E Domingo, vamos ao voto
Espero que para dizer SIM à não criminalização das mulheres pela interrupção da gravidez, no prazo de até dez semanas e nas condições previstas na pergunta do referendo. Isto é, que possam, em boas condições de higiene, e com apoio médico e medicamentoso adequado, poderem fazer, sem serem presas, aquilo que agora se faz aos milhares, sem higiene e sem assistência médica adequada pondo em risco a própria vida, e arriscando-se a uma pena de prisão ou, pelo menos à humilhação de serem julgadas em praça pública.
É tão claro não é?
Mas atenção. Nada de se fiar nas sondagens que dão a vitória ao sim. Que ninguém fique em casa a contar com o ovo no cu da galinha, pois, como adverte na sua crónica no DN de hoje a jornalista Ana Sá Lopes, com tantas manobras, o não pode muito bem ganhar:
…Mas quando Laurinda Alves acusa Sócrates de querer "perseguir as mulheres" sabemos que já entrámos no delírio. O "não" verdadeiramente "não" é coerente: crime é crime e mantenha-se tudo como dantes. Este "não" meio "sim" atamancado faz parte de uma manobra de quem quer ruído e confusão, convencido que está que ganha com a desmobilização popular. E pode ganhar. (o sublinhado é meu)
Pois é. Com papas e bolos se enganam os tolos. Não queiramos ser tolos, vamos votar para a vitória das mulheres, ou seja para a vitória do sim
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Cacicagens
Jardim deu cinco milhões de euros a jornal onde escreve.
Relatório do Tribunal de Contas manifesta "dúvidas" sobre os apoios,
O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, concedeu em 2005 quase cinco milhões de euros em ajudas financeiras ao Jornal da Madeira onde publica frequentemente artigos de opinião, noticia hoje o matutino Público (5-2-07)
Todos leram e ouviram esta, claro : o cacique da Madeira utiliza o nosso dinheiro ( o dinheiro que recebe do “contenente”) para subsidiar largamente e com aspectos de duvidosa legalidade, o “Jornal da Madeira”, onde ele assina uma crónica quase diária e que funciona como porta voz do seu governo e das suas diatribes – assim a modos que uma espécie de Diário da Manhã do regime salazarista. Logo ele, que está sempre a vociferar contra o que chama de controlo da informação no “contenente” e a bramar contra os “mouros”, os “comunas” e não sei
não sei mais quantas bojardas do seu do seu inesgotável acervo de de desbocados impropérios.
Támbem se podia ler no Jornal de Notícias de 6/2/007
… O inenarrável Alberto João é acusado pelo Tribunal de Contas de pagamentos ilegais ao "Jornal da Madeira" que, só em 2005, chegaram a quase 5 milhões de euros (exactamente 4,6 milhões, dos quais 4 milhões em "suprimentos" mensais e 600 mil em "publicidade"). Feitas as contas, e considerando que o jornal tira uns confidenciais cinco mil exemplares, Jardim paga por cada um cinco vezes mais do que pagaria se o comprasse num quiosque (espero que, por esse preço, o jornal lhe seja ao menos mandado a casa) Jardim defende-se dizendo que paga ao "Jornal da Madeira" (em que assina quase todos os dias uma página de opinião) em nome do "pluralismo". Deve ser o único articulista do mundo que, em vez de receber pelo que escreve, paga (isto é, pagamos nós) para escrever.
Manhosices do sr Jardim. Também este com papas e bolos pretende enganar os tolos. E a verdade é que o vai conseguindo. Sem boa fama, mas com excelente proveito
Agora, finalmente, viu o Presidente da Republica aprovar a Lei das Finanças Regionais que lhe corta a transferência para o seu Governo de verbas que podem atingir já neste ano 34 milhões de Euros, ou seja 2% do orçamento regional. Será que ele que vai baixar a crista ou proclamar a independência como já tem veladamente umas vezes e outras nem tanto, ameaçado.
Parece que sim, a avaliar pelas palavras de um deputado do PSD regional e presidente da Fórum para a Autonomia da Madeira (FAMA) garantindo ao DN que a partir de agora "Cavaco Silva deixou de ser o Presidente da República de todos os Portugueses para ser o Presidente de José Sócrates e de Carlos César [Presidente do governo regional dos Açores] e ameaçando ainda que “isto não fica por aqui"
Pelos vistos é já o Grito do Ipiranga. Se deixaram de reconhecer o Presidente da República de Portugal como Presidente da Madeira, o que é isto senão uma proclamação de Independência? Vá, sejam claros. Chega de chantagem psicológica. Quem perdeu Angola e Moçambique sem sobressaltos, não é a perda da Madeira (que, no plano da afectividade, ninguém quer) que o vai deixar de rastos
Resta saber é o que pensam os portugueses da Madeira.
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Os Melhores Portugueses
Comecei por achar este concurso uma chachada. Na verdade não faz muito sentido classificar quem foram ou são os melhores portugueses se não forem estabelecidos critérios de avaliação e campos definidos do objecto da escolha. Faria sentido sim, eleger o melhor político, ou o melhor estadista, ou o melhor escritor, e por aí adiante. Tenho contudo assistido a alguns programas da RTP onde se fala das personagens já seleccionadas, conduzido pela Maria Elisa e confesso que se encarar este concurso como um jogo, um entretenimento, eles se me têm revelado muito interessantes e têm proporcionado um debate raro sobre a nossa própria história e sobre a nossa identidade como povo. E ao fim e ao cabo mal nenhum virá ao mundo se o vencedor final não for aquele que melhor nos representa. É apenas um jogo. Pena é que alguns o queiram transformar num ajuste de contas. Nada ganharão com isso.
Num desses programas ouvi há dias uma intervenção muito curiosa de um espectador através do telefone. Dizia ele: Vejo toda a gente muito admirada pelo facto de Salazar e Cunhal se encontrarem entre os dez mais votados. Já se interrogaram porquê? Já reparam que são precisamente dois homens desapegados de valores materiais e podendo ter tudo morreram pobres, ao contrário do que se vê agora para aí, que é um salve-se quem puder, cada um a meter ao bolso mais do que o outro.
É óbvio que o homem, pelo seguimento da conversa, o que queria era desprestigiar o actual estado de coisas e concluir que o Salazar é que era bom, pois logo entrou também a desancar o Álvaro Cunhal.
Mas, veneno à parte, a qualidade que ele invocou para as duas personagens, seria um bom critério de escolha, segundo o qual poucos mais se salvariam.
Estas alfinetadas porém, partem sobretudo dos intervenientes por telefone, porque da parte dos convidados da Maria Elisa, pelo menos dos que eu vi e ouvi, o assunto tem sido tratado com alguma dignidade.
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Leia a nova crónica “TEMPO DE TREVAS”
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com