ENQUANTO E NAO

quinta-feira, junho 29, 2006

VÁRIOS

À Pedrada?!...

"Corram-nos à pedrada, a sério. Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada. Eu estou a medir muito bem aquilo que digo."

Quem disse isto publicamente foi o autarca e presidente da Associação Nacional de municípios Fernando Ruas. E quem ele exortava a que fossem corridos à pedrada eram os fiscais do Ministério do Ambiente, encarregados de detectar e punir, sendo caso disso, algumas das monstruosidades ambientais que alguma autarquias não têm pejo de consentir ou apoiar, ao longo do nosso país, especialmente na orla marítima.
Este senhor não disse isto num arroubo de entusiasmo ou indignação. Não foram palavras que acodem à boca mais depressa do que o coração as sente ou o cérbro as pensa. Não. Foram palavras ,como ele teve o cuidado de advertir, “muito bem medidas”. Não tem pois qualquer desculpa. E não há um polícia que veja isto? Como é que este senhor, mais a mais com as responsabilidades que o cargo lhe impõe, ainda não foi intimado a prestar contas à justiça?

Permito-me a este respeito transcrever do DN de hoje uma passagem significativa do editorial assinado pelo seu Director, António José Teixeira, sob o título “Pedradas”

(…)Obviamente que é grave que Fernando Ruas incite os munícipes à violência e até, explicitamente, à constituição de uma espécie de milícias populares. Mas mais grave do que isso é o que pressupõe a afirmação do autarca. Ruas pensa e diz que os senhores do ambiente são um obstáculo ao desenvolvimento, que não ajudam as freguesias, que não fazem nada, que só sabem multar. E assim apresentado o pensamento do autarca dos autarcas ficamos a saber que as preocupações ambientais são meros empecilhos ao progresso dos povos.

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O Recurso ao tabefe

Lembram-se do meu “post” neste blogue, intitulado “Eu politicamente incorrecto me confesso”, no qual eu defendia o recurso ao rigoroso e científico método do “tabefe dado a tempo”? Pois não estou só. Vasco da Graça Moura está muito nesta linha, como se verifica na passagem que a seguir transcrevo de um artigo que ontem publicou no DN com o título “ A Indisciplina Escolar”: Sei que é apenas uma questão de semântica, mas V.G.Moura utiliza a expressão "chapadas" que, no meu imaginário, se me afigura doer mais.


(…) É claro que essa saída (da situação explosiva que se vive no ensino) existiria sem dificuldades no domínio do politicamente incorrecto. Se o professor, ou alguém por ele na escola, pudesse dar duas boas chapadas ao jovem agressor, insurrecto e malcriado, o problema resolvia-se em quinze dias. E, se as coisas continuarem assim, virá o tempo em que não haverá outra solução que não seja a restauração das palmatoadas e dos castigos corporais, quer se goste quer não se goste. Nunca fizeram mal a ninguém e, se sempre foram uma estupidez no que respeita ao mau aproveitamento, também sempre mostraram bastante eficácia no que toca às agressividades.
Num livro que já não é recente, A Pedagogia da Avestruz /Testemunho de Um Professor (2.ª ed., Gradiva, 2004), Gabriel Mithá Ribeiro analisa com argúcia, entre outras matérias de relevância para a vida escolar, o problema da indisciplina e reconhece que esteve à beira dessa atitude: "Cheguei a ter de jogar alunos e respectivo material pela porta fora, porque se recusavam a obedecer à ordem de expulsão da aula; cheguei a agarrar pelos colarinhos alunos que me invadiam a sala; cheguei a pôr o dedo em riste em algumas situações. Arrisquei a minha pele? Sim, mas ganhei o respeito dos outros e assim pude trabalhar"

Tem todo o meu apoio. Mas atenção, tabefe sim, mas acompanhado de um aperfeiçoamento nos métodos de ensino, pois o tabefe só ajuda a resolver os problemas de ordem disciplinar

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Medidas extremas" para libertar militar israelita

O primeiro-ministro israelita, Ehud Olmert, garantiu ontem estar disposto a recorrer "a meios extremos para recuperar" o cabo Gilad Shalit raptado, no passado domingo, numa acção conjunta de três grupos radicais palestinianos.

Ao final do dia, o exército israelita estendia ao norte de Gaza a operação desencadeada, na noite de terça para quarta, no Sul do território. Panfletos lançados por aviões israelitas convidavam a população a abandonar as suas casas, o que deixava antever a possibilidade de ataques aéreos nas próximas horas.

Segundo as agências, estão envolvidos na operação "Chuva de Verão" forças de elite da infantaria, blindados e unidades de artilharia, apoiadas por meios aéreos, ultrapassando cinco mil efectivos.


É assim a democracia de Israel, que os Estados Unidos tanto apoiam (Pudera deus os fez, deus os juntou, no que toca a democracia). As suas represálias são sempre desproporcionadas em relação às ofensas. Raptaram um soldado israelita? (logo eles que raptam e matam que se farta!) Então aí vai obra: tanques, aviões, artilharia pesada contra populações indefesas, semeando a morte e a destruição por onde quer que passam. O costume


A este propósito diz o Major Joaquim Granho da GNROficial de ligação na Missão de Assistência Fronteiriça da EU na Faixa de Gaza:

Para resgatar um refém usam-se comandos e não tanques e bombas

Sábias palavras!
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TIMOR: Manifestantes da Fretilin ficam até sábado e querem anulação demissão PM
Díli, 29 Jun (Lusa) -
Os manifestantes da FRETILIN pretendem ficar até sábado em Díli e entregar sexta-feira ao Presidente Xanana Gusmão um documento em que defendem a anulação da demissão do primeiro-ministro Mari Alkatiri, disse hoje à Lusa fonte do partido. Segundo o secretário-geral adjunto da FRETILIN, José Reis, o documento não foi entregue já hoje porque militares australianos impediram uma delegação dos manifestantes de se aproximar do Palácio das Cinzas, sede da Presidência da República.
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quarta-feira, junho 28, 2006

TIMOR, ainda

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Fretilin e Mari Alkatiri mostram que o seu partido ainda está vivo

João Pedro Fonseca
Em Díli, DN de 28-6-06

Para quem tivesse dúvidas, a Fretilin provou ontem ser ainda um partido com muitos militantes e que apoiam o seu secretário-geral, Mari Alkatiri.

Ontem , em Hera, o presidente da Fretilin, Francisco Guterres (Lu- -Olo) e Mari Alkatiri provaram também que lideram o partido e que os militantes os respeitam: travaram milhares de pessoas, evitando que elas entrassem em Díli. Pelo menos, por um ou dois dias...

Mais de mil pessoas deslocaram-se de Baucau, Lospalos e Manatuto para a capital. Só para mostrarem que estão com Alkatiri.

Pararam em Metinaro, a cerca de 40 quilómetros de Díli, e ali esperaram. Com ordens para não avançarem. Mas, ontem à tarde, Lu-Olo e Alkatiri tiveram que se deslocar ali rapidamente porque aqueles milhares de pessoas (transportadas em 350 camiões) ameaçavam deslocar-se até à capital. Não é que tivessem intenções violentas, mas em Díli ainda estão talvez uns três mil manifestantes que se opõem à cúpula da Fretilin. E o cenário de confronto directo entre os dois grupos poderia ser desastroso.

O primeiro-ministro demissionário e o presidente do Parlamento subiram então para uma camioneta, pegaram no megafone e mostraram que estavam muito felizes por verificar que os militantes da Fretilin estão com o partido, e deixaram recados para todos aqueles que diziam que a Fretilin fora esvaziada. Nomeadamente após a declaração duríssima do Presidente Xanana Gusmão em que arrasou a actual classe dirigente do partido. "Há muito tempo que não conseguia estar com militantes da Fretilin, não podia trabalhar, não podia dormir, fico muito feliz por estar aqui convosco", disse Mari Alkatiri.

A multidão intercalava cada frase de Alkatiri com o grito "Vamos para Díli".
O político portou-se como um estadista, apelou à calma, disse mesmo que "a Fretilin é um partido da democracia, de paz", lembrando que "os outros é que destruíram, queimaram, mataram."

Tentou também destruir essa divisão criada recentemente de lorosae/loromono. "Isso não existe, somos todos timorenses." Paralelamente, atacou aqueles que "andam a dizer que foram os loromonos que queimaram e destruíram, não é verdade, foi um pequeno grupo".

A mensagem de Alkatiri e também de Lu-Olo foi muito virada para a necessidade de se respeitar os valores democráticos. "Porque começaram com a violência? Será que estavam com medo de perder as eleições em 2007?", questionou Alkatiri, pedindo aos militantes para não terem medo, para continuarem vigilantes e para não acreditarem nos rumores mas para manterem a sua actuação sem violência. "As nossas armas são as nossa cabeças" e, por isso, a "Fretilin tem de mostrar que não é um partido violento."

