Curtas
O Diário de Notícias
O diário de notícias apresenta-se hoje com uma nova cara: novo aspecto, nova mancha gráfica, novo arrumo dos artigos, novos colunistas, novas promessas e… novos preços, claro. Ninguém me disse nada, mas ao chegar ao posto de vendas perguntei imediatamente qual o novo preço do DN.
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É assim. Tudo sobe, porque não os jornais? A título de curiosidade lembro-me de, quando era garoto, o meu pai comprar o jornal – este jornal – por 50 centavos (cinco tostões, como então se dizia)
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De qualquer modo, devo dizer que simpatizo com o novo aspecto geral que o velho DN nos mostra hoje. Apenas dois senões: um menos importante é que, quanto a mim, a secção “Agenda” não melhorou com a mudança, antes pelo contrário; o segundo, esse mais gravoso, no meu particular entender, é a manutenção do como colunista do inefável Luís Delgado, tanto mais que ele começa por prometer (ameaçar seria, neste caso, mais exacto), continuar igual a si mesmo, isto é dentro da mesma linha da “Linhas Direitas”, onde tanta baba bolçou ao longo dos últimos nove anos. Promete (ameaça) ainda que o seu novo espaço”nunca será um santuário de isenção e objectividade”. Aqui dou-lhe razão. Está no seu direito de não ser isento. Eu também não sou. Isento, nem sequer no pagamento da taxa moderadora nos Serviços de saúde. Já fui, mas o Governo do senhor Cavaco, retirou-me a isenção.
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Na verdade ninguém tem o direito de ser isento, de ser neutro, nos tempos que correm. As pessoas devem ser o que são e como tal se apresentarem aos outros. Contudo, alinhamento não significa cegueira. O senhor Luís Delgado devia ter sido mais humilde quando os factos demonstraram que ele estava totalmente errado na defesa pertinaz da teoria de que o Governo de Sadam possuía armas de destruição em massa. Ele devia sentir vergonha e pedir desculpa aos seus leitores pelo apoio activo que deu a uma das maiores mistificações de todos os tempos e, sobretudo, da forma quase insultuosa como classificava os que não partilhavam das suas iluminadas certezas (ele e um outro senhor, que dá pelo nome de António Ribeiro Ferreira e que nos, últimos tempos, felizmente, quase desapareceu de circulação). Verdade seja que, mesmo sem formalmente ter pedido desculpa, os seus escritos perderam, malgré tout, muita da virulência que até então os caracterizava.
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Mas deixemos o Luís Delgado, que é um epifenómeno fugaz, um leve grão de pó, num jornal centenário, e passemos ao jornal em si.
O Diário de Notícias é um jornal que me tem acompanhado ao longo da vida. Cresci e envelheci com ele e nele aprendi a transformar em estrelinhas mágicas os sinais gráficos que na escola me iam ensinando. Todos os dias eu soletrava, em voz alta, cada dia com mais desenvoltura e convicção, as notícias que ele veiculava, para dar a conhecer a minha mãe – analfabeta, mas sequiosa de informação como pouca gente que eu tenha conhecido – tudo o que ia acontecendo por esse mundo de deus.
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Lembro-me de uma vez ter lido, para grande alegria e aplauso de minha mãe que “os aliados tinham capturado um comboio de vivêres, destinado à tropas alemãs” e logo o meu pai, no estilo áspero que o caracterizava: não é vivêres, é víveres, meu brutinho. E eu, muito empertigado, não querendo dar o braço a torcer: “Eu acho que é vivêres – coisas que a gente precisa para viver. E tão convencido estava da minha sabedoria que, no dia seguinte, pus a questão ao professor que, com o seu ar bondoso me fez ver que o meu pai tinha razão. Mas foi com estes e outros erros que aprendi a ler correctamente e sobretudo a amar a leitura.
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Tudo isto a propósito da renovação do Diário de Notícias, ao qual desejo que continue, cada vez melhor, o grande jornal de referência a que nos habituou.
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As eleições Presidenciais
Na primeira página do DN, leio a ainda que, de acordo com uma recente sondagem, Cavaco pode ganhar a eleição à primeira volta com 61% de votos.
È uma notícia estarrecedora. Será possível que o povo português tenha perdido a memória a tal ponto, e com ela a vergonha?!!!
Recuso-me a acreditar.
Quero acreditar até ao fim que as sondagens são falíveis e que só nas urnas, depois de contados os votos, se poderá concluir quem ganhou e com que percentagem.
