ENQUANTO E NAO

quarta-feira, maio 03, 2006

O DESPERTAR DA AMÉRICA LATINA


Fidel já não está só no desafio aos Estados Unidos e ao imperialismo Depois de Hugo Chávez, na Venezuela, é agora a vez de Evo Morales, o primeiro Presidente índio da Bolívia, a ousar enfrentar o poderoso e arrogante vizinho do norte, que desde sempre tem dominado económica, política e militarmente os povos da América Latina,

Com o seu anúncio da nacionalização do petróleo e do gás, cem dias a após a sua tomada de posse, o Presidente índio, põe ao serviço do seu povo os recursos energéticos que, sendo sua propriedade, têm enchido os bolsos de grandes empresas do capital internacional. A partir de agora, essas empresas, que arrecadavam 82% dos ganhos da exploração, passam a levar só 18%. É da mais elementar justiça

Mas não se fica por aqui. Perante milhares de apoiantes, Morales disse, no 1º de Maio "Estamos a começar a nacionalizar os hidrocarbonetos, amanhã será o sector mineiro, o florestal, serão todos os recursos naturais."

A América Latina começa a tomar o seu destino em suas próprias mãos. A seguir a Cuba, Venezuela e Bolívia, outros países se seguirão. Claro que o Imperialismo vai fazer tudo para contrariar esta tendência. Vai caluniar, boicotar, intrigar, criar toda a espécie de dificuldades… tantas que os povos desses países podem vir a viver talvez ainda pior do que neste momento. É sempre assim e é com isso que eles contam. Mas se todos tiverem a mesma coragem e persistência de Fidel, um dia o imperialismo terá de se vergar à vontade dos povos.

O caso da Bolívia dá-me um gozo especial, pois representa uma vitória, quarenta anos depois, da abortada tentativa de Che Guevara, que ali encontrou a morte, na última das suas revolucionárias e generosas gestas. Comandante, a tua morte não foi em vão.
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Ainda o bobo da Madeira
Já muito malhei aqui no bobo da Madeira. Hoje, para quem não leu na "Visão", deixo aqui um pitéu de humor, no texto que, com a devida vénia, transcrevo do último número da referida revista:
BOCA DO INFERNO
ricardo araújo pereira

Ainda não chegámos à Madeira
O Governo Regional da Madeira deci­diu não comemo­rar este ano o 25 de Abril, o que me parece extremamente acertado. De facto, não faz muito sentido que a Madeira festeje uma data que ainda não viveu. Quando o 25 de Abril che­gar à Madeira, deve ser cele­brado. Até lá, concordo com a proibição total das come­morações. Também não se festeja o Dia da Liberdade em Teerão, que diabo.
Admito que aguardo com muita ansiedade o 25 de Abril da Madeira. Não sei se o regime madeirense per­mite que a VISÃO circule livremente na ilha, mas gos­tava de explicar aqui, aos nossos irmãos madeirenses, em que consistirá o seu 25 de Abril, caso a História se repita. Embora eu ainda não tenha percebido bem se é a História que se repete ou se são os historiadores. Adiante.
Se tudo correr como no continente, o primeiro facto histórico relevante é este: Alberto João Jardim cairá
de uma cadeira e será subs­tituído por um dos seus del­fins, provavelmente Jorge Ramos. Depois, numa ma­drugada, um grupo de mi­litares fará uma revolução e acabará por instaurar a democracia. Vão ver que vai ser giro. Nós, aqui no continente, gostámos. Há, ainda, outro as­pecto a considerar. Se nós queríamos que o 25 de Abril fosse celebrado pelo Governo Regional da Madeira, devíamos ter pensado nisso mais cedo. Todos sabemos que Alberto João Jardim só festejaria o 25 de Abril se os militares tivessem in­vadido o Largo do Carmo vestidos de Shaka Zulu. Porque é que Salgueiro Maia veio de Santarém numa chaimite, vestido de camuflado, quando poderia ter chegado a Lisboa em cima de um bonito carro alegórico, envergando um vestido de baiana? Foi má vontade do Capitão de Abril, e uma acintosa tentativa de boi­cotar os futuros festejos da data na Madeira.

É preciso lembrar que o Governo Regional da Madeira não está sozinho. Há muitas outras pessoas que se sentem incomoda­das com os festejos do 25 de Abril - o que só fica bem ao 25 de Abril. Um dos princi­pais argumentos contra a ce­lebração da data é o seguinte: a Revolução já aconteceu há muito tempo, não faz sentido continuar a comemorá-la. É um raciocínio interessante, que eu gostaria de ver apli­cado a outras festividades, designadamente o Natal. Parece que o acontecimento que se festeja no dia 25 de Dezembro também já teve lugar há algum tempo. Talvez não faça sentido continuar a celebrá-lo.
Pela minha parte, confesso que continuarei a celebrar o dia 25 de Abril de 1974. Nasci três dias depois e agradeço muito a quem fez a Revolução o facto de ter tornado possível que eu não tivesse de viver nem um minuto sob o fascismo. A Revolução, para mim, é como uma cunha: se não fosse o 25 de Abril, eu não teria emprego."
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E os deputados que não saudaram o 25 de Abril também não
e o Presidente que não levou o cravo ao peito, também não
e eu não estaria aqui a fazer este comentário
nem nenhum de vós estaria a lê-lo
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Nota: os sublinhados são meus
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