ENQUANTO E NAO

sábado, novembro 18, 2006

VALE A PENA LER

Homenagem aos estudantes que Ministério da Educação insultou


As "jaulas de substituição"

"Hoje fiquei a gostar mais dos jovens deste país.

Pela irreverência, pela alegria, pelo civismo, pelo proveito que as novas tecnologias lhes oferecem.

Gostei, pela justeza das suas reivindicações, pelas discrições básicas do seu inconformismo, sem redondilhas de palavras, sem papéis e assinaturas em notários, sem manobras de corporativismo, sem disfarces e empecilhos.

Saíram à rua e puseram a língua de fora ao poder.

Hoje fiquei a gostar menos da ministra da Educação.

Pelo abatimento da sua postura, pelo resguardo das suas palavras na alegada instrumentalização dos professores, afirmada por um representante dos pais, pela resposta eterna da culpa (se é que o denso termo aqui tem cabimento) aos professores, como se não houvesse outra argumentação para a sua própria culpa.
Ainda que a realidade possa contradizê-la.

Hoje estou mais satisfeito com os jovens, porque acredito que nunca mais existirão jaulas neste país que nos encerrem a liberdade, como se escrevia no cartaz."
João Gomes
Figueira da Foz

Esta é a carta de um leitor, devidamente assinada, no DN de hoje. Aqui me constituo caixa de ressonância, porque com ela me identifico e também eu gostei de ver a maturidad atitude dos jovens que tiverama coragem de dizer alto o que todos pensam em relação à fantochada das aulas de substituição-

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A Democracia dos Americanos

Também, porque nunca é demais divulgar aqui deixo o texto de uma entrevista com Ruhal Ahmed, ex-prisioneiro na base de Guantánamo , de estive detido durante dois anos e meio, no DN de hoje

"Éramos continuamente torturados"
Manuela Paixão

Magro, vestindo um fato de treino azul escuro, com cara de menino apesar da barba, do bigode e do crânio rapado, Ruhal Ahmed fala pausadamente dos detalhes da sua desventura, desde que foi preso, em Kandahar, até à detenção em Guantánamo e à libertação. Tudo sem mostrar emoção, torcendo apenas os dedos das mãos e fazendo longas pausas de silêncio. Ahmed falou ao DN em Roma, onde apresentou a nova campanha da secção italiana da Amnistia Internacional, contra a passagem dos aviões secretos da CIA nos aeroportos de Itália.

Como foi preso?

Tinha viajado para o Paquistão com três amigos para assistir a um casamento. Antes da cerimónia, e como tínhamos ainda duas semanas de férias, resolvemos ir conhecer o Afeganistão. Entrámos no país a 7 de Setembro de 2001 e depois, quandos os talibãs perderam o poder, as fronteiras foram fechadas. Fomos presos às portas de Kandahar depois de termos feito várias tentativas, sem sucesso, durante um mês para voltarmos ao Paquistão. Uma associação humanitária aconselhou-nos a entregarmo-nos à Aliança do Norte, para não sermos mortos ou sequestrados por grupos criminosos. Fomos parar à prisão de Mazar-i-Sharif, perto de Kandahar, com outros cinco mil presos. Era a solução mais simples, pensávamos poder obter um salvo-conduto.

E quanto tempo ficou nessa prisão?

Um mês, e depois entregaram-nos aos americanos, com a desculpa de que falávamos inglês. Seis semanas depois, os americanos levaram-nos para Guantánamo, num avião militar. Ali fiquei dois anos e meio.

Quais os piores momentos em Guantánamo?

Todos os momentos, os minutos, os dias, as noites foram horríveis. Uma experiência alucinante, terrível. Éramos continuamente torturados.

De que modo?

Durante o primeiro mês, fiquei no campo X-Ray dentro de uma "gaiola" sem tecto, com dois metros por dois metros, onde só podíamos estar sentados e imóveis. Não havia colchão, lavatório ou retrete. Não podíamos falar com ninguém, nem mesmo com os outros presos. Tínhamos as mãos e os pés acorrentados. A comida, pouquíssima, era lançada para o chão, como se fôssemos animais. Ao mais pequeno movimento que fizéssemos com o corpo, lançavam-nos para os olhos um spray que ardia muitíssimo ou batiam-nos até perdermos os sentidos. Davam-nos muita água, para não desidratarmos.

Mas as torturas eram constantes? Todos os dias? Mesmo se confessassem alguma coisa?

Sim, continuaram mesmo quando, depois do primeiro mês, fomos transferidos para o Campo Delta, construído de propósito para os prisioneiros "terroristas", acusados de estarem envolvidos no 11 de Setembro. Eram 48 cubículos, não nos deixavam dormir de noite com os interrogatórios, as sovas faziam parte do programa diário.

Que outros tipos de tortura sofreu?

Abusos sexuais e, em particular, actos de sodomia. Dentro do cubículo ligaram-me as mãos aos pés com correntes de ferro, mantinham-me em posição de stress, durante dias e dias, durante os interrogatórios os cães ladravam a poucos centímetros da minha cara, acendiam o ar condicionado fortíssimo e depois lançavam-me baldes de água com gelo. No fim acabava por confessar o que quer que fosse, que éramos talibãs ou membros da Al-Qaeda. Eles faziam tudo o que se possa imaginar para nos fazer perder o sentido da própria dignidade. Davam-me uma caneca de água e depois divertiam-se a fazer tiro ao alvo, o que fazia com que a água se entornasse. Cuba é uma ilha tropical. Faz sempre calor de dia, mas à noite faz frio. De noite, mas também de dia, entravam nesta "gaiola" escorpiões, ratos, cobras...

Como eram as guardas de sexo feminino, mais tolerantes?

Não, piores. Divertiam-se com violências sexuais sobre nós...

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E são estes os campiões da democracia? É esta a democracia que eles pretendem implantar no Iraque? Foi pra iso que invadiram aquele país, causando a morte a centenas de milhar de pessoas?

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Veja também o meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com