ENQUANTO E NAO

sábado, dezembro 17, 2005

Verdade/Bom senso


Na sua coluna do domingo passado (11-12-2005) no Diário de Noticias, Jorge Vicente Silva referia-se a uma afirmação sua, publicada em coluna anterior, a qual tinha provocado controversos comentários mesmo da parte de amigos seus. Dizia JVS ( e cito de cor) que iria votar Alegre, mas se lhe perguntassem quem iria ganhar a as eleições responderia: Cavaco Silva.

Face às críticas que os seus amigos lhe fizeram por estas afirmações, e ao desrazoável comentário de determinado cavaquista, que entendeu as suas palavras como valiosa achega à campanha do seu candidato, JVS verberou este pelo seu oportunista aproveitamento, e desculpou-se perante os primeiros, dizendo que não existia contradição no que afirmara, pois como pessoa tinha o direito de manifestar a sua preferência por um
candidato e como jornalista, com os dados de que dispunha, não via outro vencedor senão Cavaco Silva.

É verdade: Ele está no seu pleno direito de manifestar a preferência por um e opinar sobre a vitória do outro. Só que, essas duas posições simultâneas, por parte de um opinion maker, enfermam de alguma contradição Mais do que isso, uma anula a outra.

Com efeito, se alguém proclama publicamente, num órgão da informação, que vai votar num determinado candidato à Presidência da Republica, é porque gostaria de ter esse candidato como Presidente. Mas, se diz a seguir que quem vai ganhar é um outro candidato, esse alguém, sobretudo se for um líder de opinião, como é Jorge Vicente Silva, perfeito conhecedor do efeito condicionante que dá, sobretudo aos indecisos, o impulso de entrar numa “onda ganhadora”, está objectivamente, a ajudar a pessoa que ele não queria a ocupar o lugar que ele gostaria fosse ocupado pelo candidato da sua preferência. Isto tem alguma lógica?

A meu ver, um colunista de prestígio e influência ou bem que manifesta as suas preferências (ninguém tem a obrigação de ser neutro) e omite as conclusões resultantes dos dados que julga possuir, ou bem que explicita estas e silencia as primeiras. É uma questão de bom senso.

Jorge Vicente Silva não tem que dar contas do que escreve nas suas colunas, que aliás leio sempre com muito prazer, mas já que ele próprio levantou a questão, aqui deixo o meu parecer que ninguém me pediu mas que, como seu leitor, faço questão de expender.