ENQUANTO E NAO

sexta-feira, agosto 24, 2007

O MILHO TRANSGÉNICO


Foto baixada do google, data venia


Ando há dias com esta engasgada. A propósito do episódio daquele grupo de pessoas, que de forma pré-anunciada, aliás, entrou num campo de cultura de milho geneticamente modificado e, enquanto o diabo esfrega um olho, mandou
para o céu dos milheirais, sem rezas nem encomendação de almas, um hectare
de pés do bastardo e polémico cereal

De então para cá, tem sido uma desinteria de vozes de indignação e protesto que se levantou, proveniente dos mais variados quadrantes sociais e políticos (até mesmo de alguns que – todos sabemos – estão secretamente de acordo com a acção). Aqui d’el rei que isto é um atentado à democracia, põe em causa o Direito constitucional e a propriedade privada.

Pois, pois, o sacrossanto princípio da propriedade privada, baluarte da nossa bendita civilização.

Serei muito claro sobre o que penso acerca disto. Constitui um ilícito criminal o acto de invadir uma propriedade e destruir as culturas nela existentes? Constitui, sim senhor. Devem o seus autores responder por isso perante a justiça legalmente estabelecida. Devem, sim senhor. Podiam eles fazer o que fizeram? Podiam, sim senhor. Podiam e deviam. Fosse eu mais novo que lá estaria no meio deles, sujeitando-me, como eles, às consequências legais. Chama-se a isto Resistência. Resistência a uma situação ou a uma lei injusta, embora legal. É um direito e um dever de todo o cidadão consciente e bem formado.

Todos sabemos que, até ver, os produtos geneticamente manipulados são susceptíveis de esconder perigos inimagináveis para a saúde de quem os consumir e para o equilíbrio ecológico de todas as outras espécies vegetais.

Não será então um ilícito criminal – ou pelo menos um acto de grande leviandade – a Lei que permite no nosso território o cultivo de tais produtos? Sendo assim, quem deveria sentar-se no banco dos réus? O Governo ou os autores da destruição de uma pequena parcela do eventualmente perigoso produto?

Esse grupo de pessoas tinha certamente consciência de que o seu acto não era legal e mesmo assim ousou enfrentá-lo. Também a acção militar que fez eclodir a revolução de Abril era um acto ilegal, um ilícito criminal, à luz das leis então vigentes. Os militares, porém, estiveram-se nas tintas para essa ilegalidade. Quantos actos ilegais eu e todos os que deram algum contributo para derrubar o fascismo, cometeram ao longo da ditadura?

Bem tramada estava a humanidade se estivesse à espera de cumprir escrupulosamente todas as legalidades expressamente criadas para lhe tolher o passo.

Por tudo o que acabo de dizer, apoio inteiramente,sem reservas nem hipocrisias, a acção dos autores da destruição do chamado e não suficientemente estudado milho transgénico. E faço votos que este seu acto sirva para promover um amplo debate sobre este assunto.

E que certos ecologistas e esquerdistas de pacotilha que por aí derramam a sua sabedoria, se deixem de hipócritas lágrimas de crocodilo sobre o milho de que eles também não gostam. A Verdade e a Justiça são bem mais importantes do que certas duvidosas legalidades

Tenho dito
(mas eu sou um pateta, como diria o gato fedorento Ricardo Pereira)

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