ENQUANTO E NAO

quinta-feira, abril 12, 2007

FIM DO MITO SEBASTIANISTA ?

A notícia aparece pelo menos em quatro jornais de hoje, que tive oportunidade de consultar:

Jornal de Notícias, Correio da Manhã, Jornal Digital e Jornal A Guarda

dois investigadores o português Carlos d'Abreu,
juntamente com outro investigador espanhol, Emilio Rivas Calvo, pretendem provar, com base em documentos a que tiveram acesso, que o Rei Don Sebastião, o tal que deveria voltar numa manhã de nevoeiro está morto e muito bem enterrado no Mosteiro dos Jerónimos, sendo por isso uma farsa a historia do seu desaparecimento

Porque o assunto é importante e porque o Dr. Carlos d'Abreu é meu conterrâneo e amigo, não resisto a colocar aqui o texto de um dos Jornais citados, o Jornal "A Guarda"

Transcrevo o texto sobre tal assunto no Jornal " A Guarda"de 12-4.2007

Dois historiadores desvendam mito da morte do Rei D. Sebastião

Os investigadores Carlos d‘Abreu, residente na Guarda e Emilio Rivas Calvo, de Salamanca, Espanha), tiveram acesso a documentos que provam que o Rei D. Sebastião tombou no campo da batalha de Alcácer Quibir (Marrocos), em 1578, e que o seu corpo foi resgatado e transferido para Ceuta, onde permaneceu até ser trasladado para Portugal.

O resultado da investigação, que será publicado no próximo número da Revista Cultural Praça Velha, editada pela Câmara Municipal da Guarda, leva os historiadores a defenderem, no seguimento da posição assumida por outros estudiosos, a abertura do túmulo de D. Sebastião e à análise das suas ossadas pelo método do ADN.

A batalha de Alcácer Quibir foi travada no dia 4 de Agosto de 1578 em Marrocos, tendo o exército português sofrido uma grande derrota frente aos mouros, que culminou com a morte do Rei D. Sebastião.

De acordo com o investigador Carlos d‘Abreu, a História refere, pelos relatos de Jerónimo de Mendonça, cronista de “A Jornada de África”, que “ninguém viu morrer o rei”, daí que tenha sido criado em Portugal um mito em torno do monarca. “A historiografia criou o mito sebastiânico, em como ele, não terá morrido no campo de batalha, que antes, desonrado pela derrota, terá partido e andado a vaguear por aí”, afirmou ao Jornal A Guarda.

Com a investigação iniciada em 2003, quando estava casualmente de férias em Ceuta, o historiador garante que D. Sebastião “morreu e o seu corpo foi resgatado do local da batalha”. Conta que durante o processo de investigação, realizada em colaboração com o investigador espanhol de Salamanca, encontrou documentos relacionados com a entrega do corpo do monarca português, no Archivo General de Simancas (Espanha). “A primeira reacção que tive foi que, eventualmente, os documentos não fossem verdadeiros”, conta, mas a sua autenticidade foi garantida pelos serviços do Arquivo.

Os historiadores tiveram acesso a vária documentação relacionada com o processo pós-morte do monarca que tombou na Batalha de Alcácer Quibir, sendo de destacar três deles: a acta da entrega do seu corpo em Ceuta (datada de 10 de Dezembro de 1578, que relata a recepção do corpo e a sua depositação na igreja do Mosteiro da Santíssima Trindade); uma comunicação (emitida no dia seguinte) do embaixador do Rei Filipe II, a confirmar a chegada do cadáver a Ceuta; e um terceiro documento, uma carta do cardeal-rei D. Henrique a Filipe II onde “agradece tudo o que Filipe II fez em relação à recuperação do corpo”.

Carlos d´Abreu refere ainda que o corpo do monarca esteve em Ceuta até 1582, quando o rei Filipe I de Portugal “fez trasladar o corpo de D. Sebastião para Portugal e tumulou-o, bem como à sua família, no Mosteiro dos Jerónimos”.

Investigadores defendem abertura do túmulo e estudo das ossadas de D. Sebastião

Os dois investigadores defendem agora, à semelhança de outros, que o túmulo de D. Sebastião “seja aberto e se realizem análises de ADN do corpo do Rei e dos seus antepassados que também ali se encontram sepultados”. “Comungamos desta opinião porque achamos que a ciência deve ser posta ao serviço da verdade. Sendo eu um visitante do Mosteiro dos Jerónimos, sabia que existia lá um túmulo de D. Sebastião, mas não lhe dava importância porque a ideia que a historiografia transmitia era que o túmulo estava vazio, que era simbólico”, refere Carlos d`Abreu.

“Acho que isso deve ser feito. Se hoje a ciência nos dá essa possibilidade, por que razão, havemos de continuar a alimentar o mito? A quem serve hoje o mito?”, questiona.

