ENQUANTO E NAO

quarta-feira, setembro 13, 2006

PREGUICITE, PACTOS E FARRONCAS

PREGUICITE?

Lamentam alguns amigos que eu tenha andado muito preguiçoso relativamente à actualização dos meus blogues. É verdade, há uma certa dose de preguicite não só em escrever mas até em abrir o computado. As férias, o calor… Mas nem só de preguicite se trata. A minha vista está cada vez pior e cansa-me muito fitar demoradamente o pequeno ecrã do monitor. É que nem dá para escrever nem para frequentar, com a assiduidade que desejaria, outros blogues da minha predilecção. Parece impossível mas estou há quatro anos à espera de ser operado às cataratas no hospital Garcia de Orta que serve a área da minha residência e quando eu admitia que a minha vez estaria próxima, tive há dias a surpreendente notícia de neste hospital, para esta especialidade, há uma lista de espera de 4 mil doentes.

Além do mais, tenho vindo a ser confrontado nas últimas 3 semanas com problemas de vária ordem, avarias no telefone, com consequente impossibilidade de acesso à Internet, e ainda necessidade de formatar o computador. Só desgraças, enfim.

Prometo, no entanto fazer um esforço para ir mantendo o “Enquanto e Não” mais actualizado. Quanto ao “Escritos Outonais”, como se compreende, esse é um blogue para se ir escrevendo uma crónica ou uma história de vez em quando.

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OS PACTOS

O que se temia está a acontecer. Com um presidente da República de direita (de todos os portugueses, o tanas) e um governo que é de esquerda apenas nas palavras, a direita está “nas-suas-sete-quintas “. O homem de Belém dá o tom e o Governo (dito de esquerda) acorre pressuroso a dançar ao som da música. Ora, como dançar sozinho não dá muito jeito, escolhe para parceiro quem? Claro, o partido do coração do Presidente.

Por agora são os pactos. O da Justiça já está. Cavaco rejubila. A direita também.

Todo o País tem consciência de que a Justiça não anda de boa saúde, que uma reforma se impõe neste campo. O País quere-a e os partidos com representação parlamentar estão abertos – todos os sabem – a discutir a melhor maneira de a fazer. Porquê, então, recorrer a um pacto secreto entre dois comparsas em vez de o fazer em sede própria, que é a Assembleia da República?

Quanto a mim, trata-se de uma estratégia montada a partir de Belém, para desacreditar o sistema parlamentar, ou, quando muito restabelecer, sans le dire, o famigerado Bloco Central A reforma nascida deste pacto a dois até podia ser (e não é, basta ver que o combate à corrupção proposto por João Cravinho foi simplesmente ignorado) mas ela nasce ferida de flagrante ilegitimidade à luz do sistema parlamentar que nos rege.

Mas Belém e a direita não se ficam por aqui e já reclamam novo pacto na Segurança Social. Isto é, a direita quer que Sócrates faça aquilo que sempre desejou e, sozinha, nunca conseguiu (Bagão Félix que o diga) – a privatização deste importante sector. Há por aí uns certos senhores que querem à viva força entregar (toda em parte) a gestão das nossas reformas nas mãos das companhias de seguros. Será pelos nossos lidos olhos? Será porque ele se preocupam tanto pelo nosso bem estar?

Sócrates já jurou a pés juntos (no âmbito dos seus simpatizantes e afins, note-se) que está aberto a negociações sobre a segurança social, mas jamais permitirá a sua privatização.

Pois, pois, juras de Sócrates. ?!!! A gente sabe o que valem...

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CITAÇÕES

O PACTO NA JUSTIÇA -Bloco central deixa fora do acordo medidas de combate à corrupção
Título no DN de 12-9-06

Alegre diz que Cavaco "está a exorbitar funções"
O Presidente da República é acusado pelo ex-candidato presidencial Manuel Alegre de querer "influenciar a governação através da reconstituição do bloco central".
DN de 12-9-o6

Cavaco pressiona novo pacto Sócrates-Mendes
DN de 12-9-06

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AS FARRONCAS DE BUSH

O Sr Bush aproveitou a passagem do 5º aniversário do atentado contra as torres gémeas, para fazer um auto-elogio à bondade da sua política musculada na luta contra o terrorismo e nas vantagens, óbvias para ele, da guerra contra o Iraque.

