ENQUANTO E NAO

segunda-feira, novembro 20, 2006

PERSONAGENS

As entrevistas com Cavaco Silva e Santana Lopes na semana passada, respectivamente na Sic e na RTP, constituíram para mim( e para muita gente) a confirmação clara do que penso há muito sobre quatro distintas personagens da nossa cena política: os dois entrevistados e ainda Sócrates e Durão Barroso.

Cavaco Silva, na sua primeira entrevista como Presidente, através da qual seria de esperar ficássemos a conhecer algo mais do que revelou durante a campanha eleitoral - ao longo da qual se limitou a mostrar-nos os dentes num sorriso estudado e repetitivo e a jogar à defesa no que ao seu pensamento político dizia respeito - limitou-se a reiterar a sua exclusiva preocupação com os aspectos economicistas da governação e a demonstrar o deserto de ideias (ou apetências)que lhe povoam a cabeça, no que se refere a problemas que não tenham a ver com o estreito campo da economia. Razão tem Marcelo Rebelo de Sousa ao considerar que “Cavaco não tem opinião sobre o mundo” e que a sua entrevista foi de “de uma banalidade atroz”. Razão tinha Mário Soares, ao dizer-lhe cara a cara que ele não tinha cultura nem estatura para o lugar de representante máximo do nosso país no areópago internacional.

No entanto foi Cavaco e não Soares que ganhou a corrida para a cadeira de Belém. E aqui entra Sócrates a outra personagem de que acima falei. Cavaco só ganhou, porque Sócrates lhe convinha que ele ganhasse e além de nada ter feito para que o seu companheiro de Partido saisse vencedor, contribuiu objectivamente, pela demora em se definir relativamente à política do PS sobre as eleições presidenciais, para a vitória, secretamente desejada, do frio economicista que ele preferia ter como presidente. E agora aí estão os dois, unha com carne em conúbio perfeito, almas gémeas para quem a política se reduz a cifrões.

A entrevista de Santana Lopes, teve o mérito, entre outras coisas de confirmar – o que já sabíamos - que é uma personagem errante, convencida, narcisista, chorão, queixinhas, que só por acaso, em má hora, e sem o mínimo de qualidade para o cargo, chegou a primeiro ministro – o que demonstra a fraca qualidade e inconsciência militante dos seus partidários ou a premeditada astúcia dos barões do Partido a que pertence..

O mais interessante, porém da sua entrevista, foi o colocar preto no branco a falta de carácter, o golpismo de um sujeito chamado Durão Barroso, que enquanto fingia pugnar – pretendendo com isso apresentar-se como pessoa nobre isenta - pela nomeação de um adversário político para o cargo de Presidente da Comissão Europeia, mexia na sombra os cordelinhos que viriam a proporcionar-lhe a ele próprio a ocupação de tal lugar, não se importando de abandonar à sua sorte o país que o tinha elegido para dirigir o seu destino. Querem acção mais vil?

Só nas tragédias de Shakespeare se encontraria personagem como esta.

Tudo bons rapazes, como se vê!

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Veja também
o meu outro blogue
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