ENQUANTO E NAO

domingo, setembro 24, 2006

POLÍTICA, NOBREZA e MENTIRAS

Política e nobreza

Tenho um amigo que,. volta não volta, me atanaza com a pergunta: Então Toino, com estas choldrices a que assistimos diariamente e que consistem o modus-vivendi de grande parte da nossa (salvo seja) classe política., ainda defendes a ideia de que a política é uma actividade nobre? É que é exactamente assim que penso, como várias vezes lhe tenho dito. Há dias, porém, em que me estou quase inclinado a dar-lhe razão a ele que, a esse respeito, tem uma opinião diametralmente oposta
É que os escândalos, a corrupção, as poucas vergonhas o compadrio, o salve-se quem poder, são tão frequentes e tão gritantes e tão sujos (veja-se agora o caso da EPUL, para não ir mais longe), que em boa verdade, me sinto por vezes fraquejar no conceito que tenho da nobreza .de tal actividade. Mas logo me recomponho. E é a esse Amigo, que ainda ontem me voltou a fazer essa pergunta, que aqui respondo: É verdade, Amigo, apesar de tudo, continuo e continuarei sempre a defender essa ideia. Interessar-se pela política, e ter actividade política é (deve ser) interessar-se e agir em proveito da POLIS (da Cidade, do Estado) e nesse aspecto todos deveríamos ser, e ter orgulho em ser, políticos – cada um à sua escala e no âmbito das suas capacidades. Infelizmente não é assim que entendem muitos políticos profissionais da nossa e de outras praças. Eu sei disso e tanto sei que, como poucos o fazem, passo a vida a zurzi-los neste blogue e onde quer que tenha possibilidade de o fazer. Não é porém o comportamento de políticos desonestos que para aí pululam(e desonestidade não é só roubar) que retira nobreza ao conceito que eu tenho da Política. O nosso combate deve ser sim contra os falsos políticos. Não contra a Política em si – nobre actividade, sim senhor.


Mentir ao Povo

Já viram o salsifré que vai pela Hungria, com milhares de manifestantes nas ruas há uns poucos dias, exigindo a demissão do Governo? E porquê, afinal? Não por exigirem melhores condições de vida (que aliás não são famosas e se têm vindo agravar) mas principalmente porque o Primeiro ministro lhes mentiu, deliberadamente, prometendo-lhes o que não iria fazer, com o fim único de obter os seus votos. E por essa mentira o povo se levantou em massa, exigindo que se demita.

Lembram-se do Caso Watergate que levou à demissão do Presidente Nixon nos Estados Unidos? Não foi por qualquer malfeitoria que tenha cometido, apesar das muitas que teria na consciência. Não foi por ter mandado pôr escutas numa sede do partido Democrático, apesar de isso constituir um crime. Não, a opinião pública americana fez um clamor tal, quando se descobriu que ele tinha mentido ao negar tal facto, que o obrigou a pedir a demissão.

Pois no nosso país, os nosso governantes mentem-nos a toda a hora e nós assistimos impávidos e serenos a todas essas intrujices sem a mínima reacção colectiva. Limitamo-nos a comentar em família, entre amigos, à mesa do café e não passa disso.
A nossa capacidade de indignação não vai além de um filho disto, filho daquilo ( aí somos nós bons) e tudo aceitamos com passiva resignação, “levados, levados, sim” como dizia o hino da mocidade salazarista.

_______________________________________
Veja UMA IDA A LISBOA
no meu outro blogue

2 Comments:

  • António
    Não há dúvida que tu és muito firme nas tuas convicções.
    Como essa de defenderes que a política é uma actividade nobre !
    Mas onde encontras tu um político que reuna os requisitos que exiges para praticar essa política cheia de nobreza ?
    Creio que, nem que te tornes no Diógenes da era moderna e procures de lanterna na mão, tu encontrarás um ! E olha que as lanternas de hoje não se comparam á que o cínico empunhava !
    A única vantagem que tiras em ir "batendo" nos políticos que temos, é que desabafas e alivias o stress !
    Porque de resto, êles, se por acaso te lerem, até são capazes de sorrir !
    Nunca ouviste dizer que quem não tem vergonha todo o mundo é seu ?
    Um abraço.
    Xico

    By Anonymous Anónimo, at 25 setembro, 2006 22:13  

  • Òh Xico, está-me a parecer que o o Diógenes, ao pé de ti era im optimista. Claro que eu sei que aqules que eu zurzo, se estão borrifando para as minhas "zurzidelas". Mas se queres que te cito políticos que correspodem à minha definição, posso cmeçar por te citar o nome de José Gouveia, meu irmão. E Vasco Gonçalves? e Álvaro Cunhal? e Jorge Sampaio
    e muitos, muitos outros. É que "político" não quer dizer apenas governante e eu sou bem claro ao dizer que todo o cidadão deve ser um político: o que se interessa pelo estado da Polis.
    um abraço
    Toino

    By Blogger António Melenas, at 26 setembro, 2006 12:50  

Enviar um comentário

<< Home