A HIPOCRISIA DO "NÃO e outras sem vergonhices
A hipocrisia do "Não"
Vinha no Diário de Notícias de ontem, 25 de Janeiro de 2007.
Maria Ester, de 32 anos, casada, com duas filhas – uma de 14 e outra de doze anos - e uma vida cheia de dificuldades, engravidou. Corria o ano de 2000. Como o nascimento de um terceiro filho viesse agravar de forma insuportável os seus já inúmeros problemas, recorreu a uma "mulher de virtude" para a fazer abortar, pagando para o efeito 200 euros. O método utilizado foi a introdução de uma varinha de videira no útero..
O resultado foi a ocorrência imediata de hemorragias que a levaram à morte 3 semanas depois.
Casos como este, com varinha de videira ou por outro qualquer processo de “vão de escada” acontecem a toda a hora. Acontecem às mulheres pobres, claro. As que têm posses (muitas que até, publicamente defendem o Não ao aborto) vão tranquilamente faze-lo em Espanha ou noutro qualquer país, onde existam leis mais humanas e menos hipócritas
Os partidários do Não defendem que uma interrupção voluntária da gravidez, até às dez semanas feita legalmente, com assistência médica, constitui uma condenação à morte de um ser humano (um alto signatário do clero não teve pejo em considerá-la mesmo pior do que o repelente enforcamento do Saddam).
Pois esses mesmos intrépidos defensores da vida não têm o mínimo respeito pela vida das mulheres, como a Maria Ester, praticamente condenadas à morte pela prática clandestina dessa mesma interrupção, nem das orfandades que da morte da mãe resultam. Essas vidas assim sacrificadas não comovem os hipócritas defensores do Não.
A sem-vergonhice deste Governo PS
Toda a gente se queixa da corrupção que por aí grassa, envergonha o nosso país e envergonha os respectivos cidadãos (os envergonháveis, claro) São os enriquecimentos vertiginosos e ilícitos; é a venda de favores, o amiguismo, o nepotismo, toda uma série de irregularidades de que os meios de comunicação social diariamente nos dão conta. O próprio Presidente da República já veio, a tal propósito, manifestar a sua preocupação. Também o Governo e Partido que o sustenta se dizem, em palavras, dispostos a inverter o sentido de tão preocupante escalada. E no entanto, quando um dos seus membros, o deputado João Cravinho apresenta um cuidado e laborioso projecto destinado a lutar contra a corrupção, é esse mesmo Governo e esse mesmo Partido que o atiram para o lixo, tendo o Primeiro ministro o desplante de vir classificar de “asneiras”, as propostas que o mesmo continha. Aguardamos o que têm o Presidente da República a dizer a este respeito
O Deputado João Cravinho teve a compensação de ser “promovido” para um honroso cargo fora do País.
A corrupção, essa vai continuar. Quem sabe se promovida também ?
Comentários para quê?
Leia o poema
"EM BUSCA DE MIM"
no meu outro blogue
http://escritosoutonais.blogspot.com
3 Comments:
Caro António: aprecio imenso esta sua postura de intervenção social activa, num país que caminha para a apatia total, onde reina o “deixa andar”. Bom fim-de-semana para si.
By Anónimo, at 26 janeiro, 2007 19:06
Desculpe eu responder, mas é um assunto a quem ninguém deveria ficar indiferente. Para mim é de difícil escolha, sou francamente contra o aborto, mas ai de mim, embora contra, com 18 anos e no espaço de 1 ano fiz 6. Foi uma cruz que carreguei quase toda a minha vida. Pois não é de ânimo leve que a maioria das mulheres opta por essa via.
É certo que hoje existem muitos anticonceptivos, mas por outro
lado todos nós temos consciência de que o inesperado pode acontecer. E não adiante virem com sermões. Se por um lado sou pela vida, vidas que tanta falta fazem ao nosso país, que está a ficar velho, por outro lado fico perguntando que vida? Esta Pátria que não é mãe, nem madrasta, é qualquer coisa indefinida, não dá condições a quem porventura gostaria de ter uma família maior.
Portanto para grandes males grandes remédios. Já que tem de ser, que seja em segurança, para que se acabem com as curandeiras que tantas vidas roubam. Essas sim, deveriam ser punidas e bem.
Alem de ser em segurança, que não custe tanto dinheiro, que, as famílias mais desfavorecidas, se vejam obrigadas a recorrer aos tais vão de escada. Sim porque as famílias melhor remuneradas não têm estes problemas. A minha dúvida contudo é esta: estará a despenalização do aborto abrangida pelo direito á saúde pública?
Irão acabar de vez com as curandeiras? Ou pelo contrário ao ser despenalizado, estas ao saber que nada lhes acontece vão proliferar como os cogumelos, e por falta de meios, neste caso monetários a coisa ainda vai ser pior? Sim porque no fundo não é tanto a despenalização que estará em causa, mas sim o quanto um acto destes pode custar em termos monetários. Faz-me muita campanha pelo sim, e pelo não, mas estas e outras questões que considero da maior importância, ninguém esclarece. Não gostaria de ficar de consciência pesada, ao aprovar algo que vai contra a minha maneira de sentir e de pensar. Afinal a saúde do nosso país anda tão doente, que duvido de tudo.
Enfim estas e outras questões ficarão no ar. Só o tempo nos irá dar a resposta. Resta-me rezar para que seja realmente a melhor opção.
Um abraço
lylybety
By lylybety, at 28 janeiro, 2007 04:54
Olá! Venho agradecer a tua passagem pelo meu canto (mais vale tarde que nunca!) e ler um pouco da tua escrita. Não conhecia, vou voltar.
Quanto ao artigo e assunto em causa, não comento, pois penso ser uma opinião muito pessoal que tem mais a ver com ética e moral que outra coisa. Fica bem.
By Pérola, at 29 janeiro, 2007 19:21
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