Este discurso foi muito bem aceite, mas o mais difícil foi convencer o povo a voltar a Metinaro e a aguardar ali ordens para então entrar em Díli de forma pacífica. Alkatiri prometeu negociar com as forças internacionais um plano de entrada em Díli, mas que antes vai reunir todos os militantes da Fretilin da região ocidental para "mostrarmos que Timor é um só, não tem divisões" e depois, sim, avançam para a capital de forma ordeira.
Manisfestantes pró Xanana estão a queimar a cidade e as casas de elementos e de simpatizantes da FRETILINOs manifestantes a favor de Xanana Gusmão e de José Ramos Horta, organizados pelos desertores, estão a atacar casas de militantes da FRETILIN,Esta é uma acção de desespero, a política da terra queimada, e é também o seguimento de uma estratégia de provocação aos membros do maior partido timorense.Não admira estes ataques e provocações, mas a FRETILIN vai saber esperar para continuar a mostrar que é o garante da democracia, da estabilidade, da soberania, da independência nacionais

Por aqui se vê quem faz uma política responsável, respeitando as regras da democracia ou quem recorre à violência e ignora as regras do convívio democrático. Alkatiri tem dado mostras de uma serenidade impressionante


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Dois pesos, duas medidas
Ontem, com receio de que o grupo de apoiantes da Fretilin chegassem a Dili, os militares australianos montaram um esquema de segurança muito apertado. Tanques em todas as entradas de Leste, "checkpoints" rigorosos que incluíam verificação dos motores dos carros. Percebe-se. Mas não poderão impedir este grupo de entrar, mais tarde ou mais cedo. Ou será legítimo inquirir: “porque deixaram entrar os contra-Alkatiri e não deixam entrar os pró-Alkatiri?
DN de 28-8-8

Claro. Pois se é a Austrália que está a mandar em Timor. A Australia e a a Igreja. Ou não foi para isto que se deu o golpe?
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Tropas australianas deixaram mais uma vez queimar...

Durante a tarde o aparato de carros blindados e de helicópteros, as barreiras militares australianas e neo-zelandeses, era visível em todas as entradas de Díli. Desapareceram ao fim do dia.

Quando começaram a incendiar as casas de militantes e dirigentes da Fretilin, parecia não haver tropas na cidade.

Na noite em que se reacenderam os distúrbios em vários bairros da cidade, provocados pelos manifestantes pró-Xanana, as tropas australianas desapareceram de circulação.

Apenas depois de verem a presença de jornalistas na cidade, começaram a aparecer nas zonas com conflitos.

Um armazém a poucos metros de casa do Primeiro-Ministro foi incendiada sem que aparecessem militares australianos. Apenas o carro de bombeiros escoltado por dois jipes que o acompanham.

Pelo contrário, a GNR esteve sempre presente na sua zona de Comoro, tendo feito cerca de dez detenções.
Primeiro incendiaram e queimaram para criar uma situação tal que levasse à demissão o Primeiro Ministro. Agora volta a pilhagem e o vandalismo para impedir que se mantenha o actual parlamento. Estava tudo previsto
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Carros com portugueses e brasileiros apedrejados em Díli

Dois carros, um com portugueses e outro com brasileiros, foram esta terça-feira apedrejados no centro de Díli, numa zona onde manifestantes antigoverno instalaram várias barreiras para tentar controlar a passagem de viaturas.
Um dos portugueses envolvidos no incidente, de que não resultaram feridos, explicou à Lusa que o apedrejamento ocorreu à noite (hora local), na rua onde se situa a sede da Caixa Geral de Depósitos, em Díli.

«Deparámo-nos com uma barreira e como não podíamos passar virámos à direita. Fomos logo apedrejados por algumas das pessoas que estavam na barreira e que usavam um documento de identificação ao peito», disse, referindo-se a elementos da segurança dos manifestantes.

Contactado telefonicamente pela Lusa, a mesma fonte, que pediu para não ser identificada por razões de segurança, disse que seguiam três pessoas no carro, que estava identificado com a palavra Portugal e cujos vidros ficaram partidos.

Fonte da embaixada brasileira disse à Lusa que dois cidadãos brasileiros foram igualmente apedrejados em incidentes idênticos que ocorreram nas imediações do Parlamento Nacional, no centro da capital timorense.

As forças de segurança internacionais foram hoje chamadas a intervir em vários incidentes em Díli, tendo a GNR detido uma dezena de pessoas por tentativa de assalto a residências ou apedrejamentos.

Diário Digital / Lusa

Ah pois, os portugueses e a língua portuguesa vão sofrer tratos de polé. English is business.
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terça-feira, junho 27, 2006

TIMOR: descubram as diferenças

A Fretilin apareceu
Milhares de manifestantes, mais de 15.000, segundo a LUSA, estiveram a dez minutos de Dili, em Hera.

Os manifestantes voltaram para Metinaro onde permanecerão durante a noite.

Alkatiri e Luo'Olo acompanharam-nos até Metinaro de forma a permitir que os manifestantes anti-governamentais saissem da cidade.

Os manifestantes empunhavam cartazes a dizer "Viva Alkatiri", "Viva a Fretiln", "We are not a Banana Republic".

Contavam-se entre os manifestantes muitos Katuas, homens mais velhos, e muitos antigos combatentes..


Esta é a diferença. Mari Alkatiri tem demonstrado em toda esta crise uma serenidade impressionante, procurando agir dentro da mais estrita legalidade . Enquanto os golpistas (entre os quais Xanana Gusmão e Ramos Horta) têm incitado o seus apoiantes a manifestarem-se ruidosamente nas ruas (alias nunca chegaram a ser mais de três mil) segurou sempre os seus apoiantes evitando que eles descessem as ruas, para evitar confrontos e agravamento da já de si tão difícil situação. Enquanto uns incendeiam, ele apazigua.

Hoje que tem milhares de apoiantes dispostos a entra em Díli para uma manifestação ( a única legal em toda esta embrulhada) ele segura-os nos arredores para evitar confrontos com os seus opositores, aguardando que estes saiam da cidade.

Que diferença!


Mari Alkatiri aos manifestantes...
A arma da FRETILIN "é a inteligência" - Mari Alkatiri

Hera, Timor-Leste, 27 Jun (Lusa) -

A FRETILIN não precisa de armas para fazer valer a sua força eleitoral, porque a sua arma "é a inteligência", afirmo u hoje em Hera, arredores de Díli, o secretário-geral do partido e primeiro-ministro demissionário, Mari Alkatiri.

"Nós já não usamos armas. Usámos há muito tempo para libertar Timor-Leste. A nossa arma, agora, é a inteligência", frisou Alkatiri, dirigindo-se a mais de 10 mil militantes e simpatizantes da FRETILIN que pretendiam entrar em Díli para manifestarem apoio ao governo, ao partido e à sua liderança.
Ponto da Situação:
. Na sua intervenção em Hera, a cerca de 12 quilómetros a leste de Díli, Alkatiri disse estar disposto a preparar o partido para as eleições legislativas , previstas para o primeiro trimestre de 2007, e reafirmou que a FRETILIN "respeita a democracia".

"Sim, a FRETILIN respeita a democracia. Respeita a soberania. Por isso não queremos a demissão de ninguém", disse, numa referência aos milhares de mani festantes que, desde quinta-feira, estão concentrados em Díli a exigir a sua dem issão do governo e que o Presidente da República dissolva o Parlamento e convoqu e eleições antecipadas. Mari Alkatiri demitiu-se do cargo de primeiro-ministro segunda-feira, na sequência de fortes pressões do Presidente da República, Xanana Gusmão, que ameaçara demitir-se se o líder da FRETILIN não deixasse a chefia do governo.
Hoje, após uma reunião do Conselho de Estado, a Presidência da Repúblic a anunciou, em comunicado, que Xanana Gusmão vai iniciar de imediato diligências para a formação de um novo governo no âmbito do actual quadro parlamentar.
A FRETILIN detém a maioria no Parlamento, com 55 dos 88 deputados, pelo que a declaração presidencial significará que, nos termos da Constituição, Xana na Gusmão solicitará àquele partido que indique o nome do novo primeiro-ministro . Caso não seja possível formar um novo governo, Xanana Gusmão "considera rá a possibilidade de dissolver o Parlamento e antecipar eleições gerais", lê-se no comunicado.
Mari Alkatiri e o presidente da FRETILIN e do Parlamento, Francisco Guterres "Lu-Olo", foram hoje ao encontro dos militantes e simpatizantes do partido para os dissuadir de entrarem na capital, onde se mantêm alguns milhares de man ifestantes que contestam o primeiro-ministro e exigem a dissolução do parlamento.
Estes manifestantes são enquadrados pela autodenominada Frente Nacional Justiça e Paz, cujo coordenador-geral, major Alves Tara, tem repetidamente garantido que não deixarão Díli enquanto Xanana Gusmão não dissolver o Parlamento.
Claro desde o princípio que este Tara e o Reinado e o Salsinha e outros têm esta incumbência: quebrar a influência da Fretilin
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segunda-feira, junho 26, 2006


Foto de manifestantes contra Alkatiri

Repare-se na idade dos Manifestantes
Quem lhes dita estas frases?
Repare-se no idioma em que é escrito
A quem pertence este carro?
Quem paga a gasolina para as centenas de viaturas que se deslocam a dili com manifestantes como estes?
Adeus Timor
Adeus lingua portuguesa!

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Outras opiniões dobre a crise de Timor

Austrália apaga Timor do mapa

Notícias Lusófonaswww.noticiaslusofonas.com
26.06.2006
Por Orlando de Castro

Mari Alkatiri não resistiu ao golpe de Estado presidencial, patrocinado por Xanana Gusmão sob as ordens mais próximas da Austrália e mais distantes de George W. Bush. Começa agora a fase, petroliferamente incendiária, da tornar a FRETILIN num partido domesticado (Ramos Horta quer regressar para isso), residual ou, quem sabe, ilegal. Ou seja, lá se vai mais um país lusófono.