Já muito tenho escrito a esse respeito. Limito-me hoje a citar passagens de alguns jornais (alguns deles americanos) sobre o assunto:

Diário de Notícias de 11-9 (Artigo de A.J.Teixeira)
Bush mentiu ao atacar o Iraque. Favoreceu um cortejo de atentados aos valores que seria pressuposto defender, seja em Abu Ghraib e Guantánamo, nos cárceres secretos espalhados pelo mundo ou no desrespeito pela lei internacional. Tornou-se assim menos diferente dos seus e nossos inimigos”

FINANCIAL TIMES
"a forma como a Administração Bush pisou as leis internacionais e a Convenção de Genebra não só provocou graves repercussões na reputação da América, como, de uma forma mais ampla, no poder de atracção dos valores do Ocidente",

THE TIMES
admitindo a "nobreza" das intenções americanas
, sublinha "a incompetência" das suas execuções, o que teve "um enorme custo para a reputação dos EUA e a sua capacidade para prosseguir os seus objectivos".

EL PAÍS:
George W. Bush “utilizou os atentados para o seu "próprio programa" neoconservador.

Em Itália, o diário LA STAMPA sublinhou que
a "guerra contra o terrorismo" já durou "mais tempo do que a I Guerra Mundial e um pouco menos do que a II Guerra", mas que "nenhuma vitória se viu".

O diário alemão HANDELSBLATT insurgiu-se contra a guerra no Iraque, "baseada em falsas afirmações" e que "não tinha nada a ver com o terrorismo da Al-Qaeda".

Na Índia, o HIDUSTAN TIMES estimou que "o terrorismo islamista voltou ao que era antes do 11 de Setembro".

O jornal AL-KHALEEJ, dos Emirados Árabes Unidos, acusa a política norte-americana de "colocar o mundo inteiro no caos".

AL-WATAN, da Arábia Saudita,
"o resultado da guerra contra o terrorismo é que um país como o Iraque, por exemplo, se transformou em viveiro do terrorismo e que o Afeganistão se transformou num campo aberto a combates sem fim".

Na Austrália, o jornal AUSTRALIAN sublinha que "a incapacidade para capturar Bin Laden permanece como fracasso".

Atlantic Montlhy: Não são os actos de terrorismo que estão a destruir os EUA. São antes as suas respostas ao terrorismo que o fazem. A "guerra contra o terrorismo" parece corroborar as acusações de Ben Laden - a humilhação dos muçulmanos e apropriação dos seus recursos. Os métodos utilizados em Guantánamo ou no Iraque aproximam-nos do fanatismo.

. Washington Post , Distrito de Columbia:
" Se esta é de facto uma guerra a longo prazo, tal como diz a
Administração Bush, então os EUA perderam quase de certeza a primeira fase. Os grupos de guerrilha estão a aprender mais depressa do que os exércitos ocidentais, e o Ocidente está a cometer erros estratégicos aterradores enquanto os extremistas realizam movimentos tácticos brilhantes”

Pittsburgh Tríbune-Review, PensiLvânia
"Se a história é escrita pelos vencedores, como afirma o dito popular, poderá ser uma das razões pelas quais os ataques de 2001 não irão não ser retratados de forma clara nos livros escolares."

Phitadelphia Inquirer, Pensilvânia
"Há cinco anos tudo mudou. Foi o que se repetiu: tudo mudou. Mas não é verdade. Nós não mudámos. [...] O país: é um lugar radicalmente melhor? Não se pode dizer que seja. Das mudanças que se seguiram ao 11 de Setembro, poucas foram para melhor. Muitas foram para pior."

Cnclusão: Se o Sr Bush diz que quer punir os terrirorisata e quem os ajudar, ninguém mais do que ele merece ser punido, poi ninguém mais do que ele tem contribuido para um incremento do terrorismo, a partir da sua injustificada agressão ao Iraque
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Veja também o meu outro blogue

http://enquantoenao.blogspot.com/