ENQUANTO E NAO

sexta-feira, abril 28, 2006

A CRISE NA SEGURANÇA SOCIAL



O problema existe. Não adianta meter a cabeça na areia como a avestruz.
Dentro de alguns anos . o défice da natalidade, conjugado com o aumento da esperança de vida, obrigam a uma profunda revisão de toda a política de segurança social no que se refere principalmente às reformas. Algo tem que ser feito nesse sentido e todos temos que ceder um pouco, se queremos que os nosso filhos e netos possam um dia vir a usufruir de uma reforma que lhes permita acabar os seus dias com um mínimo de dignidade.

O Governo anunciou ontem algumas medidas nesse sentido. Não sei se são boas, se são más, se são suficientes. Têm que ser profundamente analisadas pelos parceiros sociais e objecto de largos consensos, não isentos provavelmente de algumas cedências de parte a parte. No entanto, há uma reserva que eu ponho, desde já, às medidas anunciadas. Nelas se fala no dilema proposto aos trabalhadores: ou descontam mais enquanto ao serviço ou recebem menos se reformarem antes dos 65 anos. Na prática isto é uma imposição disfarçada de aumento na idade da reforma E entidade patronal? Não contribui com nada? Com efeito não vi nada no discurso de Sócrates que aponte para um reforço contributivo por parte do patronato. É o costume. São sempre os trabalhadores por conta de outrem a pagar as crises

De qualquer modo, existe uma flagrante contradição ( Carvalho da Silva, o atento dirigente da CGTP, já se lhe referiu) entre o desejo do Governo de que vida activa dos trabalhadores se prolongue para além dos 65 anos e a prática (a que o mesmo governo tem fechado os olhos) que o patronato tem vindo usar, de dispensar os trabalhadores muito antes dos 65 anos, por achar que depois dos 40 anos já não extraem deles “o litro” que lhes permita tirar deles o rendimento máximo desejado.

Negociações sim, consensos sim, mas como diz o outro, “olho no cavalo e olho no cigano” É que o capital, se puder guardar todo o proveito do nosso trabalho para investir, fá-lo sem hesitar. Há certos senhoritos que se agoniam muito quando vêem os trabalhadores movimentarem-se na defesa dos seus direitos. Cá estão estes, dizem, sempre a reclamar. É que, meus amigos, nunca nada foi dado aos trabalhadores sem um luta cerrada e persistente.É uma luta de séculos com muitos mártires pelo caminho. Mais do que nunca é preciso que essa luta não desmobilize agora, tanto na conquista de novos direitos, como na conservação dos direitos ameaçados. A crise existe, ela está aí e os trabalhadores jamais se furtarão (como nunca furtaram) a sacrifícios para a vencer. De sacrifícios percebem eles.
Negociar sim, mas com prudência e determinação. É que este governo já deu provas de não estar do nosso lado.
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"Escritos Outonais"