PÒR NOME AOS BOIS
Desde os primeiros dias da crise em Timor-Leste, me apercebi, que mascarada de reivindicação corporativa por parte de alguns militares, de insatisfação popular, de conflito étnico, ela configurava apenas um golpe de Estado. De tudo o que tenho lido, posso dizer que fui das primeiras pessoas a afirmá-lo. Um golpe de estado, sim, mas do mais hipócrita a que me tem sido dado “assistir” em toda a minha existência. Não houve aqui um ataque directo e corajoso, por parte de militares à sede do governo ou uma manobra política de bastidores que levasse o presidente da República a tomar a iniciativa de demitir o Governo.
Não. Aqui não houve coragem para isso. As manobras de bastidores não levaram ao confronto directo mas sim a uma insidiosa deterioração do relacionamento institucional e de toda a vida do país, de forma a criar uma situação de ingovernabilidade tal que o governo caísse por si. E isto, assobiando para o lado, sem um mínimo de preocupação com os sofrimentos causados às populações inocentes e ao quase estertor mortal em que o jovem pais ficou mergulhado. E isto, por parte de gente em que os timorenses julgavam (e o que é mais grave continuam a julgar) os mais abnegados defensores dos seus interesees.
As coisas agora, porém, começam a ficar claras. Muita gente começa a pôr nomes aos bois e a classificar de golpe de estado o que de facto é: um golpe de estado.
Exemplo disso são as transcrições abaixo
Do blogue – http://arrastao.weblog.com.pt
Durante meses, quando uma palavra de Xanana, perante a degradação da segurança, foi necessária, ele manteve-se em silêncio, deixando que a situação ficasse insuportável. Agora, com a Igreja, a Austrália e os rebeldes do seu lado, fala que se desunha e impõe as regras ao Governo de Timor
Daniel Oliveira
_________
Do Diário de Notícias
Técnica do golpe de Estado
Ruben de Carvalho
Há, relativamente à situação de Timor, uma surpreendente parcimónia verbal: qual a razão por que se não fala pura e simplesmente de tentativa de golpe de Estado?
O surpreendente desta significativa utilização é em poucas circunstâncias se reunir com tão transparente evidência aquilo que caracteriza uma acção política que mereceu vastíssima literatura, que inclui mesmo o manual técnico que poderia capítulo a capítulo ser compaginado com os acontecimentos de Díli.
Note-se como o agudizar do problema se inicia com um claro desestabilizar das forças militares e de segurança num calendário relacionado com um processo político democrático: o congresso da Fretilin, partido democraticamente maioritário no terreno. A expectativa do resultado da reunião não corresponderia às expectativas de determinadas forças, o que levou ao desencadear do processo de pressão. Falhada essa pressão, passou-se a uma fase seguinte de desestabilização objectiva da ordem pública mediante um processo clássico: desarticulação das forças de segurança e desencadear de violência por grupos armados aparentemente descontrolados.
Note-se que nem em Timor o método é original: os crimes de 1999 antes do referendo assumiram contornos muito semelhantes.
Desestabilizada a situação de segurança, iniciou-se a etapa mais directamente política: tentativa de alterar a composição dos órgãos do poder, democraticamente eleitos, mediante jogos de força que incluíram o recurso à pressão internacional até ao limite de intervenção de forças armadas estrangeiras.
Entretanto, só aparentemente a violência é descomandada: além dos miseráveis assassínios selectivos, note-se o extraordinário caso do orientado saque dos processos sobre os crimes de 1999.
As origens são minimamente obscuras, étnicas, regionalismos? Tudo isso existirá, mas há realidade mais politicamente interventora que jazidas de petróleo?
Nome aos bois, também nos Estados Unidos
Al Gore acusa Bush de ser um "extremista de direita"
Os EUA são governados por "um bando renegado de extremistas de direita". Quem o diz é Al Gore, o vice-presidente de Bill Clinton que regressa agora, seis anos após ter perdido no tribunal as eleições para George W. Bush, às luzes da ribalta com um documentário sobre a sua paixão política: o ambiente.
