IRAQUE - 3 ANOS DEPOIS
Faz hoje três anos que as tropas sr. Bush, e do sr. Blair, com a conivência inútil e bacoca (só para figurar no retrato) do sr. Durão Barroso, iniciaram a invasão do Iraque. O pretexto era a destruição do armamento nuclear (que se sabia não existir) a luta contra a Al Kaida (que se sabia nada ter a ver com Iraque) e a instauração de um regime democrático naquele país.
Três anos, centenas de milhares de mortos, e destruição de um dos mais ricos patrimónios de uma das civilizações mais antigas da humanidade, depois, leia-se o que, a popósito da efemáride, escreveu no DN de ontem, o seu director António José Teixeira, sob o título "Atoleiro"
Três anos após o início da invasão do Iraque, o mundo está mais perigoso. Pouco antes de ordenar o ataque, George W. Bush declarava: "Após a sua libertação, o Iraque poderá mostrar o poder que a liberdade tem para transformar aquela região vital, enchendo de esperança e progresso as vidas de milhões de pessoas." Três anos volvidos sobre a mentira das armas de destruição maciça, o Iraque é provavelmente o país mais inseguro do planeta. Ingovernável, apesar de já ter ido a votos, sem esperança nem progresso, tornou-se campo de batalha permanente, atoleiro terrorista por excelência. Não passou muito tempo para que boa parte da desesperada população iraquiana tenha chegado a sentir saudades da ditadura sádica de Saddam Hussein.
Tudo começou com a identificação de um "eixo do mal" por muitos dos que, no tempo de Reagan, combateram o "império do mal". Primeiro, a guerra fria ao comunismo da Europa de Leste; depois, a peleja contra países islâmicos, a pretexto do terrorismo. O paralelo não podia ser mais desadequado. Desde logo porque as populações subjugadas pelas ditaduras comunistas europeias tinham simpatia pelos americanos, ao contrário dos seus dirigentes, enquanto que vários regimes pró-americanos do mundo muçulmano, como o Egipto ou a Arábia Saudita, têm populações anti-EUA. Recorde-se que Saddam cometeu as maiores atrocidades quando contava com apoio americano. Depois, porque o combate ao terrorismo não pode ser uma guerra convencional. A invasão do Iraque afastou um tirano, mas atraiu um vespeiro terrorista nunca antes visto. Não é apenas o fracasso de uma guerra com falso pretexto que hoje se constata. É também o fracasso do combate ao terrorismo.
Bush partiu para a guerra do Iraque com a bandeira da superioridade da liberdade e da democracia. Mas basta lembrar as prisões de Abu Ghraib e de Guantánamo para percebermos como a barbárie não tem fronteiras. Mais do que a liberdade, exaltaram-se valores religiosos e patrióticos. Respondeu-se ao fundamentalismo islâmico com outras invocações de Deus. Ainda há poucos dias Tony Blair remetia para Deus o julgamento da guerra.
A guerra é, ou foi, um eficaz cavalo de campanha política. Ajudou Bush a renovar o seu mandato e os negócios de muitos que circulam à sua volta. Mergulhou o mundo num clima de tensão e desconfiança que apenas estimulou intolerância e ódio. E, no entanto, é preciso, urgente, que o mundo islâmico saiba neutralizar os seus vespeiros intolerantes e assassinos. Como é preciso que o Ocidente combata a assimetria terrorista com mais eficazes serviços de informação que respeitem o direito e as liberdades públicas. Com o 11 de Setembro e a invasão do Iraque a civilização regrediu. Importa recuperar a marcha do desenvolvimento e da liberdade.
Três anos após o início da invasão do Iraque, o mundo está mais perigoso. Pouco antes de ordenar o ataque, George W. Bush declarava: "Após a sua libertação, o Iraque poderá mostrar o poder que a liberdade tem para transformar aquela região vital, enchendo de esperança e progresso as vidas de milhões de pessoas." Três anos volvidos sobre a mentira das armas de destruição maciça, o Iraque é provavelmente o país mais inseguro do planeta. Ingovernável, apesar de já ter ido a votos, sem esperança nem progresso, tornou-se campo de batalha permanente, atoleiro terrorista por excelência. Não passou muito tempo para que boa parte da desesperada população iraquiana tenha chegado a sentir saudades da ditadura sádica de Saddam Hussein.
Tudo começou com a identificação de um "eixo do mal" por muitos dos que, no tempo de Reagan, combateram o "império do mal". Primeiro, a guerra fria ao comunismo da Europa de Leste; depois, a peleja contra países islâmicos, a pretexto do terrorismo. O paralelo não podia ser mais desadequado. Desde logo porque as populações subjugadas pelas ditaduras comunistas europeias tinham simpatia pelos americanos, ao contrário dos seus dirigentes, enquanto que vários regimes pró-americanos do mundo muçulmano, como o Egipto ou a Arábia Saudita, têm populações anti-EUA. Recorde-se que Saddam cometeu as maiores atrocidades quando contava com apoio americano. Depois, porque o combate ao terrorismo não pode ser uma guerra convencional. A invasão do Iraque afastou um tirano, mas atraiu um vespeiro terrorista nunca antes visto. Não é apenas o fracasso de uma guerra com falso pretexto que hoje se constata. É também o fracasso do combate ao terrorismo.
Bush partiu para a guerra do Iraque com a bandeira da superioridade da liberdade e da democracia. Mas basta lembrar as prisões de Abu Ghraib e de Guantánamo para percebermos como a barbárie não tem fronteiras. Mais do que a liberdade, exaltaram-se valores religiosos e patrióticos. Respondeu-se ao fundamentalismo islâmico com outras invocações de Deus. Ainda há poucos dias Tony Blair remetia para Deus o julgamento da guerra.
A guerra é, ou foi, um eficaz cavalo de campanha política. Ajudou Bush a renovar o seu mandato e os negócios de muitos que circulam à sua volta. Mergulhou o mundo num clima de tensão e desconfiança que apenas estimulou intolerância e ódio. E, no entanto, é preciso, urgente, que o mundo islâmico saiba neutralizar os seus vespeiros intolerantes e assassinos. Como é preciso que o Ocidente combata a assimetria terrorista com mais eficazes serviços de informação que respeitem o direito e as liberdades públicas. Com o 11 de Setembro e a invasão do Iraque a civilização regrediu. Importa recuperar a marcha do desenvolvimento e da liberdade.
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Os sublinhados são meus. Deles ressalta o facto de o Iraque estar pior do que estava antes da "generosa" intervenção do Sr Bush, que esta guerra serviu apenas para trampolim político e negociatas dele e dos seus apoiantes directos, de que a instauração de um regime democrático era uma balela, de que o combate ao terrorismo redundou num acréscimo do mesmo a uma escala nunca vista, e de que o julgamento de Sadam Hussein é uma farsa, visto os crimes de que é acusado terem sido todos cometidos no tempo em que os Estados unidos eram seus aliados, se estavam borrifando para esses crimes, e lhe forneciam, inclusive, as armas com que os cometia.
Não há neste artigo nada que eu não tenha dito antes neste meu blogue. Mas disponibilizo-o à leitura dos meus visitantes, por proceder de uma voz independente, e que o diz de uma forma certamente mais esclarecida do que a minha.
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