Ramos Horta teve já hoje o desplante de indicar três nomes como sucessores de Alkatiri. Não está mal. Não sei em que articulado da Constituição do país se baseou, mas certamente que os australianos lhe devem ter dido onde é que isso constava.Com a saída de Alkatiri e a mais do que provável domesticação da FRETILIN, Timor-Leste vai passar definitivamente para a esfera política, económica, militar e social dos australianos. Assim o quis Xanana Gusmão, assim o permitiu (que remédio) Portugal e a própria CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

Xanana Gusmão nem sequer escondeu que apostava tudo na tomada do poder, tal como não ocultou que recebera ordens para decapitar a FRETILIN e Alkatiri que, reconheça-se, eram o único obstáculo a que o petróleo e gás natural de Timor passassem a ter a designação “made in Austrália”.

Xanana Gusmão, obviamente protegido por soldados australianos, agradeceu aos timorenses que se juntaram em Díli o contributo para vencerem a “guerra”. Guerra? Sim, talvez ela regresse.Aliás, se calhar era isso mesmo que os australianos queriam mas, mais uma vez, Alkatiri não lhes deu esse prazer. Não deu a Camberra como não deu às figuras de terceiro plano que sairam às ruas para gritar vitória. Quais figuras? Fernando de Araújo, Leandro Isaac, Manuel Tilman, Mário Carrascalão, Ângela Carrascalão, Lúcia Lobato, Joe Gonçalves, por exemplo.

Creio que Alkatiri vai ser o último a rir. Pena é que sejam os timorenses, mais uma vez, a pagar a crise.Orlando Castro

TIMOR: as últimas notícias

Sobre este assunto já fiz comentários mais do que suficientes. Hoje limito-me a citações:

Alkatiri apresenta pedido demissão

Declaracao do Primeiro-Ministro
GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO


Tendo reflectido com profundidade necessária sobre a situação vivida no país;

Considerando que acima de todos os interesses, estão os interesses da nossa nação;

Assumindo a minha parte das responsabilidades pela crise por que mergulhou o pais;

Recusando-me terminantemente contribuir para o aprofundamento da crise;

Reconhecendo que todo o povo merece viver um clima de paz e tranquilidade;

Esperando de todos os militantes e simpatizantes da FRETILIN toda a compreensão e apoio;


Declaro:

Pronto a resignar-me do meu cargo de Primeiro-Ministro e do Governo da RDTL para evitar eventual resignação do Presidente da República

Pronto a manter com Sua Excia o Senhor Presidente da República diálogos no sentido de contribuir, se necessário, para a formação do governo interino

Pronto em contribuir na apresentação do orçamento de Estado no Parlamento nacional.

Mais declaro que passo a assumir as minhas funções de deputado no Parlamento Nacional até ao fim do meu mandato.

Dili, 26 de Junho de 2006

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Comentários:
1 .A arrogancia dos ocupantes
Segundo fonte proxima, a embaixadora australiana ligou para um assessor do gabinete do Primeiro-Ministro a exigir que este a esclarecesse imediatamente de qual a interpretaçao da declaraçao, se significava ou nao que o Primeiro-Ministro se demitia
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2 A Austrália sempre teve um comportamento de vampiro face a Timor-Leste. Qual é a novidade?
Só espero que o PR se consiga desenvecilhar da rede em que os australianos o estão a ajudar a ficar enrolado.
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3. Falta apenas fazer o trabalho detalhado da comparação dos milhares de fotos que têm saido a público: as dos jovens que pilharam, incendiaram e mataram, com as dos jovens que aplaudem um Presidente da República num palaque ladeado por gangsters!

Quantos coincidirão ... procurem os rostos coincidentes!
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domingo, junho 25, 2006

TIMOR: tudo em banho Maria

Após 7 horas em reunião terminou o Congresso da Fretilin.
Pelos vistos continua tudo na mesma. Mario AlKatiri tem legitimidade constitucional para continuar a governar e aparentemente não quer ser ele o responsável por mergulhar o país numa situação de inconstitucionalidade. Que sejam o golpistas a consumar o crime. Claro que a facção neocolonialista não vai ficar a meio do caminho.
Entretanto, por cá, indiferente ao pedido de mediação portuguesa, "o Ministério dos Negócios Estrangeiros recusou comentar o apelo de Alkatiri, tendo o porta-voz do ministro Freitas do Amaral, Carneiro Jacinto, afirmado ao DN preferir esperar que a situação se esclareça. Posição idêntica teve o gabinete do primeiro-ministro, José Sócrates."
Mas que grande cinismo? então o pedido não era precisamente para ajudar a esclarecer a confusa situação que se vive em Timor Leste. Quando estiver esclarecida, sabe deus a a que preço, não é preciso esclarecimentos de mais ninguém. Com amigos destes....

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Timor-Leste: FRETILIN apela para que Xanana Gusmão e Mari Alkatiri se mantenham

Díli, 25 Jun (Lusa) - A FRETILIN apelou hoje ao Presidente da República timorense, Xanana Gusmão e ao primeiro-ministro Mari Alkatiri para que se mantenham em funções, anunciou o presidente do partido, Francisco Guterres "Lu-Olo", em conferência de imprensa.
Francisco Guterres falava aos jornalistas após a reunião do comité central da FRETILIN, que decorreu na sua sede em Díli, e que demorou cerca de sete horas.
Entretanto, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, Ramos Horta, pediu a demissão mas vai manter-se em funções até à formação do novo governo, disse à Lusa fonte do gabinete do ministro.
Ramos Horta, que acumula as pastas de ministro de Estado, Negócios Estrangeiros, Cooperação e Defesa apresentou pelas 17:00 (09:00 em Lisboa), a demissão ao primeiro-ministro Mari Alkatiri, disse fonte oficial.

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sexta-feira, junho 23, 2006

TIMOR: A farsa chegando ao fim

Com a chantagem do anúncio da sua demissão, caso Alkatiri não se demita, Xanana Gusmão tornou impossível a existência de um governo chefiado por um primeiro-ministro, não católico, num país onde a igreja católica tem (e exerce)uma influencia política determinante.

Assim não admira que ruas de Díli se tenham enchido hoje de manifestantes exigindo a demissão do chefe do governo. Xanana é um líder carismático que não teve de se sujeitar à usura do exercício da governação. Perante a sua ameaça de se demitir que outra solução resta aos timorenses?
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Últimas notícias e textos sobre Timor

Dili, 19:00 de 23 de Junho
Manifestantes dispersam
Os manifestantes começam a sair da frente do Palácio do Governo.

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Sexta-feira, 23 de Junho de 2006.
O dia mais longo das suas vidas. Mais um. Ao ponto a que a situação chegou já pouco espaço resta para que se possa recuar salvando a face. Infelizmente, o braço de ferro só terá vencidos. Mesmo o vencedor, seja ele quem for, já perdeu. Espaço político. Credibilidade.Austrália, Indonésia e Portugal repetem até à exaustão que deverão ser os timorenses a encontrar uma solução para os seus problemas. Sim, é verdade. Mas não sei se não seria útil equacionar também a possibilidade de se enviar um mediador internacional de reconhecido prestígio e acima de qualquer suspeita de favorecimento de uma das partes. A ONU facilmente encontraria uma mão cheia de nomes que seguramente aceitariam o desafio. Bill Clinton, por exemplo, seria uma excelente opção.
In: http://bloguitica.blogspot.com/
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um mediador ... é...era....será... uma boa ideia, mas temo que seja tarde, os mediadores que apareceram foram primeiro a Maubisse... era lá que estava o poder?Ninguém verdadeiramente ajudou, nem isso fazia parte do plano cujo unico objectivo era deitar abaixo o Primeiro Ministro ... esse era o alvo ... e água mole em pedra dura tanto dá até que fura ... tanto bateram que conseguiram.Qual é o alvo que se segue ... para mim não é nenhum, isto é, a UN vai tomar a governação para já e os australianos ficam aliviados e com espaço para imporem (são mais fortes, estão perto, tem fortes interesses estratégicos e económicos) os seus pacotes para a segurança, justiça etc.. há muito preparados ...
comentário anónimo ao texto anterior em: http://www.timor-online.blogspot.com/

Nota: Maubisse é a “estância turística" onde se encontra armado, e em alegre confraternizaçã com os militares australianos, o sublevado major Alfredo Rinado. Elucidativo, não é?
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Jogo de Xadrez... "á lá Xanana's", com bispo ao ataque

Primeiro chegaram os peões, os cavalos e as torres, todos cerraram fileiras em torno da Rainha e do Rei.
Agora chega um Bispo, há lugar para dois... quando reentra no tabuleiro o segundo?
Já agora sobre o primeiro a entrar no dia de hoje.
O senhor Ricardo, Bispo da Igreja católica, saúda a iniciativa junto ao Palácio do Governo. Parabéns senhor Ricardo... não se esperava de si outra coisa, assim como da Igreja católica.
Já preparou mais um centro de detenção e de tortura na diocese? Ou será que o inaugurado na sua manifestação da Igreja católica nunca foi desactivado?
Tenha vergonha e dispa a batina... não a merece!

In: http://timor-verdade.blogspot.com/
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Lisboa, 23 Jun (Lusa) -
A renúncia de Mari Alkatiri à chefia do governo e a sua substituição por outro dirigente da FRETILIN é "uma das soluções" que está a ser equacionada pelo partido e deverá ser decidida sábado, indicaram fontes partidárias.