Não. Aqui não houve coragem para isso. As manobras de bastidores não levaram ao confronto directo mas sim a uma insidiosa deterioração do relacionamento institucional e de toda a vida do país, de forma a criar uma situação de ingovernabilidade tal que o governo caísse por si. E isto, assobiando para o lado, sem um mínimo de preocupação com os sofrimentos causados às populações inocentes e ao quase estertor mortal em que o jovem pais ficou mergulhado. E isto, por parte de gente em que os timorenses julgavam (e o que é mais grave continuam a julgar) os mais abnegados defensores dos seus interesees.
As coisas agora, porém, começam a ficar claras. Muita gente começa a pôr nomes aos bois e a classificar de golpe de estado o que de facto é: um golpe de estado.
Exemplo disso são as transcrições abaixo
Do blogue – http://arrastao.weblog.com.pt
Durante meses, quando uma palavra de Xanana, perante a degradação da segurança, foi necessária, ele manteve-se em silêncio, deixando que a situação ficasse insuportável. Agora, com a Igreja, a Austrália e os rebeldes do seu lado, fala que se desunha e impõe as regras ao Governo de Timor
Daniel Oliveira
_________
Do Diário de Notícias
Técnica do golpe de Estado
Ruben de Carvalho
Há, relativamente à situação de Timor, uma surpreendente parcimónia verbal: qual a razão por que se não fala pura e simplesmente de tentativa de golpe de Estado?
O surpreendente desta significativa utilização é em poucas circunstâncias se reunir com tão transparente evidência aquilo que caracteriza uma acção política que mereceu vastíssima literatura, que inclui mesmo o manual técnico que poderia capítulo a capítulo ser compaginado com os acontecimentos de Díli.
Note-se como o agudizar do problema se inicia com um claro desestabilizar das forças militares e de segurança num calendário relacionado com um processo político democrático: o congresso da Fretilin, partido democraticamente maioritário no terreno. A expectativa do resultado da reunião não corresponderia às expectativas de determinadas forças, o que levou ao desencadear do processo de pressão. Falhada essa pressão, passou-se a uma fase seguinte de desestabilização objectiva da ordem pública mediante um processo clássico: desarticulação das forças de segurança e desencadear de violência por grupos armados aparentemente descontrolados.
Note-se que nem em Timor o método é original: os crimes de 1999 antes do referendo assumiram contornos muito semelhantes.
Desestabilizada a situação de segurança, iniciou-se a etapa mais directamente política: tentativa de alterar a composição dos órgãos do poder, democraticamente eleitos, mediante jogos de força que incluíram o recurso à pressão internacional até ao limite de intervenção de forças armadas estrangeiras.
Entretanto, só aparentemente a violência é descomandada: além dos miseráveis assassínios selectivos, note-se o extraordinário caso do orientado saque dos processos sobre os crimes de 1999.
As origens são minimamente obscuras, étnicas, regionalismos? Tudo isso existirá, mas há realidade mais politicamente interventora que jazidas de petróleo?
Nome aos bois, também nos Estados Unidos
Al Gore acusa Bush de ser um "extremista de direita"
Os EUA são governados por "um bando renegado de extremistas de direita". Quem o diz é Al Gore, o vice-presidente de Bill Clinton que regressa agora, seis anos após ter perdido no tribunal as eleições para George W. Bush, às luzes da ribalta com um documentário sobre a sua paixão política: o ambiente.
DN de 1-6-06
Indagado se deu uma guinada para a esquerda, Gore nega a afirmação e faz um duro ataque à administração Bush: "Não! Quando você tem um grupo de extremistas renegados de direita que assumem poder, tudo irá caminhar para a direita. Mas eu não me mexi. Estou onde sempre estive".
Jornal o Estadão de 1-6—06
E não é um antiamericano primário quem isto afirma. Al Gore já foi Vice Presidente dos Estados Unidos e recebeu os votos da maioria dos eleitores americanos para Presidente, tendo perdido a eleição, como todos se lembram através de uma das maiores fraudes eleitorais de que há memória, da qual beneficiou, obviamente, o sr Bush
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Veja também o meu outro Blogue:
http://escritosoutonais.blogspot.com
http://escritosoutonais.blogspot.com
e
se gostou da minha crónica"Peúgas Brancas,"
Então vai gostar ainda mais de a ouvir,
lida pela voz inconfundível de Luís Gaspar
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