ENQUANTO E NAO

quarta-feira, setembro 27, 2006

TÍTULOS E CONTRADIÇÕES


1- Privados prejudicam a imagem da economia portuguesa
Empresas privadas portuguesas têm pior nota que o sector público na análise à competitividade feita pelo Fórum de Davos
DN –Economia de 27-09-2006

Então, afinal, onde está a tão apregoada superioridade e competitividade do Sector Privado. Quem é que diariamente nos mente a tal respeito? E com que intuitos?


2. Fundo público para as pensões vai ser gerido por privados
DN –Economia de 27-09-2006

Ora aqui está uma grande contradição entre este título e o primeiro. Naquele se reconhece que administração estatal funciona melhor do que o sector público e neste se anuncia a intenção de entregar a gestão dos fundos de pensões (das nossas pensões) à iniciativa privada.
Isto, quando já se conhecem os resultados desastrosos da gestão privada de alguns estabelecimentos hospitalares.
Que obscuros interesses se escondem por detrás destas medidas desastrosas?


3 - Contratados têm salários mais altos
Os contratados da administração pública recebem, em média, salários mais altos do que os seus pares que têm vínculo público. As contas foram feitas pela Comissão de Revisão do Sistema de Carreiras e Remunerações e estão publicadas no relatório divulgado no início desta semana.
DN –Economia de 27-09-2006

Afinal, se há funcionários públicos a mais e isso é mau para a nossa economia, porque raio, se contratam outros a prazo, pagando-lhes mais do que aos do quadro?.
Não percebo nada de economia, mas percebo que quem nos (des)governa, também nos (des)informa e nos toma por lorpas

Mas se eu não sei de economia, há quem saiba e é bom sempre conhecer a opinião de quem sabe. Assim, tomo a liberdade de transcrever, na íntegra, o excelente editorial do Diário de Notícias de hoje, da autoria de Helena Garrido:

Gestores em xeque
Helena Garrido

O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial é uma vergonha para os gestores e empresários portugueses e um elogio às instituições públicas. Portugal desceu do 31.º lugar para o 34.º entre 125 países fundamentalmente por causa do mau funcionamento das instituições privadas. Afinal, a fraca imagem do País deve-se em grande parte ao sector privado.

O pior indicador de Portugal é o que está relacionado com o baixo crescimento e os défices público e externo. A seguir, a mais baixa qualificação está na sofisticação dos negócios. Ou seja, fracos processos produtivos, problemas nas estratégias de marketing e dificuldade em delegar competências. Aquilo de que tanto se queixam os gestores, ou seja, os custos de contexto, que correspondem ao enquadramento em que se movem os negócios, e a qualidade das instituições têm afinal uma classificação melhor que o funcionamento das empresas e das entidades privadas em geral. Em termos globais, as instituições públicas têm, no ranking do Fórum com sede em Davos, melhor classificação que as privadas.

O défice público, um dos problemas do País que podem ser directamente atribuídos aos governos, está em vias de resolução. Se a reestruturação do Estado for conseguida, o sector privado passa a ser o grande problema do País, aquele que contribui também para o fraco crescimento e o défice externo.

A imagem que o relatório transmite de Portugal para todo o mundo em nada coincide com o discurso de gestores e alguns empresários que ouvimos no espaço público. Um dos exemplos mais recentes foi o do Compromisso Portugal. Mas muitos de nós colocamos frequentemente a questão: porque são as empresas estrangeiras em Portugal competitivas e as nacionais não o conseguem ser? A resposta, que é fundamental levar a sério, está neste relatório do Fórum.

Os gestores e empresários de Portugal têm urgentemente de olhar menos para o Estado e de tratar melhor dos seus negócios. Não será fácil. As fragilidades das instituições privadas reflectem a falta de formação em áreas hoje tão importantes como a economia e as finanças e uma atitude geral que se focaliza demasiado nos problemas e pouco nas soluções.

O grande contributo que o relatório de Davos pode dar é acabar com a conversa sobre o funcionamento das instituições públicas para começarmos a falar do verdadeiro problema do País, a falta de preparação de gestores e empresários. Só começando por enfrentar a realidade podemos iniciar as correcções.
O
Estado, afinal, é um falso problema.

Nota: o sublinhado é de minha responsabilidade

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