Duvido que os golpistas aceitem esta solução. Quando um Presidente se permite afirmar que não reconhece as decisões do Congresso de um Partido, está tudo dito
Acerca do carácter democrático desse Presidente

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Veja também
A última estória “ERRO DE CASTING”
No meu outro blogue
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quinta-feira, junho 22, 2006

TIMOR: Alkatiri resiste

Mari Alkatiri recusa pedir a demissão. Quanto a mim faz muito bem. Xanana Gusmão assumiu aceita fazer o papel de pau-mandado dos australianos e de sua mulher., haja alguém que tenha dignidade naquele pobre país. Já agora, que seja Xanana, ele próprio, a levar até ao fim o triste papel em que se deixou envolver, até porque, na opinião de Ana Pessoa, jurista timorense e membro do governo “o primeiro-ministro Mari Alkatiri tem de sobreviver para que Timor-Leste possa sobreviver. Caso contrário, assistiremos a uma sucessão de governos sempre que umas quantas pessoas se reunirem para protestar.”

De tudo o que tive ocasião de ler na imprensa portuguesa julgo não andar longe da verdade se disser que fui das primeiras pessoas a denunciar, neste blogue, o carácter golpista e premeditado da crise que se abateu sobre Timor-Leste e o papel dúbio de Xana e Ramos-Horta nos tristes acontecimentos que ali se têm verificado.
Os ataques à casa de Mari Alkatiri e de Matan Ruak logo nos primeiros dias (aqui se vê quem é que queria matar quem), a protecção dada aos militares golpistas pelos soldados australianos, o inacreditável incêndio e destruição total dos arquivos sobre os crimes cometidos pelas milícias a soldo da indonésia, perante a passividade dos mesmos australianos, nunca me deixaram dúvidas sobre as intenções de quem premeditou toda esta trama.
Agora parece que ninguém já duvida, como se vê em diversos notícias e artigos que começam a surgir na nossa imprensa, dos quais destaco o editorial de hoje do Diário de Notícias assinado por Eduardo Dâmaso e intitulado “A Carta”
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"A situação política em Timor não pára de surpreender. O novo episódio da crise é epistolar - uma carta de Xanana a Alkatiri a exigir-lhe a demissão com base num programa da televisão australiana em que é afirmado que o primeiro-ministro teria promovido a distribuição de armas a militares da Fretilin.

O assunto da entrega das armas é melindroso e está a ser investigado pelas autoridades judiciais timorenses. Não há ainda nenhuma espécie de conclusão, mas o Presidente da República, que tem a especial obrigação de manter a serenidade e ser o garante das instituições, pôs o país em alvoroço dizendo em papel timbrado e com a solenidade das declara- ções de Estado o que a sua mulher diz habitualmente na cozinha lá de casa ou em incursões pelos bairros pobres de Díli.

Xanana escreve a carta num tom idêntico ao das declarações recentes da sua mulher, a australiana Kirsty Sword, sobre Alkatiri, em que esta não só disse que o primeiro-ministro devia demitir-se como anunciava que, caso não o fizesse, seria demitido pelo seu marido.

As relações de Estado em Timor já tinham descido ao mais baixo nível de paroquialidade quando se percebeu que em muito dependiam da vida do- méstica do Presidente. Agora passaram para a fase mais preocupante: o tom simplório com que têm sido comentadas as relações institucionais saiu mesmo da cozinha do Presidente e entrou nas instituições.

A carta de Xanana - que o DN publica nesta edição - representa a triste paródia a que chegou a política timorense. Um país que está à beira de uma guerra civil é atravessado por ódios mortais ao nível das mais altas figuras do Estado, fomentados por guerras antigas ou por interesses económicos e diplomáticos da Austrália.

Com este comportamento Xanana Gusmão volta a incendiar o clima político em termos que podem ser incontroláveis num país onde há centenas de civis armados, polícias e militares amotinados, rivalidades étnicas, invejas pessoais e que se transformou num palco de obscuras manobras diplomáticas. Com uma liderança que gere ódios o povo só pode mesmo é procurar abrigo do seu próprio medo. O braço-de-ferro entre Xanana e Alkatiri chegou a um ponto de não retorno e pode mesmo acabar num banho de sangue. E, até aqui, quem se tem esforçado por evitar tal tragédia tem sido Alkatiri e não o Presidente de Timor- -Leste.
Os sublinhados são da minha responsabilidade

Veremos qual o desfecho deste imbróglio, mas. Como já cá ando há muito tempo cada vez mais me faz lembrar os dramáticos acontecimentos de 1960 que envolveram a conspiração para levar à demissão e consequente assassinato do primeiro-ministro do Congo. Patrice Lumumba , mergulhando aquele país numa crise que dura até hoje, conforme aqui recordei na minha entrada de 28-5-2006.

Oxalá eu esteja enganado!
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quarta-feira, junho 21, 2006

ÚLTIMAS DE TIMOR

Xanana Gusmão exige demissão Mari Alkatiri

- O presidente timorense, Xanana Gusmão, exigiu a demissão do primeiro-ministro, Mari Alkatiri, por considerar já não merecer a sua confiança, numa carta enviada terça-feira ao chefe do governo e a que a Lusa teve hoje acesso.

Na carta, Xanana Gusmão refere-se a um programa da série "Four Corners" transmitido pelo canal televisivo australiano ABC, explicando a Mari Alkatiri que no documentário são feitas "graves denúncias sobre o seu envolvimento na distribuição de armas a civis
"
Agencia Lusa, 21-06-2006 Hora de Tiimor)

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Xanana Gusmão... o que dirá a história sobre ele?
Xanana Gusmão deu o pontapé de saída para toda esta crise, cabia-lhe a ele resolver os problemas militares e nunca o fez.Quando os outros o fizeram veio dizer que estava mal feito. Morreram pessoas, muitas pessoas. Agora, Xanana vem com base num programa de televisão da ABC exigir a demissão do primeiro-ministro. É ridículo, é o desespero de quem até deixou a sua mulher - australiana - tecer comentários e acusações graves ao Governo de Timor-Leste. Perguntem ao Pedro Bacelar Vasconcelos se era ou não intenção do Presidente da República demitir Mari Alkatiri quando se analisou a Constituição e a possibilidade de dissolução do Parlamento Nacional. Perguntem ao Chefe de Gabinete de Xanana Gusmão se não era esse o objectivo, que gorado nessa altura, se avançou para novas formas de pressão. A história da RDTL vai parecer, neste capítulo um livro de anedotas...tenham juízo de uma vez por todas.

In http://www.timor-online.blogspot.com/
19.50 de 21-6-2006 (hora de Timor-Leste

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Desde o princípio da crise, e antes disso, quando o clero de Timor leste começou abertamente a contestar o governo nas ruas pelo facto de este ter anunciado (medida justíssima aliás) que o ensino de religião nas escolas deixava de ser obrigatório, tornando-se facultativo, ficou a ideia que a intenção era derrubar Mário Alkatiri - o homem a quem os timorenses tinham dado por maioria a vitória nas urnas.

Agora, como se vê pelas citações acima, o objectivo, antes inconfessado, fica bem claro: demitir Alkatiri. Como queria a igreja, como queria o governo australiano, como queria a mulher, australiana de Xanana Gusmão, como queria o próprio Xanana.

Alkatiri pode até ter feito ou deixado fazer alguns disparates para não se deixar esmagar pela teia conspirativa, mas ela existiu desde o princípio. Só não vê quem não quiser ver

E a pergunta é: Acaso ama Timor, quem para conseguir este objectivo contribuiu para o cais instalado, para os incêndios, para a destruição, para as mortes em que o país se viu e vê mergulhado?

Ai Timor, Timor!

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sexta-feira, junho 16, 2006

VÁRIOS


Sete mil à chuva exigiram que ministra vá dar aulas

Este era o título de uma notícia do Correio da Manhã de ontem
Ora aí está uma boa ideia: pôr a ministra a dar aulas, numa escola (em zona problemática) e sujeita à avaliação dos pais dos alunos. Quem sabe se ele aprendia?

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O PS Insiste nas quotas de 30%

O PS prepara-se para apresentar reformulada a proposta de Lei que obriga a que as listas para deputados sejam constituídas por um número de mulheres não inferior a 30%, proposta que recolhe apenas apoio do BE, tem o repúdio da maioria das mulheres – que não é desta forma imposta que pretendem ver os seus direitos de paridade reconhecido e chumbada pelo actual Presidente da República.
Arre que são marretas! Eu não digo que o PS anda obcecado por quotas? Veja-se a imposição de quotas nas carreiras dos professores.
Grandes “cotas” é o que eles são.

A este propósito de quotas para as mulheres recordo que na Europa só a França e a Bélgica mantêm este sistema (aliás contestado) e que vários outros países que o experimentaram o deixaram cair

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Os Direitos do Homem

A Amnistia internacional, a propósito do campeonato do mundo a decorrer na Alemanha, é de opinião de que, se entre os 32 países participantes se disputasse a taça “Direitos do Homem”, ela seria atribuída à Costa Rica.

Pois eu digo: se essa taça existisse mesmo, e me fosse dado escolher entre uma ou outra, eu - embora fique muito contente se o nosso país for o primeiro classificado no futebol, mais contente ainda ficaria se Portugal fosse o campeão dos Direitos do Homem. E que se lixasse a taça da FIFA.
Assim como assim, sempre ouvi dizer: “que se lixe a taça!”