No entender de Carlos d´Abreu, os historiadores que se têm debruçado sobre o estudo de D. Sebastião “foram negligentes, porque não se esforçaram por dissipar essas dúvidas que ainda hoje persistem”. “Dá a sensação que houve uma estratégia, montada por parte não sei de quem, no sentido de sonegar a informação contida nestes documentos que, por serem conhecidos por alguns historiadores, mesmo que poucos, não são por isso inéditos”, afirma ao Jornal A Guarda.

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Veja também o meu outro Blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com


9 Comments:

  • interessante, dá para reflectir...

    By Blogger Luís Galego, at 13 abril, 2007 10:41  

  • Caro Antonio Melenas,
    Novamente temos aqui um caso de divulgação cultural de altíssimo nível.
    Sabes tão bem como eu meu Velho, (deixa-me tratar-te saudavelmente assim), que a suposta e tão cansadamente badalada inocência de um povo, tem sido após D.Sebastão aproveitada para intencionais manobras, ocultas em iguais lendas de nevoeiro.
    Uma das últimas ocorrências de maior vulto foi o eclipse total para o reino do parlamento europeu de um cavaleiro andante numa noite de breu, deixando o condado portucalense em completas manhãs de bruma.

    Espantoso! Como o mundo é pequeno.
    Troquei ultimamente com o teu amigo Luís Gaspar um par de mails pelos quais vim a saber que, pisámos a mesma rua na Parede. Eu ainda puto e ele já de barba despontada.

    Um forte abraço
    Zé Luís

    By Blogger Pepe Luigi, at 13 abril, 2007 23:21  

  • Sendo a História uma sucessão de factos e acontecimentos em cadeia,uma ciência que rege por manuscritos aprofundados por grandes nomes como :José Mattoso ou A.H.Oliveira Marques...entre outros e por vezes subjectiva.

    Não se pode idealizar a História como uma ciência exacta tal como a matemática.

    Eu como estudante de Histõria analiso determinados livros de estudo com teorias completamente diferentes umas das outras.

    È únicamente a minha opinião...

    Bom fim semana amigo António.

    Bjs Zita

    By Blogger Entre linhas, at 14 abril, 2007 21:29  

  • 100% de acordo. O Cusco é uma pessoa que eu adoro.
    Bom fim-de-semana

    By Blogger david santos, at 21 abril, 2007 18:07  

  • Peço desculpa pela minha ausência, devido aos muitos afazeres, mas hoje das primeiras visitas que fiz foi, como não podia deixar de ser, foi como se impunha a este maravilhoso e sempre interessante blogue. Boa semana e até breve, agora, como antigamente mais assiduamente.

    By Anonymous Anónimo, at 22 abril, 2007 19:54  

  • Gostei da tua visita e do teu blog. Embora não tenha lido o post,deixo um pequeno comentário.Será que o nosso tão desejado rei está sepultado nos Jerónimos? Que a sua morte arrastou o reino para a perda da independência não temos dúvidas. Voltarei. Quanto aos cravos, eu que assisti a tudo e que mantenho viva a imagem de Salgueiro Maia,no Largo do Carmo,em Lisboa,ofereço-tos com todo o gosto.Muito antes, pugnei pelos ideais de liberdade, pelo fim da guerra colonial, pelo fim do isolamento internacional do país e por muito, muito mais ,juntamente com os estudantes desse tempo.
    Beijinhos

    By Blogger Isamar, at 23 abril, 2007 20:19  

  • Um tema bastante interessante...dado que estou a ler um livro, baseado na história de el-rei D.Sebastião!

    Um D. Sebastião completamente diferente... daquele que os livros escolares nos ensinou!

    Tratava-se de um rei menino/ adolescente...arrogante e vaidoso.
    Vivia com o objectivo de conquistar Alcacer-Quibir...contra correntes e marés... conseguiu a sua intenção naufragada... deixando o país num completo caos!

    Gostava de saber o desenrolar das investigações..

    Voltarei meu caro amigo António!

    Beijo da

    Maria

    By Blogger Páginas Soltas, at 26 abril, 2007 01:45  

  • Voltarei aqui para acompanhar o desenrolar das investigações.. Tanta coisa com que nos enganaram sempre.. O próprio jesus cristo de repente tem um túmulo, decidam de vez se o sr Ressuscitou ao terceiro dia"conforme as escrituras"se subiu ao céu e está sentado á direita do pai, de onde julga os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim....Ou se essa foi uma forma encontrada para nos enganarem, nos amedrontarem com o julgamento de um Deus sempre alerta... Peço desculpa, sei que já falei demais... É inevitável .

    By Blogger Bichodeconta, at 08 maio, 2007 21:37  

  • Of course Philip had strong reasons to pretend to bury the body of Sebastian since that would help allay doubts whether Sebastian had in fact died. Philip had such a strong interest in getting rid of Sebastian that it is entirely possible that he faked the burial using some body other than that of Sebastian. The mere fact that he said he was burying the body of Sebastian in the Jeronimos really proves nothing.

    By Anonymous Anónimo, at 26 junho, 2007 20:22  

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