O 85º ANIVERSÁRIO DO PCP
O PCP comemora hoje 85 anos de existência. 85 anos de luta, intransigente, abnegada, sem tréguas, pela instauração da democracia e da liberdade no nosso país. Pois o Diário de Notícias, o jornal que compro diariamente – dos outros não falo, porque não vi, mas provavelmente tiveram o mesmo procedimento – nem um palavra a assinalar a efeméride! Não tendes vergonha na puta da cara ò jornalistas da minha terra, vós que, se hoje escreveis em liberdade (e se mais não escreveis é porque mais não quereis ou os patrões não vos deixam) deveis ao PCP, mais do que a qualquer outra organização política, a possibilidade de o fazerdes, e deixais passar esta efeméride sem uma palavra de saudação !!! É preciso ter topete! E levai lá com este honrado vocábulo da nossa formosa língua que tanto engulho vos causou quando usado há dias pelo professor Freitas do Amaral. Engulho me causam a mim os pontapés na gramática que muitos de vós dais a toda a hora nos textos que escreveis.
Honra seja feita ao jornal de distribuição gratuita “Metro” que, além do louvável papel de pôr toda a gente a ler nos meios de transporte, não se esqueceu de assinalar esta data verdadeiramente assinalável (não, não é gafe. A repetição é propositada),
A propósito da quase exclusividade do PCP na luta pelas liberdades – no tempo em que isso custava muito caro – permiti-me que vos conte um pequeno e elucidativo episódio. No longínquo ano de 1959, estava eu passando férias em Aljube-sur-Mer, famosa estância turística que a Pide, generosamente, punha á disposição dos que ao regime se opunham. Eles sabiam que eu andava estafado com a agitação da recente campanha eleitoral do General Delgado e resolveram proporciar-me um merecido estágio de repouso.
No fim de uma visita de meus pais e esposa - visita gentilmente acompanhada, de perto, por um pide (tão perto que estava sentado no meio de nós) minha mãe, à despedida começou a invectivar o homem: não há direito, o meu filho que é um santo (as mães são assim, que se lhe há de fazer!) que até andou no seminário, aqui preso como um criminoso! O pide ficou um bocado incomodado e, depois de todos saírem, volta-se para mim, meio paternal: Também, você lá que não goste do regime ainda vá, mas vai logo meter-se no partido comunista! Devo esclarecer que, naquele tempo, qualquer pessoa presa por actividades políticas era acusado de ser comunista. Resposta minha: E você conhece algum outro partido ou organização política que lute organizadamente contra o regime que você defende? O homem, embatucou, pigarreou e murmurou: Sim, lá isso é verdade.
Elementar, meu caro Watson. Até o pide sabia!
PS: Ah, esquecia-me de prevenir. É que eu nem sequer sou militante do PCP.
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Veja também o meu outro blogue: ESCRITOS OUTONAIS
http://escritosoutonais.blogspot.com
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ESTRANHA CONTABILIDADE
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