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Timor 1

Armazém de sândalo pilhado em Díli sob olhar dos militares australianos

Um armazém governamental, onde se encontravam cerca de 30 toneladas de sândalo, foi ontem pilhado em Díli sem que os soldados australianos, presentes no local, tivessem feito "o que quer que fosse para o impedir", afirmou o ministro da Agricultura timorense, Estanislau da Silva, à agência Lusa.

Segundo o governante timorense, este telefonou ao comandante das forças australianas que enviou uma pequena força para o local, mas que "se limitou a observar os acontecimentos, sem qualquer tipo de intervenção".

O sândalo armazenado estava avaliado em cerca de 300 mil euros. O porta-voz das forças australianas, ouvido pela Lusa, disse desconhecer o incidente
.
DN de 16-6-06

Pudera, os australianos não estão lá para ajudar mas para complicar. Não escondem que gostariam de ter em Timor um Primeiro-Ministro mais maleável em relação aos seus interesses petrolíferos

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“Só há uma saída para tudo isto: dizer aos australianos que regressem aos barbecues e à cerveja, mas em território deles. Timor-Leste é independente e já chega de intromissões nojentas. Estão lá porque prepararam o caminho para entrar com a ajuda de uns quantos timorenses mortos de ambição pelo Poder - petróleo e gás natural. A cena de hoje do sândalo é mais um escândalo australiano. Quem sabe se o mesmo que foi roubado não sairá por porto seguro (COM), dirigindo-se para a Oceânia.”
Timor-verdade.blogspot.com

Está tudo dito

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quinta-feira, junho 15, 2006

OS PROFESSORES e A MINISTRA

Professores, 20
Ministra, 0


Apesar da chuva e do mau tempo o silencioso desfile e a manifestação dos professores, de luto e em luta, ontem em Lisboa foram impressionantes e constituiram uma demonstração pujante da determinação desta vilipendiada classe em não baquear perante os ataques que, dia após dia, lhe são desferidos, por uma Ministra que, tendo a seu cargo a gestão e aprimoramento da Educação do nosso país, mais parece apostada em escaqueira-la.

Com a sua presença em massa, vindos de todos os cantos do país - longas horas de viagem quer na vinda quer no regresso, desfilando e permanecendo à chuva durante várias horas – os professores deram o mais cabal desmentido às torpes insinuações de alguns (insinuações aliás incrementadas pela própria Ministra) de que a escolha da data da greve seria uma habilidade para gozo de um feriadito suplementar. Pois aí está. Que grande gozo de feriado! Levantar cedo, percorrer quilómetros de estrada, passar um dia à chuva, voltar a percorrer outros tantos quilómetros, tão grandes como o tamanho de Portugal, nalguns casos, chegar a casa tardíssimo, e hoje acordar moido e porventura cosntipado, não é um gozo “do caraças? Oh, mentes mesquinhas!

Por sua vez a Ministra resolveu competir com Jardim da Madeira (que é um belo exemplo, como todos sabem) na ejaculação torrencial de insultos aos professores.
Ò senhora Ministra, “há sindicatos capturados por partidos, com uma agenda que não é a da educação” ??? E são milhares de “parolos” a dar ouvidos a esses sindicatos?
Este tipo de acusações são muito famililiares aos portugueses. Quem as utilizava muito e que sempre imputava aos comunistas, ou a um grupo de “energúmenos”, qualquer acção reivindicativa, por insignificante que fosse, era uma polícia de má memória, cujo nome nem quero recordar, ao serviço de um senhor de memória péssima, cujo nome começava por S.

Ò senhora Ministra, então “os melhores professores ficam com os melhores alunos e os docentes com pior estatuto levam as turmas piores? Em que escolas é que são os professores a escolher os alunos? .

Ó Senhora Ministra, e a senhora que é tão loquaz a denegrir os professores, não é estranho que lhe tenha esmorecido o verbo para condenar a agressão, há dias noticiada, de uma professora por parte de um familiar de um aluno? Muito estranho mesmo, não é?

Resumindo:
Professores, nota 20
Ministra, nota 0
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quarta-feira, junho 14, 2006

POLÍTICA DA EDUCAÇÃO e outra malfeitorias

Os professores manifestam-se

Milhares de manifestantes cumprem hoje um dia de greve e vão manifestar-se na rua contra a desastrada política de educação deste Governo. Quem pode deixar de lhes dar razão? Esta Ministra da Educação parece apostada em desacreditar os professores, fazendo deles bodes expiatórios de toda a má política educacional de sucessivos governos.

Além de os desacreditar e humilhar perante a opinião pública – o que só pode redundar em prejuízo para a qualidade do ensino que Sua Excelência tanto apregoa defender, a Ministra não para de, uma após outra, aparecer com medidas altamente lesivas dos interesses dos professores, tendentes a pôr em causa as justas aspirações de progressão numa carreira tão árdua e stressante como é a sua.

A juntar à famigerada dependência da opinião dos pais, na promoção dos professores, pretende ainda a senhora Ministra que ela passe também a depender da existência de quotas em cada um dos patamares da carreira, (este Governo anda obcecado por quotas) da obtenção de uma classificação de “excelente”, para uns casos e de “muito bom” para outros (como se “excelente” e “muito bom” não sejam dois termos rigorosamente sinónimos) e não sei quantas mais exigências destinadas unicamente a “lixar a vida” aos professores.

Para ajudar à festa, vem ainda o Presidente da República meter a sua colherada, aconselhando os professores a "deixarem a ministra actuar" – o que constitui, dadas as circunstâncias – um claro apoio a uma política que os professores contestam. Quão diferente foi a actuação do senhor Presidente em relação aos protestos dos senhores da CAP (muitos dos que nós vimos na televisão tinham todo ar de nunca terem sujado as mãos na terra), indo ao seu encontro, e “sans le dire” deixar bem claro para que lado ia a sua simpatia!
Alguém se espanta? Eu não.

Força, pois, professores. A vossa luta é justa


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Díli a uma só voz defende GNR e critica a Austrália

Díli quer "reduzir as tensões políticas e diplomáticas" causadas pela força militar liderada pela Austrália. Nesse sentido, defende a presença de um contingente das Nações Unidas, com 870 membros, durante 12 meses, pelo menos, em vez dos soldados australianos. Neste contexto, Portugal terá um papel preponderante, através da GNR.
DN de 14-6-06

Críticas à Austrália? Que é que esparavam?. Deviam era ter pensado nisso antes de os chamarem. Será que quem os chamou começa a ganhar juízo?

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Terrorismo de Estado

“ Israel voltou a semear a morte na Faixa de Gaza: 11 palestinianos, nove dos quais civis e entre estes duas crianças morreram num bombardeamento israelita que fez ainda 42 feridos, cinco dos quais crianças. Face ao ocorrido, o Presidente Mahmud Abbas, normalmente contido quando se trata de criticar as acções israelitas, qualificou a acção como um acto de "terrorismo de Estado".
DN de 14-6-06

Realmente, se isto não é terrorismo de Estado, o que é?
E a um Estado que a toda hora pratica “terrorismo de Estado”, como se deve chamar? Estado terrorista, não é?
Como não compreender, então, a relutância do povo palestiniano em reconhecer este Estado
?!

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E isto o que é?

"Portugal serviu de escala a dezenas de voos de aparelhos usados pela CIA nos últimos anos, alguns com origem ou destino considerados suspeitos, revela a lista sobre alegadas actividades ilícitas daqueles serviços secretos norte-americanos na Europa ontem divulgada, em Estrasburgo, pelo Parlamento Europeu
.
DN de 14-8-06

Actividades ilícitas, voos ilícitos, desrespeito pela soberania de outros Estados, isto o que é?

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E isto?

“O Pentágono rejeitou ontem os apelos à realização de um inquérito independente sobre o presumível suicídio de três detidos na prisão da base americana de Guantánamo, em Cuba. Pressionados pela Amnistia Internacional (AI) e pela UE para encerrar o centro de detenções, os responsáveis da Defesa disseram-se capazes de fazer a sua própria investigação.”
DN de 14-6-06

Têm medo que se descubra o que passa naquele campo sinistro, e além de sinistro ilegal? É?
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segunda-feira, junho 12, 2006

EU, "POLITICAMENTE INCORRECTO", ME CONFESSO

O “politicamente correcto” é, em minha opinião, uma das coisas mais execráveis que a se inventaram nos últimos anos. As pessoas não se regem mais por princípios, por comportamentos bebidos com o leite materno, por normas de respeito interiorizadas e livremente assumidas. Hoje todo o comportamento, sobretudo entre os bem-falantes, é marcado por agir de acordo com o “politicamente correcto” seja lá o que isso for.

A seguir ao 25 de Abril foi a grande moda da sacralização da juventude. A "malta jovem” tinha todos os direitos” era credora de todos os benefícios era endeusada até à náusea. Era quase uma vergonha, um estigma não fazer parte dessa nova religião alicerçada no supremo dom de não ter ainda trinta anos - idade a partir da qual qualquer indivíduo era considerado um ser supérfluo um réprobo, um pária, um “vaut rien” sem préstimo para a sociedade.

Agora, que essa moda perdeu alguma da sua virulência, os bem pensantes, que têm sempre que se entreter com qualquer coisa, resolveram terçar armas pelas criancinhas. Ai de quem ouse dar um tabefe, quantas vezes merecido, num filho, ai de quem se atreva a pôr o mínimo obstáculo à liberdade individual de um adolescente, muito embora os pais saibam perfeitamente os perigos que no caso particular do seu filho, para ele advêm do exercício plena dessa liberdade.

