CIFRÕES
Solidariedade nacional
Estava eu deglutindo, sem grande apetite aliás (que isto não anda muito bom cá por dentro) as minhas papas de Nestum-mel, que há mais de vinte anos – porque não obrigam a grande esforço de mastigação – constituem a minha primeira refeição do dia, enquanto na TSF fluía a voz de Maria João Avilez. Ouvia-a distraidamente. Primeiro falando de uma casa que tem não sei onde e da qual já lhe ouvi falar outras vezes, a qual constitui um oásis onde repousa aos fins de semana do stress acumulado nos restantes dias e depois do novo fetiche dos comentadores e economistas da nossa praça - a Finlândia -que, tal como antes acontecera em relação à Irlanda, constitui para eles, agora, um modelo a ter em conta pelo nosso pais para obtenção de igual ou aproximada saúde financeira. Maria João Avilez contrapunha que os modelos não se copiam e que falta ao nosso país uma vontade colectiva e solidária de mudar que existe na Finlândia e que nada será possível por cá sem a solidariedade de todos com todos.
Foram estas últimas palavras que me fizeram arrebitar as orelhas: “solidariedade de todos com todos” Bonitas palavras! Só que, se por solidariedade se entende sacrifício, renúncia, aperto do cinto com o objectivo de obter um equilíbrio que resulte em benefício colectivo, cá em Portugal há uma parte importante, que somos nós os trabalhadores por conta de outrem, que já está participando, e de que maneira nessa solidariedade. Mas atenção não vale a pena envaidecer-nos com o nosso altruísmo, pois não somos melhores nem piores do que os outros. Na sociedade e no tempo que vivemos cada um faz o melhor que pode por se “dar bem”. Só que nós somos obrigados a ser solidários, somos obrigados a fazer sacrifícios, somos obrigados a apertar o cinto. E é isso que vimos fazendo. Não nos peçam mais, por favor. E a outra parte da sociedade? Os que têm lucros fabulosos e apresentam saldos negativos? E os Bancos com os seus lucros fabulosos? E os Belmiros, e os Melos e tantos outros que não sabem o que fazer com o dinheiro que têm e se entretêm a jogar às OPAS (ora agora opas tu, ora agora opo eu) com a mesma ligeireza com que nós jogamos às copas ou à bisca lambida-
Cabe ao governo obrigar esses senhores a serem solidários na mesma medida que nos obriga a nós. Que os sacrifícios que lhes peçam lhes causem a mesma mossa que nos causam a nós. E não é isso que nós vemos. E não nos venham com tretas, portanto.
Já enjoa eu falar nisto não é? Pois quem não gostar que deixe na borda do prato, que eu falarei enquanto a situação existir.
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Foram estas últimas palavras que me fizeram arrebitar as orelhas: “solidariedade de todos com todos” Bonitas palavras! Só que, se por solidariedade se entende sacrifício, renúncia, aperto do cinto com o objectivo de obter um equilíbrio que resulte em benefício colectivo, cá em Portugal há uma parte importante, que somos nós os trabalhadores por conta de outrem, que já está participando, e de que maneira nessa solidariedade. Mas atenção não vale a pena envaidecer-nos com o nosso altruísmo, pois não somos melhores nem piores do que os outros. Na sociedade e no tempo que vivemos cada um faz o melhor que pode por se “dar bem”. Só que nós somos obrigados a ser solidários, somos obrigados a fazer sacrifícios, somos obrigados a apertar o cinto. E é isso que vimos fazendo. Não nos peçam mais, por favor. E a outra parte da sociedade? Os que têm lucros fabulosos e apresentam saldos negativos? E os Bancos com os seus lucros fabulosos? E os Belmiros, e os Melos e tantos outros que não sabem o que fazer com o dinheiro que têm e se entretêm a jogar às OPAS (ora agora opas tu, ora agora opo eu) com a mesma ligeireza com que nós jogamos às copas ou à bisca lambida-
Cabe ao governo obrigar esses senhores a serem solidários na mesma medida que nos obriga a nós. Que os sacrifícios que lhes peçam lhes causem a mesma mossa que nos causam a nós. E não é isso que nós vemos. E não nos venham com tretas, portanto.
Já enjoa eu falar nisto não é? Pois quem não gostar que deixe na borda do prato, que eu falarei enquanto a situação existir.
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As Poupanças deste Governo
Vários relatórios, de vários governos, vêm desde há alguns anos a preconizar a necessidade de construir um hospital no Seixal, dada a manifesta insuficiência do Garcia de Orta, face à enorme procura e cada vez maior densidade populacional desta margem esquerda do Tejo. Pois vêm agora as luminárias deste governo, ignorando e contrariando todos os estudos anteriores, concluir que não senhor, que basta aumentar 150 camas no Garcia de Orta e que o hospital do Barreiro, portanto, não faz falta nenhuma.
Será que estes senhores só pensam em cifrões? Acaso mais 150 camas no Garcia de Orta resolvem o calamitoso problema das urgência deste hospital? ou, como é evidente, vão agravá-lo? É como a substituição dos 4 hospitais civis de Lisboa pela construção de um único hospital. Para servir o mesmo número de utentes. Será que 3 mil camas (por hipótese) num só edifício têm a mesma eficácia que 4 edifícios com mil camas cada e em diferentes locais? Será que o mastodonte de Santa Maria não serviu de exemplo? É mais barato assim? pois é, toda a política de supressão de escolas, hospitais, centros de saúde deste governo, enfeitada dos mais diferentes argumentos, têm no fundo um razão determinante: o cifrão. Este é o governo do cifrão. Só faltava um Presidente de República do cifrão e agora já aí está.
Um artigo de José Manuel Fernandes no Público defende com muito bons argumentos a supressão de algumas maternidades. A gente lê. a argumentação é convincente (aliás já cheguei à conclusão de tudo pode ser defensável por um bom argumentador) mas só as pessoas afectadas por tais supressões é que estão em condições de as avaliar. Eu, por, mim, dada a conhecida apetência deste governo por cifrões, tenho muitas dúvidas sobre a bondade das mesmas.
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Errata: Confundi as vozes das Manas e onde devia ter falado de Maria João Avilez, no primeiro ponto deste "Post", falei de M.J.Nogueira Pinto. Feita a correcção
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