ENQUANTO E NAO

domingo, dezembro 17, 2006

LOPES GRAÇA: A música é a minha religião...

Fernando Lopes Graça
no dia centenário do seu nasciment
o

Fernando Lopes Graça foi um dos mais notáveis compositores e musicólogos contemporâneos.. Poder~se á dizer-se que foi, neste campo, talvez o mais genial português de do século XX

Para mim, que, em relação à música sou apenas um ouvidor atento, Fernando Lopes Graça foi acima de tudo, uma personalidade impar, um homem de cultura, escritor e teórico do fenómeno musical e da suas correntes a nível universal.. Foi um denodado resistente antifascista, um comunista convicto quase desde nasceu (como ele diz) até morte, sem nunca renegar os seus ideais, e foi sobretudo ou farol aceso na noite fascista que à frente do coro que dirigia e tinha o seu nome, percorreu, anos a fio, incansável, centenas de colectividades de norte a sul do país, divulgando, muitas vezes com risco de ser preso, a genuína música popular portuguesa e sobretudo as canções heróicas que nos galvanizavam e nos ajudavam a acreditar que um dia os portugueses iam acordar correspondendo ao apelo de uma dessas vibrantes canções

. Como os leitores deste blogue já devem ter reparado, tenho andado algo afastado da actividade da escrita nos últimos dias. Talvez cansaço, talvez a dispersão própria desta quadra de Natal e de fim de ano. Mas neste dia em que se celebra o centenário deste grande homem, desta figura impar da cultura portuguesa, e universal, ficaria mal com a minha consciência deixar passar em claro esta data tão significativa.

Aqui fica, pois a minha humilde e comovida homenagem, manifestando o meu orgulho por ter sido contemporâneo desta grande figura.

Obrigado, Lopes Graça, por teres nascido e teres sido o que foste e como foste.

Obrigado também às dezenas de homens e mulheres que, abnegada mas também entusiasta e prazerosamente, te acompanharam em centenas de actuações por esse pais fora, e sob a regência da tua batuta, encheram de esperança milhares de portugueses de várias gerações, muito especialmente àqueles que pessoalmente conheci, e que infelizmente já não se encontram entre nós.

Sua vida e obra

Transcrevo a seguir uma resenha da sua vida e obra, extraída de uma compilação organizada por Leonor Lains em http://www.vidaslusofonas.pt/

- 1906: Nasce a 17 de Dezembro em Tomar, onde inicia os estudos de piano.
-1924: Ingressa no Conservatório Nacional de Lisboa..
-1927: É aluno da Classe de Virtuosidade de Viana da Mota.
-1929 Compõe (ou publica) a sua primeira obra se "Variações Sobre um Tema Popular Português", para piano.
- 1931: Termina o Curso Superior de Composição. É preso e desterrado para Alpiarça.
- 1934: Ganha uma bolsa para estudar em França, que lhe é recusada por motivos políticos.
-1937: Parte para Paris. Estuda com Koechlin Composição e Orquestração
-1938: A Maison de la Culture de Paris encomenda-lhe uma obra: «La fiévre du temps» (ballet-revue). Harmonizações de canções populares portuguesas
-1940: Ganha o prémio de Composição do Círculo de Cultura Musical com o 1º Concerto para Piano e Orquestra.
- 1941: Tomás Borba convida-o para professor na Academia de Amadores de Música.
- 1942: Obtém o prémio do Círculo de Cultura Musical com a «História Trágico-- Marítima» (poema de Miguel Torga).
- 1944: Ganha pela 3ª vez o Prémio de Composição do CCM com a «Sinfonia».
- 1945: Faz parte da Comissão Distrital do MUD.
- 1949: Faz parte do júri do Concurso Internacional Béla Bartók em Budapeste.
- 1952: Novo prémio de composição do Círculo de Cultura Musical com a 3ª Sonata para Piano.
- 1961: Edita com Michel Giacometti o 1º volume da Antologia de Música Regional Portuguesa. Início do In Memoriam Béla Bartók (8 suites progressivas para piano) que completa em 1975.
- 1969: Rostropovich interpreta o Concerto de Câmara para violoncelo encomendado a Lopes-Graça.
- 1973: Início da publicação das «Obras Literárias» (Editora Cosmos) em 18 volumes.
-1974: Assume a presidência da Comissão para a Reforma do Ensino Musical criada pelo Governo Provisório da Revolução de Abril.
- 1979: Compõe para grande orquestra, solistas e coro o «Requiem pelas vítimas do fascismo em Portugal».
- 1981: Convite do governo húngaro para as Comemorações do Centenário do nascimento de Béla Bartók.
-1993: Audição integral das sonatas e sonatinas para piano (Matosinhos). Homenagem no seu 87º aniversário. -
- 1994: Morre na noite de 27 Novembro na sua casa na Av. da República, na Parede, junto a Cascais.

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Se gostou de ler "Amélia Melenas, Minha Mãe"
(e foram muitos os que gostaram)
Vai também gostar de ler
"A MINHA TIA BEATRIZ"
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com

1 Comments:

  • Caro António: estive ausente do seu blogue durante uma semana, em virtude de ter estado envolvido numa pesquisa no Arquivo da Universidade de Braga, e o ter, por conseguinte, imensa dificuldade de acesso à Internet. E voltei hoje, digo em boa hora, para ver este merecido texto a Fernando Lopes Graça, eminente compositor e musicólogo português. Estreou-se como compositor com as “Variações Sobre Um Tema Popular Português” para piano, em 1929, como aliás diz no seu texto. Boa semana preparatória de Natal.

    By Anonymous Anónimo, at 17 dezembro, 2006 18:02  

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