ENQUANTO E NAO

quinta-feira, agosto 10, 2006

MALDITAS GUERRAS e mais quem as defende

Agora, em tempo de férias,
limitar-me-ei , em princípio, a transcrever neste blogue
artigos e opiniões de terceiros.Em contrapartida, agora que está de férias,
pode sempre ler alguma das minhas crónicas, sobretudo a última
"Amélia Melenas, minha mãe
em:
http://escritosoutonais.blogspot.com.
.
Do DN de hoje transcrevo este belo artigo , no qual se denuncia o belicismo. Não só dos que fazem a guerras, mas de todos (e há tantas cabeças ditas "bem pensantes", entre nos, que a defendem, a exaltam e a glorificam
Voltou o belicismo
Rogério Fernandes Ferreira
Catedrático de Economia
in DN de 10-8-2006

As ocorrências de conflitos armados são descritas tendenciosamente, favorecendo-se assim a deflagração ou o desenvolver de guerras. A génese da guerra está na mente dos seus fautores. Lançam os fermentos e invocam Clausewitz. Quem, realmente, quer a paz esforça-se por a encontrar. Conceber e concretizar guerras não é conceber paz. Culpa-se da guerra o outro lado (pois, nós, temos razão). Nós queremos o legítimo (o que é nosso). O que é nosso? O nosso é o que defendemos, o que queremos tirar aos outros ou o que os outros nos querem tirar a nós.Os fanáticos das guerras e os amantes das guerras mistificam, propagandeiam e enganam. Invocam que os outros - os inimigos - são maus, mentirosos ou bandidos. Com fins guerreiros mentem, enganam cidadãos e escondem propositadamente as justas razões dos outros. É com mentiras que se elimina a concórdia e se incitam as populações a guerrearem-se. Se, com verdade, se buscasse a paz, não se teria a guerra. Os belicistas não se importam com os males que a humanidade sofre com as guerras - mortes, destruições ou holocaustos. A guerra é o seu propósito e tudo fazem para que ela se verifique.Alguns lamentam as mortes e as destruições havidas, mas apenas as do seu lado. As do outro causam-lhes alegria, regozijo e festejos. A persistente guerra entre israelitas e não israelitas é exactamente exemplo disto. Os belicistas são inimigos da humanidade. Mandam, são poderosos e agem de modo a que a paz não ocorra. Desejam ganhar (a todo o custo), provocando injustiças e mortes. Que o mundo fique pior (para os outros), o mais não conta - basta que ganhem. A sua ambição, a sua cobiça, o seu desejo é lutar, vencer, aniquilar inimigos, mesmo que inventados.Os belicistas manipulam e provocam aliciamentos e engodos. Se usassem a verdade, não alcançariam os seus fins, as suas glórias. Aventureiros sem escrúpulos, calculam os seus ganhos líquidos e aí não contam os males infligidos aos outros.Os belicistas são criminosos. Comprovam-no os julgamentos da História e os julgamentos que hoje faz a opinião pública e também, por vezes, o Tribunal Internacional.Nas ocorrências que a comunicação social mostra descortinam-se as motivações das práticas criminosas. Muitos dos vencidos (os que não morreram) acabam a confessar práticas ou crimes que contra eles foram cometidos. Ainda não se condenam os crimes dos vencedores, dos mais fortes. Até persiste o mito de considerar mais heróis os que mais matam.Será ainda possível travar os belicistas? Alcançar a concórdia? A razoabilidade e a justiça?Recear o pior é motivo para não nos silenciarmos perante o agravar das guerras. Oxalá a comunidade internacional consiga de modo razoável apaziguar os primeiros contendores e não acirrar mais os ânimos. Isso para evitar que se passe aos segundos contendores e assim sucessivamente, até à guerra total, à vitória total! Será a vitória final? Talvez não. Podem não morrer todos os inimigos. Os que restarem, ou seus descendentes, continuarão também na mira da vingança e da vitória final, ou seja, na senda da derrota final da humanidade.
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Mais citações (muito a propósito)
"Em Portugal ser reaccionário voltou a estar na moda. Basta ler alguns velhos rezingões que por aí escrevem a destilar ódio e frustração e uns quantos jovens que fazem carreira semanal a exibir cinismo e xenofobia."
Leonel MouraJornal de Negócios, 09-08-06
"Muita desta gente que hoje advoga a barbárie em nome da defesa do mundo ocidental, já a defendia também quando militavam contra ele. Muitos passaram directamente do maoísmo e da extrema-esquerda para o bushismo."
Idem, ibidem