ENQUANTO E NAO

sexta-feira, novembro 10, 2006

MENTIROSOS, mentirosos, MENTIROSOS, mentirosos!!!

A Greve geral da função publica continua hoje, parece que com maior adesão do que ontem.

Os sindicatos têm elementos para afirmar que o primeiro dia de greve contou com a participação de mais de 80% dos trabalhadores dos serviços afectados. O governo, sem qualquer estudo sobre o assunto, possivelmente a queixómetro, ólhómetro e mentirómetro, diz que foram apenas 12%. Doze por cento de quê? Dos 700 mil funcionários públicos (julgo que é este o numero), ou dos trabalhadores que ontem deviam assegurar os serviços que, por estarem em greve, não asseguraram. É que essas é que são as contas.


Não há memória, desde que o direito à greve é reconhecido na legislação do nosso país, que um governo, em situação semelhante, tenha ousado mentir tanto e tão descaradamente. Este governo perdeu todo o sentido da vergonha, da decência e do bom senso. O que vale é que não há ninguém neste país que, conhecedor do descontentamento que grassa na função pública pelas medidas gravosas de que tem sido objecto por parte deste Governo, e das inúmeras manifestações públicas contra tais medidas, tenha participado na greve geral na percentagem ridícula que o governo pretende fazer-nos engolir.

Face a atitudes como esta, se torna bem clara a razão dos que na rua têm gritado e continuarão a gritar mentirosos, mentirosos, mentirosos!

Mentirosos e ridículos.

Comentadores de vários quadrantes já vieram a terreiro denunciar a inconsequência dos números fornecidos pelo Governo a este respeito.
Transcrevo a seguir passagens de um artigo de Eduardo Dâmaso, subdirector do DN no seu editorial de hoje intitulado “12%”

Basta olhar para a magnitude dos interesses em presença neste conflito para perceber que esta greve jamais teria um nível de apenas 12%. Estamos a falar de um universo aproximado de 700 mil funcionários públicos que estão a ser confrontados com um vasto pacote de mudanças na sua vida profissional e respectivas repercussões em matéria salarial, de carreira, avaliações, folgas e férias, entre outras. Ou seja, naquilo que de mais importante existe para a organização e solidez da vida familiar: dinheiro, carreira, trabalho, descanso.

O descontentamento é, portanto, genuíno.

Espera-o, portanto, um permanente exercício de equilibrismo até final da legislatura e uma luta diária com a tentação do autismo que todas as maiorias absolutas têm e é mesmo o seu pior inimigo.

É e essa tentação que há-de levar à queda deste governo. O que, quanto a mim é pena, pois que esta maioria absoluta, teria condições únicas para, com mais sensatez, menos arrogância, e menos espingardear para todo o lado ao mesmo tempo, fazer algumas das reformas de que este pais tanto precisa.

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Veja também o meu outro blogue

http://escritosoutonais.blogspot.com

2 Comments:

  • Eis aqui para desejar um óptimo fim-de-semana, enquanto aprecio esta página, sempre atractiva, eternamente interessante, continuamente apelativa, por todos os motivos. Um hábito que se tornou imprescindível, claro, porque a qualidade é muita. Solidário com a justa luta dos trabalhadores perante este desgoverno que nos desgoverna, com mentiras.

    By Anonymous Anónimo, at 11 novembro, 2006 01:21  

  • António é só para deixar um grande beijo e para informar que estou quase a terminar com as minhas lengalengas. E, que, mesmo pelo meio delas, sempre fui passando os olhos pelos teus blogs, sobre os quais sabes bem o que penso, embora nunca seja demais repeti-lo.
    Bjs

    By Anonymous Anónimo, at 11 novembro, 2006 18:40  

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