O diário de notícias apresenta-se hoje com uma nova cara: novo aspecto, nova mancha gráfica, novo arrumo dos artigos, novos colunistas, novas promessas e… novos preços, claro. Ninguém me disse nada, mas ao chegar ao posto de vendas perguntei imediatamente qual o novo preço do DN.
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É assim. Tudo sobe, porque não os jornais? A título de curiosidade lembro-me de, quando era garoto, o meu pai comprar o jornal – este jornal – por 50 centavos (cinco tostões, como então se dizia)
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De qualquer modo, devo dizer que simpatizo com o novo aspecto geral que o velho DN nos mostra hoje. Apenas dois senões: um menos importante é que, quanto a mim, a secção “Agenda” não melhorou com a mudança, antes pelo contrário; o segundo, esse mais gravoso, no meu particular entender, é a manutenção do como colunista do inefável Luís Delgado, tanto mais que ele começa por prometer (ameaçar seria, neste caso, mais exacto), continuar igual a si mesmo, isto é dentro da mesma linha da “Linhas Direitas”, onde tanta baba bolçou ao longo dos últimos nove anos. Promete (ameaça) ainda que o seu novo espaço”nunca será um santuário de isenção e objectividade”. Aqui dou-lhe razão. Está no seu direito de não ser isento. Eu também não sou. Isento, nem sequer no pagamento da taxa moderadora nos Serviços de saúde. Já fui, mas o Governo do senhor Cavaco, retirou-me a isenção.
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Na verdade ninguém tem o direito de ser isento, de ser neutro, nos tempos que correm. As pessoas devem ser o que são e como tal se apresentarem aos outros. Contudo, alinhamento não significa cegueira. O senhor Luís Delgado devia ter sido mais humilde quando os factos demonstraram que ele estava totalmente errado na defesa pertinaz da teoria de que o Governo de Sadam possuía armas de destruição em massa. Ele devia sentir vergonha e pedir desculpa aos seus leitores pelo apoio activo que deu a uma das maiores mistificações de todos os tempos e, sobretudo, da forma quase insultuosa como classificava os que não partilhavam das suas iluminadas certezas (ele e um outro senhor, que dá pelo nome de António Ribeiro Ferreira e que nos, últimos tempos, felizmente, quase desapareceu de circulação). Verdade seja que, mesmo sem formalmente ter pedido desculpa, os seus escritos perderam, malgré tout, muita da virulência que até então os caracterizava.
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Mas deixemos o Luís Delgado, que é um epifenómeno fugaz, um leve grão de pó, num jornal centenário, e passemos ao jornal em si.
O Diário de Notícias é um jornal que me tem acompanhado ao longo da vida. Cresci e envelheci com ele e nele aprendi a transformar em estrelinhas mágicas os sinais gráficos que na escola me iam ensinando. Todos os dias eu soletrava, em voz alta, cada dia com mais desenvoltura e convicção, as notícias que ele veiculava, para dar a conhecer a minha mãe – analfabeta, mas sequiosa de informação como pouca gente que eu tenha conhecido – tudo o que ia acontecendo por esse mundo de deus.
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Lembro-me de uma vez ter lido, para grande alegria e aplauso de minha mãe que “os aliados tinham capturado um comboio de vivêres, destinado à tropas alemãs” e logo o meu pai, no estilo áspero que o caracterizava: não é vivêres, é víveres, meu brutinho. E eu, muito empertigado, não querendo dar o braço a torcer: “Eu acho que é vivêres – coisas que a gente precisa para viver. E tão convencido estava da minha sabedoria que, no dia seguinte, pus a questão ao professor que, com o seu ar bondoso me fez ver que o meu pai tinha razão. Mas foi com estes e outros erros que aprendi a ler correctamente e sobretudo a amar a leitura.
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Tudo isto a propósito da renovação do Diário de Notícias, ao qual desejo que continue, cada vez melhor, o grande jornal de referência a que nos habituou.
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As eleições Presidenciais
Na primeira página do DN, leio a ainda que, de acordo com uma recente sondagem, Cavaco pode ganhar a eleição à primeira volta com 61% de votos.
È uma notícia estarrecedora. Será possível que o povo português tenha perdido a memória a tal ponto, e com ela a vergonha?!!!
Recuso-me a acreditar.
Quero acreditar até ao fim que as sondagens são falíveis e que só nas urnas, depois de contados os votos, se poderá concluir quem ganhou e com que percentagem.
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