ENQUANTO E NAO

quinta-feira, outubro 26, 2006

MAIS REFLEXÕES

Sócrates, o arrogante

Ainda sobre a arrogante postura de Sócrates perante as gigantescas manifestações de rua, que diz não o assustarem.

Pode ser que não o assustem – o que não acredito, e creio mesmo que é fruto do susto que não assume o desnorte de que o seu Governo e ele próprio tem dado nos últimos dias, com as atabalhoadas explicações acerca das SCUTS e com as deploráveis afirmações de um ministro sobre o fim da crise, de um secretário de estado sobre o aumento do preço da electricidade, e por aí...

As críticas ao autismo do Primeiro Ministro, perante o significado das manifestações já várias vezes aqui referidas, deveriam, se ele não fosse tão arrogante e não estivesse tão cego e deslumbrado com a maioria que tem na Assembleia da República faze-lo reflectir sobre o seu real significado. É que já não é apenas da parte dos trabalhadores e dos seus aliados naturais que se faz ouvir a crítica à sua insolente maneira de governar.

Dentro seu próprio partido se erguem vozes a contestar tal procedimento,

Também hoje no Diário de Noticias, o insuspeitíssimo e ponderado jornalista Mário Bettencourt Resendes, ao mesmo tempo que reconhece como necessária a política de contenção e as medidas estruturais de Sócrates para vencer a crise real que o país atravessa, não deixa de o criticar por pela desvalorização assumida do verdadeiro significado das manifestações de rua por parte dos trabalhadores e as entende como resultado de mera manipulação por parte da CGTP.

É da sua crónica“José Sócrates face à 'voz da rua' “, que transcrevo as passagens abaixo:

O PS de José Sócrates comete, no entanto, um erro político grave se considerar que o aumento da contestação social não passa de uma movimentação orquestrada a partir da sede do PCP, na Soeiro Pereira Gomes. Em primeiro lugar, Carvalho da Silva já comprovou ter "vida política própria suficiente" para se conformar a fazer da CGTP um mero instrumento do seu partido; depois - e infelizmente para um desejável equilíbrio de forças na sociedade portuguesa -, a Inter não tem, nos nossos dias, capacidade de mobilização suficiente para levar à rua, ou à greve, multidões que impressionem, a menos que a conjuntura suscite sentimentos alargados de descontentamento e revolta.

Por tudo isto, as manifestações que já aconteceram e as greves que se anunciam, por sinal com a adesão já confirmada de sindicatos próximos do PS e do PSD, devem, no mínimo, ser encaradas como factores de ponderação para a acção governativa. Dizer que o julgamento do Executivo se fará nas urnas e subestimar, ou desprezar, a "voz da rua" pode ser sinónimo de um autismo político que, noutros tempos, marcou o ocaso de governantes que acabaram por confundir determinação com autoritarismo cego.

José Sócrates já deu mostras de um empenho reformador que não tem paralelo recente na vida democrática portuguesa. E o pior para o País seria se o primeiro-ministro agora vacilasse na concretização de uma série de medidas que, embora dolorosas para muitos, são reconhecidas como inevitáveis num cenário de limitação de recursos.

O problema não estará, portanto, aí, naquilo que se fez e que é desejável que vá até ao fim. O motivo de muita insatisfação vem, sim, da percepção de que Portugal continua a ser um país injusto, onde a repartição dos sacrifícios que se pedem penaliza quem menos tem e poupa os privilegiados.

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O Tarrafal

No próximo domingo assinalam-se os 70 anos da instalação do Campo de Concentração do Tarrafal. Corria o ano de 1936 quando, a 29 de Outubro, chega ao Campo da Morte Lenta a primeira leva de 152 antifascistas. Por lá passaram 340 presos políticos, 32 dos quais acabaram assassinados pela ditadura fascista.

A existência deste campo de morte lenta é um dos maiores e mais vergonhosos crimes do regime de Salazar que se dizia alicerçado nos valores de Deus Pátria e Família. No entanto há muito quem queira fazer esquecer que tal crime aconteceu, no nosso pais, sob o nossos olhos. A propósito da celebração desta efeméride que ocorrerá no próximo Domingo, foi ontem apresentado, numa cerimónia que contou com três dos cinco sobreviventes do campo maldito, o livro “Dossier Tarrafal”.

Jerónimo de Sousa, presente na cerimónia verberou a tentativa (eu diria conspiração) de alguns intelectuais e comentadores, tanto nacionais como estrangeiros no sentido de branquearem o fascismo do regime salazarista, vendendo a peregrina ideia de que em Portugal não existiu fascismo". E não são apenas intelectuais de direita. É escandaloso que o senhor Fernando Rosas, um dos gurus do Bloco de esquerda, que dirige a edição da História de Portugal de José Mattoso, tenha conseguido a ignóbil proeza de que "Tarrafal” nem sequer mereça constar no registo temático", surgindo ape­nas "no índice onomástico",

e que em outra obra, o “Dicionário do Estado Novo”, também por si dirigido, com quase 700 “entra­das "não conste uma úni­ca dedicada ao campo do Tarrafal..

Com esquerdistas destes, quem é que precisa de direitas?!!

Não admira que haja quem pretenda apagar a memória da sinistra PIDE na Rua António Maria Cardoso, construindo no local da sua sede uma série de edifícios de luxo.
Faz tudo parte da campanha de branqueamento a que se referiu Jerónimo de Sousa e que todos podemos constatar por muitos e diário sinais

Há que estar atento!

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MULHERES DA MINHA VIDA
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com