infeliz e de má catadura,
Mui perto de perder a compostura,
É cruel, mentirosa e rabugenta.

Rosto fechado, o gesto de fuinha,
Voz de lamento e ar de coitadinha,
Com pinta de raposa assustadinha,
É só veneno, a ditadorazinha.

Se não sabes quem é, dou-te uma pista:
Prepotente, mui gélida e sinistra,
Amarga, matreira e intriguista,
Abusa do poder... e é ministra.

____________________

E agora leia
O GRUPO DO CRISÂNTEMO
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

segunda-feira, novembro 13, 2006

O FIM DE SEMANA POLÍTICO

Congresso do PS

Depois de ter confirmado Sócrates, sem qualquer oposição, no lugar de Secretário-geral, o PS efectuou este fim de semana o seu Congresso. Tal como a confirmação do Líder no cargo de Secretário-geral., esta reunião de militantes serviu apenas para glorificação do Chefe, tipo congresso albanês no tempo do tempo de Enver Hodja que os maoistas cá do burgo tanto apreciavam. Tirando o caso de Helena Roseta, praticamente não se ouviu uma voz discordante da do Chefe. Foi um Congresso do qual não saiu nada que mereça a pena recordar excepto umas promessas de novas regras para actualizar o salário mínimo, que nada têm de novo e se destinaram apenas a adoçar os beiços a alguns dos congressistas com uns resquícios de ideias socializantes e a promessa de que no referendo sobre o aborto a Lei só será alterada se o SIM ganhar, para alegria dos que defendem o NÃO. continuando a deixar a sorte das mulheres entregue às vicissitudes de uma votação facilmente manobrável e condicionada, quando o Governo PS tem condições únicas para fazer aprovar com toda a legitimidade a Lei que poria fim a todos os dramas que este demasido longo folhetim comporta,

De resto o Ministro da Saúde continuou a teimosamente a tentar justificar a designação de “ taxas moderadoras” para a alcunha que inventou para classificar os impostos que pretende impor sobre internamentos hospitalares — alcunha que vários congressistas contestaram, mas o ministro, teimoso que nem uma mula, acha que ele é o dono da razão e tudo ficou por aí.

_________________________________

Encontro internacional de Partidos Comunistas e Operários


Também este fim de semana se efectuou em Lisboa, no âmbito das comemorações do 85º aniversário do PCP, um encontro internacional de Partidos Comunistas e Operários, em que participaram 63 partidos e que recebeu saudações de outros 17 que por motivos diversos não puderam participar.

Saliento desse encontro as palavras de Jerónimo de Sousa ali proferidas e que têm a ver com o momento político Nacional:

“As pessoas não se enganaram a votar no PS: o PS é que enganou as pessoas com as suas políticas"

“Se o primeiro-ministro disse no congresso do seu partido que vai ouvir, a rua mas que a rua também vai ter de ouvir o que a maioria dos portugueses disse nas eleições, então saiba que o Governo agride e reduz essa legitimidade eleitoral quando prometeu uma coisa e faz outra - na política de impostos, de saúde, de Segurança Social, nos direitos ao trabalho e das populações",

É como já aqui tenho dito também. A realidade de hoje, realidade que a acção deste governo tem ajudado a criar, não tem nada a ver com a realidade de há cerca de dois anos quando o PS obteve a maioria absoluta de votos, e só um cego não vê a mudança objectiva em relação a essa data. Trata-se da análise concreta de uma situação concreta. Já dizia o outro. E quem não vê isso, não é apenas cego. É tolo.

_______________________________

Leia também
O Grupo do Crisântemo
No meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

sexta-feira, novembro 10, 2006

MENTIROSOS, mentirosos, MENTIROSOS, mentirosos!!!

A Greve geral da função publica continua hoje, parece que com maior adesão do que ontem.

Os sindicatos têm elementos para afirmar que o primeiro dia de greve contou com a participação de mais de 80% dos trabalhadores dos serviços afectados. O governo, sem qualquer estudo sobre o assunto, possivelmente a queixómetro, ólhómetro e mentirómetro, diz que foram apenas 12%. Doze por cento de quê? Dos 700 mil funcionários públicos (julgo que é este o numero), ou dos trabalhadores que ontem deviam assegurar os serviços que, por estarem em greve, não asseguraram. É que essas é que são as contas.


Não há memória, desde que o direito à greve é reconhecido na legislação do nosso país, que um governo, em situação semelhante, tenha ousado mentir tanto e tão descaradamente. Este governo perdeu todo o sentido da vergonha, da decência e do bom senso. O que vale é que não há ninguém neste país que, conhecedor do descontentamento que grassa na função pública pelas medidas gravosas de que tem sido objecto por parte deste Governo, e das inúmeras manifestações públicas contra tais medidas, tenha participado na greve geral na percentagem ridícula que o governo pretende fazer-nos engolir.

Face a atitudes como esta, se torna bem clara a razão dos que na rua têm gritado e continuarão a gritar mentirosos, mentirosos, mentirosos!

Mentirosos e ridículos.

Comentadores de vários quadrantes já vieram a terreiro denunciar a inconsequência dos números fornecidos pelo Governo a este respeito.
Transcrevo a seguir passagens de um artigo de Eduardo Dâmaso, subdirector do DN no seu editorial de hoje intitulado “12%”

Basta olhar para a magnitude dos interesses em presença neste conflito para perceber que esta greve jamais teria um nível de apenas 12%. Estamos a falar de um universo aproximado de 700 mil funcionários públicos que estão a ser confrontados com um vasto pacote de mudanças na sua vida profissional e respectivas repercussões em matéria salarial, de carreira, avaliações, folgas e férias, entre outras. Ou seja, naquilo que de mais importante existe para a organização e solidez da vida familiar: dinheiro, carreira, trabalho, descanso.

O descontentamento é, portanto, genuíno.

Espera-o, portanto, um permanente exercício de equilibrismo até final da legislatura e uma luta diária com a tentação do autismo que todas as maiorias absolutas têm e é mesmo o seu pior inimigo.

É e essa tentação que há-de levar à queda deste governo. O que, quanto a mim é pena, pois que esta maioria absoluta, teria condições únicas para, com mais sensatez, menos arrogância, e menos espingardear para todo o lado ao mesmo tempo, fazer algumas das reformas de que este pais tanto precisa.

_________________________

Veja também o meu outro blogue

http://escritosoutonais.blogspot.com