Vem isto a propósito da gritaria dos órgãos de comunicação social e de certos “opinion-makers” da nossa praça acerca do tabefe que o padre-director de uma das casas do gaiato teve de dar a um garoto que, teimosamente, se interpunha entre ele e o jornalista a quem estava concedendo uma entrevista. Como toda a gente sabe, o responsável pelas casa do gaiato é como que pai e mãe dos garotos à sua guarda. Pergunto: Que pai, com dois dedos de testa, amor pelo filho e sem preconceitos do “politicamente correcto” não faria o mesmo em iguais circunstâncias? Ah, sim, há muita gente que o não faz. Credo, parece mal, não é da moda… pois e os resultados estão à vista. Quem paga são os professores, os educadores de infância, os responsáveis por internatos, o cidadão que é desacatado na rua por essas adoráveis criancinhas ou adolescentes, com pais politicamente correctos que não souberam dar-lhes o tabefe oportuno na ocasião oportuna.

Minha mãe tinha cinco filhos, uma casa pequena, sem condições, e além da lida da casa tinha ainda que trabalhar até altas horas da noite, fazendo bordados para um armazém. Os filhos, como todos os miúdos, confinados a um pequeno espaço brigavam uns com os outros por tudo e por nada e minha mãe, coitada, só tinha uma solução para os acalmar: era levantar-se da máquina de costura e proceder a uma democrática distribuir tabefes pelos irrequietos galfarros que, de imediato, perante tão persuasivos argumentos, de pronto se aquietavam, até nova briga e nova distribuição de lapadas. Posso dizer que, até aos meus doze anos, talvez, levei dúzias de nalgadas e muitas centenas de tabefes de minha mãe e nem por isso deixei de a amar e de sentir uma mágoa imensa de a ter perdido, quando a sua hora chegou..
Os tabefes que levaram não impediu que os seus cinco filhos se tornassem cidadão respeitáveis, trabalhadores, ordeiros, com princípios morais e cívicos, que eram o seu orgulho.

Na sua crónica de hoje, no Diário de noticias, a ilustre deputada (ou ex-deputada )do Bloco de Esquerda, que deve ter muita prática de lidar com crianças, atira-se como gato a bofe ao padre desta história, permitindo-se mesmo comparar este episódio do tabefe ao garoto para que deixasse de ser intrometido com os maus tratos infligidos por uma técnica a menores deficientes que os jornais há tempos relataram – esse sim acto repugnante e condenável - tanto mais que era maus tratos frequentes e desajustados, que icluiam fechar a crianças às escuras dentro da dispensa. Ora uma coisa nada tem a ver com a outra. O padre em questão pode até ser um grande safado. E se o for, se o seu procedimento for cruel e injusto, que a justiça o puna com severidade.
Não o conheço de lado nenhum, nem estou aqui para o defender, mas tanto escarcéu por uma estalada – que, precisamente por ser em público, esbate qualquer suspeita de atitude dolosa – parece-me bastante descabido, a não ser pela necessidade de escrever uma crónica a qualquer custo.

Aliás, também vi acerbas críticas nos jornais ao mesmo padre, pelo facto de ter mandado vasculhar o quarto de um dos adolescentes da casa que dirige. “Que não tinha esse direito, que isso era invadir a privacidade da crianças” e outras tiradas deste género, quando essa “vasculhação” veio demonstrar que o adolescente em questão guardava no quarto armas e droga, de acordo com os mesmos jornais.
Então e o responsável não tinha o direito de averiguar o que se passava com os garotos à sua guarda? Tinha não só o direito mas o dever de o fazer.. Outra das acusações ao padre é que alguns dos disparates dos rapazes eram punidos com a obrigação de fazerem determinado número de flexões. Oh crueldade Inaudita!

Oh senhores e senhoras bem pensantes, por favor, moderem a vossa sanha cruzadística para causas mais importantes, como sejam dar casa e pão e educação, circunstâncias normais, às crianças desprotegidas.

Eu, que como disse, me estou nas tintas para o “politicamente correcto” sou de opinião que um tabefe dado a tempo”, pode resolver, na altura, problemas que, de outra maneira poderão vir a ser casos de polícia como aqueles com diariamente nos defrontamos

Por isso atrevo-me a enunciar este apelo: Pais, professores e educadores de todo o mundo, para bem dos vossos educandos e da sociedade em geral, exercei o vosso direito ao tabefe. Dado na hora, de intensidade proporcional à falta, e de forma que o receptor perceba o porquê da dádiva.. Se exagerardes na dose, ou o fizerdes com dolo ou crueldade, não mereceis o nome de pais ou educadores e a justiça vos pedirá contas.

Mas, por amor dos vossos filhos e educandos, não embarqueis na conversa dos pensadores de pacotilha que julgam que o mundo começou quando eles, generosamente, se dignaram pôr os privilegiados neurónios ao serviço das massas ignaras que são o resto dos comuns mortais.

Tenho consciência de que esses me vão chamar reaccionário pelas palavras que aqui escrevi. Mas eu sei o que sou. E , se quereis saber, já não estou em idade para me deixar impressionar ou condicionar pelo que os outro pensam ou digam a meu respeito.


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sábado, junho 10, 2006

GRAVATAS & BRAVATAS

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sexta-feira, junho 09, 2006

TELHADOS DE VIDRO....

De quando em vez, os intelectuais da nossa praça convidam um "sábichão" estrangeiro, quanto mais estrangeiro melhor, para se deliciarem em masturbação intelectual colectiva com as suas sábias lições sobre economia liberal e sobre a melhor maneira de povos atrazados como o nosso atingirem o patamar ideal de desenvolvimento económico e civilizacional que eles acham que souberam construir em seus próprios países. E por cá tudo babado! É assim mesmo, Amen, muito bem!
Pois Vitor Dias responde a um desses sabichões, perante quem reverente e obrigada se curva a nata da nossa intelectualidade.
Por hoje, limito-me a trancrever o seu artigo, sem mais comentários.
Perguntem ao Jack
Vítor Dias *
Público 09-06-2006


Tiveram considerável impacte na comunicação social as afirmações feitas sobre Portugal, num encontro promovido pelo Fórum para a Competitividade, por Jack Welch, que durante 20 anos foi chief executive officer da General Electric.
Antes e durante a sua estada, Jack Welch foi apresentado como "um dos gestores mais admirados em todo o mundo" ou como "um gestor do outro mundo", embora o jornalista Robert Slater, talvez lembrado de que ele suprimiu cem mil empregos, também nos conte, no n.º 47 da Executive Digest, que ele "ganhou a alcunha de "Neutron Jack", numa alusão à bomba de neutrões que elimina pessoas mas deixa os edifícios de pé".

Recapitulando as suas declarações que tiveram mais repercussão, lembremos então que Jack Welch declarou que "é humilhante para os portugueses a percepção que do exterior se tem de Portugal como um país em contínua degradação e declínio ao longo dos últimos anos" e perguntou mesmo se os portugueses não se sentem envergonhados por isso.

E aqui neste jornal, Pacheco Pereira apressou-se a assinalar que "Welch fez bem em dizê-lo e fazia-nos bem ouvir mais verdades como esta para substituirmos a nossa balofa e inconsequente auto-estima pela percepção de que a realidade não é propriamente um espelho do nosso excesso identitário".Confesso que tenho muita dificuldade em comentar, em sentido literal, quer a afirmação de Welch quer o entusiasmado juízo de Pacheco Pereira.
Em primeiro lugar, porque, julgando conhecer minimamente os problemas de fundo do nosso pais, os seus níveis de atraso e os seus desafios presentes e futuros, não disponho de instrumentos credíveis para saber qual é a verdadeira "percepção que do exterior se tem de Portugal".

Em segundo lugar, porque, como cidadão português, não me sinto nada atingido pela referência de Pacheco Pereira à "balofa e inconsequente auto-estima" nacional pois sou daqueles portugueses que já não têm paciência para tanta conversa tola sobre "auto-estima", sobre "euforias" ou sobre "depressões nacionais" (estas, por sinal, bem mais faladas), entendendo mesmo que, na maior parte dos casos, estamos perante construções atrevidamente totalizantes e artificiais, em cujo empolamento e irradiação a opinião publicada tem especiais responsabilidades.

Decididamente, é pois outra a contribuição que pretendo dar a propósito da visita e das afirmações feitas sobre Portugal por Jack Welch. Mais concretamente, como ele nos perguntou se não nos sentíamos envergonhados pela percepção exterior sobre a continuada degradação e declínio nacionais, o que gostaria mesmo é que, num qualquer ponto das suas tournées de conferencista ou numa sua eventual nova passagem por Portugal, Jack Welch respondesse a um conjunto de educadas, cordatas e inocentes perguntas.

Como, por exemplo, se não se sente envergonhado pela "percepção exterior" da contínua degradação e declínio da imagem internacional dos EUA ao longo dos últimos anos e que, na União Europeia, segundo dados do Eurobarómetro, já chegou a atingir níveis de reprovação da política externa norte-americana acima dos 70 por cento.

Se não se sente envergonhado por a agressão do seu país ao Iraque já ter causado, no mínimo, cem mil mortos, a maior parte dos quais civis não beligerantes.

Se não se sente envergonhado pelas torturas e humilhações praticadas em Abu Grahib, pelo rapto e transporte pela CIA de cidadãos estrangeiros em voos por cima de países europeus (acrescente-se: com a desavergonhada conivência de muitos governos da Europa), pela situação dos detidos em Guantánamo prepotentemente excluídos dos mais elementares direitos de defesa e pelas gravosas limitações às liberdades consagradas no Patriot Act I e II.

