A idade dos candidatos
Não me considero pessoa desprovida de sentido de humor. Quem me conhece sabe que assim é. Entendo o humor construtivo e morro de riso, por vezes, com as piadas que visam o comportamento de determinadas pessoas, especialmente figuras públicas. Acho muito bem que, através do chiste, se denunciem gafes, omissões, exageros ou malfeitorias daqueles que nos governam ou exercem papel importante na sociedade em que nos inserimos, mas em contrapartida fico extremamente fulo sempre que me deparo com uma variedade de humor (negro, só pode ser) em chalaças baseadas na exploração de defeitos físicos, ou no estado de saúde, ou na idade das pessoas que constituem o objectos de tais graças.
Vem isto a propósito das graçolas com que certos humoristas, alguns de bastante renome neste rincão provinciano em que vivemos, desprovidos de imaginação para mais altos voos, se entretêm a troçar do dr. Mário Soares com base na sua idade, em supostos exames clínicos, e na especulativa suposta falta de resistência para ocupar o lugar de Presidente da República.
Ora, a idade em meu entender, não é nem pode ser de forma alguma factor negativo a ter em conta para o bom exercício de tal cargo. Basta considerar, entre muitos outros, o exemplo de outros anciãos como o Papa João Paulo II que, idoso e doente, dirigiu uma organização tão complexa como é a Igreja católica, Conrad Adenauer, Chanceler da Alemanha Ocidental no conturbado tempo do pós guerra, Sygman Rhee, Presidente da Coreia do Sul logo após o fim da Guerra daquele país com a China, e o Presidente Reagan dos Estados Unidos da América.
Se Mário Soares resolveu apresentar-se como candidato à Presidência da República é por que se sente com competência intelectual, moral e física para ocupar esse lugar. O exercício das funções presidenciais exige sobretudo, bom senso, descernimento, espírito de conciliação, sensibilidade, afabilidade, firmeza sem intransigência, cultura, perspectiva histórica, e conhecimento do lugar exacto que Portugal ocupa no mundo e no concerto nas nações.
Ora, Mário Soares possui todas estas qualidades que, aliás, já teve oportunidade de mostrar na prática de 10 anos de mandato. Têm, portanto, agora mais enriquecido com a experiência desses 10 anos e com a aquisição de novos saberes adquiridos no desempenho de deputado ao parlamento europeu as condições para voltar a ocupar o mesmo lugar. O argumento da idade é, pois, uma grandessíssima treta destinada a deitar poeira para os olhos de gente menos atenta ou menos esclarecida. Pelo contrário, entendo que as funções de Presidente da República se coadunam perfeitamente com a figura de um “avozinho”, culto e afável, mais do que com a de um economista inculto, frio, hirto, que reduz a cifrões toda a perspectiva que tem da sociedade e do mundo.
Quer este meu arrazoado dizer que vou votar no dr.Mário Soares, certo? Errado. Quer apenas dizer aquilo que disse: a idade não pode ser considerado elemento negativo para avaliação da candidatura de ninguém à Presidência da República e muito menos a idade do dr. Mário Soares, que já provou ter competência para o cargo. Porém, por coisas que têm mais a ver com a sua actuação como primeiro ministro de como Presidente da República, acontece que eu não morro de amores por ele e, por coerência pessoal, não irei votar nele à primeira volta.
Porém, se houver uma 2ª volta, e que a mesma seja disputada apenas por ele e pelo tal concorrente que nunca se engana e nunca tem dúvidas, aí, por coerência democrática, escolherei o mal menor e votarei em Mário Soares sem qualquer hesitação. Já o fiz em duas vezes anteriores e sobrevivi. Como o país, aliás. Votaria mesmo pelo diabo se, em vez de Mario Soares, fosse ele o adversário de tal figurão. A democracia merece todos os sacrifícios.
Vem isto a propósito das graçolas com que certos humoristas, alguns de bastante renome neste rincão provinciano em que vivemos, desprovidos de imaginação para mais altos voos, se entretêm a troçar do dr. Mário Soares com base na sua idade, em supostos exames clínicos, e na especulativa suposta falta de resistência para ocupar o lugar de Presidente da República.
Ora, a idade em meu entender, não é nem pode ser de forma alguma factor negativo a ter em conta para o bom exercício de tal cargo. Basta considerar, entre muitos outros, o exemplo de outros anciãos como o Papa João Paulo II que, idoso e doente, dirigiu uma organização tão complexa como é a Igreja católica, Conrad Adenauer, Chanceler da Alemanha Ocidental no conturbado tempo do pós guerra, Sygman Rhee, Presidente da Coreia do Sul logo após o fim da Guerra daquele país com a China, e o Presidente Reagan dos Estados Unidos da América.
Se Mário Soares resolveu apresentar-se como candidato à Presidência da República é por que se sente com competência intelectual, moral e física para ocupar esse lugar. O exercício das funções presidenciais exige sobretudo, bom senso, descernimento, espírito de conciliação, sensibilidade, afabilidade, firmeza sem intransigência, cultura, perspectiva histórica, e conhecimento do lugar exacto que Portugal ocupa no mundo e no concerto nas nações.
Ora, Mário Soares possui todas estas qualidades que, aliás, já teve oportunidade de mostrar na prática de 10 anos de mandato. Têm, portanto, agora mais enriquecido com a experiência desses 10 anos e com a aquisição de novos saberes adquiridos no desempenho de deputado ao parlamento europeu as condições para voltar a ocupar o mesmo lugar. O argumento da idade é, pois, uma grandessíssima treta destinada a deitar poeira para os olhos de gente menos atenta ou menos esclarecida. Pelo contrário, entendo que as funções de Presidente da República se coadunam perfeitamente com a figura de um “avozinho”, culto e afável, mais do que com a de um economista inculto, frio, hirto, que reduz a cifrões toda a perspectiva que tem da sociedade e do mundo.
Quer este meu arrazoado dizer que vou votar no dr.Mário Soares, certo? Errado. Quer apenas dizer aquilo que disse: a idade não pode ser considerado elemento negativo para avaliação da candidatura de ninguém à Presidência da República e muito menos a idade do dr. Mário Soares, que já provou ter competência para o cargo. Porém, por coisas que têm mais a ver com a sua actuação como primeiro ministro de como Presidente da República, acontece que eu não morro de amores por ele e, por coerência pessoal, não irei votar nele à primeira volta.
Porém, se houver uma 2ª volta, e que a mesma seja disputada apenas por ele e pelo tal concorrente que nunca se engana e nunca tem dúvidas, aí, por coerência democrática, escolherei o mal menor e votarei em Mário Soares sem qualquer hesitação. Já o fiz em duas vezes anteriores e sobrevivi. Como o país, aliás. Votaria mesmo pelo diabo se, em vez de Mario Soares, fosse ele o adversário de tal figurão. A democracia merece todos os sacrifícios.
29-11-2005
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