ENQUANTO E NAO

segunda-feira, novembro 06, 2006

A ARTE IDIOTA DE TRANSFORMAR UM DITADOR EM MÁRTIR

A ARTE IDIOTA DE TRANSFORMAR UM DITADOR EM MÁRTIR

É o que está acontecendo com a farsa do julgamento de Saddam Hussein
Os Estados Unidos, a pretexto de razões inexistentes, invadem um país que não só não possuía armamento nuclear, como nem sequer um exército convencional minimamente apetrechado para resistir ao maior e mais poderoso exército do mundo. A sua conquista foi um passeata sangrenta com bombardeamentos desnecessários sobre cidades e populações indefesas, deixando em ruínas um país que era o berço da humanidade, tudo isto à revelia e contra a opinião das nações Unidas

Tratou-se pois de uma guerra injusta e ilegal

Consumada a ocupação, os invasores apearam e prenderam o Presidente desse País. Nele se instalaram, criaram prisões, cometeram toda a espécie de iniquidades de que temos conhecimento, como as ocorridas AbuGraib e noutros centros de detenção,, de vez em quando bombardeiam “por engano” festas de casamento e outras manifestações sociais e cívicas, fomentaram a criação de um governo que é tudo menos a expressão da vontade do país ocupado, acabaram com a pena de morte, mas logo a repuseram a partir do momento em que o ex-presidente lhes caiu nas mãos e montaram uma farsa de julgamento que se destinava, desde o primeiro momento, a oferecer a cabeça do troféu almejado ao senhor Bush, que ontem mesmo manifestou, por isso, o seu incontido regozijo.

De que eu tenha conhecimento só a Administração Bush e o Irão – duas entidades igualmente fundamentalistas – e, claro o Governo satélite do Sr. Blair se regozijaram com a sentença.

Bem diferente seria o caso se os Estados Unido tivessem, isso sim, ajudado com dinheiro e armas os movimentos oposicionistas dentro do Iraque, de forma a serem eles próprios a fazer a revolução nacional, demitirem o Saddam a julga-lo, uclusive, se assim entendessem fazer. Não é assim que os americanos procedem em relação aos governos legais que lhes não são afectos?

Então sim. Então o Presidente deposto teria um julgamento justo e os democratas de todo o mundo rejubilariam com o facto.

Aos americanos, porém, o que lhes interessava era o domínio do médio oriente e a exploração das suas riqueza energéticas.
Daí a farsa que tem sido a “democratização” do Iraque “on the american way” e o grosseiro epilogo (oxalá, não seja um prelúdio) de ontem em Bagdade

E estou longe de ser o único a pensar assim. Dentro desta linha, de uma forma mais moderada, claro, a sub-directora do DN, Helena Garrido exprime de uma forma que não se afasta muito da minha a sua opinião sobre este julgamento no seu editorial de hoje intitulado “Democracia? E do qual transcrevo. abaixo, a parte final:

É aterrador olhar para o que se passou no Iraque e no mundo desde que Saddam Hussein foi deposto em Março de 2003. A prisão de Guantánamo, os abusos das forças armadas norte-americanas e britânicas no Iraque e a guerra que desde então ali se vive rivalizam com as atrocidades cometidas pelo ditador Saddam.

A arrogância de impor eleições sem liberdade e respeito pelos direitos humanos é a negação da democracia. É convidar à revolta e cavar fundo o fosso que separa as ditaduras das democracias.

Validar um julgamento com regras quase iguais às do ditador e aceitar a pena de morte faz de nós cúmplices das atrocidades de Saddam. E apenas alimenta a raiva que gera terroristas e abre portas a mais ditadores. Os Estados Unidos e o Reino Unido parecem estar a combater contra a democracia.


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Veja também
MELANCOLIA
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com