Se não se sente envergonhado por o seu país, o mais rico e poderoso do planeta, ostentar uma taxa de mortalidade infantil de sete por cada mil nascimentos (quatro em Portugal) e só tendo à sua frente, no âmbito da OCDE, países como o México, a Turquia, a Hungria e Eslováquia.

Se não se sente envergonhado por parte da enorme riqueza criada pelos EUA resultar do controlo e exploração das riquezas naturais de outros países e do sistema de troca desigual que continua a afectar dramaticamente o desenvolvimento do Terceiro Mundo.

Se não se sente envergonhado por, mesmo de acordo com os distintivos critérios do seu país sobre o que é "o limiar da pobreza", haver nos EUA 37 milhões de americanos que são considerados pobres, que uma em cada cinco crianças nasça pobre e que no estado da Luisiana a pobreza infantil atinja os 30 por cento.

Se não se sente envergonhado por perto de 30 por cento dos seus compatriotas não disporem de seguros de saúde com a desprotecção e fragilidade que no sistema norte-americano isso significa.

Se não se envergonha por os Estados Unidos terem se não a maior, pelo menos, umas das maiores populações carcerárias do mundo e que um em cada treze jovens seja preso antes dos 17 anos.

Se não se sente envergonhado por, em termos de percentagem do rendimento nacional que cabe aos dez por cento mais pobres, os EUA (com 1,9 por cento) ficarem atrás, sucessivamente, do Japão, da Alemanha, da França, da Itália, da Grã-Bretanha e ganharem à China por um décimo (dados da Business Week, Setembro, 2005).

Se não se sente envergonhado por ser cidadão da única superpotência com capacidade e apetite para intervir militarmente em qualquer parte do mundo e, entretanto, uma elevada percentagem dos seus compatriotas não ser capaz de apontar e identificar o seu próprio país num globo terrestre.

Se não sente nem vergonha nem um sobressalto de consciência por no seu país, que goza da reputação de grande e incomparável democracia, a Presidência poder ser conquistada e exercida, sem escândalo por aí além, por um candidato que teve menos votos que outro.

E por fim, abreviando o que podia ser uma lista muito mais longa, se Jack Welch não se sente envergonhado e humilhado pelos escândalos financeiros registados no seu país (Enron, WorldCom, etc.), pelas batotas e manigâncias de gestores que enriqueceram tão depressa quanto depressa empobreceram os accionistas que neles confiaram e pelo drama das centenas de milhares de americanos que viram as suas poupanças de reforma volatizarem-se de um momento para outro por causa do afundamento de muitos fundos de pensões.

A todas estas perguntas, para além de ver antiamericanismo onde só há verdades desagradáveis para os seus ouvidos, talvez Jack Welch - "o gestor do outro mundo" - respondesse apenas que o seu negócio são os negócios, que o sentimento de vergonha não é coisa que possa ser equitativamente exigida e que já não tem idade para aprender que há mais humanidade para além dos números e dos cifrões.
* Consultor

quinta-feira, junho 08, 2006

TÍTULOS E COMENTÁRIOS

Transportes públicos aumentam entre 2% e 3%

Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, considera este aumento "um custo ainda suportável para as famílias"

Todas as organizações torcionárias tinham ao seu dispor um médico (um monstro, melhor dizendo) que acompanhava a par e passo a aplicação das torturas, garantindo com o seu parecer médico o ponto máximo de suportabilidade física por parte da vitima.

Assim está este Governo. desde Maio do ano passado o preço dos transportes públicos já sofreu um aumento de 10,2%. E já se prepara este novo aumento a partir de Julho próximo

O que acontece nos transportes acontece em todos os sectores que afectam a bolsa dos portugueses. No entanto tudo isto é feito com o rigor científico usado pelos médicos ao serviço dos torcionários, isto é, de forma a não ultrapassar o nível de suportabilidade pelas famílias portuguesas.
Esperemos que não erre nos cálculos. Pois quando esse nivel está já ao máximo e se for ultrapassado pode ser uma tragédia.

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Voos da CIA tiveram a colaboração de 14 países europeus

"Quatorze países europeus, entre os quais Portugal, terão colaborado com a CIA ou tolerado escalas no seu território de aviões usados no transporte de alegados terroristas, havendo ainda fortes suspeitas da existência de prisões secretas na Polónia e Roménia."
DN de 8-8-06

Sabedo-se que estes voos são ilegais e contrários ao direito internacional, é caso para perguntar: Isto são Estados de direito ou associações de malfeitores?
No caso de Portugal, é bom não esquecer que quem mandava na altura era o Sr Durão Barroso...

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Ministra quer pôr fim aos trabalhos para casa

“O Estudo acompanhado no primeiro ciclo do básico será o espaço para as tarefas que os docentes mandam fazer nas aulas. Os trabalhos de casa devem ser transformados em trabalho individual, a fazer na escola, e acompanhado pelos professores. Uma medida que visa combater o facto de os TPC serem “um modo de reprodução de desigualdades sociais”
DN de 8-8-2006

Vá lá, nem tudo é mau. Esta é uma medida que me parece de aplaudir. Assim as escolas sejam dotadas de meios para que o acompanhamento dos alunos nestes trabalhos possa ser efectivo, continuado e produtivo.


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Ramos-Horta, desvenda-se
Um pouco a despropósito, o ministro Ramos-Horta, que passou a acumular as pastas da Defesa e dos Negócios Estrangeiros no Governo timorense, surgiu ontem em público a admitir a possibilidade de poder vir a aceitar o cargo de primeiro-ministro, caso Mari Alkatiri se demitisse.
DN de 8-6-06

Ora, Ora, toda a gente sabe isso desde o princípio da crise. É o que se chama rabo escondido com o gato de fora
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"Lugar aos Outros 04"

quarta-feira, junho 07, 2006

DANTES É QUE ERA BOM

Dantes é que era bom

Na sua Crónica de hoje, no DN, intitulada “Crise de euforia no patriotismo bipolar”, a jornalista Ana Sá tece judiciosas considerações acerca da nossa incurável propensão para nos menosprezarmos, sendo que essa tendência se refere sempre ao presente, pois houve um outro tempo (o tempo de cada um, obviamente) em que tudo era melhor

“Nesta matéria, o discurso da elite e a con­versa de taxista convergem numa estranha unanimidade: "isto" não tem hipótese, "isto" não tem remédio, "isto" será sempre assim e, mais coisa menos coisa, "anda tudo a rou­bar". Ou (numa outra versão) "isto" já foi habitável, mas foi há muitos anos. Even­tualmente, "no meu tempo", no "tempo" de cada um dos emissores do discurso de exal­tação do passado. Que este discurso con­clua pela existência de uma suposta glória nacional que haveria há trinta e cinco anos e não seja produzido por saudosistas do regi­me de partido único é um dos grandes mis­térios nacionais.
É como se houvesse um qualquer meca­nismo psicológico que, deitando fora as estatísticas, os números e os "gráficos", levasse qualquer indivíduo (mesmo "pro­gressista") a exaltar "o antigamente que era bom", esquecendo-se
obviamente de fazer as contas."
Afinal, há trinta e cinco anos estávamos em 1969. Bons tempos os de 69, quando havia democracia, direitos sociais, escolas para todos e, acima de tudo, a população era decididamente dada à leitura. (Tem sido interessante ver que, no debate sobre a edu­cação que está em curso, tem-se assistido à defesa da escola de 1969, às vezes subtil­mente, outras nem tanto)".

É isto mesmo. Sempre me insurjo quando ouço alguns (que muita vezes até parecem, se julgam, ou fazem crer que são progressistas) dizer que no meu tempo (tempo que feitas as contas coincide com o tempo do chamado Estado Novo) é que era bom. Costumo mesmo dizer e já o disse várias vezes neste blogue.: Com todos os problemas, com todos os agravamentos do custo de vida, com tods os problemas laborais, com todas as deficiências nos serviços de educação e saúde, nada era melhor do que hoje no tempo de Salazar. Acrescendo ainda a vantagem de hoje podermos, sem risco de o pagar com língua de palmo, criticar tudo o que não nos pareça bem feito contra isso lutar abertamente.

Não, dantes, nada era melhor do que hoje

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Timor, tudo na mesma
Tal como eu previa e aqui referi várias vezes nada mudou em Timor após a outorga de poderes especiais ao Presidente da República, Xanana Gusmão. É que o desígnio da conspiração – derrube do Governo presidido por Mari Alkatiri (eleito democraticamente) – ainda não está cumprido,

Os conspiradores continuam a agir impunemente, com a bênção da igreja, a tolerância do Presidente, o apoio de Ramos Horta, e o fechar de olhos dos australianos. Se o Presidente tem poderes para destituir o Primeiro Ministro, há muito que o deveria ter feito.
O que não podia era ter entrado neste jogo do faz-que-anda-mas-não-anda”, que tanto sofrimento tem causado à população e se arrisca a comprometer para sempre a existência de Timor Leste como estado independente.

A propósito da manifestação que ontem teve lugar em frente do Palácio presidencial, exigindo a dissolução do Parlamento e a demissão do Governo,
disse Marroio Alkatiri:

"As pessoas que dizem isso não conhecem a Constituição da República. O Presidente para dissolver o Governo tem de obedecer a critérios muito rigorosos e exigir isso é o desconhecimento total do país, da sua Constituição e da sua história",.
Se cada vez que 300, 400 ou mil pessoas que se juntam e pedem a demissão do Governo ou dissolução do Parlamento Nacional isso acontecer, significa que nem vale a pena estar a pensar em eleições. Ficaríamos com um país ingovernável , o protótipo de um Estado falhado
".

Ora é isso que já está a acontecer. E é isso mesmo que parece pretenderem os mentores do golpe de Estado. Quanta inconsciência, meu Deus!

Ainda hoje, o major Reinado, cabecilha da sublevação contra o Governo, afirmava numa entrevista concedida à agencia Lusa:
"O conflito tem de acabar mas tem de haver negociações. Estou sempr pronto para negociar com as três autoridades que podem resolver este conflito: o Presidente Xanana, ramos Horta e a Igreja"

Cá está. Sempre a Igreja. Ela não tolera um não-católico como Primeiro ministro.

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Fumar ou não fumar.

Este Governo, quando se trata de lixar os trabalhadores não volta atrás em qualquer medida impopular que tenha tomado. Isso seria minar a autoridade do Estado, pensará talvez. Mas quando alguma medida afecta os interesses de patrões e proprietários não têm o mínimo rebuço em voltar atrás logo que estes reclamem.

Vem isto a propósito das anunciadas multas aos proprietários
que permitissem fumar em salas onde o fumo não fosse permitido. Como estes reclamassem, o governo já veio pressuroso, anunciar a alteração dessas medidas. Assim, quem é multado são os clientes que não respeitem a proibição de fumar no recinto, onde essa proibição seja obrigatória. Estou mesmo a ver o proprietário ir denunciar os próprios clientes para que estes sejam multados.. Ah.ah. ah!


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Veja também o meu outro Blogue

sábado, junho 03, 2006

A CONSTITUIÇÃO, O DIA DO CÃO...e outros


A Constituição

Não sei se se recordam dos rumores de que a direita, mortinha por alterar a Constituição, jogava na eleição de Cavaco Silva para o poder fazer. Falei nisso aqui neste blogue. Também se recordam que Belmiro de Azevedo foi um dos declarados apoiantes da Cavaco Silva. Pois a confirmar o ditado popular de que não há fumo sem fogo, aí está agora o sr. Belmiro a preconizar e mais do que isso a mobilizar os empresários, no sentido de mudar a Constituição da República.

Esta é uma luta que o povo português não pode perder. De mudança em mudança a Constituição tem vindo a ser desvirtuada, perdendo algumas das características que faziam dela uma das mais modernas e progressivas da Europa e do mundo. Não podemos deixar que os interesses da alta finança e da direita reaccionária, acabem por completo com esta inigualável conquista do 25 de Abril. A Constituição da República tem de continuar a reflectir todas a as mudanças que, luta e a determinação do povo português, nela fez escrever.
Vigilância e espírito de luta deve ser, pois, a palavra de ordem para os próximos tempos, em relação a este tema

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O Chumbo presidencial às quotas para mulheres

Aqui Cavaco Silva teve o bom senso que faltou a o PS e ao Bloco de esquerda, chumbando pura e simplesmente as suas demagógicas propostas. O veto presidencial assenta precisamente no respeito pelo pluralismo democrático e pela liberdade e identidade ideológica de cada partido – aspectos que os dos partidos proponente do estapafúrdio projecto de Lei não tiveram em conta.. No seu despacho Cavaco Silva diz concretamente que a igualdade de direitos políticos é "um pilar fundamental da qualidade da democracia portuguesa". Mas este objectivo deve ser prosseguido "através de meios adequados, progressivos e proporcionados, e não por mecanismos sancionatórios e proibicionistas que concedam às mulheres que assim acedam a cargos públicos um inadmissível estatuto de menoridade."

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O dia do cão


E esta, hein?! Que me dizem do desplante do PSD de propor à Assembleia da República que aprovasse a instituição de um Dia Nacional do Cão? E porque não do gato, ou do periquito? É preciso ter lata! Na verdade, como o PS está a fazer a política que eles próprios gostariam de fazer se estivessem no governo, só lhes restam iniciativas bacocas como esta. Tenham vergonha e ocupem-se dos problemas que verdadeiramente afligem os portugueses, que foi para isso que os vossos eleitores vos deram os votos!

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Os Professores

Tendo-me chegado às mãos o texto que abaixo reproduzo, e com o qual concordo em termos gerais, aqui o deixo à consideração dos leitores deste blogue:

Aspectos que toda a gente parece ignorar sobre a profissão de professor
e que será bom esclarecer
:

1º. Esta é uma profissão em que a imensa maioria dos seus agentes trabalha (em casa e de graça, entenda-se) aos sábados, domingos, feriados, madrugada adentro e muitas vezes, até nas férias! Férias, sim, e sem eufemismos, que bem precisamos de pausas ao longo do ano para irmos repondo forças e coragens. De resto, é o que acontece nos outros países por essa Europa fora, às vezes com muito mais dias de folga do que nós: 2 semanas para as vindimas em Setembro/ Outubro, mais duas para a neve em Novembro, 3 no Natal e mais 3 na Páscoa , 1 ou 2 meses no verão.

2º. É a única profissão em que se tem falta por chegar 5 minutos atrasado (também neste caso, exigirá a senhora Ministra um pré-aviso com 5 dias de antecedência?)

3º. É uma profissão que exclui devaneios do tipo “hoje preciso de sair meia hora mais cedo”, ou o corriqueiro “volto já” justificando a porta fechada em horas de expediente.

4º. É uma profissão que não admite faltas de vontade e motivação ou quaisquer das 'ronhas' que grassarão, por exemplo, no ME (quem duvida?) ou na transparente AR.

5º. É uma profissão de enorme desgaste. Ainda há bem pouco tempo foi divulgado um estudo que nos colocava na 2ª posição, a seguir aos mineiros, mas isto, está bom de ver, não convém a ninguém lembrar… E olhe que não, senhor secretário de estado, a escola da reportagem da RTP1 não é, nem de longe, caso “único, circunscrito e controlado”!

6º. É uma profissão que há muito deixou de ser acarinhada ou considerada, humana e socialmente. Pelo contrário, todos os dias somos agredidos – na nossa dignidade ou fisicamente (e as cordas vocais não são um apêndice despiciendo…) , enxovalhados na praça pública, atacados e desvalorizados, na nossa pessoa e no nosso trabalho, em todas as frentes, nomeadamente pelo “patrão” que, passe a metáfora económica tão ao gosto dos tempos que correm…, ao espezinhar sistematicamente os seus “empregados” perante o “cliente”, mais não faz do que inviabilizar a “venda do produto”

7º. É uma profissão em que se tem de estar permanentemente a 100%, que não se compadece com noites mal dormidas, indisposições várias (físicas e psíquicas) ou problemas pessoais …

8º. É uma profissão em que, de 45 em 45, ou de 90 em 90 minutos, se tem de repetir o processo, exigente e desgastante, quer de chegar a horas, quer de "conquistar" , várias vezes ao longo de um mesmo dia de trabalho, um novo grupo de 20 a 30 alunos (e todos ao mesmo tempo, não se confunda uma aula com uma consulta individual ou a gestão familiar de 1, 2, até 6 filhos...)

9º. É uma profissão em que é preciso ter sempre a energia suficiente (às vezes sobre-humana) para, em cada turma, manter a disciplina e o interesse, gerir conflitos, cumprir programas, zelar para que haja material de trabalho, atenção, concentração, motivação e produção. (Batemos aos pontos as competências exigidas a qualquer dos nossos milionários bancários, dos inefáveis empresários, dos intocáveis ministros! Ao contrário deles, e como se não bastasse tudo o que nos é exigido (da discrepância salarial e demais benesses não preciso nem falar) …

10º. ainda somos avaliados, não pelo nosso próprio desempenho, mas pelos sucessos e insucessos, os apetites e os caprichos dos nossos alunos e respectivas famílias, mais a conjuntura política, económica e social do nosso país!

Assim, é bom que a “cara opinião pública" comece a perceber por que é que os professores "faltam tanto":
Para além do facto de, nas suas "imensas" faltas, serem contabilizadas também situações em que, de facto, estão a trabalhar :
- no acompanhamento de alunos em visitas de estudo,
- em acções, seminários, reuniões, para as quais até podem ter sido oficialmente convocados,
- para ficarem a elaborar ou corrigir testes e afins , que não é suficiente o tempo atribuído a essas tarefas ,
- ou, como vem sucedendo ultimamente, a fazerem (em casa, que é o sítio que lhes oferece condições) horas e horas não contabilizadas do obrigatório “trabalho de escola”….

Para além disto, e não é pouco, há pelo menos, como acima se terá visto, toda uma lista de 10 boas e justificadas razões para que o façam.

uma professora que, por achar que - em termos de políticas educativas e laborais deste governo dito socialista – estamos muito pior que no tempo do Salazar , não arrisca identificar-se…

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Os meus comentários:
1 Compreendo as razões do anonimato e só por isso coloquei aqui o texto

2. Por muito mau que qualquer coisa esteja, nunca pode ser pior do que no tempo de Salazar. No tempo de Salazar, eu (caso já existissem os blogues) seria preso por pôr aqui este texto.
Quanta diferença!

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Veja também o meu outro Blogue:
e se gostou da minha crónica"Peúgas Brancas,
"Então vai gostar ainda mais de a ouvir,
lida pela voz inconfundível de Luís Gaspar
em:
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